Caldeirão da Bolsa

O último suspiro do Euro

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por PT_Trader » 22/11/2011 13:13

djovarius Escreveu:
A solução passa mesmo pela redução da despesa porque pelo lado da receita já não temos grande margem. Nós e todos os outros, mesmo aqueles que não estão son ameaça dos mercados.


Tudo bem, mas como é que a Espanha, Itália, Bélgica e França conseguem fazer isso em tempo útil, com os mercados a comprarem na mesma os seus títulos de dívida?

O ponto aqui é que mesmo que essa redução da despesa seja feita, antes de se conseguir mostrar resultados já estes países irão estar com taxas de juro insuportáveis, e só restará o FMI (se houver money para socorrer estes colossos).

Sendo assim, o ajustamento tem que ser feito ao mesmo tempo que o BCE imprime, ao então que haja financiamento através de Eurobons.
 
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por djovarius » 22/11/2011 12:59

Bom dia,

O debate vai muito interessante.
Voltando à questão dos programas de compra de dívida por parte do BCE como uma espécie de catalizador anti-crise financeira, há que parar para pensar se isso resolve alguma coisa.
Poderia acalmar os mercados de dívida, partindo-se da premissa de que não é possível ir contra um Banco Central com esta dimensão.
Mas se olharmos para o passado recente, vejamos se os programas QE1 e QE2 nos EUA resolveram alguma coisa. Deu para controlar os "yields" das OT quando o país mais se endividava. Ao mesmo tempo, aumentou-se a liquidez do sistema evitando um completo colapso financeiro. Até aqui tudo parece bem.
Mas os efeitos de médio / longo prazo estão longe de parecerem brilhantes.
O endividamento público continua galopante nos EUA. Há municípios a pedirem concordata, como se fossem empresas privadas. A Economia continua como desde o ano 2000 - crescimento anémico para tamanho grau de endividamento e défice. O desemprego, embora contido, não dá sinais de descida e registou-se o aumento da precaridade e dos "MacJobs".
A liquidez dos programas tipo QE não tem reflexos diretos na Economia real. Por um lado pode ser bom, porque o IPC continua razoavelmente contido, mas por outro lado, a liquidez apenas beneficiou a especulação financeira de curto prazo, sem sustentabilidade, o que apenas adia a resolução dos problemas.
Claro que esta situação será boa para quem quer especular, mas nunca se traduz num ambiente saudável de investimento.

Querer fazer o mesmo na Euro área parece-me um pouco como fazer um favor aos políticos. A compra de dívida serviria apenas para fazer flores junto da opinião pública.

Quanto aos Eurobonds, parece fazer maior sentido. Mas atenção: tal como o próprio EUR, as Obrigações da União só serão credíveias no longo prazo se tiverem por detrás uma entidade política viável, que possa realizar uma política fiscal comum, disciplinando as contas públicas de todos e não só de alguns. Só assim, esses títulos poderiam manter a classificação triplo A, sem a qual deixariam de fazer qualquer sentido.

A solução passa mesmo pela redução da despesa porque pelo lado da receita já não temos grande margem. Nós e todos os outros, mesmo aqueles que não estão son ameaça dos mercados.

Uma coisa a reter: porque haveria de haver mercado para os títulos dos PIIGS ? A "pool" de capitais (bastante reduzida) disponíveis para investimento em dívida soberana não chega para todos, desde 2008 quando o endividamento global atingiu pontos de loucura. Porquê então investir no incerto quando se pode investir em algo perceptível como de risco menor?

Abraço

dj
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por PT_Trader » 22/11/2011 10:37

migluso Escreveu:
Atomez Escreveu:Parece bem mais provável um cenário como este:

A Europa em 2021


Sim, também acho que seja mais provável do que o desmantelamento do euro.

Eu, no entanto, atiro para que em 2021 a Europa esteja toda unida e até a Suiça faça parte da UE e da moeda única. :wink:



Opah, isto está a pedir um post no tópico das bojardas futuristas :P

Em 2021 seremos os "Estados Unidos da Europa", com acordos de livre comércio com a Turquia (que não irá entrar na UE). Os USA, Canadá e México terão uma moeda única, para além de acordos de livre comércio assinados com outros países. Alguns países africanos, sob a alçada da União Africana, estarão a ensaiar uma moeda única - Afro. Portugal, fez a maioria das reformas estruturais necessárias, e está com um crescimento do PIB de 2 a 3%!!! É provável que Portugal também beneficie da descoberta de Petróleo 8-) Entretanto na China, a bolha já terá rebentado...
 
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por migluso » 22/11/2011 9:58

Atomez Escreveu:Parece bem mais provável um cenário como este:

A Europa em 2021


Sim, também acho que seja mais provável do que o desmantelamento do euro.

Eu, no entanto, atiro para que em 2021 a Europa esteja toda unida e até a Suiça faça parte da UE e da moeda única. :wink:
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por atomez » 22/11/2011 3:07

Se eu fosse o Euro diria, parafraseando Mark Twain -- "as notícias da minha morte têm sido grandemente exageradas"

É óbvio para toda a gente e as mães deles que a única maneira de solucionar a crise a curto prazo é o BCE fazer a única coisa que sabe fazer.

Mas para dar autorização para isso a Srª Merkel vai dizer -- "Sim senhores, vamos imprimir 1 ou 2 triliões de Euros e Eurobonds para limpar de vez esta porcaria com 5 letras em que se meteram. Mas logo a seguir vamos alterar os tratados da união e vai passar a haver um Tesouro Federal, vocês não podem emitir mais dívida nacional, os vossos orçamentos nacionais têm de ser aprovados pelo TF e quem não os cumprir não só não leva mais dinheiro como ainda vai ter de pagar multas a sério. Quem não quiser faça o favor de sair. Já."

E ninguém vai querer sair! Porque sabem muito bem que no dia em que abandonarem o Euro, toda a banca nacional e metade das grandes empresas vão à falência! O nosso nível de vida cairia para metade ou menos ainda e vamos passar 3, 4 ou 5 décadas como países em vias de sub-desenvolvimento...

Parece bem mais provável um cenário como este:

A Europa em 2021
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
Niccolò Machiavelli
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KATUMBA ou MORIR?

por nrazões » 22/11/2011 2:03

O dilema de Portugal é simples, sair já ou não do Euro!

A questão está errada, deveria ser sair já, ou depois.

Mas no final, na pior das hipóteses em Janeiro de 2014 o destino está traçado!


Portugal terá moeda própria, pois é impossível sobreviver economicamente com uma moeda que está valorizada 40% em relação ao dólar e muito mais em relação a qualquer país da Ásia…
Mas claro, como é normal na Tugolândia, ninguém aborda o inevitável!

Nunca foi do interesse nacional ter uma moeda forte, isso foi uma consequência…

Existe uma anedota em que uma tripulação de marinheiros depois de perder a embarcação, consegue a muito custo chegar a uma ilha.


Nessa ilha são feitos prisioneiros e levados ao chefe da tribo.
Ao chegarem ao chefe da tribo, são confrontados com uma escolha, a escolha é entre KATUMBA E MURIR!

Como estavam em fila indiana, o primeiro confuso, sem saber o que escolher, tem o seguinte pensamento…


- é pá, murrir pode ser perigoso, é parecido com morrer…Toma então a sua decisão:
- Eu escolho KATUMBA!
- E assim foi, afastado dos companheiros e posteriormente debruçado sobre o tronco de uma árvore em ângulo de 90º, perdeu as caldas e cuecas para por fim sentir a intimidade de um órgão alheio a desbravar a sua retaguarda!

-Resumindo, foi espectáculo para 30 minutos
O segundo membro do grupo, ao olhar penosamente para o passar dos minutos e orgulhoso da sua MASCULINIDADE grita em pânico…
- EU escolho MURIR! MURIR! MURRRRRRIIIIIIIIIRRRRRRRR!!!!!!!
Ao que o chefe da tribo lhe responde:
-Murir, sim, mas primeiro 50 vezes KATUMBA!

http://oportugalbipolar.blogspot.com/20 ... murir.html
 
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por migluso » 21/11/2011 23:02

Bom artigo. Revejo-me praticamente em tudo. Só 2 pequenos apontamentos:

- por incrível que pareça, acredito que o anúncio e posterior compra de dívida pública por parte do BCE fosse positivo para o euro, em especial em relação ao dólar. É possível que em relação aos metais e outras matérias-primas o euro desvalorizasse, mas o dólar ou o iene não fariam melhor. Isto porque, ao contrário dos nossos amigos americanos e japoneses, os europeus estão focados, no presente, no controlo das contas públicas.

- não estou tão pessimista como o amigo Ulisses no que concerne ao futuro da Europa. É possível, através da transferência para um governo comunitário de parte das receitas actuais dos Estados (entre 25% e 50%), criar um tesouro europeu e com ele as eurobonds. Gostei de ouvir a Sra. Merkel referir há dias a necessidade urgente de alterar o Tratado de Lisboa no sentido de um maior aprofundamento político (sim, perda de soberania. Mas desde que haja um governo europeu eleito pelos cidadãos, não me importo de perder "soberania local").
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por Pata-Hari » 21/11/2011 22:14

Bem, para já começa-se a desenhar com maior clareza a opção da emissão das eurobonds... até a alemanha já diz que está disposta a falar nisso.
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por FJMFerreira » 21/11/2011 22:02

Tambem penso que o BCE vai acabar por imprimir que nem um maluco. Essa e' a solucao politica de sempre. Quando o dinheiro acaba, faz-se mais.
Quanto as causas e solucoes deste problema, eu recomendo a todos 2 livros, se ainda nao os leram. Um deles esta disponivel gratis na internet:

Para entender o que realmente o Euro representa e quais foram os verdadeiros objectivos da sua criacao e como tera de acabar leiam "The Tragedy of the Euro" do economista Phillip Bagus (gratis na internet);

Para entenderem a verdadeira causa da crise em que o mundo mergulhou, leiam "Paper Money Collapse: The Folly of Elastic Money and the Coming Monetary Breakdown", do economista Detlev Schlichter (papermoneycollapse.com). Se o autor realmente ler estes livros, seria muito interessante ler o seu comentario.

Cumprimentos
 
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por Mart77 » 21/11/2011 21:48

Ulisses teve mais um artigo claro e de fácil percepção ao contrário de vários "artistas" que vão a TV e falam falam e não dizem nada...
Já tinha pensado que a unica solução era mais euros...mas´na minha singela opinião já se vai tarde.. o Euro como o conhecemos já foi...agora não sei se saem os mais fracos ou acaba-se por completo com ele.
De qq modo o artigo fez-me andar o dia todo "deprimido" ... não vejo com bons olhos o futuro de muitos de nós...
 
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por Cardos » 21/11/2011 21:48

Boa noite,

Não compreendo porque é que nos primórdios desta crise com o sub-prime (falência do Leman) e a actual crise das dívidas soberanas na zona euro, os USA têm mantido inalteradas as taxas de juro de referência em mínimos históricos (0,25% desde Dez08), e o BCE vem implementar a subida das mesmas?!!! As taxas de juro deveriam estar abaixo de 1%, uma política que se enquadrada neste tempo e nesta conjuntura, e que certamente não asfixiava tanto as economias mais fragilizadas da zona euro.

:arrow: http://www.estadao.com.br/especiais/a-t ... a,3954.htm
:arrow: http://pt.euribor-rates.eu/taxas-euribor-actuais.asp

No fim de contas a UE, é uma "Europa" a duas velocidades como sabemos (França-Alemanha-Inglaterra vs países periféricos).

Cumprimentos,
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por Jolly Roger » 21/11/2011 21:20

Isto está bem complicado é verdade, mas quando oiço dizer que a melhor solução passa pelo aprofundamento da integração, um governo económico, as eurobonds etc. e depois vejo uma notícia como esta:

http://www.telegraph.co.uk/news/worldne ... ation.html

pergunto-me se vale a pena estar integrado nisto.
Enquanto a Europa se desmorona, os burocratas de Bruxelas perdem tempo com coisas destas.

Isto quase merecia um tópico próprio.


...
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por gu » 21/11/2011 20:41

muito bom o artigo do Ulisses. Acho que deveríamos atenpadamente sair do euro e tratar de arrumar a nossa casa, caso contrário uma saída em cima da hora será catastrófica para os portugueses.
Poderia ainda uma hipótese que era a Alemanha sair ela do Euro. Que tal a ideia Sra Merkel? A europa ficava agradecida.
 
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por Comentador » 21/11/2011 19:51

Boa tarde,

A União Europeia caminha a passos largos para o desastre, caso continue a política actual. Claro que muitos países sofrerão, uns mais do que outros, e está a ser óbvio que a Alemanha e países satélites querem pensar que o problema não é com eles.

Mas claro que é com eles!! A (grande) recessão espreita com muita força e não há perigo de inflação descontrolada.

A Alemanha não pode actuar com se o Euro fosse o Marco nº2 e que só eles é que decidem o que fazer.

Se o BCE tivesse actuado desde o princípio como Lender of last resort, tornando isso completamente claro para os mercados, teria gasto até hoje menos milhares de milhões de euros do que gastou e não estávamos nesta situação limite.

A austeridade é necessária, mesmo fundamental, mas algum crescimento do sector produtivo privado é essencial mesmo durante as consolidações orçamentais de alguns países europeus, que geram recessão.

Com a dívida soberana a ser vendida no mercado pelos investidores de uma maneira que agora poderá ser arrasadora, os Estados não têm hipótese de resistir pois os juros sobem, a liquidez do sistema bancário desaparece, há necessidade de maior recapitalização da banca e isso tornar-se-à impossível e a economia real (as empresas produtivas e exportadoras) não resistirá. O cenário poderá ser catastrófico para todos, até um pouco para a própria Alemanha.

Agora não nos venham dizer é que isto ainda é uma União Europeia...
 
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por Bull Bull » 21/11/2011 19:22

Gostei do artigo, vou deixar uma sugestão.
No caso do BCE imprimir notas fazendo subir a inflação devido ao aumento do dinheiro posto em circulação.
Agora vamos supor que o dinheiro impresso seria dado aos países necessitados e que quando esses começassem a pagar ao BCE o mesmo retirava as notas em circulação ou seja, neste momento quando é necessário havia mais dinheiro mas a longo prazo esse dinheiro voltaria aos mesmos cofres e deixava de circular. Sendo assim, julgo que a inflação não iria disparar e resolveria os problemas no curto e no longo prazo. Claro que estou a dizer da maneira mais simples mas julgo que isto é bem possível de ser feito.

Outro aspeto que ache que um dia virá acontecer é que isto fosse tudo um só pais como o estados unidos da America onde muitos estados são como vários países por cá, claro que isto não é feito de um dia.

Pronto ulisses, deixei cá uma solução agora se executável ou não já não sei mas acho que é
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por zekinha1 » 21/11/2011 19:04

Ao imprimir notas também fazem com que os detentores de divida "recebam menos" (em comparação com o dólar) que aquilo que contavam receber na altura da subscrição.

Poderá ter um efeito perverso ao ser mais barato ainda comprar divida europeia.
 
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SuperEuro

por C.N. » 21/11/2011 18:59

Ola Ulisses,

Alguns comentarios:

Colocar as máquinas de imprimir notas a trabalhar em alto ritmo, resolveria o problema no curto prazo, agravando a situação no longo prazo.


Nao necessariamente. Imprimir notas para comprar divida Francesa, Italiana, Espanhola a 4 ou 5% ao ano se calhar ate pode trazer algum lucro ao BCE.

Naturalmente que isso levaria a uma forte desvalorização do euro


Nao necessariamente. Quem vender euros tera que comprar outra moeda. Qual a alternativa? Os EUA sao os campeoes das fotocopias de notas; a Gra-Bretanha esta como nos; a Suica vive do segredo bancario que ira desaparecer mais ano menos ano; o Japao esta velho, a envelhecer, e com dividas enormes...

Enfim, a meu ver, o que vai acontecer e uma evolucao rapida em tres tempos:

:arrow: Default parcial da Grecia (talvez 75%), Irlanda e Portugal
:arrow: BCE a imprimir dinheiro para comprar a divida de quase todos (la France aussi)
:arrow: Eurobonds mais ou menos ate 50% do PIB de cada pais, e o resto obrigacoes dos paises

Djovarius, em relacao ao assumir a recessao, isso e impossivel com o sistema democratico que temos que gera politicos que fazem o que o povao gosta para serem re-eleitos.

Abracos aqui da Asia do Sudeste

CN
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por Palmix » 21/11/2011 15:57

Estou farto de defender essa tese (Amoedação)...é uma das saídas...talvez neste momento a única saída.

Neste momento, medindo as vantagens e desvantagens de uma medida destas, largamente terá mais vantagens que desvantagens. (resolve o problema dos défices)

Depende muito onde irá ser injectado o capital que for cirado. No sistema financeiro? No governo?

É necessário que, quem for injectar o dinheiro, que o faça muito criteriosamente.
A minha opção seria dá-lo aos governos, de modo a eliminarem ou diminuirem a sua divida em relação à banca, diminuindo assim a sua exposição aos mercados (recuperavam os défices) e a banca voltava a canalizar esse capital para o mercado.
Eu iria até mais longe. Proibiria o sistema finançeiro de injectar o dinheiro todo de uma só vez ou num curto espaço de tempo. A injecção desse dinheri no mercado teria que ser faseada, por exemplo anualmente. Penso que assim se controlaria a taxa de inflação.
Claro que para isto era preciso partir a cabeça toda aos banqueiros...
 
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por Marco Martins » 21/11/2011 14:53

zecatreca Escreveu:A minha duvida, nunca foi o facto de a Srª Merkle imprimir $$ ou nao. Acho que isso é inevitavel. O mercado vai concerteza subir como aconteceu com o BEN do outro lado do atlantico. E quando?

A minha duvida é, entre os EUA e a Europa, qual dos dois vai ser o primeiro a caminhar para uma possivel (e longa?) recessão... Pelas contas, se a Europa for a ultima a imprimir notinhas fresquinhas, os EUA vão entrar primeiro que nós. :roll: E voltamos à pergunta: E quando?


Esta recessão não afectará apenas Europa e USA... isto irá até à Ásia, onde a china já prevê uma redução do consumo de automóveis, o que certamente levará a que exista uma redução de exportações e importações com a Europa e States.

A vantagem e desvantagem de um mundo globalizado tem a particularidade de que os problemas de uns passam a ser os problemas de outros...
 
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por PT_Trader » 21/11/2011 14:51

djovarius Escreveu:Há que diminuir rapidamente os défices públicos através de maiores cortes na despesa. A teto de 3% do PIB como défice não é suficiente. Temos de atingir um défice ainda mais pequeno, compatível com níveis de crescimento quase nulo. Só isso acalmará os mercados. Aliás, se o fizerem, os mercados voltar-se-ão para os EUA, que passa a ser o grande prevaricador.


djovarius,

Isso é tudo muito bonito, mas o que é certo é que os mercados muito provavelmente não nos darão tempo para fazer isso em tempo útil.

Até lá já a Itália, Espanha, Bélgica e França recorreram ao FMI...
 
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por Zecatreca_1001 » 21/11/2011 14:44

A minha duvida, nunca foi o facto de a Srª Merkle imprimir $$ ou nao. Acho que isso é inevitavel. O mercado vai concerteza subir como aconteceu com o BEN do outro lado do atlantico. E quando?

A minha duvida é, entre os EUA e a Europa, qual dos dois vai ser o primeiro a caminhar para uma possivel (e longa?) recessão... Pelas contas, se a Europa for a ultima a imprimir notinhas fresquinhas, os EUA vão entrar primeiro que nós. :roll: E voltamos à pergunta: E quando?
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por tiopatinhas » 21/11/2011 14:34

Ulisses, parabéns!
Artigo muito pragmático, com visão abrangente e lúcida. :wink:

Mas, não posso deixar de chamar à atenção que existem em portugal algumas pessoas que falam bem alto, desde alguns tempos, as soluções que apenas agora se antevêem no fundo do tunel. Falo de Mário Soares que tem insistido há muito na impressão de papel como solução para acalmar os mercados. Outro caso: Jorge Sampaio que insiste há muito nas eurobonds. Reparem que sou apartidário e estas referências não têm qualquer partidarismo, pelo contrário.
Djavirus apresenta uma outra perspectiva que é a contracionista, defendida por Berlim. Soros (será que não está por detrás deste ataque :lol: ) veio dizer há dias que o euro sobreviveria. Mas, não disse em que condições :!:
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por Ulrich » 21/11/2011 14:01

Viva,
ponto de vista bem fundamentado do Ulisses.

djovarius Escreveu:A solução passa mesmo por assumir a recessão (como fez Paul Volcker no FED em 1980). Perdido por um, perdido por mil. Há que diminuir rapidamente os défices públicos através de maiores cortes na despesa. A teto de 3% do PIB como défice não é suficiente. Temos de atingir um défice ainda mais pequeno, compatível com níveis de crescimento quase nulo. Só isso acalmará os mercados. Aliás, se o fizerem, os mercados voltar-se-ão para os EUA, que passa a ser o grande prevaricador.


Este comentário é muito acertivo, resta-nos saber a capacidade de cada País para aguentar o impacto/choque das políticas recessivas (quanto a mim também necessárias/obrigatórias).

Abraços
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por JorgeNobre » 21/11/2011 13:56

Gostei bastante do artigo,com um bom poder de sintese,é também esse o cenário que cada vez mais pessoas concluem.
Creio ainda que o problema maior é a falta de politica de incentivo ao investimento,optimização na despesa dos estados (de Milão para baixo) e a contestação social.
Não creio que os politicos actuais tenham esperiência de vida,vocação,coragem e capacidade intelectual para resolver esses problemas,acredito que o fim da União Europeia passa essencialmente por isso.
 
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por djovarius » 21/11/2011 13:54

Boa tarde,

Sim e não. Há que recuar às origens. O Euro era uma quase inevitabilidade da história da CEE. Ao aprofundar a união, mudando mesmo o nome para o UE, ao se alargar a mesma, com o fim da cortina de ferro (eu ainda me lembro do equlíbrio do terror global) com a reunificação Alemã, com o livre comércio na Europa, com o espaço Schengen, etc..etc... era quase inevitável uma moeda única para aqueles que a quisessem adotar. Não fazia sentido ter transações financeiras e comerciais em dezenas de divisas diferentes. Aliás, antes do EUR escritural de 1999 já havia o MTC, o Tratado de Maastricht e antes o próprio ECU (lembram-se?). Era, pois, inevitável esse desfecho.
O problema era outro, aliás, dois problemas, como muito bem apontavam os traders, sobretudo os experientes traders asiáticos. Já lá vou. Antes, há que referir que, do ponto de vista dos grandes "tubarões" do Forex, o EUR era o substituto do DEM do ponto de vista da negociação cambial em estado puro. E será sempre assim visto. O resto era e é residual. E se porventura o EUR acabasse hoje, o trade (vis à vis o dólar) continuaria normalmente em torno do "Neue Deutsche Mark" sendo as restantes divisas apenas satélites desse ponto de vista.

Os problemas expostos pelos experientes negociadores eram os seguintes:
Em primeiro lugar, nunca deveria ter havido um EUR tão amplo para começar. O correto teria sido que a nova divisa "alemã" fosse partilhada por países que pudessem em termos económicos se equiparar, como os países do Benelux, a Áustria e até a Finlândia. No limite a França, porque à época ainda poderia escapar dos problemas da atualidade.
Todos os outros deveriam ter uma espécia de EUR dos "pobrezinhos", uma espécie de segunda liga, onde aos poucos se criariam condições para subir de divisão. É agora claro que países de adesão recente não poderiam entrar logo no forte EUR. Afinal, vejam só, Portugal e Espanha só tinham meia dúzia de anos de adesão quando assinaram Maastricht. O EUR dos "fracos" poderia oscilar numa banda flexível em relação ao EUR dos "fortes".
Em segundo lugar, e isto era a preocupação dos ditos "traders" era o facto de não existir uma entidade política viável em torno do EUR. Um Estado uo uma Federação de Estados. Isso foi uma das causas do fracasso da União monetária latina do século XIX. Há o exemplo contrário do Franco CFC em África, mas isso é uma invenção para países sob a esfera Francófona, sob a alçada de Paris, razão pela qual não oferece o mesmo tipo de problemas.

Isto significa que o EUR só teria evitado estes problemas se os políticos tivessem associado todos estes passos concretas da integração europeia a uma futura federação. Só os Estados Unidos da Europa poderiam e podem resolver esta questão, nomeadamente através de órgãos políticos de soberania capazes de envolver uma política fiscal para todos os Estados, sem apelo nem agravo.

Quer isto dizer que o EUR vai acabar? Não creio. O desastre seria maior do que o atual.
Vamos usar o BCE para comprar dívida? Tremendo disparate. Tal como nos EUA, isso adia os problemas por uns anos só para criar problemas acrescidos mais tarde. Falo, claro, de bolhas e mais bolhas devido à engorda brutal do "balance sheet".

A solução passa mesmo por assumir a recessão (como fez Paul Volcker no FED em 1980). Perdido por um, perdido por mil. Há que diminuir rapidamente os défices públicos através de maiores cortes na despesa. A teto de 3% do PIB como défice não é suficiente. Temos de atingir um défice ainda mais pequeno, compatível com níveis de crescimento quase nulo. Só isso acalmará os mercados. Aliás, se o fizerem, os mercados voltar-se-ão para os EUA, que passa a ser o grande prevaricador.

Daí que não vejo que haja um último suspiro para o EUR. Agora, pode-se admitir a morte do EUR para alguns Estados membros.

Ainda assim, creio mais naquele quadro de ficção do NYT (ver tópico correspondente) que fala nos EUE, sem os Nórdicos (eles fazem a sua própria liga) e sem os Britânicos (idem), com o núcleo inicial da CEE de 1957, acrescido de alguns do leste e com umas "províncias" ensolaradas.

Nesse contexto, Portugal estaria para os EUE como o Estado da Geórgia (e outros assim) estão para os EUA.

Abraço

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