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Caldeirão da Bolsa

Situação na Grécia - Tópico Geral

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por nook » 21/2/2012 16:43

Segundo resgate não retira Grécia do cenário de incumprimento
21 Fevereiro 2012 | 15:33
Nuno Carregueiro - nc@negocios.pt


Os mercados estão a reagir de forma negativa ao acordo, devido às dívidas que este seja suficiente para colocar a Grécia no caminho de uma situação sustentável de redução de dívida. É que a perspectiva para a economia é sombria e nesse cenário o incumprimento e a saída do euro volta a parecer inevitável.


O segundo resgate à Grécia permite ao país, no curto prazo, escapar ao cenário de bancarrota, mas no longo prazo permanecem as dúvidas sobre se a Grécia vai ser capaz de encarrilhar e escapar ao cenário de incumprimento no pagamento da dívida.

Esta dúvida reflecte-se no comportamento dos mercados accionistas europeus, que estão em queda, mesmo apesar de uma maratona negocial de mais de 13 horas ter levado os ministros das finanças europeus a aprovar um segundo programa de ajuda a Atenas, no valor de 130 mil milhões de euros.

Este acordo permite que a Grécia cumpra as obrigações com os seus credores no curto prazo, quando se temia que pudesse entrar em incumprimento já no mês de Março, quando vence uma emissão obrigacionista de 14,5 mil milhões de euros.

Os privados aceitaram perdoar 53,5% do valor nominal das obrigações detidas em carteira, acima dos 50% inicialmente exigidos, e o BCE irá “devolver” os lucros que obterá com a compra de dívida grega. Duas medidas fundamentais para que a Grécia possa baixar o fardo da dívida pública, actualmente em 160% do PIB, para uns “sustentáveis” 120,5% do PIB em 2020.

É aqui que entram as dúvidas dos investidores, que não acreditam neste cenário, uma vez que a Grécia está em recessão profunda, não será tão cedo que regressará a um crescimento económico sustentado e além disso está à beira de eleições e vive dias de forte contestação social.

Um estudo da troika, que serviu ontem de base às negociações em Bruxelas, admite mesmo que apesar do perdão de dívida, equivalente a 107 mil milhões de euros, a Grécia chegará a 2020 com uma dívida de 160% do PIB, caso as coisas corram mal e Atenas não implemente as reformas estruturais com que se comprometeu.

Para receber este segundo resgate, o Governo grego aprovou fortes medidas de austeridade, que ameaçam agravar a quebra da economia: o PIB deverá recuar em 2012 pelo quinto ano consecutivo e já acumula uma quebra acima de 11% desde 2008. O empréstimo de 130 mil milhões de euros ao país não contempla medidas para estimular o crescimento, pelo que os economistas antecipam vários anos sem crescimento na Grécia.

“Um novo acto num longo drama”

Deste modo, no dia em que a Grécia assegurou o segundo resgate, os economistas já especulam que o país não será capaz de pagar as suas dívidas no longo prazo. “A Zona Euro fez o seu melhor para assegurar que a Grécia vai cumprir as suas promessas, mas há uma margem considerável para o país andar para traz na redução do défice”, afirma à Bloomberg o analista britânico Davil Miller.

“O perigo de a Grécia cair numa depressão económica e ter que entrar em ‘default’, ou sair do euro, permanece substancial”, reforça Christian Schulz, economista do Berenberg Bank, citado pela mesma agência de notícias.

A chave para o segundo programa de ajuda à Grécia está na capacidade da economia crescer. Isso mesmo assinalou Antonis Samaras, provável próximo primeiro-ministro, uma vez que lidera as sondagens para as eleições de Abril. “Sem a recuperação e crescimento da economia, nem mesmo as metas orçamentais mais imediatas podem ser cumpridas, quanto mais a dívida pública ficar sustentável no longo-prazo”, afirmou o líder da Nova Democracia.

O ministro das Finanças sueco, citado pela Reuters, também alinha pelos que defendem que o acordo de hoje é um mero passo num caminho tortuoso para Atenas. “O que está feito é um significativo passo em frente. Mas claro que os gregos permanecem presos na sua tragédia. Este é um novo acto num longo drama”, disse Anders Borg .

Jennifer McKeown, economist da Capital Economics adianta que “as medidas de austeridade tem que ser implementadas com uma monitorização crescente por parte da troika (…) o que ameaça uma recessão mais profunda”, pelo que “existe o risco de uma saída do euro mais para o final deste ano”.

“Semeamos o vento e agora estamos presos num turbilhão”, afirmou Vassilis Korkidis, responsável máximo de uma confederação patronal grega, acrescentando que o novo resgate “está a dar-nos tempo e esperança em troca de um preço muito elevado”, pois exige “fortes medidas de austeridade que nos vão manter numa longa e profunda recessão”.

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=539535
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por Shimazaki » 21/2/2012 16:37

Este texto adequa-se perfeitamente a Portugal, bastava trocar os nomes... :evil:
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por L.S.S » 21/2/2012 15:27

GRÉCIA
O reino da impunidade


O principal problema dos gregos não é o dinheiro, mas um sistema de clientelismo onde ninguém presta contas, escreve um jornalista grego. Cabe à Europa alterar esta situação.

Kostas Karkagiannis


Talvez já esteja farto da crise grega e o mesmo se passa com os políticos importantes da Europa. Sem dúvida, pensa que os problemas gregos são de natureza financeira: falta de competitividade, dívida e défices gigantescos, um setor público improdutivo. Tem razão, mas essa é só a parte visível do icebergue.

O cerne do problema reside, primeiro, na anarquia e no mau funcionamento da justiça, depois, na existência de um sistema de clientelismo baseado em favores políticos, na troca de favores, na corrupção e num aparelho burocrático monstruoso que serve apenas os seus próprios interesses, que esmaga o espírito empreendedor e põe à prova a população grega. Este estado de coisas trava as melhorias no sistema financeiro.

Desde o início da crise grega que ficou evidente que a classe política grega iria continuar a luta para manter em vigor este sistema de clientelismo, em que os beneficiários fazem parte do setor público, dos sindicatos e, sobretudo, do setor privado financiado pelo Estado. Na Grécia, o contrato social em vigor desde há 35 anos (ou mais) repousa no princípio segundo o qual um cidadão vota num certo partido em troca de um emprego na função pública (para a arraia-miúda) ou de um contrato público de montante exageradamente elevado (para os peixes graúdos).

Anarquia domina a Grécia
Neste sistema que vigora na Grécia, os políticos nunca prestam contas e a justiça não tem poder. A Constituição grega (abraçada pelos dois maiores partidos políticos, sem-vergonha e gananciosos) limita consideravelmente a possibilidade de agir legalmente contra os políticos. Por isso, um político grego nunca é acusado, mesmo nos casos mais complicados, como os escândalos Siemens ou Vatopediou.

Theodoros Tsoukatos, colaborador próximo do antigo primeiro-ministro Kostas Simitis, nos anos 1990, reconheceu perante o parlamento, em setembro de 2010, ter recebido, em 1999, um suborno de uma empresa alemã, no valor de um milhão de marcos, dinheiro esse que entregou ao seu partido, o PASOK. Segundo Theodoros Tsoukatos, todos os grandes partidos políticos gregos recebem subornos de empresas privadas. Ninguém se preocupou em saber de onde veio esse milhão de marcos e as contas do partido nunca foram investigadas. Na Alemanha, vários responsáveis da Siemens foram processados, mas na Grécia não.

Em 2008 rebentou o escândalo Vatopediou. Era um caso de troca de valiosos terrenos que pertenciam ao Estado por terrenos menos valiosos que eram propriedade de um mosteiro. O acordo custou ao Estado, segundo algumas estimativas, 100 milhões de euros. Em 2010, o parlamento grego decidiu processar cinco antigos ministros, mas em 2009 todos esses processos já tinham sido arquivados.

Estes casos vêm confirmar a convicção geral de que a anarquia domina a Grécia. Mesmo nos casos comuns, é preciso esperar cinco anos por um primeiro julgamento, depois, mais três para haver recurso e ainda outros três para que o processo seja apreciado pelo supremo tribunal. Não é justiça, mas sim negação de justiça. É por isto que a Grécia não funciona como um Estado democrático, mas como uma república das bananas dos Balcãs.

Três partidos em competição
Depois de um primeiro plano de resgate para a Grécia, em 2010, fiquei à espera que o programa de adaptação económica e o estrito controlo da Comissão Europeia e dos nossos parceiros da zona euro pusessem fim ao sistema de clientelismo e ao aparelho burocrático.

Por enquanto, existem três partidos diferentes na Grécia. Primeiro, há os políticos e os seus aliados no setor público e no setor privado, ameaçados pelo colapso do sistema, e que, por isso, recusam pôr em prática eficazmente as reformas estruturais necessárias. Depois, há as pessoas que estão fartas da situação e que querem mudanças, mas que não têm representação política. Por fim, há os nossos parceiros europeus, que até agora não escolheram de que lado estão mas dão, justamente por isso, o seu apoio aos poderosos.

A Comissão Europeia sublinha, com razão, que é às autoridades gregas que cabe aplicar o programa de reformas. Mas a questão é também sabermos até onde pode ir a Europa na restrição da soberania nacional, uma questão fundamental para conceber um governo económico para a zona euro.

Só agora, depois de dois anos de inércia, é que os nossos parceiros europeus começam a insistir para que sejam postas em prática as verdadeiras reformas e uma redução sensível das despesas do Estado. Mas, entretanto, 500 mil pessoas (só no setor privado) perderam o seus empregos, enquanto o setor público continua enorme e a ser uma obstrução. Cabe-nos a nós, os gregos, exigir que esta justiça seja feita.
http://www.presseurop.eu/pt/content/article/1529931-o-reino-da-impunidade

Isto tudo faz-me lembrar outro país...
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O jogo da especulação é o mais fascinante do mundo. Mas não é um jogo para os estúpidos, para os mentalmente preguiçosos, para aqueles com fraco balanço emocional e nem para os que querem ficar ricos rapidamente. Esses vão morrer pobres. Jesse Livermore
 
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por paulop2009 » 21/2/2012 14:51

ferradura Escreveu:Ulisses, enfim, compreendo, é carnaval e eu não vou levar a mal :)
Medidas mais duras ?
As medidas que tivemos foram muito mais duras qu as da Grecia.

Exemplos:
-Só agora vão aplicar aos gregos o 13 e 14 mês
-Eles têm um ordenado minimo de 750 €, vais passar para 600€ (mesmo assuim muito supeior ao nosso)
-Nós tivemos um aumentos nos transportes publicos de 20% em 6 meses.
-Perdemos os beneficios fiscais (30% na saúde, educação, etc)
-O sub de desemprego quase que vai acabar
-Indeminizações por despedimento são ridiculas
-Os salários e o aumento de pessoas a receber salário minimo está a aumentar.

Etc.

A nossa economia necessita de financiamento, mas este não existe, pois o que importa é pagar-se os juros brutais que nos foram impostos.
Assim sendo, o que perdemos se os mandarmos a um sitio ?

NADA.




Ora, assim, por assim, e porque n
http://aeiou.expresso.pt/transportes-pu ... as=f705879

Ulisses Pereira Escreveu:ferradura, se Portugal precisar de um novo pacote de ajuda, a troika exigirá medidas ainda mais duras das actuais. Portugal só o fará se estiver mesmo encurralado. E tentará cumprir tudo o que lhe foi pedido de forma a chegar a essa situação na melhor forma possível.

Um abraço,
Ulisses



cuidado... Não esquecer os funcionários públicos que eles vão ter que despedir... (e nós, por enqunto, não)
 
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por Marco Martins » 21/2/2012 14:31

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=539519

Pode ser que a redução dos nossos juros e da nossa dívida, as coisas agora comecem a melhorar...

Pelo menos a Alemanha e a França estão "safas" por as suas instituições não terem de activar os CDS, resta saber se vão contagiar positivamente os outros membros.

Para já a nossa bolsa deveria reflectir o "bom" acordo para a Grécia... pode ser que seja por ser Carnaval e estejam todos na festa :)
(espero é que não seja por considerarem tudo isto uma palhaçada) :)

acho curioso a bolsa da grécia estar a descer -3.38%.

será que o acordo não foi assim tão bom?!?!?!
 
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por ferradura » 21/2/2012 13:28

Ulisses, enfim, compreendo, é carnaval e eu não vou levar a mal :)
Medidas mais duras ?
As medidas que tivemos foram muito mais duras qu as da Grecia.

Exemplos:
-Só agora vão aplicar aos gregos o 13 e 14 mês
-Eles têm um ordenado minimo de 750 €, vais passar para 600€ (mesmo assuim muito supeior ao nosso)
-Nós tivemos um aumentos nos transportes publicos de 20% em 6 meses.
-Perdemos os beneficios fiscais (30% na saúde, educação, etc)
-O sub de desemprego quase que vai acabar
-Indeminizações por despedimento são ridiculas
-Os salários e o aumento de pessoas a receber salário minimo está a aumentar.

Etc.

A nossa economia necessita de financiamento, mas este não existe, pois o que importa é pagar-se os juros brutais que nos foram impostos.
Assim sendo, o que perdemos se os mandarmos a um sitio ?

NADA.




Ora, assim, por assim, e porque n
http://aeiou.expresso.pt/transportes-pu ... as=f705879

Ulisses Pereira Escreveu:ferradura, se Portugal precisar de um novo pacote de ajuda, a troika exigirá medidas ainda mais duras das actuais. Portugal só o fará se estiver mesmo encurralado. E tentará cumprir tudo o que lhe foi pedido de forma a chegar a essa situação na melhor forma possível.

Um abraço,
Ulisses
 
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por Ulisses Pereira » 21/2/2012 13:21

ferradura, se Portugal precisar de um novo pacote de ajuda, a troika exigirá medidas ainda mais duras das actuais. Portugal só o fará se estiver mesmo encurralado. E tentará cumprir tudo o que lhe foi pedido de forma a chegar a essa situação na melhor forma possível.

Um abraço,
Ulisses
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por ferradura » 21/2/2012 13:04

Porque razão Portugal não faz o mesmo ?
 
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por mcarvalho » 21/2/2012 12:29

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por Marco Martins » 21/2/2012 11:47

rfm73 Escreveu:Investidores privados apoiam Grécia com maior reestruturação de dívida de sempre
21 Fevereiro 2012 | 09:42
Nuno Carregueiro - nc@negocios.pt


Perdão de dívida totaliza 107 mil milhões de euros, o que equivale a metade do PIB actual da Grécia.


A Grécia chegou a acordo com os seus credores privados, para um perdão de dívida que representa a maior operação de reestruturação de dívida de sempre, segundo a Bloomberg.

Este acordo foi fundamental para que os ministros das Finanças da Zona Euro aceitassem esta madrugada conceder uma segunda ajuda financeira à Grécia. Avaliado em 130 mil milhões de euros, este segundo programa vai permitir ao país permanecer no euro e não entrar em incumprimento já no próximo mês de Março.

Os privados aceitaram perdoar 53,5% do valor nominal das obrigações detidas em carteira, acima dos 50% inicialmente exigidos. De acordo com a Bloomberg, esta cedência eleva para 107 mil milhões de euros o perdão de dívida a Atenas, um montante que equivale a 50% do PIB da Grécia.

Os títulos que os investidores privados detêm actualmente serão trocados por novas obrigações gregas e títulos de dívida a emitir pelo fundo de resgate do euro, o FEEF. De acordo com o anunciado pelo Instituto Internacional de Finanças (IIF), grupo liderado por Charles Dallara (na foto), que negociou o acordo com Atenas, os novos títulos vão pagar um juro (taxa de cupão) de 2% nos primeiros dois anos e 4% nos restantes.

Os detentores de obrigações grevas vão trocar o equivalente a 31,5% do valor nominal da dívida detida por novas obrigações gregas, sendo que estes títulos terão uma maturidade entre 11 e 30 anos. A restante dívida (da parte que não será perdoada) será trocada por títulos a emitir pelo FEEF.

Além disso, serão oferecidos aos investidores títulos de dívida cuja rentabilidade estará ligada ao crescimento económico da Grécia, o que lhes permitirá tirar partido do sucesso da implementação do segundo resgate à Grécia.

Segundo o IIF, este acordo global irá permitir à Grécia reduzir a sua dívida pública em 107 mil milhões de euros, sendo que no final de 2011 esta se situava em 360 mil milhões de euros.

A Grécia vai avançar com nova legislação nas cláusulas de acção colectiva de dívida, que obrigará os credores privados do país a participarem na troca de dívida, mesmo que não concordem.

Os bancos franceses e alemães estão entre os maiores credores privados da Grécia, sendo que a grande parte dos bancos mundiais já reflectiram no seu balanço as perdas potenciais com a dívida grega. O BNP Paribas efectuou uma provisão de 3,54 mil milhões de euros em 2011. O Deutsche Bank assumiu uma perda de 71%, o que representou uma perda de 550 milhões de euros.

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=539483


Se a perda dos privados será 53% então os bancos portugueses ficarão ainda melhor este ano, dado que consideraram perdas de 70% se não estou em erro...
 
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por nook » 21/2/2012 11:15

Investidores privados apoiam Grécia com maior reestruturação de dívida de sempre
21 Fevereiro 2012 | 09:42
Nuno Carregueiro - nc@negocios.pt


Perdão de dívida totaliza 107 mil milhões de euros, o que equivale a metade do PIB actual da Grécia.


A Grécia chegou a acordo com os seus credores privados, para um perdão de dívida que representa a maior operação de reestruturação de dívida de sempre, segundo a Bloomberg.

Este acordo foi fundamental para que os ministros das Finanças da Zona Euro aceitassem esta madrugada conceder uma segunda ajuda financeira à Grécia. Avaliado em 130 mil milhões de euros, este segundo programa vai permitir ao país permanecer no euro e não entrar em incumprimento já no próximo mês de Março.

Os privados aceitaram perdoar 53,5% do valor nominal das obrigações detidas em carteira, acima dos 50% inicialmente exigidos. De acordo com a Bloomberg, esta cedência eleva para 107 mil milhões de euros o perdão de dívida a Atenas, um montante que equivale a 50% do PIB da Grécia.

Os títulos que os investidores privados detêm actualmente serão trocados por novas obrigações gregas e títulos de dívida a emitir pelo fundo de resgate do euro, o FEEF. De acordo com o anunciado pelo Instituto Internacional de Finanças (IIF), grupo liderado por Charles Dallara (na foto), que negociou o acordo com Atenas, os novos títulos vão pagar um juro (taxa de cupão) de 2% nos primeiros dois anos e 4% nos restantes.

Os detentores de obrigações grevas vão trocar o equivalente a 31,5% do valor nominal da dívida detida por novas obrigações gregas, sendo que estes títulos terão uma maturidade entre 11 e 30 anos. A restante dívida (da parte que não será perdoada) será trocada por títulos a emitir pelo FEEF.

Além disso, serão oferecidos aos investidores títulos de dívida cuja rentabilidade estará ligada ao crescimento económico da Grécia, o que lhes permitirá tirar partido do sucesso da implementação do segundo resgate à Grécia.

Segundo o IIF, este acordo global irá permitir à Grécia reduzir a sua dívida pública em 107 mil milhões de euros, sendo que no final de 2011 esta se situava em 360 mil milhões de euros.

A Grécia vai avançar com nova legislação nas cláusulas de acção colectiva de dívida, que obrigará os credores privados do país a participarem na troca de dívida, mesmo que não concordem.

Os bancos franceses e alemães estão entre os maiores credores privados da Grécia, sendo que a grande parte dos bancos mundiais já reflectiram no seu balanço as perdas potenciais com a dívida grega. O BNP Paribas efectuou uma provisão de 3,54 mil milhões de euros em 2011. O Deutsche Bank assumiu uma perda de 71%, o que representou uma perda de 550 milhões de euros.

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por MiamiBlue » 21/2/2012 10:58

Marco Martins Escreveu:Após o acordo grego, vamos ver que benefícios Portugal igualmente terá...

Se diminuirem taxas de juro para a Grécia, fará todo o sentido que baixem para Portugal, até porque Portugal também emprestou à Grécia e teve de se financiar a taxas de juro altas...

Agora que o caso grego está encaminhado, será uma preocupação evitar que qualquer outro estado membro se aproxime daquilo que aconteceu na Grécia... (espero eu...)


Aguardemos para verificar se esta nova situação vai trazer alguma estabilidade à Grécia.
 
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por Marco Martins » 21/2/2012 9:57

Após o acordo grego, vamos ver que benefícios Portugal igualmente terá...

Se diminuirem taxas de juro para a Grécia, fará todo o sentido que baixem para Portugal, até porque Portugal também emprestou à Grécia e teve de se financiar a taxas de juro altas...

Agora que o caso grego está encaminhado, será uma preocupação evitar que qualquer outro estado membro se aproxime daquilo que aconteceu na Grécia... (espero eu...)
 
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por mcarvalho » 21/2/2012 1:11

Não sei porque nos chamam porcos. Porco é sinal de riqueza e poupança. O que voltámos a ser é um cão pele e osso!

Da última vez (1891-1910-1926) semelhante colapso económico e financeiro deu no assassínio de um regime e em ditaduras.

Ler texto integral em O António Maria
Link: http://o-antonio-maria.blogspot.com/201 ... a-nos.html (via shareaholic.com)
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por abx » 20/2/2012 23:34

MiamiBlueHeart Escreveu:A Europa continua a funcionar de uma forma completamente disfuncional..

Finlândia e Grécia assinam acordo de garantias reais


http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=539411

Não critico a medida, mas sim a forma como ela é tomada de uma forma unilateral..

Vale tudo na UE, é o desgoverno total.. E depois alguém se admira do estado em que se encontra a Europa??


A Europa só existe geográficamente. O resto é conversa da treta.
 
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por ferradura » 20/2/2012 20:30

Eu acho é que isto já cheira mal.
Acabar com o euro e ponto final.
Isto já é gozar.
Todas as semans a esperança de nada, e o caus sobre tudo.
O meu maior desejo, era ver tudo a arder, e assim renascer-se das cinzas.
Isto é demais !
 
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por Marco Martins » 20/2/2012 20:11

MiamiBlueHeart Escreveu:A Europa continua a funcionar de uma forma completamente disfuncional..

Finlândia e Grécia assinam acordo de garantias reais


http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=539411

Não critico a medida, mas sim a forma como ela é tomada de uma forma unilateral..

Vale tudo na UE, é o desgoverno total.. E depois alguém se admira do estado em que se encontra a Europa??


É óbvio que os outros irão avançar com a mesma imposição!!!

O problema é que os bancos gregos ficarão ainda mais descapitalizados, dado que esse dinheiro irá sair dos bancos gregos...

E quem tem AAA? É claro que serão apenas alguns países que ficarão ainda mais ricos...

Se calhar o melhor será mesmo a Grécia fazer o que as Islandia fez... entrar em default e daqui a 3 anos as agencias de rating já lhes começarão a subir o rating...

Da forma como estão a ser conduzidos, estarão até 2020 numa situação de lixo, até haver certezas que conseguirão pagar a dívida... ou seja, até lá estarão cada vez a afundar mais...
 
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por MiamiBlue » 20/2/2012 19:24

A Europa continua a funcionar de uma forma completamente disfuncional..

Finlândia e Grécia assinam acordo de garantias reais


http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=539411

Não critico a medida, mas sim a forma como ela é tomada de uma forma unilateral..

Vale tudo na UE, é o desgoverno total.. E depois alguém se admira do estado em que se encontra a Europa??
 
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por Automech » 20/2/2012 15:43

rg7803 Escreveu:Será Murmansk?

Esse mesmo RG. Obrigado.
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por L.S.S » 20/2/2012 1:57

FMI estima que dívida da Grécia atingirá 129% do PIB em 2020
Estimativa supera o nível que muitos economistas consideravam sustentável na projeção anterior
19 de fevereiro de 2012 | 18h 34



Fábio Alves, da Agência Estado
O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o nível de endividamento da Grécia atingirá 129% do Produto Interno Bruto (PIB)até 2020, conforme um rascunho de uma nova análise de sustentabilidade da dívida grega elaborado pelo Fundo, informou uma fonte com acesso ao rascunho.

Essa estimativa é ainda acima do nível que muitos economistas consideravam sustentável na projeção anterior, o que torna mais difícil ainda argumentar que a Grécia jamais consiga pagar sua dívida. Apesar disso, alguns sinais na semana passado indicaram que ainda há um desejo político suficiente na zona do euro para seguir adiante com um novo e mais ampliado pacote de ajuda financeira para a Grécia.

O FMI está propondo, num rascunho de plano a ser aprovado, quatro opções para os credores oficiais da Grécia para reduzir o nível de endividamento grego para 120% do Produto Interno Bruto (PIB), o qual havia sido considerado como "sustentável" na mais recente análise de sustentabilidade da dívida feita em outubro do ano passado.

Os ministros de Finanças da zona do euro discutirão esse rascunho de proposta num encontro especial sobre a Grécia amanhã. Espera-se que os ministros decidam se o governo grego está apto para receber um segundo pacote de ajuda financeira no valor de 130 bilhões de euros que poderá evitar um default da dívida soberana grega.

As opções elaboradas pelo FMI incluem permitir a Grécia se apoderar de ganhos de capital sobre os juros acumulados nos títulos da dívida agora nas mãos de credores privados. Esses bônus devem voltar às mãos do governo grego por meio de uma grande operação de troca de dívida pela qual os investidores vão receber novos títulos a um valor metade dos títulos antigos.

A segunda opção é reduzir a taxa de juros sobre o empréstimo atual de socorro de 110 bilhões de euros. A terceira opção é pedir aos bancos centrais da zona do euro para vender os títulos do governo grego que esses bancos centrais detêm, num valor de 12 bilhões de euros, no âmbito da operação de reestruturação da dívida. E a quarta opção envolve o Banco Central Europeu (BCE) abrir mão do lucro que teria sobre os cerca de 45 bilhões a 50 bilhões de euros em títulos gregos que o BCE comprou nas operações de mercado aberto entre 2010 e 2011.

O rascunho afirma que tanto a primeira quanto a segunda opções iriam reduzir a dívida do país em 1,5 ponto porcentual do PIB, enquanto a terceira opção reduziria a dívida em 3,5 pontos porcentuais e a quarta opção, 5,5 pontos. O documento também afirma que o endividamento da Grécia para 2011 é agora estimado em 164% do PIB, acima da projeção anterior, de 162%.

"O FMI está buscando uma combinação das opções que levaria a um endividamento de 120% do PIB até 2020. Mas não se sabe quantas opções serão adotadas pelos ministros das Finanças na segunda feira", afirmou uma fonte do FMI.

A fonte disse que a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, havia dito aos executivos do Fundo na sexta-feira que era imperativo para todos os credores - bancos privados, governos da zona do euro e bancos centrais da zona do euro, BCE e FMI - estarem comprometidos na redução da dívida grega. Contudo, Lagarde não detalhou a contribuição do FMI nesse processo. As informações são da Dow Jones.http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,fmi-estima-que-divida-da-grecia-atingira-129-do-pib-em-2020,103486,0.htm
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por Elias » 20/2/2012 1:48

Gregos querem continuar na zona euro
Económico com Lusa
19/02/12 18:42


Mais de sete em cada 10 gregos são a favor da manutenção do país na zona euro, apesar da austeridade, mostra uma sondagem.

Mais de sete em cada 10 gregos (75,9%) são a favor "da perspectiva europeia" do país e não desejam a saída do euro, apesar das medidas de austeridade impostas pelos
credores UE e FMI, revela uma sondagem.

Apenas 19,6% dos inquiridos defenderam um regresso ao dracma, moeda nacional grega antes da adesão à zona euro em 2002, de acordo com a sondagem divulgada hoje pelo diário grego Ethnos.

O inquérito de opinião foi realizado pelo Instituto Marc entre 15 e 17 de Fevereiro e conta com uma amostra de 1.013 domicílios em todo o país.

Enquanto 48,4% esperam que a Grécia "continue na zona euro se o programa de saneamento da economia" determinado pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional "for bem sucedido", 39,3% pensam o contrário.

Mais de seis em 10 (66,5%) esperam que o programa de austeridade resulte e 60% consideram que "se o programa não tivesse sido votado pelo parlamento (há uma semana), a Grécia arriscava a falência".

Oito em cada 10 pessoas (81,8%) consideram que a responsabilidade pela má situação económica do país cabe "aos governos gregos", contra 9,3% que culpam "os mercados e os especuladores" pela crise ou 6,1% que criticam "os europeus e o FMI".

O Parlamento grego aprovou no último domingo um novo plano de austeridade, que inclui cortes salariais e uma diminuição das reformas, necessário para a obtenção de um novo empréstimo ao país no valor de 130 mil milhões de euros e para a supressão de uma parte da dívida do país.

O empréstimo deve ser desbloqueado na reunião dos ministros das Finanças da zona euro, que decorre na segunda-feira, em Bruxelas.
 
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por rg7803 » 20/2/2012 1:12

AutoMech Escreveu:
Marco Martins Escreveu:Certamente! Mas os barcos não chegam lá caídos do céu :)
Provavelmente ou passam nas nossas águas, ou nas dos Espanhóis, Ingleses, ou Irlandeses.


Só nas rotas do Mediterrâneo, porque no resto a vontade dos PIGS seria irrelevante, quer para Roterdão, quer para Antuérpia (e muito menos para o porto no norte da Russia, que agora não me recordo o nome).

A jurisdição do Mediterrâneo, por seu lado, não é um exclusivo da Grécia, Itália, Espanha e Portugal. Não te esqueças que o Mediterrâneo banha dois continentes.

E, só para concluir, a Irlanda está-se nas tintas para os outros PIGS (quer é descolar nós e dos Gregos) e a Itália e a Espanha ainda não estão com a corda na garganta. Mas mesmo que estivessem não me parece que a tua proposta pudesse andar, a não ser que se abrisse um conflito com o Egipto, Tunísia, Líbia, Marrocos, etc. pelo domínio total do Mediterrâneo.
[b][u]


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por epinay » 19/2/2012 21:57

Alguem sabe a que horas acontece amanha a reuniao do Eurogrupo?
Cumprimentos.
 
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por Automech » 17/2/2012 2:06

Marco Martins Escreveu:Certamente! Mas os barcos não chegam lá caídos do céu :)
Provavelmente ou passam nas nossas águas, ou nas dos Espanhóis, Ingleses, ou Irlandeses.


Só nas rotas do Mediterrâneo, porque no resto a vontade dos PIGS seria irrelevante, quer para Roterdão, quer para Antuérpia (e muito menos para o porto no norte da Russia, que agora não me recordo o nome).

A jurisdição do Mediterrâneo, por seu lado, não é um exclusivo da Grécia, Itália, Espanha e Portugal. Não te esqueças que o Mediterrâneo banha dois continentes.

E, só para concluir, a Irlanda está-se nas tintas para os outros PIGS (quer é descolar nós e dos Gregos) e a Itália e a Espanha ainda não estão com a corda na garganta. Mas mesmo que estivessem não me parece que a tua proposta pudesse andar, a não ser que se abrisse um conflito com o Egipto, Tunísia, Líbia, Marrocos, etc. pelo domínio total do Mediterrâneo.
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por Marco Martins » 17/2/2012 0:55

AutoMech Escreveu:
Marco Martins Escreveu:Imaginem neste momento se Grécia, Itália, Espanha, Portugal, Irlanda saíssem do Euro e revoltados com os países nórdicos e impusessem controlo e taxas marítimas a todos os barcos que atravessem as nossas águas?


Roterdão é o maior porto da Europa. Os Holandeses agradeciam e muito.


Certamente! Mas os barcos não chegam lá caídos do céu :)
Provavelmente ou passam nas nossas águas, ou nas dos Espanhóis, Ingleses, ou Irlandeses.
 
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