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Caldeirão da Bolsa

O que devemos fazer caso Portugal volte ao Escudo.

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por ferradura » 13/12/2011 23:44

-Estive em conversa com umas pessoas e que passaram-me os seguintes cenários.

-As contas bancárias serem convertidas em escudos.
-As contas bancárias serem congeladas
-Os euros fisicos poderem ser convertidos para escudos (dai o congelamento de modo a não haver corrida aos bancos, tipo Argentina).
-As contas em moeda estrangeira serem tb convertidas para escudos.

-a única maneira de evitar isso, seria levantar e ter na mão os dolares.


Penso que a saida de Portugal do euro é inevitável.
Só acredito em uma solução diferente, se houver protecionismo da economia perante a China India Brasil, etc.
Caso contyrário teremos de competir com custos de mão de obra miserávelmente baixos, e custos de contextos tb baixos (energia, transportes, etc)

Outro concelho que dou a mim mesmo.NÃO invistir em imobiliário.
 
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por Automech » 13/12/2011 17:46

Muffin Escreveu:A dívida estaría denominada em escudos, e sería a mesma, assim como os juros, que seriam entregues em escudos.

O problema é que os juros valeriam muito menos em termos reais, fruto da desvalorização (e da inflação esperada).

Muffin Escreveu:Sinceramente, o único embróglio que vejo é o que recai sobre as dívidas denominadas em Euros sobre o exterior.

Não sei a % mas esse problema não deve ser menor uma vez que grande parte da dívida interna foi financiada lá fora em euros (no final de 2010 a divida externa era de 229% do PIB - http://desmitos.blogspot.com/2011/04/di ... escer.html)
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por Pantone » 13/12/2011 17:39

paulop2009 Escreveu:Secalhar já se falou disto mas, sendo sincero, fiz várias filtragens pelo motor de busca e não encontrei.

A minha dúvida é - se portugal voltar ao escudo, o que acontece aos certificados do tesouro? Sendo estes certificados uma espécie de "dívida" do estado para com os subscritores (e não um depósito), o estado pagaria de volta em Euros (ou seja, com o cambio Euro-Escudo que houvesse na altura da maturidade) ou através da conversão 1€=200.482$?

Obrigado

P


paulop, certezas ninguém as tem, mas do modo que percebo as consequências da saída do Euro, as dívidas internas são as mais fáceis de manejar.

No dia de saída tudo o que é denominado em euros seria passado para escudos (1€=200,482 esc.) e a partir daí o escudo desvalorizaria em conformidade.

A dívida estaría denominada em escudos, e sería a mesma, assim como os juros, que seriam entregues em escudos.

Sinceramente, o único embróglio que vejo é o que recai sobre as dívidas denominadas em Euros sobre o exterior.
 
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por Sr_SNiper » 13/12/2011 14:13

paulop2009 Escreveu:Secalhar já se falou disto mas, sendo sincero, fiz várias filtragens pelo motor de busca e não encontrei.

A minha dúvida é - se portugal voltar ao escudo, o que acontece aos certificados do tesouro? Sendo estes certificados uma espécie de "dívida" do estado para com os subscritores (e não um depósito), o estado pagaria de volta em Euros (ou seja, com o cambio Euro-Escudo que houvesse na altura da maturidade) ou através da conversão 1€=200.482$?

Obrigado

P


Ninguem sabe isso caro amigo... o que especula é que tudo seria pago em escudos, o estado estava "#$#$" para pagar a sua dívida em euros, com a desvalorização do escudo...
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por paulop2009 » 13/12/2011 12:20

Secalhar já se falou disto mas, sendo sincero, fiz várias filtragens pelo motor de busca e não encontrei.

A minha dúvida é - se portugal voltar ao escudo, o que acontece aos certificados do tesouro? Sendo estes certificados uma espécie de "dívida" do estado para com os subscritores (e não um depósito), o estado pagaria de volta em Euros (ou seja, com o cambio Euro-Escudo que houvesse na altura da maturidade) ou através da conversão 1€=200.482$?

Obrigado

P
 
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por Pata-Hari » 13/12/2011 8:17

E não queres contar noutro tópico a aventura? eu tenho curiosidade como é que está a correr? Acho que é ultra-corajoso e que faz sentido. Os próximos anos vão ser ultra desagradaveis aqui no nosso cantinho...
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por Elpikas » 12/12/2011 22:47

Desde que criei este topico, já se passaram muitas coisas, uma das quais foi ter de emigrar.
A verdade é que continuamos no Euro, mas tenho de admitir que se hoje criasse este topico, mudaria a palavra que escrevi ma altura "possibilidade remota" para "possibilidade iminente". Caro Marco Antonio, seria possivel criar um votacao para medir o sentimento dos caldeireiros? (Sugestao: Sim (Dentro de 6 meses), Sim (Dentro de um ano), Nao, Nao sabe.
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por Pata-Hari » 12/12/2011 22:21

A bottom line não me parece diferente do artigo do Stiglitz

Public-sector cutbacks today do not solve the problem of yesterday’s profligacy; they simply push economies into deeper recessions. Europe’s leaders know this. They know that growth is needed. But, rather than deal with today’s problems and find a formula for growth, they prefer to deliver homilies about what some previous government should have done. This may be satisfying for the sermonizer, but it won’t solve Europe’s problems – and it won’t save the euro.




http://www.project-syndicate.org/commen ... 46/English

versus

In Act Two of the unfolding Eurozone drama, the new measures might include the ECB printing more money, the EU announcing the issuance of Eurobonds, or the IMF extending credit lines to strapped governments. The motive of such a policy response is to prevent a speculative attack and induce a shift to the good equilibrium. These actions will buy some time for economic and fiscal reforms to take place. However, as previous experiences suggest, if reforms do not take place, these measures may be very costly to the taxpayer (see Sachs et al 1996).

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por Mcmad » 12/12/2011 12:42

Se nós voltarmos ao escudo vai ser o desastre, o fim do mundo, o fim de Portugal, pelo menos é o que todos os economistas dizem! Acredite quem quiser!!!

Já viram??? 700 anos, SETECENTOS ?! anos !! Para conquistar o euro e agora regressamos ao escudo?

que desastre!!!!
Confira as minhas opiniões

http://markoeconomico.blogspot.com/
 
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por K. » 12/12/2011 9:45

Sugiro que leiam o artigo acima, dá um bocado de trabalho mas é esclarecedor sobre o que se está a passar.

Não me parece que Portugal saia do Euro. No caso de acontecer o tal ataque (baseado em transferências da periferia- especialmente Grécia- para a Alemanha), três coisas podem acontecer (no espaço de algumas horas):

1) Os bancos centrais conseguem segurar o mercado.

ou

2) A Grécia sai e conseguem segurar os outros países.

ou

3) Se houver contágio a um só país, imediatamente se generaliza a toda a periferia. Neste caso a Alemanha é forçada a sair do Euro.
 
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por Automech » 12/12/2011 8:47

Pata-Hari Escreveu:Eu confesso que me preocupa mais quem está à força a diversificar moedas do que quem se mantêm em euros.

O risco de ter euros é ser a Alemanha a sair do euro e não um dos PIGs, cenário que já esteve mais afastado.
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por Pata-Hari » 12/12/2011 8:33

Tinha-me escapado o post do dr. House. E não partilho da opinião dele quanto às emissões de obrigações e tanto quanto consegui apurar e investigar (e dei-me a esse trabalho) não existe uma definição técnica ou uma certeza acerca do que sucederia. Obviamente qualquer das hipóteses geraria um litígio inacreditável, tal como diz o K. Imaginem que os créditos bancários se manteriam em euros. Mas os activos passavam a escudos (depósitos e obrigações). Imaginem a guerra civil que não seria gerada por essa só razão.

Ou imaginem que todos os créditos (dívida pública incluída) passavam a escudos. Todos os detentores de dívida teriam que aceitar um haircut automático de muitos pontos percentuais. Ao contrário da Grécia, nem negociação haveria. E pelo menos nas obrigações de dívida pública já existe um haircut implícito no preço.

Eu confesso que me preocupa mais quem está à força a diversificar moedas do que quem se mantêm em euros. CHFs parecem-me uma loucura nesta altura dadas as declarações do banco central suiço. A maior parte das outras moedas tem pouquissima liquidez. O dólar pode ser a única excepção dada a liquidez e dado que o mercado até parece estar a dar um ar de sua graça.
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por K. » 12/12/2011 0:45

Em caso de regresso ao escudo, a conversão dos depósitos passaria a ser um problema de disputas legais a nível internacional. Provavelmente acabaria por haver algum tipo de guerra entre alguns países, pois é demasiado dinheiro para que se resolva a coisa de maneira pacífica.

Na prática é impossível acabar com o Euro. No entanto, na súltimas semanas tem-se vindo a falar na possibilidade de um ataque especulativo. Escrevi dois posts sobre isso num outro tópico, onde colocaram outro artigo para além deste:

http://www.voxeu.org/index.php?q=node/7391

Talvez as notícias sem fundamento nenhum que têm aparecido, com as habituais opiniões de especialistas sem especialidade nenhuma (em contraste com os autores do artigo acima), tenham a ver com isso: criar desconfiança na população.


Nada de bom aconteceria com o final do Euro. Para além dos riscos de segurança internacional, em Portugal os bancos iam cobrar os créditos em euros-porque o podem fazer, através da execução das hipotecas.

Claro, implicaria um Default da dívida, logo ficávamos fora dos mercados.

Da forma como está a balança comercial, somos dependentes da importação de energia e alimentos. Logo, iria haver racionamento de alimentos, de combustíveis e de electricidade.

Com o regresso a algum tipo de estabilidade, a Indústria exportadora poderia ser beneficiada e a balança comercial corrigida, mas o nível de vida ia voltar para os níveis dos anos 80, pelo menos.
 
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por Automech » 12/12/2011 0:24

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por Be Cool » 9/12/2011 0:37

dr house Escreveu:
vset Escreveu:
tugadaytrader Escreveu:Regresso ao Escudo!

<iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/_Zahv1mBAuI" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>
http://www.youtube.com/user/especuladorzen


Os créditos caem?!


Que enchorrilho de asneiras. É incrível o ar banal como se passa uma reportagem destas!!

O valor dos créditos não cai!! A acontecer seria o inverso!
O valor nominal da dívida seria o mesmo que qd expresso em euros e esse é o grande problema. Se o valor dos créditos desvalorizásse a par da desvalorização da moeda então passar para escudos até nem seria tão mau. Nalguns casos até seria óptimo pois a divida passaria a valer muito menos.

Quem tiver actualmente por exemplo uma dívida de €100.000 ao banco e uma prestação de €500, num cenário de passagem para escudos, o valor da dívida continua a ser de de €100.000 só que a prestação já não seria de €500 mas sim de uns 140 contos de reis :)

Isto significaria a curto prazo a falencia da maioria das empresas e famílias em Portugal.



No Jornal de Negócios de hoje, também se afirma que "Juristas e economistas que têm reflectido sobre o assunto concordam que os contratos em euros, assinados à luz da lei nacional – por exemplo, a maioria dos depósitos e dos créditos à habitação – passariam a escudos, desvalorizando todos na mesma proporção."


Análise ao cenário de fim do euro
Dívidas e poupanças em euros feitas em Portugal passariam a escudos
07 Dezembro 2011 | 00:09
Elisabete Miranda - elisabetemiranda@negocios.pt

Rui Peres Jorge - rpjorge@negocios.pt

Se Portugal saísse da moeda única, poupanças e créditos internos em euros passariam a escudos. Para grandes investidores as respostas são menos óbvias

O que aconteceria às poupanças, às dívidas e aos rendimentos dos portugueses se Portugal saísse do euro? A dúvida tem vindo a inquietar um número crescente de famílias e não tem respostas inequívocas. Juristas e economistas que têm reflectido sobre o assunto concordam que os contratos em euros, assinados à luz da lei nacional – por exemplo, a maioria dos depósitos e dos créditos à habitação – passariam a escudos, desvalorizando todos na mesma proporção. Mas tudo o que vá além desta certeza genérica é tratado com pinças.

A motivar tamanhas cautelas está o facto de não existir um roteiro para saídas de emergência. Os tratados europeus não previram que a Europa chegasse a esta situação limite, razão pela qual pensar em todo este processo em termos jurídicos é entrar numa "dimensão estratosférica", resume ao Negócios Pedro Cassiano Santos, da Vieira de Almeida. Para este especialista, pensar sobre o problema do ponto de vista legal "implicaria que se aplicasse, em sinal inverso, as decisões tomadas quando deixámos as moedas nacionais para aderir ao euro", ou seja, que se desconstruísse o edifício peça a peça, da frente para trás.

Só que este processo esbarra no factor tempo. É que, como explica Eric Dor, director do departamento de investigação na Universidade Católica de Lille, que já publicou um guia para a saída da moeda única, o processo teria de ser sigiloso e rápido, para evitar a sangria de capitais do País (ver entrevista à direita). Mas, por outro lado, tudo o que não seja negociado com o BCE e os demais parceiros comunitários, arrisca-se a ir parar aos tribunais, até porque nem sempre é certo que o governo português passasse a ter poder para decidir, sozinho, sobre o que passa para escudos e o que fica em euros.

Paulo Câmara, da Sérvulo, traça a linha divisória entre "a natureza interna ou internacional do contrato financeiro em questão".

Para os contratos internos, negociados entre instituições nacionais e clientes ou investidores nacionais, as coisas são mais simples. "A aplicação financeira será redenominada para a moeda que em Portugal vier a suceder ao euro". E quem diz aplicações financeiras, diz empréstimos, confirma Eric Dor (ver infografia em cima). Ou seja, se o dinheiro que está no banco desvaloriza, também o que os clientes devem ao banco desvaloriza na mesma medida. Desde que estivessem em euros (em moeda estrangeira não há desvalorização).

Mais incerto é o que acontece a contratos emitidos em euros mas através de jurisdições internacionais. É o caso de alguma dívida pública, de acções e obrigações de algumas empresas nacionais, que emitem do exterior. Nesse caso, à partida, os contratos não desvalorizam, diz Eric Dor. Mas este "à partida" é mesmo para ser lido como um condicional.

Até porque para Pedro Cassiano Santos, "a solução que descrimina contratos com base na jurisdição não me parece razoável, pois menorizaria a jurisdição nacional e todos os seus intervenientes faca a jurisdições estrangeiras". No fundo, "significa dizer a todos os que interagem com Portugal que o melhor é procurarem outras jurisdições para os seus contratos", resume.
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por Be Cool » 9/12/2011 0:28

crg Escreveu:
vset Escreveu:ter depósitos nesta fase não é fácil

mas parece que não é do interesse de nenhum país, o EUR acabar ou Portugal sair do euro

:?


Segundo julgo saber, qualquer banco permite abrir uma conta noutra moeda que não o euro (por exemplo dólares, francos suíços, etc).

Portanto, se o euro acabar ou Portugal sair do euro, uma conta noutra moeda será mantida na referida moeda, acautelando o respectivo valor, desde que a tal moeda não desvalorize.

Assim, esta seria uma forma prática e fácil de fazer face ao problema que se coloca, em lugar de por exemplo abrir conta no estrangeiro.

Peço que alguém confirme se estou a pensar bem ou não.

Obrigado.

Abraços.



Tenho lido as opiniões mais contraditórias. Acho que ninguém tem certezas.
Hoje, no Jornal de Negócios, afirma-se que, além do ouro, as contas em moeda estrangeira e os fundos de investimento estrangeiros vendidos em Portugal (Best, Big, etc) são 3 opções seguras:


Alternativas para proteger as poupanças do fim do euro

07 Dezembro 2011 | 10:02
Paulo Moutinho - paulomoutinho@negocios.pt
André Veríssimo - averissimo@negocios.pt


Há várias alternativas para evitar que as poupanças encolham numa eventual saída de Portugal da moeda única. Mas em todas elas passa a estar exposto ao risco cambial. Conheça as várias soluções

Ouro
Investir em barras para garantir valor


A escalada dos preços do ouro fez disparar a procura pela matéria-prima para investimento. Não só nos mercados, através de derivados financeiros, como em termos físicos, com a aquisição de barras de ouro. O apetite já não é de agora: "a tendência já vem de trás", disse fonte de um banco que não quis ser identificado.

Começou a sentir-se mais há um ano, quando a turbulência nos mercados accionistas levou a uma forte valorização do metal, que acabou por atingir a marca histórica de 1.921 dólares por onça, no passado mês de Setembro. O ouro está associado a refúgio, para alturas mais conturbadas nas bolsas, mas também é visto como uma protecção contra a inflação. E, no limite, pode ser uma alternativa para quem quer proteger as suas poupanças de uma eventual saída de Portugal da Zona Euro, isto porque é denominado na moeda norte-americana. Apesar de ser crescente a preocupação dos portugueses, "a procura tem-se mantido estável", disse fonte de um banco contactado pelo Negócios, que preferiu também não ser identificado.

É aos balcões dos bancos que é possível adquirir as barras de ouro físicas, sendo que, ultimamente, instituições como o BCP passaram a disponibilizar esta forma de investimento no seu "site". Tal como acontece em todos os activos em moeda estrangeira, também no ouro há o risco cambial. E há que ter em conta também a flutuação das cotações do metal nos mercados, sendo estas definidas pela lei da oferta e da procura.



Depósitos
À ordem ou a prazo... noutra moeda

Uma das principais alternativas para quem quer evitar ser surpreendido com o fim do euro são os depósitos à ordem, mas também a prazo, denominados em moeda europeia.

A oferta é variada. Praticamente todos os bancos têm aplicações que permitem converter os euros em dólares americanos, canadianos, australianos, libras e francos suíços.

A rendibilidade não é tão elevada como em euros. No BES, por exemplo, um depósito em dólares ou libras paga um juro de 1,3%, já em francos suíços rende 0,55%. A melhor proposta em euros é de 3%.

Há um "significativo aumento dos pedidos de informação por parte dos clientes", devido à apreensão causada pelas notícias de que algumas empresas estão a avaliar os efeitos de uma saída de Portugal do euro, de acordo com um banco contactado pelo Negócios.

Essa foi também a resposta obtida noutra instituição, que adiantou que esses pedidos não corresponderam a um crescimento "relevante" da procura por soluções alternativas, como as contas em moeda estrangeira. Não é possível quantificar o número de aplicações deste género, observando-se apenas que os depósitos realizados junto dos bancos portugueses continuam a aumentar, ascendendo a 127,5 mil milhões de euros em Setembro.

As aplicações em moeda estrangeira dão protecção contra uma desvalorização caso Portugal saia do euro, regressando ao escudo.

No entanto, há risco. A queda da divisa em que se investiu pode traduzir-se em perdas acentuadas.

Se esta valorizar, é possível ganhar mais do que com os juros.



Fundos
estrangeiros permitem diversificação


Uma forma de proteger as poupanças na eventualidade de Portugal sair do euro é investir em fundos estrangeiros. Se nos fundos domiciliados em Portugal o investidor ficaria exposto a uma hipotética nova moeda, com a perda de valor daí decorrente, nos outros está a fazer um contrato em moeda estrangeira. E como explica Paulo Câmara, jurista da Sérvulo & Associados, "os contratos em moeda estrangeira não são de princípio afectados pelo risco de desagregação do euro". Esse é também o entendimento do Banco Best, o maior distribuidor de fundos estrangeiros: "No caso dos fundos de investimento estrangeiro, provavelmente não haverá muita margem para que um Estado os possa redenominar, já que os fundos não são de jurisdição nacional".

Os fundos estrangeiros comercializados em Portugal são, na sua maioria, domiciliados no Luxemburgo. As unidades de participação estão também depositadas em bancos estrangeiros.
Mesmo o investimento realizado em euros nestes produtos não seria afectado, desde que a moeda única continuasse a existir noutros países. Uma vantagem dos fundos é que permitem investir de forma diversificada em diferentes classes de activos (acções, obrigações, mercado monetário, matérias-primas, etc) e regiões do mundo.

E também em várias divisas. As mais comuns são o dólar, o franco suíço e as coroas sueca, dinamarquesa e norueguesa. O investidor tem, no entanto, que ter em conta que passa a estar exposto ao risco cambial. O nível de risco tanto pode ser baixo - nos produtos que investem em aplicações de tesouraria - como muito elevado, no caso das acções ou matérias-primas.

Os fundos estrangeiros são comercializados sobretudo através dos bancos "online", como o Best, ActivoBank e BiG. O Deutsche Bank também distribui algumas gestoras. Os fundos nacionais tinham 6,5 mil milhões de euros sob gestão no final de Outubro.
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por vset » 8/12/2011 17:47

dr house Escreveu:
Elias Escreveu:
dr house Escreveu:
Elias Escreveu:dr house em que te baseias para afirmar que as dividas continuariam em euros? Só se for divida externa, não é?


Elias,

Toda a dívida dos bancos é "dívida externa".
Os bancos "compram" dinheiro ao BCE e "vendem" a nós todos com uma margem de lucro chamada spread.

Num cenário de passagem para escudo os bancos portugueses continuariam devedores ao BCE na mesma moeda e logo esse valor se reflete na dívida dos clientes do banco nos créditos.


Mas que eu saiba quando passámos de escudos para euros, a conversão dos créditos foi feita à taxa de câmbio "irrevogável"...


Elias,

Por favor explica o que significa esse "irrevogável".
A acontecer como dizes seria o negócio do século levantar todos os depósitos que temos em euros para papel moeda antes da conversão cambial e depois amortizar todos os créditos a habitação e etc. já com um valor real muito mais baixo.
No limite podia até compensar pedir empréstimo em euros e guardar esse dinheiro no cofre à espera de conversão.

A saída do euro no fundo funcionaria como uma desvalorização da moed na qual todos empobreceriamos pois o valor de dívidas, preços, bens e serviços se iriam manter ao valor equivalente em euros após a conversão.

Tenho 37 anos mas ainda me lembro no tempo do escudo quando aconteciam desvalorizações da moeda por decreto.
O preço de casas, e outros bens aumentava de imediato de forma a compensar a desvalorização nominal.

Se sairmos do euro teremos um longuissimo caminho de pobreza, inflação, desemprego e falencias em massa de famílias e empresas.

Seria como regredir uns 30 anos.
No limite deixamos de conseguir importar bens.
Produtos como iPODS, portáteis, automoveis passam todos à categoria de bens de luxo.

O preço do dinheiro dispararia, deixando de existir liquidez. Seria o apertar de cinto total até ao último furo.

A única vantagem mesmo seria os nossos produtos ficarem mais baratinhos para o exterior.



precisamente

parece que amanhã temos novidades desta incerteza toda


:(
 
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por Marco Martins » 8/12/2011 16:17

Elias Escreveu:
Marco Martins Escreveu:Sim, sem dúvida que será um custo brutal... mas ao mesmo tempo irá empregar pessoas :)


Fica sempre bem dizer isso, mas creio que a realidade seria outra: neste caso não iria empregar ninguém. Em vez disso os elementos da brigada fiscal (actualmente na GNR) seriam destacados para os postos de fronteira.


Sim, seria o mais certo.
E inicialmente um aumento do desemprego até que fossem tomadas políticas de acordo com as novas realidades.
 
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por Elias » 8/12/2011 16:14

Marco Martins Escreveu:Sim, sem dúvida que será um custo brutal... mas ao mesmo tempo irá empregar pessoas :)


Fica sempre bem dizer isso, mas creio que a realidade seria outra: neste caso não iria empregar ninguém. Em vez disso os elementos da brigada fiscal (actualmente na GNR) seriam destacados para os postos de fronteira.
 
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por Marco Martins » 8/12/2011 16:09

Elias Escreveu:Entendo o teu raciocínio, embora não veja isso como inevitável.

De qualquer forma, a implementação de alfândegas acarretaria inúmeros problemas logísticos.

Há 30 anos havia apenas uma quinzena de fronteiras oficiais (Valença, Lindoso, Vila Verde da Raia, Quintanilha, Miranda, Bemposta, Vilar Formoso, Penamacor, Segura, Galegos, Campo Maior, Elvas, Vila Verde de Ficalho, Barrancos e Vila Real de Santo António). A passagem legal era apenas possível nesses postos, não havia outras estradas.

Hoje há dezenas de estradas, de norte a sul do país, que atravessam a fronteira, algumas são estradas estreitas e pouco transitadas. Como controlar todas elas? fecham-se essas estradas? Coloca-se arame farpado na fronteira?

Quando foi a cimeira da NATO em Novembro do ano passado também "fecharam" as fronteiras, mas a TVI não teve dificuldade em encontrar passagens asfaltadas não patrulhadas.

http://www.agenciafinanceira.iol.pt/soc ... d=13349126

http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/sef-f ... -4071.html


Sim, sem dúvida que será um custo brutal... mas ao mesmo tempo irá empregar pessoas :)

O problema de fundo aqui, será a necessidade do estado controlar tudo durante um determinado període de tempo que poderá ser instável... e quanto mais instável estiver, maior será a necessidade de controlo.

Quando se fala de livre circulação de bens, temos de nos lembrar que também pode existir livre circulação de pessoas... e esses são o maior bem que um país tem para se desenvolver... e como tal terão de ser impedidas de emigrar.
 
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por Elias » 8/12/2011 16:03

Entendo o teu raciocínio, embora não veja isso como inevitável.

De qualquer forma, a implementação de alfândegas acarretaria inúmeros problemas logísticos.

Há 30 anos havia apenas uma quinzena de fronteiras oficiais (Valença, Lindoso, Vila Verde da Raia, Quintanilha, Miranda, Bemposta, Vilar Formoso, Penamacor, Segura, Galegos, Campo Maior, Elvas, Vila Verde de Ficalho, Barrancos e Vila Real de Santo António). A passagem legal era apenas possível nesses postos, não havia outras estradas.

Hoje há dezenas de estradas, de norte a sul do país, que atravessam a fronteira, algumas são estradas estreitas e pouco transitadas. Como controlar todas elas? fecham-se essas estradas? Coloca-se arame farpado na fronteira?

Quando foi a cimeira da NATO em Novembro do ano passado também "fecharam" as fronteiras, mas a TVI não teve dificuldade em encontrar passagens asfaltadas não patrulhadas.

http://www.agenciafinanceira.iol.pt/soc ... d=13349126

http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/sef-f ... -4071.html
 
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por Marco Martins » 8/12/2011 15:53

Elias Escreveu:
Marco Martins Escreveu:Por muitos cenários que se coloquem sobre a valorização ou desvalorização do escudo, há uma coisa que será certa se voltarmos ao escudo:
- regresso das alfandegas


não necessariamente.

O espaço Schengen (onde não há alfândegas, havendo pois livre circulação de pessoas e bens) inclui países que não pertencem ao Euro, como a Dinamarca, a Suécia ou a Estónia e até de países que não pertencem à UE, como a Noruega ou a Suíça.


Sim, mas numa fase inicial a tendencia será haver uma saída grande de divisas do país (por transferência era mais simples mas será controlado).
Para além disso a probabilidade de haver uma inflação grande e uma diferença grande de preços de produtos importados tenderá a provocar um aumento de comércio paralelo e não declarado.

Por isso, a tendência inicial creio que será a imposição de alfandegas, mesmo que seja apenas num período temporário.
 
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por Elias » 8/12/2011 15:39

Marco Martins Escreveu:Por muitos cenários que se coloquem sobre a valorização ou desvalorização do escudo, há uma coisa que será certa se voltarmos ao escudo:
- regresso das alfandegas


não necessariamente.

O espaço Schengen (onde não há alfândegas, havendo pois livre circulação de pessoas e bens) inclui países que não pertencem ao Euro, como a Dinamarca, a Suécia ou a Estónia e até de países que não pertencem à UE, como a Noruega ou a Suíça.
 
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por Marco Martins » 8/12/2011 15:36

Por muitos cenários que se coloquem sobre a valorização ou desvalorização do escudo, há uma coisa que será certa se voltarmos ao escudo:
- regresso das alfandegas
- imposição de várias restrições e movimentações económicas e de mercadorias
- instabilidade política e social
- afastamento da europa do ponto de vista económico e político
- novas alianças políticas
- fragmentação europeia
- possíveis regressos de ditaduras
- empobrecimento colectivo
- fecho temporário de acesso a mercados internacionais
- novo pedido ao FMI
- vários anos de retrocessos
 
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por Elias » 8/12/2011 15:17

dr house Escreveu:Elias,

Por favor explica o que significa esse "irrevogável".


"irrevogável" foi o termo aplicado, em 1999 salvo erro, às taxas de conversão do Euro (ex-ECU) para com as várias moedas que o integravam.
 
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