Caldeirão da Bolsa

OT- Empresas transporte continuam a afundar

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por migluso » 26/4/2013 11:26

migluso Escreveu:Só há uma forma de saber, é exigir que os contratos swaps que estiveram na origem destas perdas sejam tornados públicos.


Será hoje? Espero que sim.
http://www.jornaldenegocios.pt/empresas ... swaps.html
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por Mcmad » 7/9/2012 0:49

Queremos os gestores julgados por estas brincadeiras de casino.
Confira as minhas opiniões

http://markoeconomico.blogspot.com/
 
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por A330-300 » 7/9/2012 0:19

migluso Escreveu:
rmachado Escreveu:Pergunta:

A TAP cobre de alguma forma a subida do "Petroil"? (financeiramente falando)


Não sei, mas é provável que sim. Ao menos que não o faça para quantidades 6 vezes superiores ao que efectivamente consome em combustível.

Seria ruinoso em caso de descida. Ou um grande negócio em caso de subida.

Mas isto não é protecção ou hedging.
Isto é Livermore no seu melhor...


Não , não faz.E é das poucas cias grandes que não faz.

Isso foi recentemente falado no tópico da TAP

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por alexandre7ias » 7/9/2012 0:00

Estado pode contestar produto de alto risco que está a gerar prejuízos de milhões de euros

06.09.2012 - 23:06 Rosa Soares

Foto: Enric Vives-Rubio

O Metro de Lisboa tem uma forte exposição aos contratos de risco

O Estado não exclui a possibilidade de contestar o equilíbrio e a forma como foram vendidos os produtos financeiros de alto risco contratados por uma dezena e meia de empresas públicas, e que podem gerar perdas superiores a 2,4 mil milhões de euros.

O PÚBLICO apurou que a Direcção-Geral do Tesouro e Finanças pediu ontem mais informação às empresas públicas que subscreveram estes produtos, designados contratos de swaps sobre taxas de juro, incluindo o tipo de contratos que estão na sua base.

Fonte bem colocada disse ao PÚBLICO que, à semelhança da contestação que estes produtos têm gerado em vários países europeus, particularmente em Espanha e Inglaterra, o Estado vai avaliar os contratos, que, aparentemente, podem ser renegociados, mas não podem ser cancelados, sob pena de as perdas serem ainda maiores. Contactado pelo PÚBLICO, o Ministério das Finanças não prestou esclarecimentos.

O volume das perdas potenciais dos produtos financeiros contratados por 15 empresas públicas, maioritariamente do sector dos transportes, foi avançado ontem pelo Jornal de Negócios, com base em informação que consta no Boletim Informativo do Sector Empresarial do Estado, relativo ao segundo trimestre de 2012. O jornal refere que a troika está preocupada com a dimensão do problema e que, pelo menos este ano, as perdas potenciais não se devem reflectir nas contas nacionais.

Tal como está a acontecer em centenas de empresas privadas, algumas das quais já foram à falência pelas perdas geradas, os contratos em causa foram celebrados para acautelar a súbita das taxas Euribor, em 2007 e 2008. Na generalidade dos contratos, o produto gera ganhos mínimos para as empresas num cenário de subida de taxas de juros e perdas brutais num cenário, como o actual, de descida das taxas de juro.

Em Portugal e em Espanha há centenas de processos nos tribunais, e, em Inglaterra, já houve uma intervenção da Financial Services Authority (FSA), supervisora dos produtos financeiros), que detectou "falhas graves" na forma como o produto foi comercializado. No acordo com a FSA, os bancos comprometeram-se a alterar os contratos e a compensar muitos dos clientes afectados.

A propósito do desequilíbrio do produto subscrito pelas empresas públicas, com a Metro de Lisboa e a do Porto na liderança, o relatório refere que foi pedida a análise de sensibilidade dos instrumentos de gestão de risco financeiro (IGRF), mas "nem todas as empresas tiveram capacidade de apresentar essa análise". Refere que, ainda assim, foi possível apurar que a variação positiva de 1% da Euribor teria uma impacto positivo de mais de 833 milhões de euros. Já a queda de 1% da Euribor teria um impacto negativo de 912 milhões de euros no valor da carteira.

Fonte oficial da Metro do Porto disse ao PÚBLICO que, "apesar da continuada degradação das condições de acesso aos mercados financeiros, caracterizadas por profundas restrições de crédito e degradação dos níveis de rating da República Portuguesa", entre 2010 e 2011 a empresa "conseguiu realizar com sucesso algumas operações de reestruturação destes instrumentos no sentido de reduzir o impacto negativo nas suas contas.
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por gorgo » 5/9/2012 14:29

migluso Escreveu:Pois, eu li uma notícia onde o passivo é mil e tal milhões, mas afinal pode estar errado...

Mesmo que o passivo seja o valor que indicas, o valor das operações swap é quase o seu dobro...

agora não posso ver o relatório de contas...


Estão lá os dois valores: passivo (página 89)- 1.333 milões e passivo remunerado (página 92 e 93). O passivo remunerado é muito superior. Será que o diferencial da dívida estará no Tesouro, mas a ser remunerada/paga pelo metro?
 
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por migluso » 5/9/2012 12:59

gorgol Escreveu:
migluso Escreveu:
gorgol Escreveu:Temos de saber o prazo da cobertura. Posso ter uma cobertura por um ano de € 1.000 milhões ou de 10 anos dos mesmos mil milhões. Admito mesmo uma cobertura por 30 anos para dívidas de infra-estruturas tipo metropolitanos.

A minha postura é de acreditar que existem especialistas a tratar destes temas e há um racional que deverá ser explicado. Estou apenas a fazer uma abordagem técnica e não poltica.

Seria importante saber que coberturas fizeram as construtoras e bancos para os investimentos na autoestradas. Fixam-se as receitas e faz cobertura dos juros. Tudo normal.


Isto não tem nada de política.
E quer-me parecer que o teu racional não está correcto.

Pegando no teu exemplo, a não ser que as previsões a 10 anos sejam para o passivo total ser 10 vezes superiores ao actual (e volto a referir que menciono passivo total apenas por motivos de simplificação, pois a operação deveria incidir apenas sobre o passivo que paga juros), a operação está mal montada numa perspectiva de hedging.

MEUS AMIGOS, ISTO É UMA DESGRAÇA. É RUINOSO.

E SÓ TEM UMA SOLUÇÃO - DEFAULT...

OU ENTÃO DÁ UMA MÉDIA SUPERIOR A 300 EUROS EM IMPOSTOS A CADA PORTUGUÊS NO ACTIVO... SÓ PARA TAPAR O BURACO DESTAS OPERAÇÕES...


Migluso,

Fui ver o relatório de contas do Metro de Lisboa. Na página 93 refere que a dívida remunerada no final de 2011 era de 3.969 milhões de euros (metrolisboa.pt). Será que o passivo não está limpo das obrigações que se venceram e tiveram de passar para o Tesouro? O mesmo se passou na RTP.


Pois, eu li uma notícia onde o passivo é mil e tal milhões, mas afinal pode estar errado...

Mesmo que o passivo seja o valor que indicas, o valor das operações swap é quase o seu dobro...

agora não posso ver o relatório de contas...
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por migluso » 5/9/2012 12:56

pdcarrico Escreveu:
Migluso,

De facto não sei detalhes da operação e não tenho como argumentar contigo. Parto do princípio (talvez errado) de que a cobertura tem equivalência com o montante da dívida. Se for um ponto de partida errado obviamente que pensarei de outra forma.


passivo total da metro de lisboa é mil e tal milhões...
o valor total das operações swap realizadas pela metro de lisboa é de seis mil e tal milhões (pelo menos é este valor que o JdN está a avançar)...

:roll: :roll: :roll: :roll:
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por gorgo » 5/9/2012 12:52

migluso Escreveu:
gorgol Escreveu:Temos de saber o prazo da cobertura. Posso ter uma cobertura por um ano de € 1.000 milhões ou de 10 anos dos mesmos mil milhões. Admito mesmo uma cobertura por 30 anos para dívidas de infra-estruturas tipo metropolitanos.

A minha postura é de acreditar que existem especialistas a tratar destes temas e há um racional que deverá ser explicado. Estou apenas a fazer uma abordagem técnica e não poltica.

Seria importante saber que coberturas fizeram as construtoras e bancos para os investimentos na autoestradas. Fixam-se as receitas e faz cobertura dos juros. Tudo normal.


Isto não tem nada de política.
E quer-me parecer que o teu racional não está correcto.

Pegando no teu exemplo, a não ser que as previsões a 10 anos sejam para o passivo total ser 10 vezes superiores ao actual (e volto a referir que menciono passivo total apenas por motivos de simplificação, pois a operação deveria incidir apenas sobre o passivo que paga juros), a operação está mal montada numa perspectiva de hedging.

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Migluso,

Fui ver o relatório de contas do Metro de Lisboa. Na página 93 refere que a dívida remunerada no final de 2011 era de 3.969 milhões de euros (metrolisboa.pt). Será que o passivo não está limpo das obrigações que se venceram e tiveram de passar para o Tesouro? O mesmo se passou na RTP.
 
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por pdcarrico » 5/9/2012 12:49

migluso Escreveu:Pois não Pedro, mas verificando-se um over-hedging 6 vezes superior ao "necessário", o problema deixa de ser de liquidez e passa a ser de solvência.


Migluso,

De facto não sei detalhes da operação e não tenho como argumentar contigo. Parto do princípio (talvez errado) de que a cobertura tem equivalência com o montante da dívida. Se for um ponto de partida errado obviamente que pensarei de outra forma.
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por pdcarrico » 5/9/2012 12:45

Por curiosidade deixo o exemplo do que se passou com a aracruz e a sadia (creio que foi a sadia .. :roll: )

A Aracruz fez hedging de pouco mais de um ano de vendas em dólares (era uma empresa que basicamente exportava tudo o que produzia, ou seja toda a receita era dolarizada). Fazia sentido fazer hedging? sim. De que quantidade? Não sei mas a quantidade que fez foi, aparentemente, exagerada.

E porque fez esse hedging?

Porque a venda antecipada de dólares rendia uma swap rate generosa equivalente à diferença entre o CDI Brasileiro e a Libor Americana. Basicamente a venda antecipada rendia em permanência 10% (ao ano) do valor do contrato. Aconteceu que a queda abrupta do real precipitou uma chamada de margem que arruinou os capitais próprios da empresa. Se tivesse sido possível aguentar os contratos, a empresa tinha saído da situação e mais rica.

Hoje as celuloses Brasileiras têm uma outra forma de fazer hedging cambial - fazem todo o financiamento em dólar sem cobertura para real. Cada trimestre têm de fazer a reavaliação a justo valor da dívida (o que penaliza as contas na desvalorização do real), mas não têm chamada de margem ou seja nem se preocupam. Se o real não se revalorizar elas ganharão na receita, se se revalorizar ganham na diminuição da dívida.

Em ambas as coberturas a exposição ao risco cambial é a mesma. Num caso a situação pode preocupar noutro não. E não é por montantes envolvidos mas sim pela exigência de liquidez numa situação limite.
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por migluso » 5/9/2012 12:41

pdcarrico Escreveu:
migluso Escreveu:
rmachado Escreveu:Pergunta:

A TAP cobre de alguma forma a subida do "Petroil"? (financeiramente falando)


Não sei, mas é provável que sim. Ao menos que não o faça para quantidades 6 vezes superiores ao que efectivamente consome em combustível.

Seria ruinoso em caso de descida. Ou um grande negócio em caso de subida.

Mas isto não é protecção ou hedging.
Isto é Livermore no seu melhor...


A operação não tem de ser de over-hedging para criar problemas de liquidez e resultados negativos hoje (que serão equilibrados depois). Isso porque existe reavaliação contínua a justo valor de toda a cobertura.

Ou seja se a maturidade da dívida é, por exemplo 5 anos, a cobertura vai vencer nessa data. Os prejuízos de hoje serão compensados com a factura de juros que se vão vencendo nestes 5 anos.


Pois não Pedro, mas verificando-se um over-hedging 6 vezes superior ao "necessário", o problema deixa de ser de liquidez e passa a ser de solvência.

Os prejuízos jamais serão compensados.

O que se passa é que por exemplo:
trimestralmente a empresa está a pagar um juro fixo de 4,5% durante os próximos 5 anos e está a receber trimestralmente a euribor durante o mesmo período.

Neste caso as perdas devem ser reflectidas trimestralmente.

O mais certo é o valor nominal da operação ser fixo durante esses 5 anos ou ir reduzindo à medida que a dívida vai sendo amortizada.

Mas para o caso a periodicidade dos pagamentos pouco importa.

O relevante é o valor nominal da operação.
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por migluso » 5/9/2012 12:27

gorgol Escreveu:Temos de saber o prazo da cobertura. Posso ter uma cobertura por um ano de € 1.000 milhões ou de 10 anos dos mesmos mil milhões. Admito mesmo uma cobertura por 30 anos para dívidas de infra-estruturas tipo metropolitanos.

A minha postura é de acreditar que existem especialistas a tratar destes temas e há um racional que deverá ser explicado. Estou apenas a fazer uma abordagem técnica e não poltica.

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Isto não tem nada de política.
E quer-me parecer que o teu racional não está correcto.

Pegando no teu exemplo, a não ser que as previsões a 10 anos sejam para o passivo total ser 10 vezes superiores ao actual (e volto a referir que menciono passivo total apenas por motivos de simplificação, pois a operação deveria incidir apenas sobre o passivo que paga juros), a operação está mal montada numa perspectiva de hedging.

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E SÓ TEM UMA SOLUÇÃO - DEFAULT...

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por pdcarrico » 5/9/2012 12:22

migluso Escreveu:
rmachado Escreveu:Pergunta:

A TAP cobre de alguma forma a subida do "Petroil"? (financeiramente falando)


Não sei, mas é provável que sim. Ao menos que não o faça para quantidades 6 vezes superiores ao que efectivamente consome em combustível.

Seria ruinoso em caso de descida. Ou um grande negócio em caso de subida.

Mas isto não é protecção ou hedging.
Isto é Livermore no seu melhor...


A operação não tem de ser de over-hedging para criar problemas de liquidez e resultados negativos hoje (que serão equilibrados depois). Isso porque existe reavaliação contínua a justo valor de toda a cobertura.

Ou seja se a maturidade da dívida é, por exemplo 5 anos, a cobertura vai vencer nessa data. Os prejuízos de hoje serão compensados com a factura de juros que se vão vencendo nestes 5 anos.

Mech,

Existem diferenças em relação à TAP como aliás o Gorgol falou. Um deles é o hedge natural que existe e que tem que ver com a correlação entre crescimento económico e valor do petróleo. Isto é se a economia começar a crescer (com mais passageiros aéreos) o petróleo tb sobe. Por curiosidade em anos de menor receita por queda do produto, são tb anos de menor despesa.

Neste caso da euribor, o hedging é mais apropriado por não haver correlação entre juros e montante da receita, sendo que há um ponto que não foi precavido e que tem que ver com questões de liquidez. Natutalmente que se for possível aguentar os contratos até à maturidade (sem custos financeiros expressivos), este buraco vai desaparecer porque vai ser diluído nos anos dos empréstimos e compensado pelo menor volume de juros.
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por gorgo » 5/9/2012 12:11

migluso Escreveu:Gorgol,

A Metro de Lisboa tem um passivo de 1000 e tal milhões e o valor nominal das operações swap totalizam 6 mil milhões...

O pessoal não está a ver a gravidade disto?!?!?


Temos de saber o prazo da cobertura. Posso ter uma cobertura por um ano de € 1.000 milhões ou de 10 anos dos mesmos mil milhões. Admito mesmo uma cobertura por 30 anos para dívidas de infra-estruturas tipo metropolitanos.

A minha postura é de acreditar que existem especialistas a tratar destes temas e há um racional que deverá ser explicado. Estou apenas a fazer uma abordagem técnica e não poltica.

Seria importante saber que coberturas fizeram as construtoras e bancos para os investimentos na autoestradas. Fixam-se as receitas e faz cobertura dos juros. Tudo normal.
 
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por migluso » 5/9/2012 11:59

Gorgol,

A Metro de Lisboa tem um passivo de 1000 e tal milhões e o valor nominal das operações swap totalizam 6 mil milhões...

O pessoal não está a ver a gravidade disto?!?!?
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por gorgo » 5/9/2012 11:48

migluso Escreveu:
gorgol Escreveu:
Não dou não. A decisão, neste caso foi correta. Correu mal, mas cumpre o objetivo.


Como é que se justifica isto como sendo operações de protecção contra a subida das taxas de juro, quando o valor total destas operações é 6 vezes superior ao total do passivo da empresa (já nem refiro apenas o passivo sobre o qual incidem juros)????


Migluso,

Se tiveres números do passivo destas empresas todas, chegas a valores entre 15.000 a 20.000 milhões. Recentemente li que o passivo global do setor emp do Estado é de € 30.000 milões de euros.

Como sabes a capitalização de juros no longo prazo é exponencial. A Refer, metros e CP estão em valores acima ou da ordem dos 2.000 milhões de euros de dívida.
 
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por migluso » 5/9/2012 11:41

rmachado Escreveu:Pergunta:

A TAP cobre de alguma forma a subida do "Petroil"? (financeiramente falando)


Não sei, mas é provável que sim. Ao menos que não o faça para quantidades 6 vezes superiores ao que efectivamente consome em combustível.

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por gorgo » 5/9/2012 11:40

migluso Escreveu:
AutoMech Escreveu:Migluso, eu ontem depois de postar fui à procura de valores e penso que os valores do passivo do metro de Lisboa são na ordem do que referes, bem como os juros. Já não tive tempo de investigar mais mas fiquei com a sensação que algo está mal. Ou é no quadro que está no JdN ou na própria operação em si, como referes. A segunda hipótese é aterradora...

Se os swaps funcionarem como os futuros espero que ninguém tenha confundido margem com posição e tenha entrado com uma alavancagem de 10x sem se aperceber. :twisted:


O mais certo neste caso é ter sido algo do género:

A empresa paga ao banco uma taxa fixa e recebe deste uma taxa variável (indexada à euribor).

Até aqui tudo bem.

O problema é o montante do nominal sobre o qual se efectuam aqueles cálculos.

Como é possível, por aquilo que percebi, o montante nominal daquelas operações ser 6 vezes superiores ao total do passivo??!?!!??!?!?

Isto não é protecção. É pura especulação.

E se eu estiver a perceber bem, das duas uma:
- ou foi incompetência total dos gestores
- ou eles estavam feitos com o comercial do banco que lhes "vendeu" os swaps

Isto é gravíssimo.


Não há qualquer buraco ou prejuizo. Não há um ganho extraordinário que o mercado proporcionou. Só isso. Agora não podem cometer o erro de resgatar a coberura, nesta altura de taxas baixas. Dupliquem a cobertura que seria um excelente negócio futuro.

A questão do valor poderá está no prazo da cobertura, na capitalização do diferencial dos juros durante 15/20 anos anos por exemplo.
 
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por rmachado » 5/9/2012 11:34

Pergunta:

A TAP cobre de alguma forma a subida do "Petroil"? (financeiramente falando)
 
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por migluso » 5/9/2012 11:34

gorgol Escreveu:
Não dou não. A decisão, neste caso foi correta. Correu mal, mas cumpre o objetivo.


Como é que se justifica isto como sendo operações de protecção contra a subida das taxas de juro, quando o valor total destas operações é 6 vezes superior ao total do passivo da empresa (já nem refiro apenas o passivo sobre o qual incidem juros)????
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por JMHP » 5/9/2012 11:30

Parece que aos poucos a "podridão" começa a vir ao de cima, como acontece sempre o tempo encarrega-se de revelar os factos e a realidade sobrepõe-se à loucura dos homens... Neste caso de uma sociedade "cega" e distraída pela sua própria ignorância.

O que eu considero grave e assustador em torno desta situação é o silencio que se estende a todas instituições nacionais, a toda oposição e incrivelmente à sociedade em geral.

Anda metade da população cega levada acreditar que o nosso problema reside na austeridade imposta externamente, quando os factos e realidade demonstra que "anda meio país a roubar a outra metade".

Eu sempre afirmei que a revolução de Abril não passou de uma revolução de flores, em troca da liberdade o povo pagou o preço da exploração consentida.

A verdadeira revolução de mentalidade e liberdade com a igualdade de oportunidades (não direitos) para todos os portugueses ainda está por concretizar... :pray:
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por gorgo » 5/9/2012 11:26

AutoMech Escreveu:
Queda da Euribor abre "buraco" de 2,2 mil milhões nos transportes
5 Setembro 2012 | 00:01


Empresas públicas "protegeram-se" das subidas da Euribor entre 2008 e 2010 com contratos de cobertura de taxas de juro. Agora, depois da forte descida dessas taxas, as perdas potenciais já ultrapassam os dois mil milhões de euros. "Bomba relógio" pode rebentar a qualquer momento, se os contratos forem denunciados antes da maturidade. A troika sabe e está preocupada.
Verão quente de 2008. Todos os dias surgiam notícias alarmantes dos Estados Unidos sobre a crise no mercado imobiliário. As taxas Euribor galopavam a 4%, sem travagem à vista. E, nos seus gabinetes, presidentes das empresas públicas portuguesas assinavam contratos que protegiam os seus créditos desta escalada descontrolada. Quatro anos passados, e uma profunda descida das Euribor depois, essas decisões criaram uma "bomba relógio" que já chegou, em Junho, aos 2,5 mil milhões de perdas potenciais. Só nos transportes são 2,2 mil milhões. E só nos metros de Lisboa e Porto são 1,8 mil milhões.


Imagem


Depois da discussão que tivemos no tópico da TAP, acho que o Gorgol e o Pedro carriço me vão 'martelar' a cabeça, mas ainda assim penso que a decisão de gestão foi a correcta.

Curiosamente a Helena Garrido do Jornal de Negócios parece atacar isto, embora o artigo ainda não esteja disponível:

As empresas públicas resolveram brincar às engenharias financeiras e abriram um buraco financeiro que, se tiver de ser tapado, é superior à derrapagem deste ano do défice público. Alguém vai ser responsabilizado? Não.
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... 76551&pn=1



Amigo AutoMeck,

Não dou não. A decisão, neste caso foi correta. Correu mal, mas cumpre o objetivo.

Verificam-se as duas/três condições que coloquei para fazer cobertura:

1 - Os preços dos serviços não variam com a taxa de juro. Estás a ver os passes descerem por causa da descida dos juros? Eu não. São setores sem concorrência, logo as receitas são fixas ou só sobem. Exceção para a TAP.

2 - A subidas dos juros no momento da cobertura poderia colocar em causa, ainda mais, a solvabilidade das empresas.

3 - Ter capacidade de liquidez para suportar, as mensalidades da variável coberta, ir conta o nosso objetivo. O Estado salvou este ponto com o assumir e garantias do financiamento.

Aqui não há nenhuma perda, não é por causa disso que as empresas têm prejuizo. O que temos foi um não ganho por este facto.

O que se passa na realidade:

As empresas pagam os seus empréstimos ao indexante euribor, logo pagam menos.

Por outro lado têm de pagar o custo da cobertura, que é função da descida da euribor.

O balanço é neutro, o que ganham dum lado pagam no outro.

Conclusão: é na natureza das receitas dos serviços prestados que está a solução a tomar.

Sugestão:

Comprem uma nova cobertura de longo prazo contra a subida das taxas de juro. Passam a garantir financiamento futuro a taxas baixas, as atuais, com a receita constante ou a subir. As taxas só podem subir, mas mesmo que desçam é neutro. A cobertura deve ser feita com as taxas baixas e não altas. Deve haver uma atitude de conforto com a cobertura e não para evitar uma situação ainda pior.

Na TAP a receita desceria com a cobertura sobre o jet, porque está em concorrência. A TAP fez uma cobertura parcial da taxa de juro, todavia só tem sentido precisamente numa parte, isto é, haverá rotas onde tem pouca concorrência: África, Brasil, etc.

O que podemos dizer é que o país (empresas públicas) não está a aproveitar-se da descida das taxas de juros, mas as familias estão com indexantes á euribor sem coberturas. Alguém deveria fazer uma cobertura global neste momento para as familias, contra a subida da taxa de juro.

Outro ponto, mostra que este tema não é consensual, é a Refer, com a maior dívida, quase não fez cobertura. Alguém que lhes ordene que a façam agora.

Mais: O Estado deveria fazer uma cobertura global para a dívia pública neste momento. Não sei se é possível, assim garantia taxas atuais muito baixas.
 
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por rmachado » 5/9/2012 11:14

Realmente assim não há estratégia que valha. Conseguem reduzir a necessidade de subsidios, mas depois ficam a arder dada a "gestão financeira"...

"Ainda assim, a taxa de cobertura operacional sem subsídios “apresenta uma melhoria apreciável”, passando de 67 para 74%, o que significa que “as receitas de transporte cobrem 74% dos custos operacionais”.

Os gastos com pessoal desceram 13%, contando a STCP com 1.284 trabalhadores no final de Junho deste ano, 889 dos quais pessoal tripulante."

Quanto ao passivo do metro de Lisboa. É o que faz terem autorizado que fosse o próprio a fazer os empréstimos para aumentar a rede invés de ser o OE.. truques de "baixa deficit" dão nisto agora... mais uma vez não há gestão que valha quando a lógica é invertida.
 
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por STRESSZERO » 5/9/2012 10:09

migluso Escreveu:
AutoMech Escreveu:
Queda da Euribor abre "buraco" de 2,2 mil milhões nos transportes
5 Setembro 2012 | 00:01


BRUTAL.

Eu ainda não olhei para isto com atenção. Mas aquela palavra é a única que me vem à cabeça...

Qual o passivo total da Metro de Lisboa? mil e tal milhões?!?
Qual o montante de encargos com juros? cento e tal milhões???

Eu não sei os n.ºs ao certo, mas tenho quase a certeza que as perdas potenciais que o quadro que o AutoMech deixou nos mostram são absolutamente desproporcionais àqueles valores.

Só há uma forma de saber, é exigir que os contratos swaps que estiveram na origem destas perdas sejam tornados públicos.

É aqui que os nossos representantes ou mesmo o Tribunal Constitucional deveriam intervir. Mas duvido.

Eu não sei porquê, e espero estar completamente enganado, mas cheira-me a esturro na montagem das operações.


Não restam dúvidas que somos um país de buracos :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:
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por migluso » 5/9/2012 9:49

AutoMech Escreveu:Também pode acontecer que o relatório esteja mal feito e que o valor a que se deu o nome de perdas seja afinal a posição coberta.


No universo das empresas públicas estes contratos atingem um total de 16.037 milhões de euros – quase 10% do PIB. O Metro de Lisboa é "recordista" com 76 contratos deste tipo, com um valor global de 6.391 milhões de euros, o que explica a liderança também nas perdas potenciais (mais de mil milhões).


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