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Caldeirão da Bolsa

Crescimento económico é única solução sustentável para uma c

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Automech » 18/10/2010 14:44

LTCM Escreveu:Produto planeado para vender no exterior foi o “Mateus Rosé”, o vinho foi produzido com as características que os mercados alvo preferiam.
Obteve um sucesso tremendo, o problema é que esse produto é uma anomalia quando devia ser uma regra.


Exacto LTCM. Geralmente é ao contrário. Cria-se o produto e depois tenta-se vender.

Por acaso há outros dois no sector vinícola que fizeram as coisas aparentemente bem.

Um foi o J.M. da Fonseca quando quis entrar com o Lancers no mercado americano. O estudo de mercado mostrou-lhes que a malta nova (alvo do produto) estava muito habituada a refrigerantes e por isso o Lancers que era exportado para lá tinha um teor de açucar superior ao que é comercializado cá.

O outro foi o Roquette que, antes de começar, contratou os enólogos, definiu os mercados de exportação e assentou primeiro na mistura de castas que devia ser feita. Só depois é que começou a produzir.

Infelizmente é como dizes. São apenas excepções.

O sector do vinho é aliás um bom exemplo de como não temos estratégia. Os meus colegas estrangeiros quando vêm cá ficam maravilhados com o nosso tinto e dizem-me sempre que não sabiam que tínhamos vinho tão bom.
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por Xitonhane » 18/10/2010 14:15

Não se esqueçam dos enchidos portugueses....
 
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por LTCM » 18/10/2010 13:55

Flugufrelsarinn Escreveu: Enquanto que produtos portugueses, lá vou vendo o restaurante do emigrante ou umas garrafas de vinho do porto (e lá fora vê-se algumas feitas na África do sul) umas camisolas da Selecção do Ronaldo e pouco mais...


Produto planeado para vender no exterior foi o “Mateus Rosé”, o vinho foi produzido com as características que os mercados alvo preferiam.
Obteve um sucesso tremendo, o problema é que esse produto é uma anomalia quando devia ser uma regra.
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***
"A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um Forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei nosso senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalhoso que isso dê, (...) é serviço de Portugal. E tem que se cumprir."
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por Lion_Heart » 18/10/2010 9:33

Atomez Escreveu:Pois é, isso toda a gente sabe, agora como fazê-lo...

Este país habituou-se desde há mais de 500 anos a viver de riquezas que ia buscar lá fora com relativamente pouco investimento e pouco desenvolvimento, arrecadadas por um poder central muito forte e centralizado e que foram sempre usadas para importar coisas de fora e quase nunca investidas no desenvolvimento interno.

Primeiro foram as especiarias da Índia, quando ingleses e holandeses tomaram conta disso foi o ouro do Brasil, depois da independência foram as colónias de África, com a independência destas parecia que já não havia mais nada onde ir sacar algum, mas com a entrada na UE choveu dinheiro a rodos em fundos de desenvolvimento que novamente serviram para se ir lá fora comprar coisas em vez de se investir no desenvolvimento interno. Por volta de 2000 até isso acabou, mas aí surgiu a vaca leiteira do Euro com dinheiro à farta e barato, taxas de juros baixas e inflação baixa, o que foi aguentando o barco à custa de um endividamento cada vez maior.

Agora acabou-se tudo isso e estamos com a economia mais atrasada e menos produtiva da Europa...


Concordo, isso é uma verdade la Palisse . Todos sabemos a solução faltam é t... para a implementar.
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Lion_Heart
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por atomez » 18/10/2010 2:09

Pois é, isso toda a gente sabe, agora como fazê-lo...

Este país habituou-se desde há mais de 500 anos a viver de riquezas que ia buscar lá fora com relativamente pouco investimento e pouco desenvolvimento, arrecadadas por um poder central muito forte e centralizado e que foram sempre usadas para importar coisas de fora e quase nunca investidas no desenvolvimento interno.

Primeiro foram as especiarias da Índia, quando ingleses e holandeses tomaram conta disso foi o ouro do Brasil, depois da independência foram as colónias de África, com a independência destas parecia que já não havia mais nada onde ir sacar algum, mas com a entrada na UE choveu dinheiro a rodos em fundos de desenvolvimento que novamente serviram para se ir lá fora comprar coisas em vez de se investir no desenvolvimento interno. Por volta de 2000 até isso acabou, mas aí surgiu a vaca leiteira do Euro com dinheiro à farta e barato, taxas de juros baixas e inflação baixa, o que foi aguentando o barco à custa de um endividamento cada vez maior.

Agora acabou-se tudo isso e estamos com a economia mais atrasada e menos produtiva da Europa...
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
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por flugufrelsarinn » 18/10/2010 1:12

Outra coisa que já reparei e posso dizer que conheço bem a europa é a nossa capacidade exportadora e termos uma marca que represente Portugal...

Em qualquer país que vá existe sempre uma Zara (Espanha), toda gente conhece a Ryanair (Irlanda), Ikea(Suécia), Nokia (Finlândia), Lego (Dinamarca), Swarowski (Áustria), cervejas Belgas, lojas de roupa italianas, produtos franceses, alemães, ingleses, japoneses, coreanos e americanos nem preciso de dar exemplos

Enquanto que produtos portugueses, lá vou vendo o restaurante do emigrante ou umas garrafas de vinho do porto (e lá fora vê-se algumas feitas na África do sul) umas camisolas da Selecção do Ronaldo e pouco mais...

Ah uma coisa que me impressionou foi há 2 anos ver que o Pauleta era o jogador que estava no Outdoor da loja do PSG em plenos Campos Elísios

Quanto muito na Galiza ainda se vê bastantes Compal e Super Bock...
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Crescimento económico é única solução sustentável para uma c

por Pata-Hari » 18/10/2010 0:06

Mãos ou pés
15 Outubro2010 | 12:18
Cristina Casalinho



O crescimento económico é única solução sustentável para uma crise de dívida.
Contudo, Irlanda, Portugal e Espanha, para além de uma crise de dívida, atravessam uma crise de liquidez: ou seja, assistem a constrangimentos na renovação de créditos externos. Estas restrições são aliviadas com contributo activo do Banco Central Europeu (BCE) na concessão de financiamento aos bancos e aquisição de dívida pública. Recentemente, porém, alguns membros do Conselho de Governadores do BCE têm sugerido retracção da acção do BCE no financiamento às economias europeias. Seguindo os tempos, o recurso dos bancos portugueses aos fundos da autoridade monetária europeia diminuiu em Setembro. Esta descida deveu-se à desaceleração do crédito concedido (Portugal passa a estar mais alinhado com a prática da restante área do euro); aumento dos depósitos (ainda modesto); sucesso na colocação de obrigações de bancos portugueses junto dos seus clientes; e alienação de carteiras ou participações financeiras.

As instituições financeiras portuguesas sinalizam o início da marcha do necessário processo de redução do endividamento. Efectivamente, uma crise de liquidez ou de tesouraria subjuga todas as outras prioridades. A sua debelação, infelizmente, impõe um padrão de procura inferior àquele a que se estava habituado. Se, até recentemente, em média, todos os anos, o exterior emprestava cerca de 10% do PIB para que se consumisse acima do rendimento gerado (i.e. produzimos/vendemos menos 10% do que consumimos, o que conseguimos porque o exterior nos empresta esses 10%), quando esse fluxo de empréstimos é interrompido subitamente, a única solução é baixar consumo ou investimento para diminuir essa necessidade. Este esforço, num prazo de tempo limitado, é doloroso e inevitável. Porém, esta preocupação primordial não pode desviar a atenção da indispensabilidade de crescimento, porque só dessa forma se consegue reduzir a dívida. Para superar o endividamento actual, tem de se crescer, em termos nominais, acima da taxa de juro paga ao exterior: a qual, na maturidade dos 10 anos, se encontra em 6,0%. Entre 2000 e 2009, o PIB nominal expandiu-se 3,5%/ano.

Para o desafio ser vencido com sucesso, mudanças estruturais têm se ser executadas. Por exemplo, a dualidade existente, designadamente a discriminação das novas gerações, tem de ser mitigada. Entre outros, encontramo-la em:
1. No mercado de trabalho: os trabalhadores com contratos sem termo têm "quase todos os direitos", os trabalhadores com contratos sem termo não têm "quase nenhuns direitos";
2. Com a reforma da Segurança Social, os trabalhadores com mais de 50 anos mantêm um regime de repartição relativamente generoso, enquanto quem ingressa no sistema irá receber, basicamente, o valor capitalizado das contribuições realizadas;
3. Os desempregados sofrem uma considerável perda de rendimento, enquanto, durante a crise, os orçamentos das famílias que mantiveram os postos de trabalho registaram um ligeiro alívio devido à queda dos encargos com o crédito hipotecário por via da redução das taxas de juro;
4. Os trabalhadores nos sectores de bens transaccionáveis (como indústria exportadora) defrontam-se com desemprego e perda real de rendimentos, porquanto os trabalhadores nos sectores de bens não transaccionáveis (por exemplo: serviços de restauração, telecomunicações,…), até recentemente, beneficiavam de melhorias de rendimento.

A aceleração do crescimento exige incremento da produtividade. Para prosseguir este desiderato, Portugal tem de ganhar mobilidade de factores produtivos e superar uma das maiores debilidades estruturais: baixa intensidade capitalística (75 em Portugal face a 140 na Grécia e Espanha em 2009), ou seja, cada trabalhador usa poucas máquinas no desempenho da sua tarefa, sendo as máquinas determinantes para potenciar/ampliar a capacidade de execução. Para ter mais máquinas em uso, trabalhadores mais capazes e inovação, é preciso investimento, que carece de poupança para o financiar. Não se podendo depender em exclusivo da poupança externa, pelos riscos que comporta, impõe-se aumentar a poupança doméstica. Voltamos à resolução da crise de liquidez: tal, no presente momento, representa uma quebra do actual padrão de consumo. Sacrifício presente para beneficio futuro. O desafio do crescimento impõe melhores escolhas (não escolhas fáceis) na afectação de recursos às melhores actividades em Portugal. Decisivamente, tem de se seleccionar melhor, sob pena de a melhor alternativa para as novas gerações ser voltar as costas, "votar com os pés", ir embora. Sem crescimento, não há futuro.
Economista-chefe do Banco BPI
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