Mota Engil - Tópico Geral
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Um Double Doji no topo indica alguma indecisão da tendência a curto prazo.
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FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
Re: Mota Engil - Tópico Geral
Não esquecer que a estes valores o dividendo é de 4.5%
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Re: Mota Engil - Tópico Geral
Mais umas pouquitas para a minha carteira
Este abutre é que é malandro...mais uns stops limpinhos

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Re: Relatório de contas de 2024 publicado
fosgass2020 Escreveu:Rolling_Trader Escreveu: A taxa de juros paga pelos empréstimos bancários é elevada, no entanto isso é uma opção estratégica. A Mota-Engil procura financiamentos em moedas locais, um hedge natural que permite mitigar o risco de desvalorização da moeda em que foram celebrados os contratos. Assim se a moeda em que são contabilizados os recebimentos dos clientes desvalorizar, a dívida contraída para essas obras está expressa na mesma moeda e desvalorizará na mesma proporção.
Rolling_Trader, agradecendo desde já as tuas explicações e, em especial, a qualidade das mesmas, queria perguntar-te qual poderia ser o efeito se, em vez desta estratégia, fizessem empréstimos cá e hedging no mercado?
A tua explicação tem alguma lógica, mas para mim não faz muito sentido uma empresa poder financiar-se a 5% em mercado desenvolvido e moeda forte e andar a pedir financiamentos a 10, 15, 20% em mercados cujo "ambiente financeiro" não é muito estável.
Será que esses financiamentos não serão antes contrapartidas obrigatórias dos contratos, tendo em conta a magnitude que algumas dessas obras têm para os países envolvidos, como forma de também desenvolver a sua indústria financeira?
Olá fosgass2020,
Agradeço o agradecimento, a ti e a todos os outros que me agradeceram (que falta faz um botão de like neste fórum para não termos que estar a fazer posts de agradecimento

Respondendo à tua questão quanto à estratégia de hedging via financiamento em moeda local, ela é referida no RC da seguinte forma:
In Relatório de Contas 2024, página 62
No que respeita aos encargos financeiros líquidos (juros suportados – juros obtidos), estes atingiram no exercício findo em 31 de dezembro de 2024 -218 milhões de euros, um valor superior ao verificado no exercício de 2023 (-187 milhões de euros), justificado, maioritariamente, pela estratégia de angariação de mais financiamentos em moedas locais, permitindo assim um hedge natural, mas com um custo superior, bem como por um contexto mais alto de taxas de juro, nomeadamente na primeira metade do ano
Note-se que a Mota-Engil tem adjudicações em 21 países de 3 áreas geográficas diferentes (Europa, África e América Latina) e tem um unidade própria capacitada para fazer este tipo de análises a "Mota-Engil Capital" que trabalha em estreita colaboração com os negócios core do Grupo
Certamente levarão em conta as projeções mais credíveis de crescimento do PIB e inflação de cada país (divulgadas por entidades idóneas com o FMI, Banco Mundial, OCDE, Moody's, S&P, Fitch, etc) para decidir, caso a caso, obra a obra, país a país, a melhor estratégia no que diz respeito a esse tipo de decisões, levando obviamente em conta a duração previsível da obra e o risco cambial durante esse período de tempo e, tal como referiste, qualquer condicionante contratual obrigatória sobre a fonte de financiamento.
Cito abaixo a estratégia do grupo para a mitigação do risco cambial, descrito também no relatório de contas:
In Relatório de Contas 2024, página 48
Tendo em consideração a sua diversidade geográfica, o Grupo operacionaliza os seus negócios a nível internacional através de diversas empresas e entidades, posicionamento do qual resulta a exposição do Grupo a diferentes moedas e, consequentemente, ao risco de taxa de câmbio.
Refira-se que ao nível da análise do risco de taxa de câmbio existe um acompanhamento contínuo e sistemático das variações a que o Grupo está sujeito. Este acompanhamento é da responsabilidade das funções de tesouraria corporativa e de controlo de negócios, que consolidam e reportam a informação de todas as empresas presentes nas diversas geografias, quer ao nível de fluxos, saldos e dívida.
As principais moedas que não o euro a que a atividade do Grupo está exposta são o dólar norte-americano, o kwacha malawiano, o kwanza angolano, o metical moçambicano, o naira nigeriano, o rand sul africano, o novo sol peruano, o peso colombiano, o peso mexicano e o real brasileiro.
A política de gestão do risco de taxa de câmbio tem por objetivo a redução da volatilidade nos investimentos e nas operações expressas em moeda externa (moedas que não o euro), contribuindo para uma menor sensibilidade dos resultados a flutuações cambiais.
(...)
Em termos de gestão do risco de taxa de câmbio, procura-se, sempre que possível ou aconselhável, realizar coberturas naturais de valores em exposição através do recurso a dívida financeira denominada na moeda externa em que se expressam os valores em risco. Sempre que tal não se revele possível ou adequado, promove-se a contratação ou realização de outras operações baseadas em instrumentos derivados, estruturadas numa lógica de minimização do seu custo, nomeadamente para cobertura de riscos em transações cambiais futuras com grande grau de certeza quanto a montantes e data de realização. Salienta-se, por outro lado, que uma parte significativa dos contratos executados pelo Grupo é denominada em euros ou em dólares norte-americanos, sendo, sempre que possível, indexado o câmbio ao valor do contrato registado em moeda nacional, com vista a eliminar qualquer risco de volatilidade com perda de valor.
Aparentemente eles sabem o que estão a fazer e os resultados demonstram isso mesmo.

Re: Mota Engil - Tópico Geral
Foi por pouco!
Tentei comprar ontem e hoje mais umas pouquitas a 3.40€...
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Re: Mota Engil - Tópico Geral
Qual fora? Qual Trump? Na pior das hipótes o spx vai a 5400 pontos. A Mota está claramente à espera de um sinal para arrancar em força.
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Re: Mota Engil - Tópico Geral
MarcoAntonio Escreveu:Mota-Engil reforça para 100% na sexta maior construtora brasileira - Construção - Jornal de NegóciosO grupo português, que desde 2012 tem metade do capital da Empresa Construtora Brasil, está agora a fechar a compra dos restantes 50%, com o objetivo de aproveitar oportunidades de crescimento no país em áreas como o “oil & gas”, infraestruturas e mineração.



Bons negócios, nesta tempestade, trump_ada

pois, "quem nao sabe, é como quem, nao lê!"
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Re: Mota Engil - Tópico Geral
Kikoff Escreveu:....."no relatório de contas referente ao ano passado, a Mota-Engil avança que realizou uma mais-valia no valor de 9,9 milhões de euros com a alienação da concessionária Tuxpan Tampico por 13,8 milhões de euros."
É uma mais valia enorme de 72%, porém falta ainda vender mais duas concessões no México. Seria estas mais valias o valor escondido que se fala nas avaliações do grupo?
Re: Mota Engil - Tópico Geral
....."no relatório de contas referente ao ano passado, a Mota-Engil avança que realizou uma mais-valia no valor de 9,9 milhões de euros com a alienação da concessionária Tuxpan Tampico por 13,8 milhões de euros."
É uma mais valia enorme de 72%, porém falta ainda vender mais duas concessões no México. Seria estás mais valias o valor escondido que se fala nas avaliações do grupo?
É uma mais valia enorme de 72%, porém falta ainda vender mais duas concessões no México. Seria estás mais valias o valor escondido que se fala nas avaliações do grupo?
Re: Mota Engil - Tópico Geral
Vale, parece ser mesmo para valer, deverá começar o período da libertação 

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Re: Relatório de contas de 2024 publicado
Rolling_Trader Escreveu: A taxa de juros paga pelos empréstimos bancários é elevada, no entanto isso é uma opção estratégica. A Mota-Engil procura financiamentos em moedas locais, um hedge natural que permite mitigar o risco de desvalorização da moeda em que foram celebrados os contratos. Assim se a moeda em que são contabilizados os recebimentos dos clientes desvalorizar, a dívida contraída para essas obras está expressa na mesma moeda e desvalorizará na mesma proporção.
Rolling_Trader, agradecendo desde já as tuas explicações e, em especial, a qualidade das mesmas, queria perguntar-te qual poderia ser o efeito se, em vez desta estratégia, fizessem empréstimos cá e hedging no mercado?
A tua explicação tem alguma lógica, mas para mim não faz muito sentido uma empresa poder financiar-se a 5% em mercado desenvolvido e moeda forte e andar a pedir financiamentos a 10, 15, 20% em mercados cujo "ambiente financeiro" não é muito estável.
Será que esses financiamentos não serão antes contrapartidas obrigatórias dos contratos, tendo em conta a magnitude que algumas dessas obras têm para os países envolvidos, como forma de também desenvolver a sua indústria financeira?
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Re: Mota Engil - Tópico Geral
A Mota-Engil continua a ajustar o seu portefólio de investimentos, reforçando a presença em mercados estratégicos e otimizando ativos. Recentemente, a empresa anunciou duas movimentações importantes: assumiu o controlo total da Empresa Construtora Brasil (ECB) e vendeu uma concessão rodoviária no México.
Aquisição da Totalidade da ECB no Brasil
A Mota-Engil, que já detinha 50% da ECB, está a adquirir os restantes 50% pertencentes à família Rezende, consolidando a sua presença no Brasil. Esta operação insere-se na estratégia de reforço num mercado com elevado potencial de crescimento no setor das infraestruturas. O CFO da Mota-Engil, José Carlos Nogueira, destacou que o Brasil deverá crescer a um ritmo elevado nos próximos anos, contribuindo significativamente para os resultados do grupo.
A empresa também concretizou a venda de uma das suas concessões rodoviárias no México por cerca de 14 milhões de euros. Esta transação faz parte da política de rotação de ativos da Mota-Engil, permitindo a libertação de capital para novos investimentos.
Estas movimentações mostram a aposta da Mota-Engil no Brasil como mercado prioritário, ao mesmo tempo que otimiza os seus ativos no México. A venda da concessão rodoviária reflete a estratégia de reciclagem de capital, que permitirá financiar novos projetos em mercados estratégicos.
Com esta abordagem, a Mota-Engil reforça o seu posicionamento internacional e a criação de valor para os seus acionistas, seguindo a estratégia delineada no seu plano de crescimento para os próximos anos.
https://eco.sapo.pt/2025/04/01/mota-eng ... no-mexico/
Aquisição da Totalidade da ECB no Brasil
A Mota-Engil, que já detinha 50% da ECB, está a adquirir os restantes 50% pertencentes à família Rezende, consolidando a sua presença no Brasil. Esta operação insere-se na estratégia de reforço num mercado com elevado potencial de crescimento no setor das infraestruturas. O CFO da Mota-Engil, José Carlos Nogueira, destacou que o Brasil deverá crescer a um ritmo elevado nos próximos anos, contribuindo significativamente para os resultados do grupo.
A empresa também concretizou a venda de uma das suas concessões rodoviárias no México por cerca de 14 milhões de euros. Esta transação faz parte da política de rotação de ativos da Mota-Engil, permitindo a libertação de capital para novos investimentos.
Estas movimentações mostram a aposta da Mota-Engil no Brasil como mercado prioritário, ao mesmo tempo que otimiza os seus ativos no México. A venda da concessão rodoviária reflete a estratégia de reciclagem de capital, que permitirá financiar novos projetos em mercados estratégicos.
Com esta abordagem, a Mota-Engil reforça o seu posicionamento internacional e a criação de valor para os seus acionistas, seguindo a estratégia delineada no seu plano de crescimento para os próximos anos.
https://eco.sapo.pt/2025/04/01/mota-eng ... no-mexico/
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Re: Mota Engil - Tópico Geral
Rolling_Trader, obrigado pela partilha e pela análise detalhada ao relatório de contas! É sempre bom ler uma visão bem fundamentada, ainda mais quando se destrinçam os números e se clarificam os impactos no balanço da empresa.
De facto, a evolução da carteira de encomendas e a diversificação do negócio são sinais positivos para a Mota Engil, principalmente num setor tão cíclico como a construção. O crescimento expressivo no segmento do Ambiente e os investimentos seletivos mostram que a gestão está a tentar equilibrar o crescimento com a rentabilidade.
A questão da dívida líquida é sempre um ponto de debate, mas, como bem referiste, o aumento foi direcionado para investimentos estratégicos e não para tapar buracos. O rácio Dívida/EBITDA continua dentro dos limites aceitáveis, e a liquidez disponível garante alguma margem de manobra nos próximos anos. Claro que a alavancagem tem sempre riscos, especialmente num contexto macroeconómico incerto, mas, para já, parece estar controlada.
Quanto à rotação de ativos, faz parte da estratégia da empresa há anos, e se continuar a ser bem executada, pode contribuir para sustentar a criação de valor para os acionistas. A questão será perceber se esta tendência de margens mais elevadas e diversificação se mantém a médio prazo ou se a empresa acabará por voltar ao seu perfil mais tradicional de engenharia e construção.
Vamos acompanhando, mas, para já, os sinais parecem positivos.
J.f.vieira
De facto, a evolução da carteira de encomendas e a diversificação do negócio são sinais positivos para a Mota Engil, principalmente num setor tão cíclico como a construção. O crescimento expressivo no segmento do Ambiente e os investimentos seletivos mostram que a gestão está a tentar equilibrar o crescimento com a rentabilidade.
A questão da dívida líquida é sempre um ponto de debate, mas, como bem referiste, o aumento foi direcionado para investimentos estratégicos e não para tapar buracos. O rácio Dívida/EBITDA continua dentro dos limites aceitáveis, e a liquidez disponível garante alguma margem de manobra nos próximos anos. Claro que a alavancagem tem sempre riscos, especialmente num contexto macroeconómico incerto, mas, para já, parece estar controlada.
Quanto à rotação de ativos, faz parte da estratégia da empresa há anos, e se continuar a ser bem executada, pode contribuir para sustentar a criação de valor para os acionistas. A questão será perceber se esta tendência de margens mais elevadas e diversificação se mantém a médio prazo ou se a empresa acabará por voltar ao seu perfil mais tradicional de engenharia e construção.
Vamos acompanhando, mas, para já, os sinais parecem positivos.
J.f.vieira
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Re: Relatório de contas de 2024 publicado
Rolling_Trader Escreveu:Bom dia a todos,
Não sei se se aperceberam mas o relatório de contas da Mota Engil, referente ao exercício de 2024, foi divulgado no passado dia 25 de março.
Apesar de já não fazer aqui posts com regularidade, não podia deixar de partilhar convosco as minhas conclusões (não entendam que isto como um regresso a posts regulares).
Vou citar algumas passagens do relatório de contas de 2024 que achei relevantes, tecendo algumas considerações posteriores.
Começo pela mensagem do CEO que, como de costume, serve de prólogo ao relatório de contas:In relatório Contas Consolidado 2024 da Mota Engil, página 9
Mensagem do Presidente
(...) o Grupo alcançou um patamar inédito na sua história de 78 anos, com crescimento em todas as áreas de negócio e melhoria da rentabilidade, mantendo o foco no controlo dos níveis de endividamento que se mantiveram em linha com o definido no Plano Estratégico.
Nessa medida, concretizámos o compromisso que estabelecemos com os senhores acionistas no início deste ano no âmbito do crescimento sustentável e centrado nos mercados de atuação prioritária (Core Markets), na melhoria da rentabilidade e promoção da rotação de ativos com geração de valor acrescentado para o Grupo, reforçando assim, e de forma significativa, o nosso balanço.
A nível comercial concretizámos o maior volume de angariação comercial alguma vez alcançado, ao celebrar em 2024 um conjunto de novos contratos no valor de 8 mil milhões de euros, o que permitiu, apenas em três anos, mais do que duplicar a Carteira de Encomendas, atualmente em 15,6 mil milhões de euros, e assim assegurar níveis de produção nos próximos anos a níveis históricos no Grupo, e sobretudo com uma carteira de elevada qualidade que permitirá manter a Mota-Engil com uma das melhores margens operacionais na Industria de Infraestruturas a nível europeu.
Para suportar o crescimento, o Grupo realizou um conjunto de investimentos no valor de 511 milhões de euros, em linha com o ano anterior, sendo de destacar que 76% do total do investimento foi direcionado para áreas de negócio como o Ambiente e a Engenharia Industrial, segmentos com as margens mais elevadas entre o portfolio do Grupo, ou em investimento de expansão, o que demonstra a seletividade de investimento com foco na rentabilidade de médio e longo prazo, e a que estou certo daremos continuidade nos próximos anos.
Interessante verificar que efetivamente o crescimento do segmento do Ambiente está a acompanhar a evolução do volume de negócios do setor de Engenharia e Construção e com uma margem EBITDA de 25% (que é superior ao obtido no segmento "core").
Notem que o investimento no segmento do Ambiente vai permitir à Mota melhorar o nível de risco ESG, ou seja a sua sustentabilidade ambiental, dado que a empresa está no fim da tabela da sustentabilidade das ações do PSI.
Isto poderá abrir portas no futuro para cotar em índices de sustentabilidade ou quiçá emitir greenbonds (mas muito caminho terá de ser feito até lá chegar).
Também o segmento Mext (criado em 2023) teve um crescimento expressivo em volume de negócios (+12.2%), tendo obtido um lucro EBT 113% acima do ano passado com uma impressionante margem EBT de 19%.
É importante referir que a diversificação do negócio da Mota é essencial para não ficar "refém" dos ciclos económicos que influenciam o setor da construção.
E a dívida líquida? Afinal que se passou para aumentar 47%?
Bem, o relatório de contas é lacónico na prosa, pelo que as conclusões têm de ser feitas analisandos os números (já lá vamos).
Saliento, no entanto, as seguintes passagens referentes à dívida:In relatório Contas Consolidado 2024 da Mota Engil, página 60
Em 31 de dezembro de 2024, a dívida líquida atingiu os 1.732 milhões de euros, um aumento de 557 milhões de euros face a 31 de dezembro de 2023, justificado, essencialmente, pelo forte investimento efetuado em equipamentos e em concessões e pelo agravamento do fundo de maneio.
Adicionalmente, em 31 de dezembro de 2024, o Grupo mantinha linhas de crédito contratadas e não utilizadas de cerca de 570 milhões de euros, traduzindo-se o montante total de liquidez em 1.142 milhões de euros, um montante superior às responsabilidades não renováveis a vencer nos próximos 3 anos.
Não obstante o crescimento relevante da atividade verificado em 2024, a dívida líquida foi gerida e controlada cuidadosamente, o que em conjunto com o desempenho operacional do exercício permitiu que o rácio que compara a dívida líquida com o EBITDA dos últimos 12 meses tenha atingido as 1,8x (1,4x em 31 de dezembro de 2023), em linha com o objetivo definido no Plano estratégico do Grupo (abaixo de 2,0x).
Vou tentar explicar, de forma simplificada, o aumento da dívida líquida mas, antes de tudo, nunca é demais fazer a ressalva que a dívida total da empresa é a dívida bruta e esta aumentou "apenas" 10,2% face ao reportado no exercício anterior (2023), ou seja qualquer coisa como 286M€, o que até nem foi muito face aos avultados investimentos de 511M€ que a Mota-Engil fez em 2024 (citados na página 59 do RC).
Então que raio é a dívida líquida afinal de contas? (perguntam-se alguns concerteza).
Bem, fazendo o paralelo com as nossas dívidas ao banco, a dívida bruta representa tudo o que devemos ao banco, e a dívida líquida é a bruta menos todo o dinheiro que temos disponível para a cobrir (nem que sejam uns míseros trocos que tenhamos na carteira).
Imaginem que em 2023 deviam 100 mil euros ao banco (dívida bruta) mas tinham "em caixa" 10 mil euros da venda de um carro usado, então a vossa dívida líquida era de 90 mil euros. Imaginem agora que em 2024 compram um carro de 20 mil euros, pedem mais 10 mil, passam a dever 110 mil euros ao banco, ou seja a vossa dívida bruta aumenta 10%, mas a vossa dívida líquida passou de 90 mil euros para 110 mil euros, ou seja aumentou 22,22% simplesmente porque gastaram dinheiro que antes tinham "em caixa".
Foi mais ou menos isto que se passou com a Mota-Engil.
Na página 294 do RC, na "Demonstração Consolidada da Posição Financeira", podemos verificar que os empréstimos inscritos no passivo (corrente e não corrente), aumentaram "apenas" 267M€, ou seja a Mota-Engil aumentou o endividamento, via empréstimos, em "apenas" mais 13% (e não 47%).
E o resto? Bem o resto são alguns dos tais "trocos" que a Mota-Engil tinha o ano passado "em caixa", mas que entretanto gastou via investimento (não esquecer que a mota investiu 511M€ em 2024).
Na prática o investimento levou cerca de 197M€ do valor em caixa (um decréscimo de 30% do "cash and equivalents" que a Mota tinha disponível em 2023) e o restante veio dos títulos da Costa do Marfim e de Angola, que finalmente atingiram a sua maturidade e foram reembolsados na totalidade gerando um saldo positivo de cerca de 104M€, que foi também canalizado para o investimento.
Fechando o capítulo da dívida líquida, não parece existir aqui nada de grave:
Aumentou para financiar o investimento em segmentos que se esperam vir a dar mais margem nos próximos anos, ou seja espera-se um ROI (Return on Investment) elevado;
Os rácios de alavancagem (Dívida Líquida / EBITDA e Dívida Bruta / EBITDA) mantiveram-se alinhados com o guidance até 2026 (< 2x e < 4x respetivamente);
Há um comprometimento da gestão em não exceder os limiares fixados de endividamento que estão inscritos no guindance (DL/EBITDA < 2x e DB / EBITDA < 4x). Estes rácios estão em linha com os do setor da construção;
Já foram garantidas linhas de crédito suficientes para fazer face às responsabilidades de crédito a vencer nos próximos 3 anos;
A taxa de juros paga pelos empréstimos bancários é elevada, no entanto isso é uma opção estratégica. A Mota-Engil procura financiamentos em moedas locais, um hedge natural que permite mitigar o risco de desvalorização da moeda em que foram celebrados os contratos. Assim se a moeda em que são contabilizados os recebimentos dos clientes desvalorizar, a dívida contraída para essas obras está expressa na mesma moeda e desvalorizará na mesma proporção.
Então e o lucro? Foi influenciado por rubricas não recorrentes?
Sim, mas isso era esperado. Faz parte da estratégia da rotação de ativos da Mota Engil.In relatório Contas Consolidado 2024 da Mota Engil, página 63
No exercício findo em 31 de dezembro de 2024, a rubrica de Ganhos / (perdas) na aquisição e alienação de empresas subsidiárias, empreendimentos conjuntos e associadas (...), atingiu os 80 milhões de euros (40 milhões de euros no exercício de 2023), influenciada, maioritariamente, pela mais-valia gerada com a alienação em 2024 de duas empresas concessionárias de auto-estradas no México (Concessionária Cardel Poza Rica e Concessionária Tuxpan-Tampico), no seguimento da política de rotação de ativos definida pelo Grupo.
No exercício findo em 31 de dezembro de 2024, a rubrica de Ganhos / (perdas) em empresas associadas e em empreendimentos conjuntos (MEP) contribuiu com 8 milhões de euros para o resultado líquido (15 milhões de euros no exercício de 2023), uma diminuição de cerca de 7 milhões de euros, justificada, maioritariamente, pela manutenção da performance da Líneas e da Martifer, mas afetada negativamente pelo arranque das operações de algumas concessionárias em África e na América Latina.
E para o ano já estão alinhadas mais vendas (isto promete).
Na página 385 do RC, estão listados ativos não correntes detidos para venda no valor de 122M€, nomeadamente:
A "Concesionária Tultepec" (segmento América Latina - E&C))
A "Vías y Comunicaciones e Concessionaria Cua" (segmento América Latina - E&C)
A "APP Tamaulipas" (segmento América Latina - E&C)
E isto tudo será para vender para o ano e por este valor?
Segundo a definição de "Ativos não correntes detidos para venda", constante na página 314 do RC, diria que sim:In relatório Contas Consolidado 2024 da Mota Engil, página 314
h) Ativos não correntes detidos para venda
Os ativos não correntes são classificados como detidos para venda se é expectável que o seu valor contabilístico venha a ser recuperado principalmente através de uma alienação ou através de uma distribuição aos acionistas e não através do seu uso continuado. Para que tais ativos sejam objeto daquela classificação, os mesmos têm de estar disponíveis para venda imediata nas suas condições atuais, a venda tem de ser altamente provável, o Conselho de Administração tem de estar comprometido a executar tal venda e a alienação ocorrer previsivelmente num período de 12 meses.
Os ativos não correntes classificados como detidos para venda são registados pelo mais baixo entre a sua quantia escriturada e o seu justo valor deduzido dos custos estimados com a venda. A sua eventual amortização cessa a partir do momento da classificação como ativos não correntes detidos para venda.
Para efeitos de apuramento do justo valor dos ativos não correntes detidos para venda, foram consideradas, nomeadamente, as propostas de compra recebidas para os ativos a alienar e avaliações realizadas internamente.
Não fossem os itens extraordinários, o lucro da Mota-Engil seria inferior em 2024 do que foi em 2023?
A resposta a esta questão não é linear dado que as contas exigem ajustes/normalizações que eu não estou capacitado a fazer.
Fazendo contas de merceeiro e subtraíndo ao EBT (lucro antes de impostos), de 2023 e 2024, as rubricas
"Ganhos / (perdas) em empresas associadas e em empreendimentos conjuntos"
"Ganhos / (perdas) na aquisição e alienação de empresas subsidiárias, empreendimentos conjuntos e associadas"
"Ganhos/(perdas) sobre a posição monetária líquida"
A resposta seria "Sim", o EBT de 2024 teria sido quase 10% inferior ao de 2023, mas as contas não podem ser feitas desta maneira simplista.
Fazendo "outsorcing" destas contas, se consultarmos a Demonstração de resultados da Mota Engil constante no site Investing.com, que se baseia na informação "comprada" a analistas financeiros profissionais, o site apresenta um cálculo do EBT, excluíndo itens extraordinários de 353M€ em 2024, face a 301,92M€ em 2023, um aumento de 16%.
E perspetivas para 2025?
Nada melhor que simplesmente citar apenas o que está escrito na página 268 do relatório de contas (pese embora seja importante dar atenção ao disclaimer que o acompanha)In relatório Contas Consolidado 2024 da Mota Engil, página 268
Perspetivas para 2025
As perspetivas do Grupo Mota-Engil para 2025, são as seguintes:1 - Crescimento do volume de negócios em um dígito, com África a ser o principal motor de rendibilidade nos próximos anos;
2 - Margem EBITDA forte em 16%, a contribuir para a melhoria da margem líquida;
3 - Manutenção de uma carteira de encomendas de grande qualidade e a níveis históricos, focada nos nossos mercados core e em projetos de grande dimensão que suportem a nossa estratégia de rendibilidade;
4 - Reforço durante 2025 do programa de eficiência do Grupo (Programa OPEX 50);
5 - Rácio de investimento / volume de negócios < 7%;
6 - Foco na geração de free cash flow;
7 - Compromisso em manter os rácios Dívida líquida / EBITDA <2x e Dívida bruta / EBITDA <4x;
8 - Continuidade do reforço da estrutura de capitais próprios com o objetivo de se atingir um rácio capital próprio / ativo > 15%;
9 - Manutenção da política em curso de rotação de ativos, de modo a extrair consistentemente valor das concessões e a impactar positivamente o resultado líquido;
10 - Compromisso com um crescimento sustentável.
Salienta-se que estas perspetivas não correspondem a um compromisso quanto ao desempenho futuro do Grupo, mas tão somente à melhor capacidade de previsão, nesta data, quanto à atividade das suas empresas
Efetivamente se estas prespetivas para 2025 se mantiverem e todos os objetivos do guidance forem cumpridos, a apresentação do novo plano estratégico em 2026 (que delineará o guidance até 2030), poderá gerar uma nova onda eufórica de compras, levando a cotação bem acima do anterior máximo dos 5,90€ (na minha opinião).
Bons negócios a todos.
................ .............................. .................
Muito bom Rolling_Trader, mais uma vez obrigado pela disponibilidade.
J.f.vieira
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Re: Mota Engil - Tópico Geral "uma opinião"
Aqui_Vale Escreveu:Àlvaro Escreveu:Vale, percebo a lógica, mas se olhares para o Dax talvez lá esteja a explicação para que o mais provável seja mesmo estar um fundo em 3.40.A tua leitura poderá ser válida, mas então o Dax cairia aos trambolhões ou então terias a Mota em contra mão. Não creio.
Nestas andanças, a "lógica" é uma batata.
Mas vamos aos factos de um passado recente:
Quando o "Abutre" anunciou a sua entrada como curto, se não me falha a memória 0,6%. O papel destrambelhou praticamente 30%, enquanto o Diabo nem teve tempo de ir à "casinha" é um termo Açoriano para WC. Não esteve o papel em contraciclo?! Por ter tido uma queda violentíssima.
Agora, que a posição foi aumentada para 1,68%. Como interpretar isto?
Para mim , é claro, mas sobre isso já postei.
Se está curto, teoricamente é para cair. . .
Não há como ir acompanhando.
CumPrim/
ValeAquilino
................. ............................ ...................
A situação que descreve é, de fato, curiosa e pode ter várias explicações. Quando um fundo chamado de "abutre" (ou hedge fund especializado em estratégias agressivas) aumenta significativamente a sua posição a descoberto numa ação, isso geralmente sinaliza ao mercado que ele aposta numa queda do preço da ação. Isso, por sua vez, pode gerar receio entre investidores menores, levando a vendas precipitadas e pressionando os preços para baixo. No entanto, no caso da Mota-Engil, parece que, apesar dessa pressão negativa, as ações hoje subiram ligeiramente.
Algumas possibilidades para essa aparente contradição:
Mesmo com o aumento da posição vendida, pode haver investidores institucionais ou acionistas de referência que aproveitaram para comprar mais ações, sustentando o preço.
Pode haver informações positivas em circulação sobre a empresa, como boas perspectivas para contratos futuros, resultados melhores que o esperado ou rumores de operações estratégicas. Se o mercado da Mota-Engil não tiver grande liquidez, movimentos pequenos podem causar oscilações desproporcionais no preço da ação. Um fundo pode testar o mercado e reduzir suas posições vendidas rapidamente para provocar um squeeze momentâneo.
Se esse fundo já tinha algumas posições a descoberto anteriormente, pode ter aumentado sua posição momentaneamente para forçar um movimento de pânico e, em seguida, recomprar ações mais baratas. Se o movimento não foi bem-sucedido, pode ter havido uma recomposição que deu suporte ao preço.
A subida de hoje pode ter sido um reflexo da entrada de novos compradores aproveitando a saída dos pequenos investidores ou da tentativa do próprio fundo de ajustar sua estratégia.
Vale acompanhar se a tendência se mantém nos próximos dias para entender melhor a dinâmica.
A melhor abordagem pode ser analisar o racional do investimento e não se deixar levar apenas por movimentos de curto prazo causados por fundos especulativos.
Isto vale o que vale...

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Re: Mota Engil - Tópico Geral
Mota-Engil reforça para 100% na sexta maior construtora brasileira - Construção - Jornal de Negócios
O grupo português, que desde 2012 tem metade do capital da Empresa Construtora Brasil, está agora a fechar a compra dos restantes 50%, com o objetivo de aproveitar oportunidades de crescimento no país em áreas como o “oil & gas”, infraestruturas e mineração.
FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
Re: Mota Engil - Tópico Geral
Na teoria.....uma opção de venda (ou put) é um contrato que dá ao titular o direito (mas não a obrigação) de vender um ativo subjacente, como ações, a um preço pré-determinado (preço de exercício) dentro de um prazo específico. Esse contrato é usado principalmente para se proteger contra quedas no preço do ativo ou para especular sobre uma desvalorização.
Quando comprar uma opção de venda (put)?
Você deve considerar comprar uma opção de venda nos seguintes cenários:
1. Proteção contra queda (hedge) – Se você possui ações e teme uma desvalorização, pode comprar puts para limitar perdas. Se o preço cair, você pode vender as ações pelo preço de exercício da opção, reduzindo seu prejuízo.
2. Especulação sobre queda – Se você acredita que o preço de uma ação vai cair, pode comprar puts para lucrar. Se o preço da ação cair abaixo do preço de exercício, a opção se valoriza e pode ser revendida com lucro.
3. Aproveitar volatilidade – Durante momentos de incerteza no mercado, as opções de venda podem ser uma forma de proteger seu portfólio ou aproveitar variações bruscas nos preços.
Lembre-se de que as opções têm um prazo de validade e seu preço pode ser afetado por fatores como volatilidade, tempo até o vencimento e o próprio preço da ação.
Quando comprar uma opção de venda (put)?
Você deve considerar comprar uma opção de venda nos seguintes cenários:
1. Proteção contra queda (hedge) – Se você possui ações e teme uma desvalorização, pode comprar puts para limitar perdas. Se o preço cair, você pode vender as ações pelo preço de exercício da opção, reduzindo seu prejuízo.
2. Especulação sobre queda – Se você acredita que o preço de uma ação vai cair, pode comprar puts para lucrar. Se o preço da ação cair abaixo do preço de exercício, a opção se valoriza e pode ser revendida com lucro.
3. Aproveitar volatilidade – Durante momentos de incerteza no mercado, as opções de venda podem ser uma forma de proteger seu portfólio ou aproveitar variações bruscas nos preços.
Lembre-se de que as opções têm um prazo de validade e seu preço pode ser afetado por fatores como volatilidade, tempo até o vencimento e o próprio preço da ação.
Re: Mota Engil - Tópico Geral
Caros colegas,
Antes de mais, agradeço-vos as intervenções, que gosto muito de acompanhar.
O aumento das posições curtas começa a deixar-me um pouco apreensivo. Especulo que tenha a ver com os seguintes fatores:
1- política proteccionista dos EUA: o CEO da ME tem vindo a dizer que o México é um dos maiores beneficiários do nearshoring. Mas os vizinhos México e Canadá são muito impactados por serem grandes exportadores para os EUA;
2- O sp500 está num ponto decisivo: ou retoma as subidas nos próximos dias, ou temo uma reação muito negativa com medos de recessão, que tem um peso relevante nas construtoras;
3- Persistência da inflação: tarda a haver quedas significativas nos juros, o que prejudica empresas com dívida elevada, como a ME;
4- Resistência nos 3,5€: preços andaram por aí por cerca de 3 meses, entre Julho e Setembro de 2024
Penso que os 2 primeiros pontos são os principais, pelo que neste momento estou fora a aguardar os próximos capitulos.
Bons negócios
Antes de mais, agradeço-vos as intervenções, que gosto muito de acompanhar.
O aumento das posições curtas começa a deixar-me um pouco apreensivo. Especulo que tenha a ver com os seguintes fatores:
1- política proteccionista dos EUA: o CEO da ME tem vindo a dizer que o México é um dos maiores beneficiários do nearshoring. Mas os vizinhos México e Canadá são muito impactados por serem grandes exportadores para os EUA;
2- O sp500 está num ponto decisivo: ou retoma as subidas nos próximos dias, ou temo uma reação muito negativa com medos de recessão, que tem um peso relevante nas construtoras;
3- Persistência da inflação: tarda a haver quedas significativas nos juros, o que prejudica empresas com dívida elevada, como a ME;
4- Resistência nos 3,5€: preços andaram por aí por cerca de 3 meses, entre Julho e Setembro de 2024
Penso que os 2 primeiros pontos são os principais, pelo que neste momento estou fora a aguardar os próximos capitulos.
Bons negócios
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Re: Mota Engil - Tópico Geral "uma opinião"
Àlvaro Escreveu:Vale, percebo a lógica, mas se olhares para o Dax talvez lá esteja a explicação para que o mais provável seja mesmo estar um fundo em 3.40.A tua leitura poderá ser válida, mas então o Dax cairia aos trambolhões ou então terias a Mota em contra mão. Não creio.
Nestas andanças, a "lógica" é uma batata.
Mas vamos aos factos de um passado recente:
Quando o "Abutre" anunciou a sua entrada como curto, se não me falha a memória 0,6%. O papel destrambelhou praticamente 30%, enquanto o Diabo nem teve tempo de ir à "casinha" é um termo Açoriano para WC. Não esteve o papel em contraciclo?! Por ter tido uma queda violentíssima.
Agora, que a posição foi aumentada para 1,68%. Como interpretar isto?
Para mim , é claro, mas sobre isso já postei.
Se está curto, teoricamente é para cair. . .
Não há como ir acompanhando.
CumPrim/
ValeAquilino
Eu não sonho, faço planos. (A. S. V.)
"Se ensinares, ensina ao mesmo tempo a duvidar daquilo que estás a ensinar."
José Ortega Y Gasset
Re: Mota Engil - Tópico Geral
Vale, percebo a lógica, mas se olhares para o Dax talvez lá esteja a explicação para que o mais provável seja mesmo estar um fundo em 3.40.
A tua leitura poderá ser válida, mas então o Dax cairia aos trambolhões ou então terias a Mota em contra mão. Não creio.

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Re: Mota Engil - Tópico Geral
Também eu estou grato pela publicação, Rolling_Trader.
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Re: Mota Engil - Tópico Geral "uma opinião"
joao garcao Escreveu:Estou em sintonia com os vossos pontos de vista
Neste momento estou um pouco apreensivo atendendo o fundo abrute na ultima sexta feira ter passado a posiç
ao a descoberto para 1.68
Em tempos (bastantes) que já lá vão, "botei " aqui conversa, onde relevava o comportamento atípico (?) do papel, e como de costume também "botei" Boneco, como aliás costumo fazer.
A minha opinião, baseia-se nos meus Bonecos, e não só. Eles são uma "Ferramenta Fundamental" para eu me gerir.
Nunca, que me lembre, o papel esteve tão condicionado, foi construído um canal de tendência ascendente e progressivo, bem firme e com pouca inclinação, para evitar grandes oscilações.
Quem o estará a condicionar? Provavelmente o "Abutre" e seus parceiros. E as Mais Valias vão entrando (com a rotação do papel) , e eu agradeço. Porque estou no mesmo barco. Também sou "Abutre" ?!
Considerando que a posição curta foi aumentada (triplicou), porque mudar de estratégia?!
A Linha do Caminho de Ferro vai continuar , até que seja violado um dos lados.
Não tenho, até ao momento qualquer dado que me faça mudar de idéias, antes pelo contrário, mas algum dia acontecerá,.
Espero que para norte, mas e porque não para sul ? Com tanta TRAMPALHADA, e o "dia da LIBERTAÇÃO" com data anunciada para amanhã?
Vou colocar um Boneco, onde só fiz três riscos a azul, assim não haverá tendencias de influências. Mas se alguém tiver possibilidade de consultar Ordens bem la para baixo, encontrarão algumas minhas, algumas delas de 25.000 papéis. Irei ajustá-las quando me parecer oportuno, mas até lá estão na Fila.
CumPrim/
ValeAquilino
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Re: Relatório de contas de 2024 publicado
Rolling_Trader Escreveu:Bom dia a todos,
Não sei se se aperceberam mas o relatório de contas da Mota Engil, referente ao exercício de 2024, foi divulgado no passado dia 25 de março.
Apesar de já não fazer aqui posts com regularidade, não podia deixar de partilhar convosco as minhas conclusões (não entendam que isto como um regresso a posts regulares).
Vou citar algumas passagens do relatório de contas de 2024 que achei relevantes, tecendo algumas considerações posteriores.
Começo pela mensagem do CEO que, como de costume, serve de prólogo ao relatório de contas:In relatório Contas Consolidado 2024 da Mota Engil, página 9
Mensagem do Presidente
(...) o Grupo alcançou um patamar inédito na sua história de 78 anos, com crescimento em todas as áreas de negócio e melhoria da rentabilidade, mantendo o foco no controlo dos níveis de endividamento que se mantiveram em linha com o definido no Plano Estratégico.
Nessa medida, concretizámos o compromisso que estabelecemos com os senhores acionistas no início deste ano no âmbito do crescimento sustentável e centrado nos mercados de atuação prioritária (Core Markets), na melhoria da rentabilidade e promoção da rotação de ativos com geração de valor acrescentado para o Grupo, reforçando assim, e de forma significativa, o nosso balanço.
A nível comercial concretizámos o maior volume de angariação comercial alguma vez alcançado, ao celebrar em 2024 um conjunto de novos contratos no valor de 8 mil milhões de euros, o que permitiu, apenas em três anos, mais do que duplicar a Carteira de Encomendas, atualmente em 15,6 mil milhões de euros, e assim assegurar níveis de produção nos próximos anos a níveis históricos no Grupo, e sobretudo com uma carteira de elevada qualidade que permitirá manter a Mota-Engil com uma das melhores margens operacionais na Industria de Infraestruturas a nível europeu.
Para suportar o crescimento, o Grupo realizou um conjunto de investimentos no valor de 511 milhões de euros, em linha com o ano anterior, sendo de destacar que 76% do total do investimento foi direcionado para áreas de negócio como o Ambiente e a Engenharia Industrial, segmentos com as margens mais elevadas entre o portfolio do Grupo, ou em investimento de expansão, o que demonstra a seletividade de investimento com foco na rentabilidade de médio e longo prazo, e a que estou certo daremos continuidade nos próximos anos.
Interessante verificar que efetivamente o crescimento do segmento do Ambiente está a acompanhar a evolução do volume de negócios do setor de Engenharia e Construção e com uma margem EBITDA de 25% (que é superior ao obtido no segmento "core").
Notem que o investimento no segmento do Ambiente vai permitir à Mota melhorar o nível de risco ESG, ou seja a sua sustentabilidade ambiental, dado que a empresa está no fim da tabela da sustentabilidade das ações do PSI.
Isto poderá abrir portas no futuro para cotar em índices de sustentabilidade ou quiçá emitir greenbonds (mas muito caminho terá de ser feito até lá chegar).
Também o segmento Mext (criado em 2023) teve um crescimento expressivo em volume de negócios (+12.2%), tendo obtido um lucro EBT 113% acima do ano passado com uma impressionante margem EBT de 19%.
É importante referir que a diversificação do negócio da Mota é essencial para não ficar "refém" dos ciclos económicos que influenciam o setor da construção.
E a dívida líquida? Afinal que se passou para aumentar 47%?
Bem, o relatório de contas é lacónico na prosa, pelo que as conclusões têm de ser feitas analisandos os números (já lá vamos).
Saliento, no entanto, as seguintes passagens referentes à dívida:In relatório Contas Consolidado 2024 da Mota Engil, página 60
Em 31 de dezembro de 2024, a dívida líquida atingiu os 1.732 milhões de euros, um aumento de 557 milhões de euros face a 31 de dezembro de 2023, justificado, essencialmente, pelo forte investimento efetuado em equipamentos e em concessões e pelo agravamento do fundo de maneio.
Adicionalmente, em 31 de dezembro de 2024, o Grupo mantinha linhas de crédito contratadas e não utilizadas de cerca de 570 milhões de euros, traduzindo-se o montante total de liquidez em 1.142 milhões de euros, um montante superior às responsabilidades não renováveis a vencer nos próximos 3 anos.
Não obstante o crescimento relevante da atividade verificado em 2024, a dívida líquida foi gerida e controlada cuidadosamente, o que em conjunto com o desempenho operacional do exercício permitiu que o rácio que compara a dívida líquida com o EBITDA dos últimos 12 meses tenha atingido as 1,8x (1,4x em 31 de dezembro de 2023), em linha com o objetivo definido no Plano estratégico do Grupo (abaixo de 2,0x).
Vou tentar explicar, de forma simplificada, o aumento da dívida líquida mas, antes de tudo, nunca é demais fazer a ressalva que a dívida total da empresa é a dívida bruta e esta aumentou "apenas" 10,2% face ao reportado no exercício anterior (2023), ou seja qualquer coisa como 286M€, o que até nem foi muito face aos avultados investimentos de 511M€ que a Mota-Engil fez em 2024 (citados na página 59 do RC).
Então que raio é a dívida líquida afinal de contas? (perguntam-se alguns concerteza).
Bem, fazendo o paralelo com as nossas dívidas ao banco, a dívida bruta representa tudo o que devemos ao banco, e a dívida líquida é a bruta menos todo o dinheiro que temos disponível para a cobrir (nem que sejam uns míseros trocos que tenhamos na carteira).
Imaginem que em 2023 deviam 100 mil euros ao banco (dívida bruta) mas tinham "em caixa" 10 mil euros da venda de um carro usado, então a vossa dívida líquida era de 90 mil euros. Imaginem agora que em 2024 compram um carro de 20 mil euros, pedem mais 10 mil, passam a dever 110 mil euros ao banco, ou seja a vossa dívida bruta aumenta 10%, mas a vossa dívida líquida passou de 90 mil euros para 110 mil euros, ou seja aumentou 22,22% simplesmente porque gastaram dinheiro que antes tinham "em caixa".
Foi mais ou menos isto que se passou com a Mota-Engil.
Na página 294 do RC, na "Demonstração Consolidada da Posição Financeira", podemos verificar que os empréstimos inscritos no passivo (corrente e não corrente), aumentaram "apenas" 267M€, ou seja a Mota-Engil aumentou o endividamento, via empréstimos, em "apenas" mais 13% (e não 47%).
E o resto? Bem o resto são alguns dos tais "trocos" que a Mota-Engil tinha o ano passado "em caixa", mas que entretanto gastou via investimento (não esquecer que a mota investiu 511M€ em 2024).
Na prática o investimento levou cerca de 197M€ do valor em caixa (um decréscimo de 30% do "cash and equivalents" que a Mota tinha disponível em 2023) e o restante veio dos títulos da Costa do Marfim e de Angola, que finalmente atingiram a sua maturidade e foram reembolsados na totalidade gerando um saldo positivo de cerca de 104M€, que foi também canalizado para o investimento.
Fechando o capítulo da dívida líquida, não parece existir aqui nada de grave:
Aumentou para financiar o investimento em segmentos que se esperam vir a dar mais margem nos próximos anos, ou seja espera-se um ROI (Return on Investment) elevado;
Os rácios de alavancagem (Dívida Líquida / EBITDA e Dívida Bruta / EBITDA) mantiveram-se alinhados com o guidance até 2026 (< 2x e < 4x respetivamente);
Há um comprometimento da gestão em não exceder os limiares fixados de endividamento que estão inscritos no guindance (DL/EBITDA < 2x e DB / EBITDA < 4x). Estes rácios estão em linha com os do setor da construção;
Já foram garantidas linhas de crédito suficientes para fazer face às responsabilidades de crédito a vencer nos próximos 3 anos;
A taxa de juros paga pelos empréstimos bancários é elevada, no entanto isso é uma opção estratégica. A Mota-Engil procura financiamentos em moedas locais, um hedge natural que permite mitigar o risco de desvalorização da moeda em que foram celebrados os contratos. Assim se a moeda em que são contabilizados os recebimentos dos clientes desvalorizar, a dívida contraída para essas obras está expressa na mesma moeda e desvalorizará na mesma proporção.
Então e o lucro? Foi influenciado por rubricas não recorrentes?
Sim, mas isso era esperado. Faz parte da estratégia da rotação de ativos da Mota Engil.In relatório Contas Consolidado 2024 da Mota Engil, página 63
No exercício findo em 31 de dezembro de 2024, a rubrica de Ganhos / (perdas) na aquisição e alienação de empresas subsidiárias, empreendimentos conjuntos e associadas (...), atingiu os 80 milhões de euros (40 milhões de euros no exercício de 2023), influenciada, maioritariamente, pela mais-valia gerada com a alienação em 2024 de duas empresas concessionárias de auto-estradas no México (Concessionária Cardel Poza Rica e Concessionária Tuxpan-Tampico), no seguimento da política de rotação de ativos definida pelo Grupo.
No exercício findo em 31 de dezembro de 2024, a rubrica de Ganhos / (perdas) em empresas associadas e em empreendimentos conjuntos (MEP) contribuiu com 8 milhões de euros para o resultado líquido (15 milhões de euros no exercício de 2023), uma diminuição de cerca de 7 milhões de euros, justificada, maioritariamente, pela manutenção da performance da Líneas e da Martifer, mas afetada negativamente pelo arranque das operações de algumas concessionárias em África e na América Latina.
E para o ano já estão alinhadas mais vendas (isto promete).
Na página 385 do RC, estão listados ativos não correntes detidos para venda no valor de 122M€, nomeadamente:
A "Concesionária Tultepec" (segmento América Latina - E&C))
A "Vías y Comunicaciones e Concessionaria Cua" (segmento América Latina - E&C)
A "APP Tamaulipas" (segmento América Latina - E&C)
E isto tudo será para vender para o ano e por este valor?
Segundo a definição de "Ativos não correntes detidos para venda", constante na página 314 do RC, diria que sim:In relatório Contas Consolidado 2024 da Mota Engil, página 314
h) Ativos não correntes detidos para venda
Os ativos não correntes são classificados como detidos para venda se é expectável que o seu valor contabilístico venha a ser recuperado principalmente através de uma alienação ou através de uma distribuição aos acionistas e não através do seu uso continuado. Para que tais ativos sejam objeto daquela classificação, os mesmos têm de estar disponíveis para venda imediata nas suas condições atuais, a venda tem de ser altamente provável, o Conselho de Administração tem de estar comprometido a executar tal venda e a alienação ocorrer previsivelmente num período de 12 meses.
Os ativos não correntes classificados como detidos para venda são registados pelo mais baixo entre a sua quantia escriturada e o seu justo valor deduzido dos custos estimados com a venda. A sua eventual amortização cessa a partir do momento da classificação como ativos não correntes detidos para venda.
Para efeitos de apuramento do justo valor dos ativos não correntes detidos para venda, foram consideradas, nomeadamente, as propostas de compra recebidas para os ativos a alienar e avaliações realizadas internamente.
Não fossem os itens extraordinários, o lucro da Mota-Engil seria inferior em 2024 do que foi em 2023?
A resposta a esta questão não é linear dado que as contas exigem ajustes/normalizações que eu não estou capacitado a fazer.
Fazendo contas de merceeiro e subtraíndo ao EBT (lucro antes de impostos), de 2023 e 2024, as rubricas
"Ganhos / (perdas) em empresas associadas e em empreendimentos conjuntos"
"Ganhos / (perdas) na aquisição e alienação de empresas subsidiárias, empreendimentos conjuntos e associadas"
"Ganhos/(perdas) sobre a posição monetária líquida"
A resposta seria "Sim", o EBT de 2024 teria sido quase 10% inferior ao de 2023, mas as contas não podem ser feitas desta maneira simplista.
Fazendo "outsorcing" destas contas, se consultarmos a Demonstração de resultados da Mota Engil constante no site Investing.com, que se baseia na informação "comprada" a analistas financeiros profissionais, o site apresenta um cálculo do EBT, excluíndo itens extraordinários de 353M€ em 2024, face a 301,92M€ em 2023, um aumento de 16%.
E perspetivas para 2025?
Nada melhor que simplesmente citar apenas o que está escrito na página 268 do relatório de contas (pese embora seja importante dar atenção ao disclaimer que o acompanha)In relatório Contas Consolidado 2024 da Mota Engil, página 268
Perspetivas para 2025
As perspetivas do Grupo Mota-Engil para 2025, são as seguintes:1 - Crescimento do volume de negócios em um dígito, com África a ser o principal motor de rendibilidade nos próximos anos;
2 - Margem EBITDA forte em 16%, a contribuir para a melhoria da margem líquida;
3 - Manutenção de uma carteira de encomendas de grande qualidade e a níveis históricos, focada nos nossos mercados core e em projetos de grande dimensão que suportem a nossa estratégia de rendibilidade;
4 - Reforço durante 2025 do programa de eficiência do Grupo (Programa OPEX 50);
5 - Rácio de investimento / volume de negócios < 7%;
6 - Foco na geração de free cash flow;
7 - Compromisso em manter os rácios Dívida líquida / EBITDA <2x e Dívida bruta / EBITDA <4x;
8 - Continuidade do reforço da estrutura de capitais próprios com o objetivo de se atingir um rácio capital próprio / ativo > 15%;
9 - Manutenção da política em curso de rotação de ativos, de modo a extrair consistentemente valor das concessões e a impactar positivamente o resultado líquido;
10 - Compromisso com um crescimento sustentável.
Salienta-se que estas perspetivas não correspondem a um compromisso quanto ao desempenho futuro do Grupo, mas tão somente à melhor capacidade de previsão, nesta data, quanto à atividade das suas empresas
Efetivamente se estas prespetivas para 2025 se mantiverem e todos os objetivos do guidance forem cumpridos, a apresentação do novo plano estratégico em 2026 (que delineará o guidance até 2030), poderá gerar uma nova onda eufórica de compras, levando a cotação bem acima do anterior máximo dos 5,90€ (na minha opinião).
Bons negócios a todos.
Grande aula dada. Obrigado
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Re: Mota Engil - Tópico Geral
Obrigado pelo "resumo", Rolling Trader.
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