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Vídeo: A Grande Fraude do Aquecimento Global

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por romeu59 » 26/9/2010 15:01

Como resumo basta ler a conclusão do artigo do Professor Catedrático Delgado Domingos :

Conclusão

Descontadas as diferenças de estilo, de tom, de background cientifico e experiencia profissional, as minhas posições de fundo e as que o que Prof.Miguel Araújo defende talvez estejam muito mais próximas do que superficialmente poderia parecer. Na origem da aparente diferença está o primarismo com que expeditamente se classifica de negacionista ou céptico ignorante quem não perfilha o “consenso” de um desastre climático global e iminente devido às emissões de CO2eq, tendo como fundamento o hockeystick e os actuais modelos climáticos.

Confrange-me que, genericamente, o movimento ambientalista tenha também aderido a este primarismo reducionista sem se dar conta de que ao faze-lo sacrificou algumas das mais importantes causas por que se bateu e o credibilizaram para se transformar num avalizador de interesses que não domina. Justificar todos os meios e atropelos em nome duma mítica salvação da humanidade, pode ser uma ideologia, uma religião ou um dogma mas não é seguramente Ciência.

A minha intervenção nestes temas é motivada por convicções e conhecimentos científicos longamente sedimentados, tendo a consciência clara das suas implicações políticas. Não esperem por isso que dê prioridade a objectivos políticos em detrimento do que entendo ser o rigor científico e a minha responsabilidade social como engenheiro/cientista.

Nota: São meus os sublinhados e negritos em todas as transcrições

8 de Dezembro de 2009

José Delgado Domingos
 
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por tonirai » 25/9/2010 7:29

MarcoAntonio Escreveu:
romeu59 Escreveu:Conhecem o escândalo "climategate" ?


Sim, já passou aqui num tópico sobre esses temas.


Já agora, queres fazer aí um enunciado das teorias da conspiração em que acreditas? É que pelos vistos é em todas, começo agora a notar...
lol

Eu adormeci ao 137º parágrafo... :twisted:
Já agora romeu, caso te tenha passado ao lado, subscrevo a questão que o Marco te colocou, e que cito a negrito.
Esperamos, se possível, um resumo... com menos parágrafos :lol:
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por romeu59 » 25/9/2010 1:52

Artigo do Professor Catedrático Delgado Domingos da Universidade de Coimbra:

http://ambio.blogspot.com/2009/12/clima ... lgado.html

Terça-feira, Dezembro 08, 2009

Climategate: Resposta de Delgado Domingos a Miguel Araújo

É com muito gosto que publico a resposta do Prof. Delgado Domingos ao meu comentário sobre o seu artigo no Expresso. O blogue da ambio sempre valorizou o debate de ideias, alicerçado em argumentos de substância e com contraditório pelo que é uma honra poder trasladar este importante debate, na primeira pessoa, para este fórum onde pessoas com convicções diferentes discutem temas ambientais com cordialidade e respeito. Como é natural discordo de algumas passagens deste artigo ainda que concorde com outras e a seu tempo entender-se-ão certamente melhor as diferenças e proximidades de posicionamento. Está, portanto, lançado o debate. O Prof. Delgado Domingos já manifestou disponibilidade em participar no mesmo desde que este se processe com cortesia. A minha sugestão é que os comentaristas dêem a cara pelas suas opiniões. Não há delitos de opinião em democracia e todos têm direito à dúvida e à asneira. Se preferirem manter o anonimato peço para que escrevem os comentários imaginando que o vosso nome é publicado. Ou seja, não escrevam nada que não fossem capazes de dizer de cara destapada. Se esta regra de ouro for cumprida, o debate será certamente útil, pedagógico e agradável. Nota: O título original deste texto era "Resposta à Crítica do Prof. Miguel Araújo" que eu alterei para melhor encaixar no estilo do blogue. Miguel Araújo
---

Depois de ter afirmado que o Climategate era um “fait-divers”, esquecendo que só o poderia ser para quem sejam triviais as praticas do restrito numero de famosos cientistas no centro do escândalo agora tornado publico, o Prof.Miguel Araújo, numa atitude que agradeço e muito apreciei, comentou o meu artigo de opinião no Expresso , afirmando que a minha argumentação se centra em : “A - Defender que não existe evidência de que o clima esteja a mudar; B - Afirmar que os emails roubados demonstram uma fraude científica que compromete a credibilidade da ciência climática”.

O Prof.Miguel Araújo sabe que as limitações de espaço num artigo para o grande público nunca permitem a fundamentação adequada das afirmações feitas, sobretudo quando contrariam as ideias dominantes. Além disso, o artigo foi editado pelo jornal (com o meu acordo, embora sem revisão do editado), que neste caso adicionou os títulos e acrescentou uma figura e um parágrafo para que o leitor soubesse o que era o hockeystick. O próprio jornalista fez uma notícia resumindo o que, no seu entender, era mais importante. O que o resumo omite e a edição desvalorizou completamente foi a exigência de que se consultassem os meus textos fundamentais sobre o tema (a maioria disponíveis na minha página aqui, com destaque para este link e de que são parte integrante as referências aos trabalhos científicos que as fundamentam, nomeadamente muitas das que o IPCC (WGI) utilizou. Se o Prof.Miguel Araújo tivesse feito aquela consulta não teria sido tão afoito a sugerir a minha ignorância face ao que se infere ser o seu conhecimento.
Respondendo agora de acordo com os seus capítulos.

A-Não existe evidência de que o clima esteja a mudar.
Na sequencia do pertinente comentário de um leitor do seu blog, o Prof.Miguel Araújo alterou-o posteriormente para “Não existe evidência de que o clima esteja a mudar a nível global”.

Se o Prof.Miguel Araújo tivesse sido rigoroso na síntese do que escrevi teria alterado um pouco mais o titulo para: “Não existe evidência de que o clima esteja a mudar a nível global devido principalmente a emissões de CO2eq”.

O Prof.Miguel Araújo tece de seguida doutas mas triviais considerações sobre o que eu teria dito, mas não disse, acerca do IPCC e do furacão Katrina. Efectivamente, o meu texto refere-se ao que a maioria da comunicação social tem transmitido no seu afã alarmista, não ao que o IPCC ou cientistas credíveis tenham dito. Seja como for, reconhecer que o Katrina não é atribuível ao aquecimento global, como o IPCC faz e o Prof.Miguel Araújo vem lembrar, é reconhecer implicitamente que um desastre climático com aquela dimensão não é atribuído às emissões de CO2eq, o que corresponde a uma das teses centrais da minha posição. Afinal estamos de acordo !

A restante argumentação do Prof.Miguel Araújo exprime a confiança que os resultados dos modelos climáticos parecem inspirar a quem não domina em profundidade a fundamentação física e ainda menos a implementação computacional. Posso reivindicar, forçado mas sem falsa modéstia, e penso que sem grande contestação, que fui um dos pioneiros (há mais de 40 anos), pelo menos em Portugal, no desenvolvimento da hoje chamada Mecânica dos Fluidos Computacional, tal como fui eu que iniciei (há mais de 10 anos) a previsão numérica do tempo nas universidades portuguesas com a sua disponibilização diária e gratuita ao grande público (http://meteo.ist.utl.pt/ e http://meteo.ist.utl.pt/new). Os modelos climáticos mais citados são equivalentes a versões simplificadas dos que utilizo (AWRF e MM5, entre outros) para previsão e reconstrução de situações passadas. Posto isto, e como defensor que sempre fui e sou da utilização de modelos matemáticos como ferramenta imprescindível na compreensão dos fenómenos naturais, fico extremamente preocupado com o abuso que deles é feito e só pode levar ao seu descrédito com prejuízo para todos. Por isso, concordo inteiramente com o IPCC quando afirma :

«In climate research and modeling, we should recognize that we are dealing with a coupled non-linear chaotic system, and therefore that the long-term prediction of future climate states is not possible.» IPCC, 2001: Climate Change 2001: The Scientific Basis. Contribution of Working Group I to the Third Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change[Houghton, J.T.,Y. Ding, D.J. Griggs, M. Noguer, P.J. van der Linden, X. Dai, K.Maskell, and C.A. Johnson (eds.)]. Cambridge University Press, Cambridge, United Kingdom and New York, NY, USA, 881pp., p. 774

E estou tambem de acordo com um email de Kevin Trenberth, divulgado pelo alegado whistleblower do CRU, com data de 12.10.2009 para Michael Mann em que afirma:

“The fact is that we can’t account for the lack of warming at the moment and it is a travesty that we can’t. The CERES data published in the August BAMS 09 supplement on 2008 shows there should be even more warming: but the data are surely wrong.”

o texto completo do email está aqui e deve ser consultado para evitar acusações de citação fora do contexto. Aliás, no email também refere intervenções suas anteriores sublinhando a necessidade de mais e melhores dados de observação, com o que estou inteiramente concordo.

A publicação que serviu de base à minha afirmação de não haver aquecimento desde 1998 é a mesmo a que Kevin Trenberth se refere e eu próprio já tinha citado num artigo para o Jornal de Negócios publicado em 3.11.2009. Aliás, encontra-se também no site oficial do MetOffice.

Considero Kevin Trenberth, lead author em praticamente todos os relatórios do WG1 do IPCC, um dos mais sérios e competentes cientistas em várias áreas da Ciências Físicas do Clima, razão porque aparece várias vezes citado em intervenções minhas anteriores. Devem-se a ele (ver Nature.com, Climate Feedback, 4.06.2007) as seguintes afirmações:

“since the last IPCC report it is often stated that the science is settled or done and now is the time for action. In fact there are no predictions by IPCC at all. And there never have been”(...)

“None of the models used by IPCC are initialized to the observed state and none of the climate states in the models correspond even remotely to the current observed climate”.

O Prof. Miguel Araújo sabe certamente que a formulação matemática fundamental dos modelos de previsão meteorológica/climáticos constitui um sistema de equações em derivadas parciais não lineares, cuja solução exige o conhecimento do estado inicial do sistema e os condições/forçamentos na fronteira. Na perspectiva clássica da Física Matemática Linear, aquele sistema representaria um “problema fisicamente mal posto” pois uma pequena perturbação no estado inicial ou nas condições fronteira seria susceptível de originar uma grande alteração na solução. No actual estado do conhecimento, aquelas equações estão na origem da descoberta do bem conhecido caos determinístico. Neste contexto, as citações acima poderiam ser o ponto de partida para uma esclarecedora discussão no âmbito da teoria dos sistemas não lineares e do que podemos esperar do tratamento estatístico do universo de soluções geradas substituindo o desconhecido estado inicial por valores aleatórios. O frágil significado físico da estatística daquelas soluções constitui o fundamento das tão invocadas probabilidades de catástrofe de que o IPCC fala e os políticos transformaram em certezas.

Como muito bem sabe, o único meio de obter soluções relevantes para aquelas equações é por métodos numéricos e utilizando computadores. Sabe também que estas soluções numéricas são sempre aproximadas (neste caso ao nível da Física e das próprias equações matemáticas). O que talvez saiba menos bem, embora para os reais praticantes de modelos seja trivial e discutido nas publicações especializadas, é que as simulações de longo prazo sofrem do problema, ainda não adequadamente resolvido da deriva (“drifting”) o que obriga a forçar (“constrain”) as soluções a gamas pré-definidas. Tratando-se de situações passadas em que são conhecidos valores observados, os tais forçamentos consistem em fazer aproximar o mais possível as soluções daqueles valores. Tratando-se do futuro, não existe validação experimental possível sem ser à posteriori e o critério é comparar modelos diferentes e concluir que são fiáveis se não derem resultados excessivamente diferentes. O excessivamente diferente é subjectivo. Actualmente, nenhum dos modelos é capaz de prever o El Niño, a PDO ou a NAO, entre outros fenómenos climáticos fundamentais e bem conhecidos. Mesmo querendo desconhecer este facto, já existem suficientes previsões feitas no passado que permitem aferir da confiança que devem merecer para o futuro. Uma das mais famosas foi a de James Hansen (agora tão falado acerca de Copenhaga) pois foi com base nelas que em 1988 fundamentou o alarme do desastre climático dentro de 20 anos se as emissões de CO2eq não fossem drasticamente reduzidas. 20 anos depois, em 2008, as emissões tinham excedido o pior cenário, mas o catastrófico aumento de temperatura não existiu( ver Christy, J.R.Written testimony to House Ways and Means Committee, 25 February 2009). Isso não impediu James Hansen de pedir o fracasso da Conferencia de Copenhaga por não ser suficientemente radical na abolição do carvão e das outras fontes de CO2eq, nem de pedir o julgamento por crimes contra a humanidade dos presidentes das companhias do carvão e das petrolíferas , nem de defender a desobediência civil, tal como não impediu a comunicação social que temos de dar o maior relevo a tudo quanto profetiza ou recomenda, enquanto faz tudo para que se esqueçam as suas previsões, profecias e recomendações passadas. Exagerando uma prática, também apontada ao recente Nobel da Economia Paul Krugman, as publicações estritamente científicas de Hansen são sérias e respeitadas, mesmo quando em total contradição com o que o seu activismo politico o leva a declarar para o grande público. Na sua faceta de puro cientista é de sublinhar a declaração feita (ver J.Hansen at the Climate Change Congress,”Global Risks,Challenges & Decisions”,Copenhagen, Denmark, March 11,2009) na reunião de cientistas realizada Março passado em Copenhaga como preparação para a Conferencia do Clima em Dezembro:

“We do not have measurements of aerosols going back to the 1800 –we don´t even have global measurements today. Any measurements that exist incorporate both forcings and feedback. Aerosol effects on clouds are very uncertain". I didn´t know what forcings to use when we started our IPCC runs 4 years ago, so I went to my grand children and asked them ‘What is the Net forcing?’

A questão levantada por Hansen ‘What is the Net forcing?’ é honesta e profundamente esclarecedora para quem perceba bem o que os actuais modelos podem e não podem fazer. Os aerossóis, consoante a sua natureza e a altitude a que se encontram, tanto podem reforçar, como diminuir, o efeito do CO2eq , mesmo ignorando a sua influencia nas nuvens. Sem medidas globais, o “Net forcing” nem sequer é um palpite fundamentado para se tornar no parâmetro arbitrário que melhor reproduz períodos passados. Pela sua natureza, é diferente de modelo para modelo e tem que ser alterado consoante o período temporal que se quer reproduzir. Como o arrefecimento acentuado dos anos 40 era contrário aos modelos que previam aquecimento devido ao CO2eq, aumentou-se o peso dos aerossóis para fazer arrefecer e explicou-se que tal se devia ao maior uso do carvão e à poluição de uma indústria ainda sem controlo de emissões de poluentes atmosféricos. Como, a partir dos anos 80, foi necessário diminuir o seu peso porque houve aquecimento, explicou-se o resultado como sendo o efeito da legislação de combate à poluição atmosférica. O que se omitiu foi que, não havendo valores de observação, os valores escolhidos foram os que davam jeito. Em qualquer dos casos não se tratou de uma previsão, mas sim e quando muito de uma tentativa de explicação do que tinha sido observado. Como é evidente, estes modelos não têm capacidade para prever o futuro com a segurança suficiente para neles basear decisões políticas com as gigantescas implicações económicas e sociais das propostas dos alarmistas em Copenhaga.

Tendo em conta que todo o alarmismo referente ao aquecimento global devido a emissões de CO2eq tem como fundamento único os resultados dos modelos climáticos que o IPCC utilizou, ficaria profundamente reconhecido aos nossos colegas físicos, climatologistas, estatísticos, matemáticos, etc se me demonstrassem que as minhas reservas quanto à fiabilidade dos resultados dos actuais modelos climáticos não têm fundamento. Espero, naturalmente, que essa demonstração não seja a ladainha da mera citação do que outros disseram mas sim uma opinião própria baseada no seu domínio das áreas científicas relevantes.

Peço desculpa, Prof.Miguel Araújo, se fui tão longo, embora muito longe de ser exaustivo, na resposta ao que diz que eu afirmei e condensou em A-“Não existe evidência de que o clima esteja a mudar a nível global”. Na verdade, o que efectivamente afirmo é : “Existiu um aquecimento global nos últimos 150 anos que não excedeu 0.8ºC se os dados tomados como referencia pelo IPCC forem correctos. Na última década não houve aquecimento significativo face aos dados disponibilizados. Não existe evidência científica nem observacional sólida que permita afirmar ser aquele aquecimento devido, predominantemente, ao CO2eq. Existe uma influência directa da acção humana na alteração do clima, sobretudo observável e mensurável a nível local, resultante das alterações no uso do solo, tal como existe um agravamento dos efeitos de fenómenos climáticos devido ao modo como tem evoluído a ocupação do território pelas populações ”.

Acrescento ainda que um aumento de 0.8ºC não tem nada de preocupante, tal como sublinho o facto de os alarmistas exaltarem um aquecimento crescente baseado em observações, mas omitindo, quase sempre, que os 0.8ºC (possivelmente menos) abrangem mais de 150 anos.

É também importante sublinhar que a componente biótica, apesar da sua influencia no sistema climático ser um feedback reconhecidamente importante, é praticamente ignorada nos actuais modelos climáticos globais. Na verdade, a complexidade do sistema climático é demasiado elevada para que se justifique a presunção de que se conhecem todas as relações de causa-efeito que determinam os fenómenos observados e ainda menos a de que se sabem modelar e quantificar.

Reconhecer que se não sabe é um passo fundamental para se poder vir a saber.

Clarificado o que os actuais modelos climáticos podem e não podem fazer e reconhecido que não têm fiabilidade suficiente para neles basear politicas com tão gigantescas implicações, leva a perceber porque motivo o hockeystick se tornou politicamente tão importante e está no cerne do climategate. A extrordinária cruzada de promoção do hockeystick teve por finalidade convencer os políticos e a opinião pública de que o aquecimento global não teve precedente nos últimos 1000 anos pelo que, tendo tal aquecimento coincidido com o aumento antropogénico das emissões de CO2eq, só pode ter sido o aumento do CO2eq na atmosfera a sua causa determinante. Sublinhe-se que esta conclusão se baseia inteiramente na apresentação visual de uma correlação, seguidamente convertida numa relação de causa-efeito.

Este tipo de actuação lembra irresistivelmente a (pseudo) justificação/legitimação da guerra do Iraque devido à existência de armas de destruição maciça, cujas provas se garantiu existirem e que o actual presidente da UE até disse ter visto. O famoso consenso assim obtido foi quase unânime. As provas eram falsas, mas a verdade só emergiu muito tempo depois e após centenas de milhares de mortos, de indizível sofrimento humano e de milhões de milhões de recursos materiais destruídos.

A segunda síntese que o Prof. Miguel Araújo fez do que eu supostamente disse foi:
B - Os emails roubados demonstram a existência de uma fraude científica que compromete a credibilidade da ciência climática

O que escrevi foi:
“Em termos da comunidade científica, o Climategate é um dos maiores escândalos científicos da história, não só pelo modo como afecta a credibilidade pública da comunidade científica mas sobretudo pelas implicações económicas e politicas de que se reveste”

E mais adiante:
“O comportamento escandaloso e intolerável de um grupo restrito de cientistas que atraiçoaram o que de melhor a Ciência tem (...)

O Prof.Miguel Araújo tresleu o que afirmei. Como se constata, não só não restringi a credibilidade pública à “ciência climática” como tive o cuidado de cingir o comportamento inadmissível e intolerável “a um grupo restrito de cientistas.

O Prof.Miguel Araújo afirma que confundi dois problemas distintos, mas a verdade é que na sua suposta identificação os confunde, o que dificulta a resposta. Comecemos pela minha afirmação de que o climategate afecta a credibilidade da comunidade científica. Trata-se, obviamente, de uma previsão que o tempo se encarregará de mostrar se foi ou não precipitada. Em meu entender, e no de muitos outros cientistas, a credibilidade da comunidade científica será tanto mais afectada quanto mais a dita comunidade se esforçar por ignorar/negar a existência de actos reprováveis, por parte do tal grupo restrito, que atentou (comprovadamente) não só contra a lei mas sobretudo contra princípios éticos fundamentais em Ciência. Esses princípios encontram-se nos códigos de conduta das melhores universidades e dos mais prestigiados centros de investigação. Para mim, este tipo de princípios não tem nada a ver nem com o que a lei diz ou pode dizer, pois também não fico à espera dos editoriais da Nature para julgar um comportamento face às documentadas provas públicas que já conheço. Extrapolando para o que passa em Portugal, não sou dos que afirmam e praticam que “a ética na república é a lei”, pois tal tornaria legitimo tudo que a lei, interpretada por um tribunal, não condena.

Em meu entender, a critica que o Prof.Miguel Araújo faz às minhas afirmações revelam que só agora despertou para o climategate e os seus antecedentes. O foco central do climategate foi a supressão de todo o período quente medieval que levou ao chamado hockeystick e à afirmação, que se tornou no ícone dos alarmistas, de que o aquecimento após o inicio da revolução industrial não tem precedente nos últimos 1000 anos e se deve à emissões de CO2eq. Questionado o fundamento dessa conclusão, os autores recusaram fornecer dados e algoritmos que permitissem verificar e reproduzir as suas conclusões. Esta recusa, a que a Nature avalisou é contrária a todo o espírito que deu credibilidade à ciência, e era além do mais ilegal o que motivou uma intervenção do Senado Americano para obrigar os autores a disponibilizar os dados. Na sua sequencia, a National Academy of Science (NAS) nomeou um painel, presidido pelo prestigiado e respeitado Prof. E. J. Wegman ( Presidente da Sociedade Americana de Estatística) que elaborou o famoso relatório Wegman (disponivel aqui) no qual se afirma, p 4 -5 que:

“In our further exploration of the social network of authorships in temperature reconstruction, we found that at least 43 authors have direct ties to Dr. Mann by virtue of coauthored papers with him. Our findings from this analysis suggest that authors in the area of paleoclimate studies are closely connected and thus ‘independent studies’ may not be as independent as they might appear on the surface. (…)


It is important to note the isolation of the paleoclimate community; even though they rely heavily on statistical methods they do not seem to be interacting with the statistical community. Additionally, we judge that the sharing of research materials, data and results was haphazardly and grudgingly done. In this case we judge that there was too much reliance on peer review, which was not necessarily independent. Moreover, the work has been sufficiently politicized that this community can hardly reassess their public positions without losing credibility. Overall, our committee believes that Mann’s assessments that the decade of the 1990s was the hottest decade of the millennium and that 1998 was the hottest year of the millennium cannot be supported by his analysis.”

O relatório faz, além disso, recomendações específicas quanto a trabalhos futuros nesta área. O grupo de autores aqui citado figura proeminentemente nos ficheiros agora divulgados e o tempo mostrou que as recomendações do relatório foram por eles siste¬mati¬camente ignoradas. O resultado esperável ficou agora à vista.

Consequência (alegadamente) directa desta comprovada “scientific misconduct” foi a criação do blog http://www.realclimate.org/ para defesa das suas teses com o pretexto de divulgar a ciência climática entre os não especialistas. Com o tempo, transformou-se na bíblia dos alarmistas, como muitos exemplos o documentam, não só em blogs como na imprensa (entre nós, o Público é um notório exemplo).

O Wegman_Report é de 2006. A descrição e critica de todo o processo ( até ao presente), bem como a cópia ou link para os documentos mais importantes encontra-se no blog de Steve McIntyre, (http://www.climateaudit.org/?page_id=354). Como seria de esperar,

Steve McIntyre é um dos que mais aparece nos emails do climagate, como alguém a quem deve ser impedido, a todo o custo, o acesso aos dados e contra quem parecem ser justificadas todas as tentativas para o desacreditar cientificamente. Steve McIntyre limitou-se sempre e só a exigir algoritmos estatísticos fiáveis, dados de qualidade comprovável e resultados finais replicáveis. Aliás foi ele que esteve na base da intervenção do senado que motivou o painel presidido por Wegman, o qual lhe veio dar razão.

Para quem tiver um mínimo de prudência e de preocupações de objectividade a consulta regular de ambos os sites acima referidos é fundamental. Se o tivesse feito, o Prof.Miguel Araújo não teria sido tão imprudente e precipitado nas críticas que me fez.

A fraude propriamente dita está claramente explicada e documentada no artigo do American Thinker, “Understanding Climategate's Hidden Decline” acabado de sair e disponivel aqui. Um comentário muito pertinente a este artigo foi já feito pelo Eng.Rui Moura no seu blog http://mitos-climaticos.blogspot.com/.

A minha afirmação de que dados base da rede de estações meteorológicas que serve de referencia ao IPCC para aferir o aquecimento global tinha sido destruída não se baseia, como procura inferir o Prof.Miguel Araújo, numa afirmação dos emails, mas sim em declarações de Phill Jones ainda antes do climagate, as quais foram posteriormente objecto de comunicado oficial.

Conclusão
Descontadas as diferenças de estilo, de tom, de background cientifico e experiencia profissional, as minhas posições de fundo e as que o que Prof.Miguel Araújo defende talvez estejam muito mais próximas do que superficialmente poderia parecer. Na origem da aparente diferença está o primarismo com que expeditamente se classifica de negacionista ou céptico ignorante quem não perfilha o “consenso” de um desastre climático global e iminente devido às emissões de CO2eq, tendo como fundamento o hockeystick e os actuais modelos climáticos.

Confrange-me que, genericamente, o movimento ambientalista tenha também aderido a este primarismo reducionista sem se dar conta de que ao faze-lo sacrificou algumas das mais importantes causas por que se bateu e o credibilizaram para se transformar num avalizador de interesses que não domina. Justificar todos os meios e atropelos em nome duma mítica salvação da humanidade, pode ser uma ideologia, uma religião ou um dogma mas não é seguramente Ciência.

A minha intervenção nestes temas é motivada por convicções e conhecimentos científicos longamente sedimentados, tendo a consciência clara das suas implicações políticas. Não esperem por isso que dê prioridade a objectivos políticos em detrimento do que entendo ser o rigor científico e a minha responsabilidade social como engenheiro/cientista.

Nota: São meus os sublinhados e negritos em todas as transcrições

8 de Dezembro de 2009

José Delgado Domingos
 
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por romeu59 » 25/9/2010 1:38

Artigo científico demonstra que a temperatura dos oceanos está a diminuir desde 2002. Este facto falsifica toda a teoria do aquecimento global de origem antropogénica.

"The fact that ocean temperatures have instead been cooling falsifies the entire anthropogenic global warming hypothesis."

http://pielkeclimatesci.wordpress.com/2 ... glas-2010/

Tuesday, September 21, 2010
Paper: Global Cooling began in 2003

Climate scientist Roger Pielke Sr has posted today an in-press paper which demonstrates that ocean temperatures flattened in 2001-2002 and have been on a negative trend since. The ocean temperature trend is far more important than the hopelessly adjusted & flawed land temperature record to assess global warming, as noted by Dr. Pielke. During this period, CO2 levels have steadily climbed, which according to the IPCC should have caused a positive radiative imbalance resulting in about .16C warming. The fact that ocean temperatures have instead been cooling falsifies the entire anthropogenic global warming hypothesis.

"There is an excellent new paper by Bob Knox and David Douglas that provides further insight into the issue of the monitoring of global climate system heat changes. The paper is "R. S. Knox, David H. Douglass 2010: Recent energy balance of Earth International Journal of Geosciences, 2010, vol. 1, no. 3 (November) In press doi:10.4236/ijg2010.00000."

ABSTRACT: A recently published estimate of Earth’s global warming trend is 0.63 ± 0.28 W/m2, as calculated from ocean heat content anomaly data spanning 1993–2008. This value is not representative of the recent (2003–2008) warming/cooling rate because of a “flattening” that occurred around 2001–2002. Using only 2003–2008 data from Argo floats, we find by four different algorithms that the recent trend ranges from –0.010 to –0.160 W/m2 with a typical error bar of ±0.2 W/m2. These results fail to support the existence of a frequently-cited large positive computed radiative imbalance.
 
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por MarcoAntonio » 25/9/2010 1:27

romeu59 Escreveu:Conhecem o escândalo "climategate" ?


Sim, já passou aqui num tópico sobre esses temas.


Já agora, queres fazer aí um enunciado das teorias da conspiração em que acreditas? É que pelos vistos é em todas, começo agora a notar...

lol
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FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por romeu59 » 25/9/2010 1:24

(Continuação)

O caso do nível do mar

"Os modelos prevêem uma elevação suplementar do nível do mar de 15 cm a 95 cm daqui até ao ano 2100 […] devido à dilatação térmica das águas dos oceanos […] e […] da fusão das calotes glaciares e dos glaciares" (UNEP-WMO, 2002, p.11). Esta previsão segue-se a estimativas anteriores bastante mais dramáticas, então expressas em metros, mas progressivamente minimizadas. Qual é a verdade desta ameaça permanente sobre "as zonas costeiras e as pequenas ilhas"?

Afastemos imediatamente a maior ameaça de todas, a do Antárctico (que fazia subir, em teoria, 70 m o nível dos oceanos). A sua situação é notavelmente estável: "O grosso da calote antárctica não sofreu qualquer fusão desde a sua formação, ou seja, desde há 60 milhões de anos" (Postel-Vinay, 2002). A observação dos satélites mostra mesmo que no decurso do período 1979-1999, que é aquele em que se supõe ter havido uma maior elevação de temperatura, houve um aumento da superfície do gelo à volta do continente antárctico (Parkinson, 2002). O gelo da Gronelândia está protegido pelo relevo, não podendo o oceano provocar a desagregação de uma parte dos bancos de gelo que produziria os icebergues (o que explica a conservação dos glaciares continentais até à latitude inabitual de 61 ºN). Além disso, a maior parte da sua superfície do gelo situa-se a mais de 2000 m de altitude onde o ar permanece frio. Observa-se uma alternância de zonas de fusão e de ganho de massa, mas no conjunto o gelo gronelandês permanece estável. Que problemas existem então para se falar tanto nos perigos da Gronelândia? O dos glaciares de montanha? Eles não representam se não um milésimo do volume total dos gelos. Por outro lado, como sublinha Vivian (2002), os glaciares "já registaram no passado flutuações mais importantes do que as que se verificam actualmente", onde em todo o planeta existem glaciares que recuam (por exemplo, na vertente exposta ao Sul do Alasca; Pfeffer et al., 2000) como há glaciares que avançam (nomeadamente na Escandinávia). Eis pois uma forma aparentemente simples de raciocínio – "Faz calor, o gelo funde" – que não funciona bem na Natureza!

É também invocada uma outra relação primária: "a água quente dilata-se, o mar sobe", pelo que um aumento de 1 ºC da temperatura do ar arrastaria uma subida de 20 cm numa camada de água do mar de 200 m de espessura. É isto tão simples e imediato? Em Brest, por exemplo, o nível médio do oceano é máximo de Outubro a Dezembro (+ 7 cm), e mínimo de Março a Agosto (- 5 cm), enquanto que a temperatura média do ar é de 16,0 ºC em Agosto de 5,8 ºC em Fevereiro, ou seja uma amplitude média de 10,2 ºC para uma diferença de altura observada de 12 cm… Mas as variações de temperatura e de nível do mar são inversas! Esta ausência de ligação directa mostra que a temperatura do ar não comanda a altura da água, e que as cotas elevadas são produzidas no Inverno por factores meteorológicos: a intensificação das tempestades e aceleração dos ventos de afluxo do sector sudoeste (Fig. 3b), e acréscimo da altura das vagas (Bouws et al., 1996).

O factor atmosférico, raramente ou mesmo nunca tomado em conta, é assim fundamental na variação do nível do mar. A pressão atmosférica (1 hPa corresponde a 1 cm) baixa o nível sob os AMP e sob as aglutinações anticiclónicas, mas permite uma elevação sob as depressões. Assim, por exemplo, a anomalia positiva do nível do mar do Pacifico equatorial revelado pelo Topex-Poséidon, ligada a uma anomalia positiva da temperatura durante os anos 1997-1998 (e subida imediata), resulta simplesmente do deslizamento para o sul do Equador meteorológico vertical (EMV). Esta translação manifesta-se em superfície por uma baixa de pressão sob os movimentos ascendentes do EMV. E por uma migração das águas quentes da Contra-Corrente-Equatorial em direcção ao Este (que compensa a translação para oeste da Corrente Norte-Equatorial e da Corrente Sul-Equatorial impulsionadas pelos alísios norte e sul).O aquecimento e a elevação do nível (deslocados para o Sul) acompanham todos os episódios do El Niño, donde a origem é aerológica (Leroux, 1996). Mas quem o sabe? Tanto mais que os acontecimentos do El Niño são geralmente considerados, sem razão, como as causas e responsáveis de calamidades através do mundo (mas sem provas). Sempre pela mesma razão: as análises estatísticas (climatologia diagnóstico) colocam em evidência covariações. Consideradas prematuramente como relações físicas causais à falta do esquema coerente de circulação geral. Mas estas análises não podem determinar o sentido real das relações e o lugar exacto do fenómeno incriminado na cadeia de processos, no início ou no fim. A intensidade das vagas (que se acrescentam também no Pacífico Norte; Allan et Komar, 2000), do movimento das águas do mar depois de uma tempestade, dos upwellings (fenómeno oceanográfico), das correntes superficiais, depende por outro lado das variações da circulação aérea. Uma estimativa das variações do nível do mar (Cf. Cabanes et al., 2002) tem assim pouco significado sem uma estimativa paralela das variações da pressão atmosférica e da circulação aérea das baixas camadas. Uma evolução do tempo com aquecimento, isto é, em direcção a um estado clemente, seria por outro lado uma perspectiva tranquilizadora para os litorais.

Por outro lado, antes de dramaticamente fazer "amortecer, deslocar", mesmo "desaparecer", o Gulf Stream, é necessário repor os fluxos aéreos e marítimos nos grandes "8" descritos em cada unidade de circulação das baixas camadas (Leroux, 1996). Deve-se recordar em particular que esta corrente é impulsionada para o Golfo do México pela circulação do alísio que transforma a Corrente das Canárias em Corrente Norte-Equatorial. A circulação do próprio alísio sai da aglutinação dos AMP (na AA dita dos Açores). O deslocamento dos AMP e a tensão sobre a água organizam os grandes movimentos oceânicos. Por consequência, para modificar o escoamento da água superficial oceânica, não é necessário (paradoxalmente) falta de ar! Intervêm ainda outros parâmetros (não tendo em conta factores tectónicos, sedimentológicos, hidrológicos, etc.). O nível 0, teórico, depende assim das águas variáveis da chuva (e das variações das extensões das zonas molhadas), da antecipação por evaporação, ou da retenção glaciar ou continental (terrenos gelados, águas subterrâneas, lagos, barragens, irrigação, etc.).

A ameaça da "subida do nível do mar", resumida nas duas formulações elementares recordadas anteriormente, repousa ainda sobre o “mais ou menos” e constitui portanto um argumento que, no essencial, cai por água abaixo.

O espantalho do aquecimento

Apresentar um hipotético aquecimento como um "apocalipse" (exercício choramingas no qual se distinguem os media) pode certamente fazer passar a mensagem anti-poluição. Mas isso constitui, no plano estritamente científico, uma mensagem errada e um péssimo espantalho. Esquecemo-nos que ainda há bem pouco tempo era o arrefecimento global que era apresentado como a pior (segundo eu, a justo título) perspectiva! E que dizer das reacções dos medias sobre o lançamento da angústia dos sem-abrigo durante as vagas de frio ou quando os automobilistas estão transformados em "náufragos da auto-estrada" no meio de nevões!

Pode-se fazer uma comparação com as condições registadas durante o óptimo climático eemien (OCE, há 120 000 BP – before present ) ou mais facilmente com as do óptimo climático holoceno (OCH, entre 8000 e 5000 BP), quando a temperatura global era de 2 ºC superior à actual. Assim, por exemplo, no OCH, o Saara estava cheio de lagos e de terras húmidas, com a parte desértica consideravelmente reduzida. As trocas transarianas intensas favoreceram o florescimento do Neolítico de tradição sudanesa. Esta situação prevaleceu, numa menor escala, durante todos os períodos quentes ulteriores, nomeadamente durante o óptimo climático medieval. Neste período assistiu-se ao progresso dos impérios sudaneses. Durante o óptimo climático contemporâneo, dos anos 1930-1960, quando as chuvas subsarianas eram superiores às actuais, assistiu-se à subida dos criadores nómadas sahelianos em direcção ao Norte. Esta migração tornou mais dramático o deslocamento ulterior para o Sul durante a desfavorável pluviometria recente, desde os anos 70, "seca" prolongada que se estende para o Sul, para além do domínio saheliano. Esta extensão oferece ela própria um nítido desmentido ao cenário do aquecimento global, como mostra a situação durante o Último Máximo Glacial, entre 18 e 15 mil anos BP. Então o deserto do Saara estendia-se a mais de 1000 quilómetros para Sul em relação à situação actual. O deslocamento recente das estruturas pluviométricas e das isoietas (linhas de igual precipitação) progrediu (de maneira relativa) aproximadamente 200 km em direcção ao Sul do Saara.

Não é absolutamente certo que as conclusões sejam catastrofistas, muito longe disso. É evidente, com efeito, que poderíamos também encontrar, numa situação de aquecimento (se tal viesse verdadeiramente a produzir-se), múltiplas vantagens: um maior conforto nas regiões actualmente frias, uma diminuição dos gastos em aquecimento, uma maior clemência e regularidade do tempo (como foi descrito anteriormente), menos tempestades e ventos fortes, uma frequência menor das vagas de frio severo (e dos gelos tardios, cf. a seguir), uma extensão de terras aráveis ganhas ao mesmo tempo ao frio (alongamento do ciclo vegetativo, diminuição do gelo superficial e entranhado no solo, etc.). As vantagens estendiam-se à menor aridez (amplificação das circulações das monções e aumento das chuvas tropicais marginais, nomeadamente subsarianas ou indianas). Mas, para julgar a pertinência do cenário catastrófico, é necessário fazer apelo simultâneo aos conhecimentos dos paleoclimatologistas, dos mecanismos das variações climáticas a todas as escalas de tempo e da distribuição dos climas, cultura climatológica que não é forçosamente extensiva aos conhecimentos dos “experts auto proclamados”.

Alterações climáticas e alarmismo

Do mesmo modo, a abundante e "impressionante" literatura pseudo-científica produzida pelo Grupo II do IPCC repousa apenas numa hipótese com valor de postulado. Um simples "se": "se a temperatura aumenta, pode-se imaginar que…" A imaginação é preferencial ou unicamente dirigida para um resultado: "…sucedem catástrofes". Aquele grupo está encarregado de avaliar os impactos eventuais do aquecimento presumido. Isto é, de "simulações trabalhosas" que consistem em "imaginar o máximo de prejuízos […] para meter medo a toda a gente" (Lenoir, 2001). Estas ficções-elucubrações são entretanto consideradas sem-razão como se fossem previsões. Os media reproduzem-nas sem nuances. Aliás, seria escusado já que a catástrofe como o sensacionalismo fazem vender papel. Mas, o que é mais grave, também são repetidas sem vergonha pelos "cientistas". Assim, por exemplo, Le Treut et Jancovici (2001) – o segundo apresenta-se como "engenheiro-climatólogo" (sic) de geração tão recente quanto artificial – reúnem numa centena de páginas uma densidade notável de banalidades, lapalissadas, ninharias e "lágrimas de crocodilo" (Cf. a citação liminar seguinte) que amplificam o alarmismo do IPCC.

Vejam-se alguns extractos do escrito desses "cientistas":

* "A modelação permitiu traçar um feixe de futuros possíveis onde o clima parece inevitavelmente que vai mudar." (p. 45). Que truísmo! Que faz o clima há milhares de anos?
* "Uma alteração climática corresponderá justamente a uma desregulação das flutuações naturais […]" (p. 54). La Palice teria dito melhor? Qual será de facto a definição de uma "flutuação natural"? E qual é a diferença entre "flutuação" e "alteração", nomeadamente, "natural"?
* "[…]A possibilidade da fusão dos gelos polares é praticamente nula até 2100. […] Mas para lá de 2100?" (p.52). Na falta de uma catástrofe "imediata", deve-se projectar para além da Saint-Glinglin. Porque "uma fusão parcial do Antárctico teria consequências fenomenais e irreversíveis." (p. 52). Brrr! E "a elevação dos oceanos ameaçará também a existência de certas ilhas." É a síndrome maldiviana. Não se percebe, visto que antes se dissera que a "elevação" era considerada "praticamente nula" (p.52) e até "impossível" (p. 56).
* "Um eventual aumento da variabilidade […] pode afectar as temperaturas (aumento dos gelos tardios da Primavera, etc." (p. 59). Um "gelo" como um risco natural num cenário de aquecimento!
* "Como preservar a nossa saúde se não dispusermos de alimentos em quantidade suficiente, se os produtos tóxicos se disseminam ou se um stress intenso desenvolve o consumo de drogas e de álcool?" (p.61) E se…e se… é evidentemente terrificante, mas esta tagarelice (que ultrapassa as tertúlias) é grotesca!
* "Um aumento da mortalidade, consequência possível de um aumento das temperaturas" (p. 61) também é possível imaginar. Esquece-se que a mortalidade associada ao frio é de longe a mais frequente? Provavelmente como este desaparece, a mortalidade vai diminuir!
* "Um deslocamento para Norte e em altitude das zonas endémicas do paludismo" (p. 62) é de recear. Devido aos "miasmas dos pântanos" como se sabe. Ninguém ignora que este mal era endémico há pouco tempo em França, na Sologne ou nas Landes. Foram arborizadas para erradicar o flagelo. Mais recentemente no Languedoc e na Camargue a malária estava erradicada. Tão pouco nas planícies do Pó ou nos Marrais Pontins, nem sequer na Lapónia ou no Quebeque, existe infestação de mosquitos!
* "O aumento de outras doenças transmitidas por insectos" (p. 62) é outra terrível doença também imaginada por esta gente. Quando será que a mosca tsé-tsé invadirá os prados normandos transformados em savanas (recheadas de macieiras, bem entendido)?

Quem pode acreditar em tais idiotices? Elas são contudo reproduzidas muitas vezes sem qualquer discernimento. A Sociedade Francesa de Meteorologia julga entretanto que esta literatura de cordel é uma " excelente síntese sobre as alterações climáticas " (Javelle, La Météorologie, nº 36, 2002, p. 74). Quem diria! Felizmente que os autores tomam a cautela de precisar, sem escrúpulos e sem sombra de dúvida, a qualidade das suas especializações. "A credibilidade do diagnóstico da comunidade científica é um ponto essencial" (p. 102)!

6. Os abusos da meteorologia-climatologia

O discurso das alterações climáticas não é convincente. É mesmo incoerente. Poluição e clima abusivamente ligados devem ser dissociados. A poluição é preocupante e deve ser tratada separadamente pelos especialistas destes problemas. O clima deve ser tratado pelos climatologistas. É evidente. Não está provada a ligação do clima com a poluição. Salvo à escala das cidades. Cada disciplina tem o seu próprio domínio de competência. Mesmo neste existe muito a fazer. A mistura dos dois domínios diminui a eficácia de resolução dos problemas respectivos. Em climatologia, o imperialismo dos modelos deve ser questionado em particular.

O imperialismo dos modelos

As previsões-predições dos modelos são consideradas, injustificadamente, como o fruto idealizado de uma ciência meteorológica acabada. Todavia, eles só podem impressionar favoravelmente aqueles que não são climatologistas avisados. Estes supõem resolvida a modelação dos fenómenos meteorológicos e perfeitamente conhecidos os esquema da circulação geral. Isso está muito longe de acontecer. Com efeito, estas previsões são sobretudo aproximações. São simplificações exageradas, são incoerências e contradições de uma disciplina meteorológica em crise de conceitos. Está prisioneira dos seus velhos dogmas e tem necessidade de confessar o que ela não é capaz de explicar. A polarização do efeito de estufa antropogénico feita nos modelos oculta os outros factores possíveis de modificações climáticas: o vapor de água, a nebulosidade, a falta de homogeneidade atmosférica, a actividade solar, o vulcanismo, a urbanização, os parâmetros orbitais, os raios cósmicos, etc. Sobretudo a dinâmica das trocas meridionais (Leroux, 1996). Todos estes parâmetros não são tidos em conta nos modelos.

G. Dady ajuíza a propósito da modelação que "a deriva redutora […] é não somente perigosa porque ela interpreta mal a realidade mas, além disso, é totalitária". (in Le Monde, 24 de Fevereiro de 1995). A modelação impõe o seu "totalitarismo científico":

* Sobre a climatologia, donde os estudos ditos diagnósticos estabelecem invariavelmente "teleligações" ou correlações estatísticas. Isto é, na realidade são covariações. Sem nunca demonstrar os eventuais laços de causalidade entre os parâmetros analisados. Pode-se muito facilmente "estabelecer relações longínquas". Por exemplo, entre as temperaturas marítimas da superfície do Atlântico Norte e as precipitações saharianas. Mesmo que, por motivo das trajectórias dos alísios marítimos, o potencial precipitável desta parte do Atlântico tenha ínfimas chances de ser enviado para África por advecção. É possível deste modo estabelecer relações estatísticas muito longínquas entre o ENSO (El Niño Southern Oscillation) e as precipitações à escala global…mesmo que os fenómenos considerados obedeçam a factores totalmente diferentes. Estão afastados por milhares de quilómetros e pertencem a unidades de circulação específicas. Unidades separadas por barreiras montanhosas imponentes que interditam qualquer comunicação entre si realizadas nas baixas camadas. Estas análises não servem para grande coisa. Não fazem progredir um milímetro a compreensão das perturbações e dos processos pluviogénicos (cujos mecanismos reais são sempre ignorados pelos modelos). Recordemos por outro lado que os modelos são incapazes de precisar o sentido da causalidade das relações supostas devido à falta de um esquema de circulação geral. A interpretação pode então, indiferentemente, de acordo com as necessidades, a fantasia ou o maior dos bambúrrios, tomar o efeito pela causa. É o caso do El Niño considerado como um factor fundamental ainda que se encontre no fim da cadeia dos processos. Mas o essencial não é que os resultados sejam …"estatisticamente significativos"!
* Sobre a meteorologia, em particular no domínio das previsões, onde os modelos são incapazes de prever o tempo para lá de 2-3 dias. Para além de 3 dias, a taxa de confiança não é superior a 3 em 5 ou 2 em 5, isto é, uma hipótese em duas, o que não constitui uma previsão! Os modelos não podem sequer prever o tempo do próximo mês, nem sequer do próximo Verão. Quanto mais num prazo mais alargado. E são sempre os mesmos modelos: "Simulamos o clima com os mesmos modelos que são utilizados para prever o tempo." (Rochas et Javelle, 1993). Os modelos não previram e não explicaram nem as inundações de Aude de Novembro de 1999, nem as tempestades de Dezembro de 1999, nem as inundações de Gard de Setembro de 2002, nem a neve de Janeiro de 2003, etc., etc. Os modelos não são capazes de reconstituir a evolução do clima do século que acabou recentemente. E há quem tenha a pretensão de prever o clima que existirá dentro de um século! É isto verdadeiramente sério? Quando os modelos prevêem o clima de 2100, não se deve esquecer as reservas emitidas pelos próprios modeladores: "As incertezas ainda são muito elevadas […] as mudanças associadas às diferentes parametrizações são da mesma ordem de grandeza que os erros do modelo". (Beniston et al., 1997). Assim "sem dúvida, a acumulação destes factores de incerteza torna ilusória, de momento, a predição detalhada de uma evolução do clima futuro." (Le Treut, 1997).

Os modeladores, que estão na origem do "cenário do aquecimento global", devem pois cessar de acreditar neles próprios (não esquecendo as suas reservas confessadas). Sobretudo, os modeladores devem deixar de enganar aqueles que não dominam a climatologia nem estão em condições de julgar os modelos ao estarem a informar que dispõem realmente de "modelos" no sentido próprio do termo. Talvez assim se atenuasse esta forma de ditadura, do IPCC, sobre a climatologia em França.

A situação da climatologia em França

Qual é o estado do debate sobre o efeito de estufa antropogénico e, mais geralmente, sobre a climatologia em França?

* O director da Météo-France tomou partido pelo aquecimento global. Aparentemente sem razão científica porque, sem por em causa os seus méritos administrativos, ele não possui formação adequada. Fê-lo, mais ou menos por duas razões evidentes. Primeiro para defesa da sua instituição que recebe deste modo créditos em abundância (para manter o funcionamento vão dos tera-flops – meios caríssimos sem resultados palpáveis – e o fantasma dos supercomputadores dos quais espera sempre o milagre que tarda a chegar). Depois porque tem a ambição de vir a ser secretário-geral da Organização Mundial de Meteorologia. Compreende-se também a análise que faz Rochas (inspector geral da meteorologia) na La Météorologie, revista da Sociedade de Meteorologia de França (nº 38, 2002, pp. 68-69), da obra de Lenoir (2001): "A posição em que se coloca Yves Lenoir é difícil de manter […] porque defende uma posição oposta à da ideologia (sic) dominante." Ideologia! Pode-se imaginar uma afirmação mais ingénua do lyssenkismo (do charlatão russo Lyssenko) que reina na instituição francesa?
* O presidente do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) lançou-se desde a sua nomeação em conferências sobre as alterações climáticas. Mostrou imediatamente que ele é um especialista incontestado da camada do ozono mas não da climatologia. O CNRS seria transformado num centro da solução encontrada, ou imposta, para resolver o problema? A atribuição da Medalha de Ouro do CNRS a dois eminentes químicos glaciologistas (C. Lorius e J. Jouzel) é sintomática deste estado de espírito. Estes teriam evidenciado a covariação de parâmetros climáticos no decurso dos quatro últimos ciclos glaciários. Esta medalha, amplamente merecida pelos resultados absolutamente notáveis em paleoclimatologia, que validam sem ambiguidade as teorias de Milankovitch, foi atribuída "por ter posto em evidência a ligação entre o teor de gases com efeito de estufa na atmosfera e a evolução do clima". Esta "ligação" é falsa (Cf. o segundo parágrafo do número 2 anterior) …mas este "desvio fraudulento" é redutor, é uma mentira. Mas é o pão-nosso de cada dia (veja-se os trabalhos do SIAM- Scenarios, Impacts and Adaptation Measures, em Portugal)!
* A Comissão interministerial do efeito de estufa (que se deveria antes chamar de controlo da poluição já que corresponderia melhor à sua vocação) só pode com um tal nome defender (sem estado de alma) a "bíblia" do IPCC. A sua presidente, cujo nome não pertence à bibliografia dos especialistas na matéria, só pode considerar B. Lomborg ( The Skeptical Environmentalist, 2002) como um perigoso "negativista"! (Nouvel Observateur, 2 de Outubro de 2002, p.22). E por que não herético ou mesmo terrorista?
* A Comissão francesa para o desenvolvimento sustentável realizou em Fevereiro de 2002 uma Conferência dos Cidadãos. Realizou-se na Cidade das Ciências. O objectivo era "formar profanos da maneira mais objectiva e completa possível". Este alvo não deixa qualquer dúvida – dúvida que é salutar em ciência. A Comissão pôde assim tranquilamente emitir a sua propaganda para um público ignorante. A plateia considerava-se sem dúvida lisonjeada por ter sido "eleita". (Eleita como a maioria dos delegados do IPCC, através de um processo semelhante, embora noutra escala). Qual pode ter sido a utilidade de uma tal hipocrisia? Seria possível imaginar um sítio mais impróprio?
* A delegação francesa do IPCC (qual é o procedimento de selecção?) não tem qualquer climatologista reconhecido. Isto é, observador atento da realidade meteorológica. M. Petit, engenheiro de telecomunicações, inicialmente membro do Grupo II do IPCC (Cf. atrás), declarou a propósito das inundações no Somme durante o Inverno e a Primavera de 200-2001: "Nada permite dizer que as inundações […] foram devidas ao efeito de estufa […] mas pode-se dizer que estas chuvas fortes são exactamente o género de acontecimentos que os modelos prevêem como mais frequentes no decorrer deste século". (É inexacto, os modelos são incapazes de fornecer uma previsão do género!) E acrescentou: "[…] mas atenção, isso não significa que haverá inundações todos os anos. Não, também conheceremos anos secos". (Le Monde, 19 de Abril de 2001) Caricatural! A vacuidade de uma tal opinião não provém de um climatologista. Mas M. Petit tem uma escapatória: fervoroso praticante da teleclima, nunca publicou nada sobre esta matéria. Esta lacuna não impediu de ser nomeado (por mérito não duvidoso) presidente da Sociedade de Meteorologia de França. Nem o milagre de ter ascendido recentemente ao Grupo I do IPCC. Claro, dentro da orgânica do IPCC, este é o grupo…científico! É assim que se designa um "especialista de climatologia"! Pode-se facilmente imaginar o nível da especialização!
* A Academia das Ciências, na sua última grande missa de Outubro de 2002, convocou o areópago dos fiéis. Mas não convocou sobretudo elementos perturbadores que poderiam estragar uma tão bela festa. A perturbação poderia acontecer precisamente na primeira sessão. Esta era consagrada à "credibilidade dos modelos climáticos" (os próprios alicerces do baralho de cartas). Seriam apresentados pontos embaraçosos como os evocados anteriormente. Relativos ao modo de predição da temperatura, da chuva, e do tempo. Ou então, poderiam ser apresentadas reservas quanto à incapacidade estrutural dos modelos para tratar a matéria em causa. As comunicações académicas, já utilizadas nos precedentes ofícios, ficaram novamente prontas para o próximo sínodo!
* Em Julho de 2002, a Assembleia Nacional francesa aprovou o relatório da comissão parlamentar para a ciência e tecnologia. Na preparação do relatório, o relator (um senador desconhecido da bibliografia climatológica) entrevistou 89 pessoas (Cf. pp.255-261 do relatório). Todas bem-pensantes. Nem ao menos as aparências foram salvaguardadas. Não foi ouvido um único "céptico". Seria honestamente obrigatório não esquecer outras vozes. Mas foi assim que, perante um delito de não-assistência à climatologia em perigo, se definiu uma "prioridade nacional" (para a ciência e tecnologia)!
* Que dizer da geoclimatologia? Os geógrafos-climatólogos, normalmente preocupados com a evolução do ambiente e teoricamente bem colocados para analisar o tema, são particularmente discretos no debate, e/ou são afastados (sem resistência), e alinham na sua grande maioria sob a doutrina oficial.

"França, mãe das artes…"! A situação em França é aflitiva, sobretudo indigna da vocação de certas instituições e particularmente aferrolhada. Tenho experiência disso (felicitando-me de não pertencer à classe dos psitacídeos):
- Conferências anunciadas a pedido e depois desmarcadas sem explicação; por exemplo, pelo CNRS, em 21 de Junho de 2000, na Cidade das Ciências, porque tinha lá ido, por convite, anteriormente, apresentar em 7 de Junho uma primeira conferência contra-a-corrente dos slogans oficiais (o que provocou uma "desordem"!);
- Projectos de investigação afastados por razões obscuras (porque o projecto incomoda, não consola e não tem os sacramentos necessários?);
- Artigos pedidos e depois recusados para publicação sem explicação coerente (ausência de palavras-chave adequadas?): não há lugar para os heréticos, é necessário recitar cânticos;
É bem certo que este debate (ou mais seguramente nesta ausência de debate!) se afastou desde há muito tempo do domínio, stricto sensu, da ciência objectiva e desinteressada. No essencial tornou-se numa repetição servil, como leitmotiv, do catecismo do IPCC. Esta sigla transformou-se na tradução do "Inventário do Psitacismo Politicamente Correcto". Politicamente pode ser, mas "correcto" não certamente no plano científico.

O "matraquear" mediático

Os media, nem todos felizmente, perderam todo o bom senso e toda a lucidez (a menos que?). Caíram num tal painel para contribuir (gratuitamente?) no reforço desta situação de cegueira e bloqueamento?

Durante a vaga de frio da primeira quinzena de Dezembro de 2002 reinou pudicamente o silêncio sobre as ondas… Mas durante a vaga de "calor" (tudo é relativo) do fim do ano de 2002, ou durante a reunião do IPCC, em Paris, de 19 de Fevereiro de 2003 reapareceram instantaneamente, entre outras, as parangonas e as pilhérias:

* A curva terrificante da temperatura "global", contudo sem valor climático (fala-se agora de um aumento de 10 ºC! Para quando as chamas do inferno?);
* A eterna imagem (sempre a mesma) de um bloco de gelo mergulhando no mar (só faltava na imagem a angústia do urso branco!)…;
* As entrevistas das "estrelas bondosas", dos especialistas incontornáveis, como o inevitável M. Petit, famoso "climatólogo" que debita mecanicamente, quase ao milésimo, os versículos do press-book do IPCC!

É necessário "recuperar tudo", de uma maneira ou de outra. Muita vezes ingenuamente e de raspão. Numa cadeia de televisão pública os contrastes de temperatura do Canadá foram considerados como um sinal da "desregulação do clima". No entanto, é proverbial para os canadianos sublinhar que "o Inverno e o Verão podem suceder num mesmo dia"! Esquece-se, ao mesmo tempo – muito bizarramente – de evocar as descidas do frio na América do Norte, na Europa central (Polónia e Roménia), até na Turquia, no Mediterrâneo e na Ásia oriental... Quando se observam as reacções, dolorosas e justificadas, a estas vagas de frio logo que elas se produzem em França, onde não atingem contudo a mesma severidade que nas regiões precedentes, pergunta-se por que razão "a opinião pública" (será ela condicionada?) fica tão assustada como na perspectiva de uma "vaga de calor" …

A dúvida não é verdadeiramente permitida: não se trata de informação, objectiva e documentada, mas de propaganda descarada (oficial e organizada?). Torna-se necessário dramatizar, como se se tratasse de cumprir um contrato publicitário, de promover um vulgar detergente (para lavagem ao cérebro). Como nos melhores dias de uma agência de comunicação social… Mas não há ninguém para fazer notar, durante um episódio "quente", que a exportação de frio a partir do pólo (com os AMP) deve – obrigatoriamente – ser acompanhado pelos retornos de ar quente. Este ar vem do Sul em direcção ao pólo donde partiu o ar frio. As trajectórias destas trocas meridionais obedecem a esquemas médios (Cf. Fig. 3) e conhecem variações em intensidade e em comprimento. No momento em que a Europa ocidental, então situada num corredor depressionário, enquadrado por duas aglutinações anticiclónicas, regista uma vaga de "calor", de humidade e de pluviosidade com advecções do vento Sul, a América e a Europa central, separada ou simultaneamente, sofrem vagas de frio intenso. É impossível, seria uma grande banalidade, mas é necessário recordar, que faça ao mesmo tempo frio e calor em toda a parte … Mas é verdade que os orelhudos têm uma limitação considerável da visão panorâmica!

Quando se processará o grande debate: científico, público, honesto, necessário e salutar?

As prioridades da climatologia

A utilização da climatologia no debate sobre a poluição dá uma péssima ideia da própria climatologia. A parte saliente da disciplina, isto é, aquela que é utilizada nos modelos e propagada pelos não-especialistas e os media, é superficial. Muito simples, esquematizada ao extremo, até caricatural. De qualidade medíocre: uma climatologia-popularucha! É surpreendente que cientistas participem nesta mediocridade e se comportem (involuntariamente?) como bruxos. Fazer previsões inverificáveis para 2100 é inútil e extremamente custoso. Mas apresenta-se sem o menor risco (o prazo é tão longínquo!). No entanto, existem tantas coisas a realizar no curto prazo que ocupariam os especialistas com coisas sérias. Os riscos são maiores, e é necessário ousar – e/ou desejar/poder – sair dos carris da rotina e da auto-satisfação!

Os modelos não estão "au point", e não hão-de estar, enquanto permanecer "este bloqueamento intelectual, universal em meteorologia, que impede actualmente a investigação de avançar." (G. Dady, Le Monde, 24 de Fevereiro de 1995). Os modelos informáticos não conseguem ultrapassar os esquemas erróneos da circulação geral como o esquema tricelular. Isto é, não integram os mecanismos reais da circulação geral e da dinâmica do tempo. Estes problemas fundamentais não estão resolvidos pela comunidade meteorológica. Basta consultar a última obra da Ecole Nationale de Météorologie (Cours et Manuels, nº 14, de Le Vourc'h, Fons et Le Stum, 2001). Constitui o actual corpo de doutrina do ensino para os alunos de engenharia da Météo-France. Lá permanece a ambiguidade citada. No capítulo 9, intitulado "La circulation générale" (pp. 78-94), o único esquema de circulação (figura 9.7, p. 83) não é tirado da literatura clássica. Foi directamente copiado de…Leroux (1983, 1996, 2000) mas sem citação e sem referência da origem (indelicadeza que não deverá permanecer pois será resolvida por outra vias)! Este modelo de circulação geral é actualmente o único que integra a circulação atmosférica e as perturbações. É o único que se aplica em todas as escalas temporais e do espaço (donde o interesse evidente de ser apropriado às escondidas). Fundamenta-se expressamente no conceito dos anticiclones móveis polares (AMP). Os AMP são o motor das trocas meridionais do ar e da energia. Contudo, os AMP são "oficialmente" (mas sem declaração oficial!) rejeitados pela instituição meteorológica que foi " coberta por uma capa glacial […] desde que a questão dos AMP foi colocada " (Labasse, Foechterlé, 1999). Jamais foi escrito qualquer artigo com argumentos para refutar este conceito de AMP. Na opinião de Rochas, produzida em La Météorologie (nº 38, 202, pp.68-69), que consagra apenas algumas linhas aos AMP, estes são, segundo ele, "des petites bêtes que nascem nas regiões polares […]" e que "no decurso da sua migração expulsam (a sexualidade não tem nada a ver com isso) as depressões" (sic). Eis o nível de argumentação "científica"! Incrível! Sobretudo quando se considera que é a opinião de um inspector-geral da meteorologia, presidente da comissão de redacção da La Météorologie, revista editada pela Sociedade de Meteorologia de França e apadrinhada pelo CNRS! Uma questão climatológica importante é a de perceber a evolução do tempo no último século. Nomeadamente, a de precisar e explicar o que se passou exactamente nos anos 70 para provocar a viragem climática do hemisfério Norte. Mas outras se colocam. A tendência actual provocada pelo arrefecimento do Árctico ocidental, cujas causas profundas se ignoram, vai prosseguir com a mesma intensidade? Ou, pelo contrário, vai-se atenuar ou mesmo inverter? Deve-se esperar uma regularidade e uma clemência do tempo (cenário "quente": circulação geral lenta)? Ou pelo contrário espera-se uma irregularidade e uma violência acrescida (cenário "frio": circulação rápida)? Assim, por exemplo, as velocidades do vento superiores a 140 km/h do dia 26 de Outubro de 2002 no norte da França (e mais elevadas ainda nas ilhas britânicas), confirmam a extensão para o Sul da zona tempestuosa do Mar do Norte (Cf. atrás, figura 4 com ONA positivo)? A evolução da pluviosidade, que provocou inundações repetidas no Inverno, na Bretanha, e no Outono, no sul e no vale do Ródano, vai também continuar a modificar o regime das quedas de neve nas montanhas (onde em pleno Inverno se conhece haver um défice de neve frequente)? A Primavera e o Outono vão aparecer molhados e com neve? Como gerir os riscos naturais de origem climática e, nomeadamente, como tomar, a curto e médio prazo, medidas realistas de manutenção e prevenção, sem conhecer a resposta a esta questões fundamentais?

Fenómenos extremos em França

Uma outra prioridade mais imediata diz respeito, em França, ao conhecimento e à previsão dos fenómenos meteorológicos intensos, ou mesmo extremos, e a eficácia resultante dos procedimentos de alerta. Um procedimento de alerta-meteo deve fornecer aos responsáveis o estado "do tempo" antecipando os acontecimentos e as suas eventuais consequências. A apreciação correcta da intensidade dos fenómenos deve permitir a tomada exacta das medidas e das disposições a pôr em acção. Uma previsão que anuncia apenas "chuvas" ou "quedas de neve", sem estimar a sua importância, não merece verdadeiramente a qualificação de previsão. Sobretudo, evidentemente, quando uma previsão-alerta é lançada depois de o fenómeno já se ter desencadeado. Em vez de se antecipar, fica-se obrigado a "correr à pressa" em direcção ao acontecimento. É o que Météo-France faz no seu sítio web chamado " refazer em tempo real uma previsão" (sic). Este procedimento não é mais do que o nivel da descrição, a posteriori ! Assim, cada acontecimento dramático conduz às mesmas reflexões e aos mesmos votos piedosos. Mas completamente ineficazes. Nenhuma das catástrofes (na Grand-Bornand, em Nîmes, em Vaison-la-Romaine, nos Aude ou nos Pirenéus-Orientais, ou as tempestades de Dezembro de 1999, etc.) foi verdadeiramente prevista no sentido próprio do termo. Após cada tragédia é repetida a sempiterna questão: " Será que tudo foi feito, em todos os domínios, para evitar tais dramas?" (Leroux, 1993, 2000).

Observou-se de novo com as chuvas torrenciais do Gard em 7 e 8 de Setembro de 2002. As chuvas foram previstas com 24 horas de avanço, o que é banal. Sob todos os pontos de vista. Mas estas "chuvas" ultrapassaram largamente, de muito longe, o nível anunciado. O alerta laranja só foi desencadeado 12 horas antes. E o alerta vermelho só quando o dilúvio já tinha começado! Contudo, prever o "mau tempo" com um prazo de 24 horas, sobretudo quando se pretende fazer uma previsão de 7 dias, está longe de constituir uma façanha quando se dispõe da panóplia dos meios actuais, nomeadamente dos satélites. As explicações fornecidas aos media pelo "director da previsão" de Toulouse imediatamente após o dilúvio sobre o Gard revelaram uma profunda e estranha dicotomia (ou desconexão) entre os argumentos avançados e as previsões dos modelos. Assim, estas chuvas diluvianas seriam devidas "à diferença de temperatura entre o continente e o mar […] o continente arrefeceu nesta estação do ano mais rapidamente que o mar" ! Esta "explicação" de escala local (absolutamente inapropriada) foi várias vezes repetida pelos media. É fisicamente absurda. Uma tal oposição (devido ao mecanismo da brisa de terra, que corresponde ao esquema térmico e que sopra para o mar) impediria a advecção (transporte na horizontal) do potencial precipitável mediterrânico para o interior. Tornaria a chuva impossível! Ao mesmo tempo foi possível ler no sítio web da Météo-France (8-9 de Setembro de 2002, "orages") que "outros factores de grande escala intervêm e podem no limite das possibilidades actuais dos modelos informáticos de previsão contribuir para antecipar estes acontecimentos". Mas não se precisava quais eram os "outros factores".

Tomaram-se de novo rapidamente na medida das "possibilidades actuais" de antecipação dos modelos, quatro dias mais tarde, a 12 de Setembro, quando Météo-France lançou um novo alerta, totalmente inútil, porque seria suficiente anunciar … chuva e mau tempo! “Falar para o boneco”, simplesmente por precaução (depois do "falhanço", para encobrir), não é previsão. Isso não vale nada.

Que dizer ainda das quedas de neve do Sábado 4 e do Domingo 5 de Janeiro de 2003 sobre um quarto do nordeste da França? O sítio web da Météo-France afirma, sem vergonha, que tudo havia sido "previsto 3 dias antes"! Bravo, mas o alerta não foi dado senão no Sábado às 12h30m… e recebido às 14h00 pelos serviços responsáveis. Isto é, quando tudo estava já bloqueado – estradas, aeroporto, automobilistas e passageiros. Que soberbo motivo de auto-satisfação! As numerosas declarações dos responsáveis da Météo-France aos media tentaram dar respostas (i.é., desculpas) a este novo falhanço:

* "O frio chegou mais depressa do que pensávamos". Era no entanto possível, graças aos satélites e às cartas sinópticas, seguir a "descida" do ar frio árctico afastando para o Sul uma frente fria. Situava-se sobre a Islândia às zero horas do dia 1 de Janeiro, sobre a Escócia no dia 2 às zero horas, sobre a Inglaterra no dia 3 às zero horas, sobre o norte da França no dia 4 às zero horas. Frente fria que se estendia à Bretanha e à Alemanha, e mesmo para lá. Para um fenómeno de tão " pequena escala " (Cf. sítio Météo-France), foi um pensamento demasiado lento!
* "Os nossos três modelos informáticos de previsão estavam em desacordo". Eis que foi encontrado o "culpado" do falhanço. Para o director do Météo-France a culpa foi do modelo! Mas atenção, não se pode tratar de um erro de um modelo francês porque "nós confiámos no modelo europeu" …Por que razão será ele fiável?

Todavia, nada é dito sobre as capacidades de previsão informática. A imperícia é contudo flagrante e reconhecida pelos próprios utilizadores. Então não disseram que havia um "desacordo"? Note-se que o falhanço não foi de um modelo. Eram três!...E, como habitualmente, após cada fenómeno extremo, tal como acontece às numerosas vítimas, há mais de um decénio, a conclusão é sempre a mesma. Isto é, não há mais nada a fazer… do que persistir no erro e esperar pela chegada na nova super-máquina mágica. É necessário passar um cheque em branco, pois esta máquina realizará (não haja a menor dúvida, como já foi dito várias vezes anteriormente) o milagre tão desejado que tarda a acontecer. Isso deixa ainda uma margem de tempo longo com a possibilidade de "êxito!". Permanece toda a imunidade-impunidade perante novos falhanços. Mas é confortável pertencer a um organismo como a Météo-France que é ao mesmo tempo juiz e culpado! Desta vez, os falhanços foram fixados para até 2008… Paciência!

As falhas repetidas mostram, uma vez mais, que a dinâmica dos acontecimentos meteorológicos está longe de ser conhecida, ou reconhecida, como mostra a (in)-experiência Fastex.

A "(in)-experiência" Fastex

Um (não)-acontecimento meteorológico, geralmente ignorado do grande público, merece ser aqui referido. A experiência Fastex (Fronts and Atlantic Storms Track Experiment) foi realizada sobre o Atlântico Norte, por iniciativa da Météo-France, em Fevereiro de 1997. Tinha por finalidade " observar o conjunto do ciclo de evolução de uma tempestade e determinar os mecanismos que contribuem para a sua formação " (in La Météorologie, nº 16, 1996, p. 42). O objectivo fixado para esta operação produziu um grande ruído e custou imenso dinheiro. Pretendia-se mostrar o desencadear das tempestades através de "um turbilhão situado a dez quilómetros de altitude, longe do solo", chamado precursor. Dito de outra maneira, desejava-se provar que a pretendida "nova teoria" proposta pelo CNRM- Centre National de la Recherche Météorologique (Joly, 1995; Thillet J.J., Joly A., 1995) era verificada. Esta hipótese considera nomeadamente que o mau tempo é "o fruto do acaso e da oportunidade" (Joly, 1995). Imediatamente critiquei esta "teoria", principalmente retirada a Farrel (1994), ao sublinhar que ela só era original no nome visto que não apresentava rigorosamente nada de novo (Leroux, 1996). Em Novembro de 1997, Arbogast e Joly do CNRM apressaram-se a apresentar um procedimento de urgência à Academia das Ciências com a conclusão fundamental do Fastex. Mas esta conclusão estava em desacordo total com o que era esperado. De facto, concluíram pelo "papel inesperado de um precursor confinado às baixas camadas" e não às altas!

Fastex é assim (ou poderia ser), no sentido próprio, um acontecimento científico! Com efeito, cinquenta anos de hesitação e de inércia podem ser balizados porque a origem da depressão inicial procurada há mais de um século foi enfim "encontrada":
1. O conceito da escola norueguesa dos anos 20, julgado ultrapassado mas "que tem a vida dura" (Joly, 1995) foi rejeitado (ao menos de modo formal).
2. O conceito da escola dinamarquesa dos anos 40 que concede a prioridade absoluta aos fenómenos de altitude foi igualmente rejeitado. Pretendia-se que este conceito revisitado pela falsa "nova teoria" (Joly, 1995; Leroux, 1996) fosse corroborado pela experiência Fastex. Não havia a menor dúvida antes do início da experiência. Mas a conclusão saiu furada…
3. O motor que desencadeia as tempestades do Atlântico Norte foi enfim "descoberto". Está situado nas baixas camadas. É, sem ambiguidade, segundo as palavras de Arbogast e Joly, "o verdadeiro desencadeador" (1997, p.230).

Mas, infelizmente para a Météo-France, "o verdadeiro desencadeador" é, nem mais nem menos, um anticiclone móvel polar (AMP)!

Como o mostram muito claramente as cartas sinópticas de superfície do Environnement Canada, a "nova depressão" (i.é., o famoso precursor ), situada entre dois anticiclones móveis polares de 1038 hPa e 1024 hPa, deve a sua existência, a sua baixa pressão cavada e a sua mobilidade a dois centros de alta pressão que se situam sobre a América do Norte em direcção ao Atlântico (Leroux, 2000, p.112). Isto é intolerável! CQNFSPD: C'est ce Qu'il Ne Fallait Surtout Pas Démontrer ! Primeiro porque o dogma, centenário e incontornável, não autoriza como referência se não uma "depressão"! E sobretudo porque os verdadeiros responsáveis – os anticiclones móveis polares – são inumeráveis. Para esses senhores, eles não podem existir, eles não podem (e não devem) absolutamente ser reconhecidos. Mas eles são seres verdadeiros. São os AMP. Como titulava a revista Science et Avenir (nº 979, 199), é precisamente "A teoria que mete medo à Météo-France"! De facto, é mais do que medo. É pavor! Os autores preferem então escrever verdadeiramente, e peso as minhas palavras, não importa como:

* Primeiro, inventar "a depressão dos Grandes Lagos", uma depressão desconhecida e de origem indeterminada, que aparece ex nihilo mas … que poderia também ser um "velho sistema depressionário" sobrevivente!
* Depois, atribuir a esta depressão (talvez sobrevivente, sabe-se lá) um "papel crucial", que não é precisado, ou então que "pela sua presença, a depressão dos Grandes lagos induz logicamente uma circulação ciclónica em baixas camadas […]"! É possível fazer melhor em termos de geração espontânea e de lapalissada?
* Mas tudo é móvel e afastado dos Grandes Lagos, é preciso ainda considerar que é "a acção à distância deste sistema de baixas camadas que…". Que significa "acção à distância"? A fórmula é mágica mas sem o menor fundamento físico!

Como é que a Academia das Ciências pôde aceitar uma tal formulação dita científica? Com é que ela pôde validar o aparecimento tão oportuno e miraculoso de um tal deus ex machina? E como, sobretudo, ela pôde tornar-se cúmplice de uma tremenda mistificação? É ainda um mistério… mas um "mistério" que esclarece o modo como o, por assim dizer, "debate" sobre o efeito de estufa antropogénico é ele próprio tratado: a ideologia sobrepõe-se ao veredicto da observação directa e da realidade dos factos.

Fastex, apesar do seu custo, e a despeito – mas sobretudo por causa – do seu "sucesso" evidente e indiscutível na demonstração da validade do conceito AMP, tornou-se um não-acontecimento, como se nada tivesse alguma vez acontecido…Nunca mais se devia deixar de questionar ou de pôr em causa:

* A teoria norueguesa (ultrapassada) reina sempre sobre as cartas sinópticas de superfície;
* O conceito dinâmico (não demonstrado) que privilegia a altitude domina sempre o corpo de doutrina da modelação;
* A ONA permanece sempre também misteriosa (Cf. atrás);
* A origem das perturbações atlânticas, como de uma maneira geral as perturbações das médias latitudes, é sempre (deliberadamente) ignorada. Como a das tempestades, nomeadamente, as de Dezembro de 1999, sempre atribuídas, apesar do desmentido da observação, ao "“rail” das depressões em altitude" (Cf. sítio web Météo-France).

Por conseguinte, nas condições do obscurantismo, "a previsão das tempestades, apesar do excesso de meios técnicos, releva ainda durante muito tempo da utopia […]" (Leroux, 2000, p.338). E as consequências catastróficas dos acontecimentos extremos podem continuar a multiplicar-se!

Verificou-se recentemente, a 13 de Novembro de 2002, a destruição da frota de catamarãs da corrida do Rhum! A partida desta corrida deveria ter sido adiada, se apenas o Météo-France tivesse lançado um alerta sério, identificando antes da sua chegada sobre o Atlântico, o responsável da tempestade situado nas baixas camadas. Mas para isso seria necessário que a Météo-France soubesse compreender a situação meteorológica…

Entretanto, compreensão e previsão não são, parece, inseparáveis, como exprime Joly do CNRM: "predizer não é explicar" (in La Recherche, 276, vol. 26, p. 480, 1995). Este ponto de vista, como as "lições" da (in)-experiência Fastex, recordam primeiramente que a falta de conhecimentos dos processos reais de desencadeamento das perturbações, nomeadamente nas médias latitudes, os modelos são completamente incapazes de prever a evolução do tempo. Como se pode então anunciar acontecimentos em 2100 sem cair nas profecias impenitentes? Põe-se também o problema do processo a seguir, estatístico e probabilístico de um lado, ou determinista de outro.

Os modelos de previsão são fundamentados no primeiro caso. A observação como a "compreensão" dos fenómenos, neste caso, não é indispensável a priori. Mas a estatística e as probabilidades só dão "bons" resultados…se o desenrolar dos processos não sai da normal. Dito de outro modo, se não desviam dos processos "médios". Quer dizer finalmente que não há nada de inesperado…a prever. Os "limites da previsibilidade" (Cf. sítio da Météo-France) são rapidamente atingidos.

O tempo depende todavia, nas nossas latitudes, não da abstracção saída dos cálculos, mas dos actores nitidamente identificados – os AMP – que criam estados do tempo particulares a cada AMP. Depende de cada estado evolução dos AMP, em função das suas potencialidades iniciais adquiridas e das circunstâncias que são variáveis no decurso da sua viagem. O processo determinista, isto é, a atribuição de um tempo específico, e a sua evolução, a um responsável determinado é, por consequência, a mais apropriada das previsões eficazes. Mas isso supõe um conhecimento aprofundado dos fenómenos, uma identificação dos factores responsáveis e a sua verdadeira integração nos modelos. Isso supõe também uma observação atenta, seguida e directa. Mas também uma colocação em questão, todos ao mesmo tempo, dos conceitos meteorológicos clássicos. Entre estes é impossível (há mais de cinquenta anos) realizar uma síntese. Os métodos actuais de previsão apresentam uma ineficácia flagrante. Precisamente, nas situações de paroxismo para as quais a necessidade de eficácia é máxima. A tarefa é pois grande para a instituição meteorológica. Esta está restrita a uma obrigação de resultados conformes à sua missão de serviço público.

Conclusões

Este fundamental colocar em questão, que é indispensável, teria como primeiro resultado mostrar que o hipotético aquecimento do planeta, saído dos modelos, e fundamentado em aproximações, é indubitavelmente uma impostura no plano científico. Todavia ainda se fala em ciência? Depois da ameaça de uma "nova idade do gelo", depois das "chuvas ácidas", depois do "buraco do ozono" que se fecha e abre, depois (e ao mesmo tempo) do "El Niño-mestre do Mundo" e esperando um novo lobby ou fixação passageira, quanto tempo ainda vamos gastar, inutilmente e com custos elevados, a fábula do "aquecimento global"?

Durante este tempo, perdido, falha-se a pontaria no alvo certo. Esquece-se que as verdadeiras questões são mais sérias, mais exigentes e sobretudo mais imediatas do que o tempo e o clima. Sobretudo no domínio da poluição. Mas para isso seria necessário que a "alteração" se operasse primeiro no seio da própria meteorologia-climatologia!
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por romeu59 » 25/9/2010 1:23

Artigo de Marcel Leroux: Professor de Climatologia da Universidade Jean Moulin, Lyon III, França, director do Laboratório de Climatologia do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), França. Autor de Global Warming: Myth or Reality? The Erring Ways of Climatology e La dynamique du temps et du climat .

http://resistir.info/climatologia/impos ... ifica.html

Aquecimento global: uma impostura científica
por Marcel Leroux *

"-É uma fábula o que tu nos contaste",
disse com desprezo o pastor peul (etnia do Senegal).
"-Sim, respondeu o caçador de crocodilos,
mas uma fábula que todo mundo repete parece muito com a verdade!".
(J. e J. Tharaud, La randonée de Samba Diouf, Fayard, 1927)

1- Trata-se ainda de climatologia?
2. Efeito de estufa, modelos e aquecimento global
3. Clemência ou violência do tempo?
4. A evolução recente do tempo no espaço Atlântico Norte
5. Outras "mentiras"
6. Os abusos da meteorologia-climatologia
Referências

O aquecimento global é uma hipótese fornecida por modelos teóricos. Baseia-se em relações simplistas que anunciam um aumento da temperatura, proclamado mas não demonstrado.
São numerosas as contradições entre as previsões e os factos climáticos observados directamente. A ignorância destas distorções flagrantes constitui uma impostura científica.
Nos anos 70 (do séc. XX) verificou-se um desvio climático (que os modelos não “previram”). Traduziu-se num aumento progressivo da violência e da irregularidade do tempo e foi provocado pela modificação do modo de circulação geral da atmosfera.
O problema fundamental não é prever o clima em 2100. Deve-se, antes, determinar as causas daquele desvio climático recente. Isso permitiria prever a evolução do tempo no futuro próximo.

O aquecimento global ("global warming") é um tema que está na moda. Em particular depois do Verão de 1988. Então, nos Estados Unidos da América, veio ao de cima a angústia do "dust bowl". Esse período de calor e de seca aconteceu nos anos 30 do século passado, na "bacia de poeiras" dos Grandes Planaltos. O drama vivido pelos camponeses (Cf. As Vinhas da Ira de John Steinbeck) é constantemente recordado. O passado pesado explica a atenção particular que foi imediatamente dedicada. Seguiu-se-lhe a dramatização ("greenhouse panic"). Inicialmente assunto da climatologia, o tema passou a ser tratado com emoção e irracionalidade. Depressa evoluiu para o alarmismo. Perdeu o seu conteúdo científico. Questiona-se actualmente: estaremos ainda a falar de climatologia?

1- Trata-se ainda de climatologia?

Um tema confuso

O aquecimento global é um tema extremamente confuso que mistura tudo:

* A poluição e o clima: o clima torna-se num álibi, num espantalho. A sua evolução futura é apresentada como um postulado. Quem colocar dúvidas sobre o aquecimento anunciado fica logo catalogado. Tanto como favorável à poluição, como "louco, mal intencionado ou a soldo da indústria petrolífera" (Singer, F., 2002 - indicação das Referências bibliográficas). Naturalmente, aqueles que "lucram" (com vantagens leoninas) do maná confeccionado pelo alarmismo estão acima de qualquer suspeita!
* Os bons sentimentos e os interesses confessados (e inconfessados): o planeta está em perigo. É necessário "salvá-lo". Mas, ao mesmo tempo, discutem-se os "direitos de poluir". São os famosos "direitos de emissão negociáveis". Passa-se do sentimentalismo de culpabilidade (o homem é o responsável de todos os males) para a defesa de interesses privados (dissimulados de modo obscuro).
* As suposições e as realidades. As teorias dos modelos e os mecanismos reais. O hipotético clima futuro e a evolução do tempo real. As previsões são tanto mais gratuitas quanto os prazos são mais longínquos. Nas observações actuais, lobrigam-se sinais da catástrofe anunciada. Seleccionam-se as informações. Oculta-se o "frio" que é atribuído à variabilidade "natural" (desconhecida). Retém-se apenas o "calor". Este não pode deixar de confirmar as previsões dos modelos…
* O sensacionalismo e a seriedade científica. A procura do furo jornalístico e a informação devidamente fundamentada. Tudo cada vez mais confundido. Nomeadamente pelos políticos e/ou pelos media que ajudam à confusão. Certos cientistas não melhoram a situação. As suas declarações prematuras e conjunturais na maior parte das vezes não são fundamentadas.
* O debate inscreve-se, igualmente, no mito mais antigo que é o do "conhecimento" popular acerca do tempo. Isso facilita o sucesso da mensagem. Cada um, como é bem conhecido, tem o seu saber sobre a matéria. Estamos muitas vezes próximo do pensamento mágico. Das discussões das tertúlias. Das previsões dos bandarras. Prevalece a confusão entre clima e evolução do tempo. Através dos "modelos" (aureolados de mistério) sonha-se com a "máquina de produzir o tempo".

Uma "climatologia" simplista"

O que predomina no debate e o falseia é que as alterações climáticas são um tema da climatologia tratado como se fosse do ambiente. Em anexo ao da poluição. Esta constitui um álibi moral. Invocado predominantemente por não-climatologistas. Ainda há pouco tempo, um "climatólogo" tinha pouco prestígio. Era um geógrafo considerado "literato", isto é, "não físico". Ou era um funcionário dos serviços de meteorologia. Encarregava-se dos arquivos (situação pouco considerada). "Acabar em climatologia" era visto como a pior das condenações! Hoje, os climatologistas na sua maioria desinteressam-se estranhamente do debate. Ou adoptam o dogma oficial sem espírito crítico. Mas também existe a pretensão de se ser "climatólogo". Saber repetir servilmente (à maneira dos psitacídios) os comunicados do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Changes) tornou-se uma qualificação. O discurso estereotipado e recitado de modo dogmático é sempre o mesmo.

Contudo, as especializações e as competências não faltam. Mas dizem respeito à informática, à estatística, à agronomia, à química, à oceanografia, à glaciologia, à história, mesmo à geologia…Não ao clima e à sua dinâmica. Com uma "convicção" geralmente proporcional à ignorância dos rudimentos da disciplina, os "climatólogos autoproclamados" propagam hipóteses procedentes dos modelos. Hipóteses infundadas ou mal estabelecidas e não corroboradas pelas observações. Devemos assim colocar fortes reticências segundo o qual os relatórios do IPCC são preparados por "centenas de cientistas". O número anunciado pode iludir e esconder o monolitismo da mensagem. Na realidade, uma pequena equipa dominante impõe os seus pontos de vista a uma maioria sem competências climatológicas. O “I” de IPCC significa, com efeito, "intergovernamental". Significa que os pretensos cientistas são antes do mais representantes governamentais. O IPCC, em absoluto, não é um organismo de investigação. Na redacção definitiva do relatório de 1966 a afirmação da "influência perceptível do homem sobre o clima global" (GIEC, 1966, p.22) foi acrescentada depois da hora. Para "impressionar" os decisores como disse Emmanuel Granier (Industrie et Environnment, n.º 208, 1998). Não correspondia ao entendimento do conjunto do IPCC. Mas tem sido constantemente repetida apesar de não ter havido acordo!

Os conhecimentos de climatologia são em geral limitados. O IPCC reconhece-o quando afirma: "A aptidão dos cientistas para fazer verificações das projecções provenientes dos modelos é bastante limitada pelos conhecimentos incompletos sobre as verdades climáticas" (UNEP-WMO, 2002, p.7). As "explicações" são sobretudo simples, muito simplificadas, mesmo simplistas, para serem facilmente apreendidas. Todavia, elas não reflectem, ou reflectem apenas muito parcialmente, a verdade científica que é extremamente complexa. Este conhecimento superficial e esquemático é primeiramente imposto pelas "simplificações inevitáveis transpostas para os modelos" (Le Treut, 1997). Os modelos não podem integrar todas as componentes dos fenómenos. É necessário "parametrizá-los", sem se saber descrevê-los explicitamente. Quanto mais simples é a mensagem, mesmo simplista (próxima do slogan, fácil de reter sem esforço), maiores são as hipóteses de ela ser adoptada pelos políticos e pelos media. O método de "consumo imediato" das notícias afasta-se desde logo da reflexão séria e de longas e complexas explicações.

Esta falha de qualificação "climatológica" muito extensiva explica também a fé cega atribuída a uma ciência de uma meteorologia idealizada. Ignora-se geralmente (ou finge-se ignorar) que a meteorologia está num verdadeiro impasse conceptual há mais de cinquenta anos. Ela não dispõe de um esquema explicativo da circulação geral apto a traduzir a realidade das trocas meridionais. Nem a integrar as perturbações que são consideradas como transplantes "passageiros". Trata-se de um modo disfarçado de confessar a ignorância dos mecanismos reais. Este impasse conduziu, entre outros, ao "falhanço" do prestigioso Miami Hurricane Center na previsão da trajectória do furacão Mitch em 1998, por defeito de conhecimento da dinâmica dos furacões tropicais! (Leroux, M., 2000). Será necessário sublinhar todos os falhanços das previsões do tempo em todas as partes do mundo? Os próprios meteorologistas confessam estas fraquezas fundamentais. São tão evidentes que tornam os modelos (no seu estado actual) irremediavelmente inaptos a prever o que quer que seja! Podemos assim igualmente explicar a confiança ingénua, a falta de isenção quanto a dúvidas (sendo estas habitualmente salutares em ciência) e mesmo a falta de espírito crítico dos pretensos climatólogos. Tanto dos não qualificados como do público não avisado. A crítica é fundamental quando se trata de estimar a qualidade dos modelos e das suas previsões. O debate científico é assim ocultado e os contraditores são, na medida do possível, “açaimados”, censurados ou mesmo desacreditados. Por causa do conteúdo "moral" do tema, o conhecimento é substituído em proporções respectivamente inversas pela convicção (sincera ou pela fé). Como proclamou M. Petit: "Estou convencido que o aquecimento global do planeta é uma realidade"(Le Monde, 19 de Abril de 2001, p.24). "Profissão de fé" que é a própria negação do método científico.

É, pois, necessário fazer um ponto da situação, sem complacência. Sem concessões e aprofundado. Rigorosamente e unicamente centrado na climatologia. A poluição é por si só um assunto suficientemente sério e preocupante para merecer um tratamento separado, aí sim, pelos próprios especialistas.

2. Efeito de estufa, modelos e aquecimento global

O efeito de estufa natural e o adicional

O efeito de estufa é uma realidade, pelo que é inútil discutir: ele produz um ganho de 33 ºC à temperatura média da superfície da Terra. Um efeito de estufa adicional, ou "reforçado", de origem antropogénica (proveniente do CO 2 e de outros gases com efeito de estufa – GEE – devidos às actividades da vida humana) poderia ser susceptível de elevar a temperatura. Sabe-se isso desde há longa data, 1824, conforme foi pressentido por Fourier. A questão é a de saber se, com efeito, o homem é capaz de influenciar (involuntariamente) o curso da evolução climática, atingindo a escala planetária, e sobretudo se, desde há um século, ele já começou a fazê-lo. Entretanto, à parte a influência demonstrada sobre o clima urbano, uma consequência à escala global permanece ainda no domínio da especulação.

Com efeito, o vapor de água representa 63 % do efeito de estufa natural (100 W/m2 em 160 W/m2 ) e constitui "a maior fonte de incerteza" (Keller, C.F., 1999). "Devido ao facto de os modelos climáticos fazerem intervir as nuvens e as precipitações, que são particularmente complexas, a amplitude precisa da respectiva retroacção – fenómeno crucial – permanece desconhecida" (UNEP-WMO, 2002, p.3). Além disso, é necessário juntar a incerteza associada à nebulosidade, cujos efeitos são contrários de acordo com a altitude das nuvens que tanto poder arrefecer como aquecer a superfície terrestre…

O presumido aquecimento global também poderá não ser outra coisa que um fenómeno urbano, como a poluição. Goodridge (1996) demonstrou a existência desse fenómeno na Califórnia. Comparou a evolução térmica das cidades com mais de um milhão de habitantes e com mais ou com menos de 100 000 habitantes. A elevação da temperatura decresce com a diminuição da importância das cidades. Ele concluiu assim: "O aparente aquecimento global é na realidade devido à perda de calor que afecta somente as superfícies urbanizadas". Conclusão semelhante foi obtida em Espanha, onde Sala e Chiva (1996) consideraram por outro lado que "o verdadeiro “aumento natural” da temperatura, corrigida do efeito de urbanização, pode ser atribuído à actividade solar". A evolução das temperaturas em França revela também um aumento sustentado das temperaturas mínimas, isto é nocturnas. A evolução das temperaturas máximas ou diurnas é mais irregular e não demonstra uma tendência tão sustentada (Leroux, M., 1997). As estações meteorológicas, inicialmente instaladas fora das cidades foram progressivamente absorvidas pela expansão da urbanização e/ou pela extensão da sua cúpula de calor, e elas reflectem assim, principalmente, a evolução climática à escala local.

"As indicações dos climas do passado"

"O estudo paleoclimático ...dá uma ideia da amplitude das futuras alterações(…)" (Cf. UNEP-WMO, 2002, p8). Esta afirmação, que pretende fundamentar as alterações climáticas do futuro, permite colocar a questão da relação entre os GEE e a temperatura: é uma covariação (sem significado físico) ou uma correlação física? Quando é que o acréscimo dos GEE é a causa ou quando é que é o efeito? Que significa à escala paleoclimática (como à escala sazonal) a covariação mais ou menos estreita entre o CO 2 e a temperatura? Os cilindros da estação Vostock retirados dos gelos antárcticos mostram "o paralelismo das variações de temperatura do ar e do teor atmosférico em GEE" (Masson-Delmotte, Chapellaz, 2002). Deduzir que o passado e o futuro são directamente comparáveis representa a astúcia ideal: qual é com efeito o não-climatologista e a fortiori o cidadão que conhece Milankovitch? A covariação geral dos parâmetros (deutério, CO 2 , CH 4 , Ca, etc. e a temperatura correspondente deduzida) no decurso de mais de 400 mil anos resulta de um “forçamento” exterior à própria Terra. Resultou de quatro ciclos principais que revelam a influência da "excentricidade da órbita terrestre" (ciclos de 100 000 anos). No interior de cada grande ciclo glaciário-interglaciário as variações mais breves são conjuntamente associadas à variação da inclinação do eixo dos pólos e à precessão dos equinócios. Estes parâmetros orbitais da radiação foram demonstrados por Milankovitch, em 1924. Todos os parâmetros covariam (e estão portanto estatisticamente correlacionados). Mas a evolução da temperatura a esta escala de tempo não depende dos GEE. Pelo contrário, são as taxas de crescimento destes é que dependem (mais ou menos directamente) da temperatura. Por consequência, apesar dos resultados notáveis das análises dos cilindros de gelo para o conhecimento dos climas passados, a referência sistemática aos paleoambientes (mais exactamente à "química isotópica") não faz qualquer sentido no debate (…) E tanto menos sentido quanto as teorias meteorológicas convencionais utilizadas pelos modelos não propõem um esquema de circulação geral válido a esta escala paleoclimática (Cf. Leroux, M., 1993,1996).

"As indicações fornecidas pelos modelos climáticos"

Os modelos climáticos prevêem aumentos da temperatura. Esta conclusão tornou-se num postulado indiscutível ( Cf. UNEP-WMO, 2002, p.7). Por outro lado, os modeladores impuseram o conceito de evolução "global" do clima, sendo que o globo deverá evoluir no seu conjunto e no mesmo sentido (aquecimento). Todavia, com intensidades diferentes consoante as latitudes.

Os modelos, fundamentados no efeito radiativo, podem prever outra coisa que não seja … aquecimento? Le Treut (1997) escreve a este propósito: " Os modelos, cada vez em maior número e mais sofisticados, indicam sem excepção um acréscimo de temperatura ". A unanimidade da resposta (pudera!) é pois considerada como uma prova da capacidade dos modelos para prever o futuro. Mas para além da sofisticação dos cálculos, o resultado é no fim de contas uma aplicação da regra de três simples, entre 1) a taxa de crescimento do CO 2 actual, 2) a suposta taxa futura e 3) a temperatura correspondente. Isto é elementar. A unanimidade dos modelos considerada como um "facto notável" (Le Treut, 2001) é uma lapalissada. A resposta não pode ser senão positiva. Como é que poderiam prever descidas de temperatura se eles são constituídos para prever subidas? Haverá de facto necessidade do recurso aos modelos (tendo ainda em conta as suas imperfeições teóricas e práticas) para se chegar a este resultado?

A argumentação é muito frágil: o balanço radiativo (excepto quanto às variações no longo prazo) permite somente compreender…porquê as altas latitudes são mais frias do que os trópicos, e de prever que…o Inverno será mais frio do que o Verão! As variações de temperatura de um dia para o outro, e de um ano para o outro (e as médias e anomalias resultantes) dependem – como as variações do tempo – das modificações de intensidade das circulações meridionais. Esquematicamente, o fluxo de norte traz frio e o do sul traz calor (outros parâmetros como a nebulosidade, a humidade, as precipitações, a velocidade do vento, etc., participam conjuntamente nesta determinação). As trocas meridionais dizem respeito evidentemente a regiões diferentes e as evoluções térmicas não podem ser uniformes. Uma temperatura média não tem se não um valor muito limitado se é que tem algum se for estabelecido à escala "global" (poderá então existir um clima global?). A posição expressa pelo IPCC (1996) é reveladora desta incoerência: "Os valores regionais das temperaturas poderão ser sensivelmente diferentes da média global mas não é ainda possível determinar com precisão estas flutuações". Isto significaria que o valor médio seria conhecido antes dos valores locais e/ou regionais que permitiriam estabelecer aquela média! Curiosa maneira de calcular uma média! Por outro lado, é correcto dizer como o IPCC que " não é possível determinar " as evoluções regionais, sabendo que é simplesmente suficiente observá-las? Isso é assim simplesmente porque os modelos não sabem representar estas diferenças de comportamento? Como é que podiam saber, sublinhe-se ainda, se eles não dispõem de um esquema coerente do modo de circulação geral?

Evolução global ou evoluções regionais?

As evoluções climáticas são regionais. Litynski (2000) comparou as temperaturas dos períodos 1931-1960 e 1961-1990 publicadas pela OMM (1971 e 1996). O primeiro período corresponde, mais ou menos, ao óptimo climático contemporâneo e o segundo contém a mais forte elevação da temperatura. A comparação é deveras eloquente. Mostra de maneira evidente que " não existiu aquecimento global planetário durante o período 1961-1990 ". Nomeadamente, observa-se, à escala regional, arrefecimentos e aquecimentos. No hemisfério norte, por exemplo, a baixa de temperatura é da ordem de – 0,40 ºC na América do Norte, – 0,35 ºC na Europa do Norte, – 0,70 ºC no norte da Ásia, até – 1,1 ºC no vale do Nilo. Outras regiões aqueceram, como o oeste da América do Norte (do Alasca à Califórnia), ou também na Ucrânia e no sul da Rússia. Os modelos nunca previram nem revelaram estas disparidades regionais. De facto, eles são sempre incapazes tanto de as explicar como de as prever. Qual é a tendência representativa, é a das regiões que apresentam aumentos ou da que revela baixas de temperatura? Uma média hemisférica, e a fortiori global, da temperatura calculada a partir das observações, com evoluções contrárias, não tem se não um valor estatístico, contabilístico. Não tem, se não um significado limitado. Não tem mesmo qualquer significado climático. Segundo o IPCC, a temperatura média aumentou 0,6 ºC ± 0,2 ºC no decurso do período 1860-2000 (…). Este período de um século e meio, convém sublinhar, engloba a revolução industrial. Para fixar ideias, note-se que este valor, à escala da média anual como considerada, representa a diferença de temperaturas entre Nice e Marselha, de 14,8 ºC a 14,2 ºC (de 1961-1990), ou entre Marselha e Perpignan, de 14,5 ºC e15,1 ºC (também de 1961-1990). Que extraordinária conclusão!!! Sejamos sérios. Mantenha-se o bom senso: comparada com a variação “real” de 0,6 ºC de subida no período 1860-2000, uma variação de temperaturas prevista pelo IPCC entre 2 ºC a 6 ºC (ou de 1,4 ºC a 5,8 ºC com uma margem de incerteza de 1 a 3,5 ºC) para um ano tão afastado como o de 2100 tem verdadeiramente algum significado? Só com muito boa vontade…

Relação real entre CO2 e temperatura

A relação entre as variações da concentração de CO2 e a curva global secular "calculada" das temperaturas (citada anteriormente) não é linear. Entre 1918 e 1940 produziu-se um forte aquecimento, da mesma ordem de grandeza que o dos últimos decénios, mas a concentração de CO2 não progrediu mais do que 7 ppm – partes por milhão (de 301 ppm a 308 ppm). De 1940 a 1970, a subida de CO2 foi de 18 ppm (de 308 ppm a 326 ppm) mas a temperatura não se elevou, bem pelo contrário. A literatura dita científica dos anos 70 anunciava então o retorno a uma "pequena idade do gelo". Alguns dos "cientistas" que previam um arrefecimento certo e seguro tornaram-se entretanto fervorosos adeptos do aquecimento global! Apenas o aumento (presumido) da temperatura do fim do século, a partir dos anos 80, coincide com um aumento da concentração de CO2 (mais de 22 ppm).

Mas este aumento dos últimos decénios, superior a 0,3º C, não é confirmado pelas observações dos satélites. Nomeadamente, da NOAA ( National Oceanic and Atmospheric Administration, dos EUA), entre Janeiro de 1979 e Janeiro de 2000 (Daly, 2000; Singer, 2002), que não detectaram qualquer evolução notável. Foram feitas críticas pelos defensores do "global warming" contra a validade destas medidas dos satélites (é verdade que elas são "preocupantes"). Incidiram sobre a capacidade dos satélites de ter em conta a evolução das temperaturas de superfície. Contudo, estas medidas colocam nitidamente em evidência os ciclos solares (n.º 22 e n.º 23) e o arrefecimento de 1992 ligado à erupção do Pinatubo…Parecem, pois, ser dificilmente discutíveis.
O cenário do efeito de estufa antropogénico, e nomeadamente a relação entre o CO 2 e a temperatura, não explica de facto a evolução térmica: intervêm outros factores nesta evolução. Estes factores são numerosos (Leroux, 1996), mas eles não são tomados em conta pelos modelos.

Evoluções térmicas prevista e real das altas latitudes

Evolução térmica prevista

Um aspecto hipotético, saído dos modelos, é o aumento considerável presumido da temperatura nas altas latitudes. Segundo eles, poderia atingir 10 ºC a 12 ºC, paradoxalmente, no Inverno de cada pólo. Estes valores muito elevados influenciariam consideravelmente a tendência térmica média global prevista porque nas regiões tropicais a modificação seria ténue. Mas quais seriam as razões físicas para que as altas latitudes viessem a aquecer tanto? Notar-se-ia nestas latitudes uma contra-radiação terrestre mais intensa…sobretudo no Inverno precisamente no momento em que em que não existe insolação? Deve-se supor, contra toda a lógica, que haveria uma preferência do efeito de estufa perto dos pólos, precisamente onde os conteúdos em vapor de água são menores e as águas frias que bordam os gelos são poços de retenção consideráveis do CO 2 ? Os acréscimos presumidos da temperatura, que não poderiam resultar de fenómenos in situ, seriam provenientes de transferências meridionais intensificadas quando se sabe que, em períodos quentes, estas transferências são pelo contrário consideravelmente amortecidas (modo de circulação geralmente lento, Leroux, 1993)? Seria porque o arrefecimento fora dos períodos glaciares foi mais intenso nas latitudes polares, que inversamente o aquecimento deveria aí ser nitidamente mais marcado? Parece ser um profundo mistério da alma do aquecimento global…

Seria, sobretudo porque os modelos climáticos repousam sobre o velho esquema tricelular de circulação geral (Le Treut, 1997), e nomeadamente sobre a existência hipotética de uma célula polar? Este conceito irrealista faz com efeito "arrepiar caminho" ao ar polar – ar frio que se elevaria! – a partir da latitude 60º, Norte ou Sul. Isso não traduz a realidade das trocas meridionais que seriam assim muito rapidamente interrompidas. A célula polar foi a justo título rejeitada oficialmente pela comunidade científica internacional, em 1951. Isto é, muito antes de aparecerem os modelos. Por outro lado, salienta-se que o esquema tricelular (células de Hadley, de Ferrel e polar), hipoteticamente considerado em 1856, já foi globalmente criticado. Apenas a célula de Hadley é parcialmente representativa da realidade. Isso não impede que De Félice (1999), do Laboratoire de Météorologie Dynamique (LMD) e da Société Météorologique de France (SMF), fale na existência de "três células meridionais em cada hemisfério, célula de Hadley, célula de Ferrel e célula polar". Também Joly, do Centre National de Recherches Météorologiques (CNRM), segue o dogma mais do que centenário de confundir a percepção estatística e a percepção sinóptica dos fenómenos. Atribui ainda a existência do "anticiclone dos Açores" ao ramo subsidente (pressão exercida sobre o ar de cima para baixo) da célula de Hadley ( Le Monde, 25 de Maio de 2001, p.19). Um tal conceito é fisicamente inconcebível (Leroux, 1996). As obras de Triplet e Roche (1988, 1996) da Ecole National de la Météorologie, e de Sadourny (1994), então director do LMD dependente do CNRS, não comportam sequer o esquema de circulação geral. Apesar desta situação "inimaginável", o esquema de circulação geral utilizado pelos modelos é precisamente…o esquema tricelular que não representa absolutamente nada a realidade das trocas meridionais. O acréscimo suposto das temperaturas polares é um artefacto resultante deste conceito errado, e nomeadamente da existência suposta da "célula polar" que não é mais do que uma ficção!

Esta crítica à inadaptação dos modelos à realidade foi correctamente enunciada: "Os modelos climáticos actuais não integram de maneira correcta os processos físicos que afectam as regiões polares" (Kahl et al., 1993). Mas, aparentemente, nada mudou, apesar da importância crucial das altas latitudes na origem da circulação geral. Lenoir (2001) descreveu bem a história desta "ideia fixa" do sobreaquecimento dos pólos. Provém da afirmação de Svante Arrhenius segundo a qual "o efeito das alterações será máximo na vizinhança dos pólos". Previu um aumento de 4 ºC…isto em 1903! Esta estranha obstinação volta a encontrar-se no último relatório do IPCC que avança a seguinte "justificação": " […]a neve e o gelo reflectem a luz solar, assim, menos neve significa que é absorvido mais calor proveniente do Sol, o que arrasta um aquecimento […]", e assim "está previsto um aquecimento de partes do Norte do Canadá e da Sibéria superior a 10 ºC no Inverno" (UNEP-WMO, 2002, p.5). Trata-se, bem entendido, do Sol polar de Inverno! E isto foi, como é evidente, aprovado pelos "cientistas" do IPCC!!!...

Evolução térmica real

A evolução térmica realmente observada nas altas latitudes não é nada daquilo previsto pelos modelos. São incapazes de representar a realidade e, como é evidente, de explicar convenientemente o que lá se passa. O Antárctico não apresenta alteração notória: as curvas das temperaturas médias observadas (Daly, 2001) não apresentam estritamente qualquer tendência. Em compensação, o Árctico ocidental tem arrefecido e esta evolução produz o desmentido mais flagrante às previsões dos modelos: o arrefecimento atingiu 4 ºC a 5 ºC (– 4,4 ºC no Inverno e – 4,9 ºC na Primavera), durante o período 1940-1990 (Kahrl, et al., 1993). Isto é, já quase a metade, mas em valor negativo, do valor previsto para 2100! Este arrefecimento é confirmado por um aquecimento também nítido na camada 850 hPa-700 hPa – hectopascal (+ 3,74 ºC, entre 1500 e 3000 m), que traduz a intensificação resultante das trocas meridionais vindas do Sul, por cima dos anticiclones das baixas camadas (anticiclones móveis polares ou AMP) que partem do Pólo Norte. Rigor et al. (2000) confirmam a tendência ao arrefecimento no período 1979 a 1997, acima do mar de Beaufort assim como na Sibéria oriental e no Alasca, no Outono (– 1 ºC por década) e no Inverno (– 2 ºC por década). Devido à importância das altas latitudes na génese da circulação geral, o arrefecimento do Árctico, particularmente da sua parte ocidental onde nasce a maioria dos AMP, é um facto climático da maior importância. Mas é total e deliberadamente ignorado pelos modelos.

3. Clemência ou violência do tempo?

A evolução recente do tempo e a multiplicação de acontecimentos dramáticos são considerados (erradamente) como uma prova da evolução climática anunciada pelos modelos. A "dramatização" que é feita dos acontecimentos torna-se um argumento fundamental para se acreditar no cenário do efeito de estufa (confundindo o natural com o adicional). O que há de verdade nisto?

Modelos e evolução do tempo

Os modelos previram inicialmente (no primeiro relatório do IPCC de 1990) um tempo mais clemente: "As tempestades nas latitudes médias […] resultam dos desvios de temperatura entre o pólo e o equador […] como este desvio se enfraquece com o aquecimento […] as tempestades nas latitudes médias serão mais fracas" (IPCC, 1990; Météo-France, 1992). É o que confirma novamente Planton e Bessemoulin (2000) do Météo-France: "A alteração climática simulada pelos modelos informáticos traduz-se geralmente por uma redução do gradiente Norte-Sul da temperatura nas baixas camadas da atmosfera […] terá por efeito atenuar a variabilidade atmosférica associada às depressões porque as instabilidades, em particular acima do Atlântico Norte, são fortemente condicionadas pela intensidade do gradiente de temperatura". Um aumento da temperatura deveria assim traduzir-se por anticiclones móveis polares (AMP) menos vigorosos, por um decréscimo das trocas meridionais de ar e de energia (circulação lenta) e, nas latitudes temperadas e polares, por uma diminuição dos gradientes de temperatura e da pressão assim como por um contraste térmico menor entre os fluxos. Como se mostra à escala sazonal o menor rigor do tempo estival, comparado com a violência do tempo invernal, não necessita de modelos para deduzir essa evidência (Leroux, 1993). Um cenário "quente" anuncia portanto uma maior clemência do tempo.

Porém, não é isso que se tem observado, o próprio tempo contradiz estas previsões. Será por isso que, bizarramente, se anuncia agora (por simples oportunismo?) exactamente o inverso do que se havia previsto em 1990 (e confirmado acima) com as previsões catastróficas que os órgãos de comunicação social fazem eco, sem contudo se espantarem com esta reviravolta? Será que são verdadeiramente os modelos que prevêem agora esta evolução do tempo? Eis o que diz o IPCC: "A frequência e a intensidade das condições meteorológicas extremas tais como as tempestades e os furacões poderão mudar. Todavia, os modelos não podem ainda prever como. Os modelos que são utilizados para as alterações climáticas não podem eles próprios simular estas condições meteorológicas extremas […]" (UNEP-WMO, 2002, p. 5). Isto é claro: os modelos não podem prever a evolução do tempo. Porquê então evocar sem cessar a autoridade dos modelos? O que permite, por consequência, dizer que as condições " poderiam mudar "? Não é mais do que um truísmo!, visto que os modelos não sabem prevê-lo? Como, por consequência, explicar o "endurecimento" do tempo apesar do que foi anunciado? Escute-se Planton (do CNRM, 2000, p. 70): "Um clima mais quente por cima dos oceanos é também mais húmido porque a evaporação é aí mais importante […] estes factores são favoráveis ao desenvolvimento de depressões porque uma atmosfera mais quente e mais húmida é também mais energética. Isto é um factor que seria favorável à formação de depressões mais cavadas acima do Atlântico". Esta formulação dos fenómenos é fortemente sugerida pela relação redutora evaporação-chuva analisada a seguir. Eis então a convecção térmica acima de uma superfície oceânica (superfície "fria", em termos de meteorologia, portanto inapta a provocar ascensões) na origem das depressões do Atlântico: é seguramente uma renovação radical das leis físicas e dos conceitos que comandam a génese das perturbações das médias latitudes! O nascimento e a intensidade destas vastas perturbações dependem, no entanto, da intensidade das transferências meridionais do ar e da energia, e portanto da potência dos factores que condicionam o volume e a velocidade destas transferências (factores aqui ignorados) e não das condições convectivas in situ.

Todavia, as opiniões divergem ainda diametralmente sobre a influência do efeito de estufa. Eis agora, contra toda a lógica, que " o gradiente de pressões Norte-Sul deveria mesmo aumentar. A famosa “oscilação norte-atlântica” poderia, sob a influência do efeito de estufa adicional, adquirir um índice cada vez mais positivo [o que é exactamente o inverso dos fenómenos reais, Nota do Autor]. O que favorece as novas gerações de tempestades, […] é uma das nossas hipóteses fortes de investigação." (Le Treut do LMD, in Science et Avenir, 2000, p.82). "Hipótese forte"! A incoerência científica é contudo manifesta : ninguém ignora que o índice da oscilação norte-atlântica é nitidamente mais elevado no Inverno (Cf. ONA, figura 3b), e que nas latitudes temperadas, esquematicamente, o "mau tempo" é associado ao "frio" e aos contrastes térmicos fortes (como o demonstra a dinâmica das perturbações invernais, quando as tempestades mais intensas caracterizam esta estação). Eis agora, bizarramente, ser atribuído ao "calor" e aos contrates térmicos atenuados o contrário daquilo que é um facto observado naturalmente!

A questão é assim particularmente confusa e levanta desde já duas vezes o facto fundamental, mas ainda mal conhecido, da dinâmica das perturbações e nomeadamente a ausência actual da ligação entre a circulação geral e as distas perturbações. Os modelos são utilizados tanto como argumento, tanto como álibi ou, até mesmo, como desculpa! Mas na falta de uma concepção adequada, estes modelos são incapazes de demonstrar a relação entre o efeito de estufa e a evolução do tempo, e são sobretudo incapazes de dizer se o tempo vai ser mais clemente ou mais violento. As predições catastrofistas do IPCC sobre a evolução do tempo são, portanto, totalmente infundadas, isto é, sem suporte científico. Esta situação revela o mau conhecimento da dinâmica do tempo e, em particular, das precipitações associadas, nomeadamente, nas médias latitudes. Se não sabemos prever o tempo, como procederemos para prever as chuvas?

A dinâmica das precipitações

Nenhum parâmetro climático pode variar isoladamente, nem tão pouco a temperatura ou a precipitação, e o tempo não se determina sobre uma base local, nem mesmo regional. É função, em proporções muito diferentes, de condições próximas e de condições afastadas. De uma maneira geral, a dinâmica do tempo depende pouco das condições locais. Nomeadamente, no caso de acontecimentos intensos que exigem transferências potentes, através de uma distância longa e de maneira sustentada, de quantidades enormes de potencial precipitável, isto é, energético. Transferências essas que são organizadas nas altas latitudes pelos AMP que têm assim eles próprios uma origem longínqua (Leroux, 1996). As precipitações simbolizam as perturbações pois produzem-se essencialmente nestas circunstâncias. Merecem assim uma atenção particular, entre outras, porque acompanham os estados do tempo mais intensos e estão na origem de inundações dramáticas.

O aquecimento anunciado iria arrastar uma modificação do ciclo hidrológico e "o volume total das precipitações deveria aumentar" (UNEP-WMO, 2002, p.). Em que argumento está fundamentada esta predição que parece (tão estranha e aberrante que possa parecer visto que os modelos não sabem prever a evolução do tempo) dissociada da dinâmica das perturbações? Como para a temperatura, a previsão das precipitações apoia-se sobre um raciocínio esquemático mas que não traduz a realidade dos mecanismos pluviogénicos. Prevê-se assim um "aumento global das precipitações", em razão da "relação entre a evaporação e a temperatura de superfície […] relação bem estabelecida e confirmada por todos os modelos" (EOS, 1995). O raciocínio não pode ser mais simplista: subida da temperatura = subida da evaporação = subida do teor de vapor de água (potencial precipitável) = aumento da chuva. Isto é primário, mas parece (segundo certos “cientistas”) "fisicamente fundamentado" ("the underlying physics on this is well established" (EOS, 1995) e "todos os modelos confirmam esta relação"! Ora, sabe-se, pertinentemente, que a existência de um potencial precipitável não é se não uma das condições da pluviogénese. Mas ninguém observa em qualquer parte a relação directa entre o potencial precipitável e a água efectivamente precipitada! A chuva não necessita apenas da presença de vapor de água disponível, mesmo acrescida pela evaporação: então, choveria sem descontinuidade sob os Trópicos húmidos. Como também choveria sem cessar sobre a bacia mediterrânica no Verão pois o potencial precipitável é então máximo. Não seria pois espantoso (com esta relação primária) que certos modelos façam chover abundantemente sobre… o Saara! A precedente relação, em função da importância respectiva da evaporação e da chuva, permitiria por absurdo a estimativa seguinte: evaporação = chuva = seca. Espera-se assim prever tanto a inundação como a seca. Mas invalida-se então a primeira relação! Não insistamos. O potencial precipitável (necessário) não é o factor primordial da pluviogénese. Há, salvo excepções localizadas, sempre bastante vapor de água no ar (próximo ou transferível) para se sustentar uma chuvada, mesmo no Saara. Diz-se, com humor, que o ar sariano possui tanto vapor de água como o ar londrino possui do famoso fog. Isso é exacto, mas o défice de saturação é consideravelmente mais elevado e as condições aerológicas estruturais (estratificação) são drásticas.

O processo da pluviogénese exige, além da existência necessária do potencial precipitável, a reunião imperativa e simultânea de condições precisas que dizem respeito:

* ao factor que comanda o transporte de vapor de água (isto é, a energia) nas longas distâncias e que mantém esta alimentação;
* ao factor (térmico?, mecânico?, dinâmico?) que provoca a ascensão necessária à mudança de estado da água e à libertação consequente do calor latente;
* às condições aerológicas estruturais favoráveis (isto é, sem cisão, rebaixamento ou estratificação), indispensáveis ao desenvolvimento vertical das formações nebulosas.

Estas condições são extremamente variáveis, tanto à escala sinóptica (instantânea, diária) como à escala sazonal. E variam também com as condições geográficas, as condições estruturais em particular. São diferentes nos Trópicos e nas latitudes altas e médias, dando às diversas perturbações os seus caracteres específicos (Leroux, 1996). É evidentemente mais complexo que a relação elementar, esquemática mas errónea, evaporação/chuva utilizada pelos modelos.

Compreende-se assim facilmente a mediocridade do resultado: "A elevação das temperaturas arrastará o reforço do ciclo hidrológico, donde um risco de agravamento das secas e/ou das inundações em certos locais e uma possibilidade de diminuição da amplitude destes fenómenos noutros locais." (IPCC, 1996, p.23). Será isto uma previsão responsável ao se imaginar tudo e o seu contrário? Que crédito atribuir a uma tal previsão que foi repetida em 2002: "O volume total das precipitações deveria aumentar mas, no plano local, as tendências são bastante menos certas […] não se conseguindo mesmo distinguir os sinais da evolução – aumento ou diminuição – da humidade do solo no plano mundial". (UNEP-WMO, 2002, p.5). Kukla havia já sublinhado, em 1990, o "pouco talento" com que os modelos reproduzem o fenómeno pluviométrico. Isto é verdade e sê-lo-á sempre que o raciocínio permaneça fundamentado numa relação tão redutora.

A ausência de credibilidade das previsões das precipitações feitas pelos modelos faz novamente luz sobre as carências no conhecimento dos processos que comandam o tempo. Examinemos, por exemplo, a dinâmica do tempo no Atlântico Norte.

4. A evolução recente do tempo no espaço Atlântico Norte

A França pertence ao espaço aerológico do Atlântico Norte onde todos os parâmetros climáticos covariam porque eles obedecem à mesma dinâmica (…). O tempo é aí comandado pelos AMP saídos do Árctico que veiculam o ar frio e provocam em retorno (nomeadamente pela circulação ciclónica sobre a face anterior dos AMP e acima deles) a advecção (deslocamento da massa de ar no sentido horizontal) do ar quente em direcção ao pólo (Leroux, 1996). As evoluções climáticas são diferentes em função das regiões.

O oeste e o centro do Atlântico

A bacia do Árctico, depois de ter aquecido rapidamente até cerca dos anos 1930-1940, arrefeceu lentamente, em todas as estações, nomeadamente, no Árctico ocidental (Kahl et al., 1993; Rigor et al., 2000). Esta baixa da temperatura árctica foi repercutida na Gronelândia e no Canadá onde os recordes de frio foram constantemente batidos. A Fig. 1 mostra que este arrefecimento diz respeito às trajectórias dos AMP a oeste (de modo mais marcado) e a este da Gronelândia. As curvas seculares evidenciam o óptimo climático contemporâneo dos anos 1930-1960 e o arrefecimento contínuo depois dos anos 70. Em toda a parte central e oriental dos Estados Unidos, até ao Golfo do México, observou-se também uma tendência nítida e contínua para o arrefecimento (Litynski, 2000). Este arrefecimento propaga-se sobre a maior parte do oceano Atlântico, da Gronelândia até à Europa e mais a Sul, tanto no ar como no mar. Deser e Blackmon (1993) observam no Inverno "um aquecimento de 1920 a 1950, e um arrefecimento de 1950 até aos nossos dias". Assim como uma coincidência entre "temperaturas marinhas mais frias que a normal e ventos mais fortes que a normal", até ao largo da África ocidental. Nomeadamente, na vizinhança das Canárias e do arquipélago de Cabo Verde (Nouaceur, 1999; Sagna, 2001). Ao mesmo tempo, sobre a América do Norte, as vagas de frio provocadas por enormes AMP de pressões elevadas que atingem o Golfo do México, pouco severas durante os anos 50, agravaram-se fortemente depois dos anos 70 (Michaels, 1992).

O nordeste do Atlântico

Figura 1. Fora da trajectória americano-atlântica (a mais frequente) e da localização da depressão estatística dita da Islândia, mas sobre o caminho das descidas directas dos AMP (menos frequentes), o nordeste do Atlântico regista uma evolução original:

* Uma subida contínua da temperatura que se acentua no Inverno (Reynaud, 1994), estação que reafirma o carácter dinâmico deste fenómeno.
* Um aumento contínuo das precipitações. Que se traduz entre outras coisas por um ganho de massa em glaciares gronelandeses, islandeses e escandinavos (WMO, 1998). Este ganho é muito raramente mencionado pelos media. Pelo contrário, a redução dos bancos de gelo vizinhos é sempre largamente exagerado (embora isso nada a tenha a ver com o dito aquecimento global).
* Uma descida contínua da pressão que se acentua também no Inverno (Reynaud, 1994). Este comportamento transborda mais ou menos para a Europa ocidental. Uma outra unidade de circulação desenvolve-se para este a partir da Escandinávia.

Assim, observa-se ao longo das trajectórias dos AMP um arrefecimento. Enquanto um aquecimento caracteriza as regiões situadas fora da trajectória principal dos AMP. Estas regiões beneficiam de advecções acrescidas de ar quente e húmido vindo do Sul. São impulsionadas, sobre a sua face frontal, pelos AMP mais potentes. Do mesmo modo, a Deriva Norte-Atlântica, prolongamento do Gulf Stream, acelerada pelas transferências aéreas mais intensas, traz com vantagem água quente em direcção ao Mar da Noruega. E, em seguida, para o Mar de Barents. Este transporte de calor traduz-se por uma fusão e um adelgaçamento dos bancos de gelo periféricos, aquecidos por cima pelo ar quente e por baixo pela água.

A Oscilação Norte-Atlântica

Figura 2. O estado do tempo no Atlântico Norte e na Europa está classicamente associado à Oscilação do Atlântico Norte (ONA). A ONA é medida por um índice (Fig. 2) que representa a diferença de pressões entre a do "anticiclone dos Açores" (formado pelo agrupamento de AMP: aglutinação anticiclónica ou AA) e a da "depressão da Islândia" (formada pelas depressões associadas aos AMP). Estes "centros de acção" têm sido definidos à escala das médias. E, assim, eles não existem à escala sinóptica (do tempo real).

A referência a estas entidades estatísticas introduziu desde o inicio uma enorme confusão (que permanece depois de mais de um século) entre as escalas dos fenómenos (Leroux, 1996). A ONA está em modo positivo ( vs negativo) quando a pressão está elevada no anticiclone e, simultaneamente, pelo contrário, a depressão está cavada (e inversamente). Estes modos, positivo e negativo, estabelecem covariações mas não as explicam. A causa comum (isto é, a dinâmica dos AMP) não consegue ser identificada pelas teorias clássicas da climatologia. Sublinhe-se que o vigor da transferência ciclónica de ar quente em direcção ao Norte, particularmente sobre a face frontal dos AMP, depende da potência dos AMP. Por sua vez, eles próprios dependem do défice térmico polar. Entretanto, estes conceitos habituais (e "oficiais") ignoram os mecanismos do "balancé do Atlântico Norte", assim como as razões da alteração que permanecem inexplicáveis, como verifica Wanner (199): "Como e porquê a ONA balanceia de um modo ao outro? […] apesar de todos os estudos [todos?, Nota do Autor], […] a questão permanece aberta e o mecanismo do flip-flop é bem misterioso". Hurrel et al. (2001) atestam ainda este mau conhecimento: "Permanecem bastantes coisas a apreender sobre a ONA […], podendo o forçamento provir da estratosfera, do oceano ou de outros processos ainda não identificados." (Ver abaixo a experiência Fastex).

Nomeadamente, a dinâmica dos AMP fornece uma resposta clara ao pretenso enigma e o respectivo índice ONA (Fig. 2) transforma-se num indicador da potência dos AMP e da intensidade das trocas meridionais no espaço Norte-Atlântico. Os mecanismos seguintes são facilmente verificados. Tanto à escala sinóptica, como às sazonal, estatística (média) e mesmo paleoclimática. (Leroux, 1996):

* Figura 3. Fase negativa ou baixa do ONA (Fig. 3a): diferença de pressão fraca entre AA (aglutinações anticiclónicas) e D (depressões). O Árctico está relativamente menos frio, os AMP são menos potentes, menos frequentes, a sua trajectória é menos meridional; à escala média, a aglutinação anticiclónica (AA dita dos Açores ) é mais fraca, menos extensa e situada mais a Norte; as depressões sinópticas associadas aos AMP são menos cavadas; ainda à escala média, a depressão dita da Islândia é menos profunda e menos extensa. As trocas meridionais são vagarosas, tanto no ar como no oceano (modo de circulação lento). O tempo é mais clemente: os contrastes térmicos são minorados, entre os fluxos assim como entre as fachadas oeste e este do oceano. A temperatura média da unidade aerológica é portanto mais (isto é, menos falsamente) representativa da realidade. Sobre a Europa e o Mediterrâneo, as aglutinações anticiclónicas são menos frequentes e de curta duração.

O caso particular da ONA negativa produz-se quando os AMP descendentes a este da Gronelândia são anormalmente frequentes (isto é, grosseiramente superiores a um quarto das trajectórias dos AMP). A pressão média resultante da depressão D da Islândia é então menos cavada, reduzindo a diferença de pressões com a AA.

* Fase positiva ou alta da ONA (Fig. 3b): diferença de pressão forte entre AA e D. O Árctico está mais frio, os AMP são inicialmente mais potentes, mais frequentes, a sua trajectória é mais meridional; à escala média, a aglutinação anticiclónica atlântica (dita dos Açores ) é mais potente, mais extensa e mais meridional; as depressões sinópticas provocadas pelos AMP são mais cavadas; à escala média, a depressão dita da Islândia é mais profunda e mais extensa. As trocas meridionais são intensificadas, tanto no ar como no oceano (modo de circulação rápido). O tempo é mais violento: os contrastes térmicos são mais fortes, tanto entre os fluxos como entre as fachadas do Atlântico. A temperatura média da unidade aerológica não tem então significado climático. Sobre a Europa (AAc) e o Mediterrâneo, as aglutinações anticiclónicas são mais frequentes e de longa duração. Assim, uma fase positiva da ONA (somente o LMD pretende o inverso, cf. Le Treut, 2000, in Fléau et al. ), é absolutamente antinómica do "esquema do cenário do aquecimento global".

O tempo tornou-se cada vez mais violento depois dos anos 70

Os anos 70 do séc. XX apresentaram uma verdadeira viragem climática, a partir da qual os contrastes entre as duas fachadas do oceano Atlântico se acentuaram. Assim, "depois de 1974, o modo positivo é preponderante" (Wanner, 1999). A Fig. 2 mostra de maneira eloquente a covariação entre a descida da temperatura sobre o Árctico e sobre as trajectórias dos AMP, e uma subida do índice ONA (Fig. 3b), e inversamente (Fig. 3a). Todos os parâmetros covariam mas seria naturalmente arriscado, como o fazem cegamente os analistas estatísticos, evocar correlações ou relações causais entre a temperatura aérea ou a temperatura marinha de superfície e a chuva, ou entre as pressões e a chuva, visto que a causa dinâmica comum das covariações é exterior à dos parâmetros isolados. A subida contínua do índice ONA está associada a uma baixa da temperatura do Árctico e a um aumento da potência e do número dos anticiclones móveis polares saídos do Árctico (Serreze et al., 1993). Isso significa que, depois dos anos 70, as trocas meridionais intensificaram-se. O que corresponde a um cenário "frio", a um modo rápido de circulação (Fig. 3b), a afrontamentos mais severos e a contrates mais acentuados entre as duas margens da unidade aerológica (Leroux, 2000).

Figura 4. Sobre a América do Norte, a frequência das perturbações violentas, blizzards, e tornados, aumenta fortemente em ligação com as intrusões mais frequentes de ar frio, isto é, dos AMP mais potente e mais numerosos. Estes acontecimentos inscrevem-se numa subida contínua da frequência das tempestades violentas depois de 1965 em ligação com um aumento das depressões profundas na bacia dos Grandes Lagos (Kunkel et al., 1999). Formados na face frontal dos AMP, pelo contacto conflituoso entre o ar frio e o ar húmido proveniente do Golfo do México que fica ainda mais instável sobre o continente, os tornados aumentaram fortemente no decurso do período 1953-1995 (WMO, 1998). Este endurecimento do tempo propaga-se sobre o Atlântico Norte onde a potência acrescida dos AMP provoca depressões profundas e cavadas. Os "ciclones" polares com pressões inferiores a 950 hPa, que testemunham temperaturas invernais de forte intensidade, têm assim aumentado de maneira notável de 1956 a 1998. Quase triplicaram desde o Inverno 1988-1989 (WMO, 1999). Estas tempestades transbordam sobre os países ribeirinhos do Atlântico. Os resultados do projecto europeu WASA (1988), fundado sobre a observação das pressões (a força do vento está ligada às depressões cavadas). Donde, à intensidade das advecções ciclónicas do Sul. Não há qualquer equívoco: "A principal conclusão é que a climatologia das tempestades e das vagas na maior parte do Atlântico Nordeste e no Mar do Norte tornou-se verdadeiramente mais rude no decurso dos decénios recentes, mas a intensidade actual parece ser comparável à do início do século". Esta conclusão está conforme à evolução da Fig. 4. Nesta verifica-se que o índice de tempestuosidade se ajusta de maneira notável à evolução do índice ONA, e onde também se nota que os valores recentes são todavia os mais elevados do século. Esta evolução é o inverso da evolução térmica das altas latitudes, em que em meados do século o clima foi mais clemente, dominando o óptimo climático. As tempestades sobre o litoral atlântico francês, e também britânico, foram cada vez mais frequentes e intensas (Lemasson et Regnaud, 1997). Provocaram na Bretanha "um aumento da frequência dos ventos fortes e das tempestades depois dos anos 70" (Audran, 1998, comunicado pessoal). Os ventos de sudoeste (quentes e húmidos), intensificados sobre a face frontal dos AMP, aumentaram a frequência das condições pluviogénicas, aumentando a temperatura e a pluviosidade (com inundações repetidas). A tempestuosidade seguiu a mesma evolução no sentido da alta.

Este acréscimo das trocas meridionais, nomeadamente da potência dos AMP, está traduzido indubitavelmente pelo aumento, contínuo e forte, da pressão atmosférica sobre a trajectória dos AMP, sobre a América do Norte e nomeadamente sobre o este do Canadá, o Atlântico Norte (Fig. 3b), a Europa ocidental. Salvo, naturalmente, acima do mar da Noruega (Fig. 3b) que conhece pelo contrário uma baixa concomitante de pressão. Uma tal tendência é antinómica de um aquecimento, se este último for considerado como uma causa (sendo o ar quente ligeiro), mas não o é pela lógica contrária, se invertermos a relação: uma alta da pressão nas baixas camadas "é a causa de uma alta das temperaturas" (Thieme, comunicação pessoal) consequência das propriedades termodinâmicas dos gases (uma pressão elevada favorece em particular a condução molecular). Esta alta de pressão traduz também uma frequência maior das aglutinações anticiclónicas, nomeadamente continentais que favorecem uma alta das temperaturas diurnas (forte insolação), mas em troca uma baixa das precipitações (estabilidade anticiclónica), em particular no coração do Inverno.

Esta evolução do tempo no espaço Atlântico Norte fornece um desmentido suplementar às previsões dos modelos, visto que é exactamente o inverso de um "cenário do efeito de estufa". É igualmente confirmada noutras unidades aerológicas do hemisfério norte.

As outras unidades de circulação do hemisfério Norte

Na unidade do Pacífico Norte (Fig. 3), os AMP vêm da Ásia ou descendem directamente pelo estreito de Behring. A advecção do Sul é fortemente canalizada para o Norte entre a face frontal dos AMP e o relevo das Montanhas Rochosas, formando os AMP a aglutinação anticiclónica dita do Havai ou da Califórnia. As águas marinhas são canalizadas para o Norte (corrente "quente" do Alasca), ou para o Sul (corrente "fresca" da Califórnia). A evolução recente é idêntica àquela observada no Atlântico Norte (Favre, 2001): no nordeste, na localização da depressão (média) dita das Aleutas, observa-se um aquecimento tanto no ar como na água superficial (sendo intensificada a corrente do Alasca), com as mesmas consequências (que no mar de Barents) sobre a espessura do banco de gelo. A pluviosidade aumenta fortemente, enquanto a pressão baixa nas escalas sinópticas e médias. Mais ao Sul, o aumento da pressão é forte na aglutinação anticiclónica deslocada em direcção ao Sul, arrefecendo o Pacífico Norte ocidental e central (Gershunov et al., 1999). A actividade ciclónica "aumentou de maneira notável", a frequência das depressões profundas aumentou cerca de 50%, a pressão central mínima baixou 4 hPa a 5 hPa. Os ventos extremos associados e a vorticidade aumentaram 10 % a 15 % (Graham et Diaz, 2001). As perturbações migraram vantajosamente para o Sul, donde as tempestades foram mais frequentes (inundações na Califórnia).

Figura 5. A partir da Escandinávia começa uma outra unidade de circulação (Fig. 3). Os AMP escandinavos e russos propagam frio e aumento da pressão em direcção aos Balcãs e à bacia do Mediterrâneo. Schönwiese et Rapp (1987) mostraram que durante um século, de 1891 a 1990, a temperatura baixou 1 ºC na Escandinávia e para lá da Europa central. Ao longo da trajectória dos AMP. Enquanto aumentou na Ucrânia e ao sul da Rússia de aproximadamente 2 ºC, ao longo da trajectória dos retornos ciclónicos do Sul. Esta evolução foi confirmada por Litynsk89i (2000). No Mediterrâneo central e oriental a temperatura baixou em média 1 ºC em trinta anos (Kutiel et Paz, 2000). Em Jerusalém, as temperaturas invernais registaram em 1992-1993 os seus recordes inferiores dentro do período 1865-1993 (– 3,5 ºC em relação à normal de 1961-1990). Israel conheceu em 1994 o pior Inverno desde há cem anos (WMO, 1995). Uma situação de "seca" reinou no Mediterrâneo, nomeadamente na Espanha (Gil Olcina et Morales Gil, 2001), na Itália (Conte et Palmieri, 1990), na Argélia (Djellouli et Daget, 1993) e na Grécia onde o défice pluviométrico se tornou preocupante (Nalbantis et al., 1993; Nastos, 1993). O aumento da pressão é forte, constante e generalizado sobre a Europa ocidental e central assim como no conjunto da bacia mediterrânica. Estendeu-se ao Sul na África setentrional. A evolução da pressão em Constança (como em Lisboa, Fig. 5), comparada com as temperaturas árcticas é muito eloquente: a pressão ali baixa quando aqui a temperatura aumenta até se atingir o óptimo climático, o aumento de pressão é em seguida rápido depois dos anos 70, associado ao arrefecimento árctico, atingindo 4 hPa (o que é considerável à escala dos valores médios anuais).

A leste, uma unidade de circulação, a da Ásia, é alimentada pelos AMP da trajectória siberiana, descendo principalmente a este dos Montes Urais, que atravessa dificilmente a Ásia e atinge o Pacífico através da China. Os dados disponíveis dessa região são fragmentados, mas Litynski (2000) sublinha o arrefecimento muito marcado (– 0,7 ºC) na Sibéria (os recordes de frio da Sibéria e da Mongólia dos Invernos recentes ainda se mantêm na memória) e um aquecimento nas regiões litorais orientais, sobre a trajectória das elações do Sul.

Em resumo, no hemisfério Norte, as evoluções climáticas recentes são diversas mas não são as previstas pelos modelos: algumas regiões arrefecem, outras aquecem, as precipitações aumentam ou diminuem, a pressão aumenta ou baixa, mas, em todo o lado, o tempo tornou-se mais severo, mais irregular e mais violento depois dos anos 70, verdadeiro marco da viragem climática do século passado. Estes diferentes comportamentos não devem nada ao acaso e são, pelo contrário, perfeitamente organizados. Têm a mesma condição inicial: o arrefecimento do Árctico, de há trinta anos para cá, fornece um vigor crescente aos AMP boreais. Colocada na evolução climática a longo prazo, esta situação corresponde, todas as proporções guardadas, às premissas da primeira fase de uma glaciação que se caracteriza por uma intensificação lenta da transferência do potencial precipitável tropical em direcção aos pólos e a uma retenção da reserva de água sob a forma sólida. A evolução do tempo, tal como ele é observado directamente, não deve, por consequência, absolutamente nada ao "cenário do efeito de estufa antropogénico, do aquecimento global e das alterações climáticas mal compreendidas".

5. Outras "mentiras"

Outras afirmações não verdadeiras participam na constituição da impostura científica do presumido aquecimento global. Qual é o seu valor real?

As alterações climáticas já começaram?

Figura 6. "Existem provas que as alterações climáticas já começaram" (UNEP-WMO, 2002, p.2) conforme pretende o IPCC. Acrescenta: "A evolução das temperaturas desde há alguns decénios corresponde ao aquecimento previsto pelos modelos devido ao efeito de estufa". O principal argumento sob o qual se fundamenta esta certeza reside na curva da temperatura reconstituída a partir das observações. Isto é, a partir das médias à escala planetária ou hemisférica (publicada todos os anos pela OMM), e parece assim confirmar que podemos atribuir "uma influência perceptível do homem… na evolução do clima". Qual é o valor real desta "prova absoluta" (desde já infirmada pelos satélites, cf. abaixo)? Nada permite afirmar que o aquecimento global começou, e a prova considerada irrefutável – a curva-padrão da evolução da temperatura média global – é também um logro. A Fig. 6, na qual o índice ONA deve ser considerado como uma testemunha da intensidade das trocas meridionais no hemisfério Norte, mostra três períodos distintos:
1) No início do século, a diminuição progressiva do índice ONA traduz uma atenuação dos desvios entre as faces das unidades de circulação e um aumento da temperatura média a norte da latitude de 30 ºN.
2) Em meados do século (óptimo climático), o índice ONA é moderado a negativo, os contrastes térmicos são fracos e a média da temperatura é próxima da normal.
3) Depois do fim dos anos 70, o índice ONA aumenta vigorosamente e a elevação da temperatura está directamente associada ao aumento das subidas de ar quente na face frontal dos AMP que intensificaram de produção. Ottermans et al. (2002) demonstraram recentemente que o aquecimento dos Invernos europeus não é devido, no decurso do período 1948-1995, à elevação dos GEE mas a uma modificação da circulação atmosférica e nomeadamente à intensificação dos ventos de sudoeste (Fig. 3b).

Tendo em conta as evoluções similares nas outras unidades de circulação do hemisfério Norte, o aumento recente de temperatura, indevidamente atribuído ao efeito de estufa antropogénico, não é se não um artefacto. Foi provocado pela aceleração das trocas meridionais e por um fornecimento mais intenso nas médias e altas latitudes de calor tropical, aéreo e marinho. A curva térmica reconstituída tem portanto cada vez menos significado climático à medida que vai ascendendo. Deve-se, por outro lado, sublinhar que este aquecimento (aritmético ou contabilístico) é mais elevado ao norte da latitude 30 ºN (cf. WMO, 2001). É esse aumento regionalizado que determina a evolução da curva dita "global" (Fig. 6: an T glob ), donde o significado climático real é mesmo assim consideravelmente diminuto. A similitude entre estas duas curvas térmicas mostra que o hemisfério Sul e as latitudes 0 ºN – 30 ºN não jogam se não um papel muito limitado na evolução geral, sendo que esta é, por fim, sobretudo determinada pelas latitudes situadas a norte de 30 ºN. O pretendido aquecimento dito global atribuído ao efeito de estufa antropogénico é com efeito regional e limitado. Releva no essencial do factor dinâmico e, portanto, de uma alteração do modo de circulação geral a partir dos anos 70, desvio climático principal que é, recordemos, ignorado pelos "modelos" e pelos "experts", nomeadamente, os ditos “cientistas” do IPCC.

(continua)
 
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por romeu59 » 25/9/2010 1:20

Conhecem o escândalo "climategate" ?

http://www.globalresearch.ca/index.php? ... &aid=16386

Climagate: O pior escândalo científico da nossa era

by Christopher Booker

Global Research, December 3, 2009

Por todo o mundo o escândalo do Climategate repercute de modo cada vez mais intenso — excepto em Portugal. Aqui é como se nada houvesse acontecido pois está a ser encoberto e silenciado. Jornais que se fartaram de promover a falcatrua do aquecimento global – como o Público – fingem agora nada ter a ver com o assunto. Pior, desonestamente continuam a desinformar e a promover o terrorismo climático. Eles que se auto-apregoam como jornais "de referência" (do que?) nem sequer se atêm ao princípio jornalístico básico de apresentar as várias versões de um acontecimento.

Por sua vez, o governo do sr. Sócrates, que andou a gastar rios de dinheiro com a intrujice do aquecimento global, também faz de conta que o escândalo nada tem a ver consigo. Continua (de forma ignorante) a confundir clima com ambiente e a deformar a política energética do país pondo-a ao reboque da impostura do aquecimento global.

E finalmente a União Europeia que se fartou de promover o célebre Protocolo de Quioto – e igualmente a deformar a política energética da UE atrelando-a ao aquecimento global e aos supostos malefícios provocados pelas diabolizadas emissões de CO2 – anda igualmente calada como um rato.

Mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo.

Não se pode permitir que o nosso irremediavelmente comprometido establishment científico escape impune com uma tentativa de camuflagem quanto às estatísticas do aquecimento global.

Uma semana depois de o meu colega James Delingpole, no seu blog Telegraph, cunhar a expressão "Climategate" para descrever o escândalo revelado pela fuga de emails da Climatic Research Unit da Universidade de East Anglia, o Google mostrava que a palavra agora aparece mais de nove milhões de vezes na Internet. Mas em toda esta vasta área de cobertura electrónica, um ponto enormemente relevante acerca destes milhares de documentos tem sido em grande medida omitido.

A razão porque mesmo George Monbiot, do Guardian, exprimiu choque total e desalento com o quadro revelado pelos documentos é que os seus autores não são simplesmente qualquer antigo grupo de académicos. A sua importância não pode ser super-estimada. O que estamos a ver aqui é o pequeno grupo de cientistas que durante anos tem sido mais influente do que qualquer outro na promoção do alarme em todo o mundo acerca do aquecimento global, nem que seja através do papel que desempenharam no cerne do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) da ONU.

O professor Philip Jones, o director do CRU, é o responsável pelos dois conjuntos de dados chave utilizados pelo IPCC para redigir os seus relatórios. Através do seu link ao Hadley Centre, parte do Met Office britânico, o qual selecciona a maior parte dos contribuidores científicos fundamentais do IPCC, o seu registo da temperatura global é o mais importante dos quatro conjuntos de dados de temperatura sobre os quais repousam o IPCC e os governos – nem que seja para as suas previsões de que o mundo aquecerá a níveis catastróficos a menos que milhões de milhões de dólares sejam gastos para o impedir.

O dr. Jones também é uma peça chave do grupo estreitamente coeso de cientistas americanos e britânicos responsáveis por promover o quadro das temperaturas mundiais transmitido pelo gráfico do "hockey stick" de Michael Mann, o qual 10 anos atrás inverteu a história do clima ao mostrar que, após 1000 anos de declínio, as temperaturas globais haviam recentemente disparado para os mais altos níveis da história registada.

Tendo-lhe sido atribuído o estrelato pelo IPCC, ainda que seja pelo modo como pareceu eliminar o desde há muito aceite Período Quente Medieval, quando as temperaturas eram mais elevadas do que hoje, o gráfico tornou-se o ícone central de todo o movimento do aquecimento global de origem antropogénica.

Desde 2003, contudo, quando os métodos estatísticos utilizados para criar o "hockey stick" foram pela primeira vez denunciados pelo perito estatístico canadiano Steve McIntyre como fundamentalmente enviesados, uma batalha cada vez mais acalorada tem estado a ser travada entre os apoiantes de Mann, que se auto-denominam "a Equipe Hockey", e McIntyre e os seus próprios aliados, pois eles têm posto em causa de modo cada vez mais devastador toda a base estatística sobre a qual o IPCC e a CRU construíram a sua argumentação.

Os remetentes e destinatários dos emails escapados da CRU constituem a lista da elite científica do IPCC, incluindo não apenas a "Equipe Hockey", tal como o próprio dr. Mann, o dr. Jones e o seu colega da CRU Keith Briffa, como também Ben Santer, responsável por uma altamente controversa re-redacção de passagens chave do relatório do IPCC de 1995; Kevin Trenberth que de modo igualmente controverso empurrou o IPCC para o alarmismo quanto à actividade de furacões; e Gavin Schmidt, a mão direita do aliado de Al Gore, o dr. James Hansen, cujo registo próprio do GISS [Goddard Institute for Space Studies] de dados de temperatura superficial é o segundo em importância após o da própria CRU.

Nos documentos revelados há três sequências em particular que enviaram uma onda de choque aos observadores informados de todo o mundo. Talvez a mais óbvia, como lucidamente destacado por Willis Eschenbach (ver o blog Climate Audit de McIntyre e o blog Watts Up With That de Anthony Watt), é a altamente perturbadora série de emails que mostra como o dr. Jones e os seus colegas durante anos estiveram a discutir as tácticas tortuosas pelas quais podiam evitar divulgar os seus dados para outros [cientistas] externos de acordo com a legislação sobre liberdade de informação (freedom of information laws).

Eles sugeriram todas as desculpas possíveis a fim de esconder os dados de base sobre os quais se baseavam as suas descobertas e registos de temperatura.

OS DADOS "PERDIDOS" DO DR. JONES

Isto por si mesmo tornou-se um grande escândalo, nem que seja pela recusa do dr. Jones a divulgar os dados básicos a partir dos quais a CRU extrai o seu muito influente registo de temperatura, o que no último Verão culminou com a sua espantosa afirmação de que grande parte dos dados de todo o mundo havia simplesmente sido "perdida". O mais incriminador de tudo são os emails nos quais cientistas são aconselhados a eliminar (to delete) grandes blocos (chunks) de dados. Quando isto acontece após a recepção de um requerimento ao abrigo da lei de liberdade de informação constitui um delito criminoso.

Mas a questão que inevitavelmente se levanta desta recusa sistemática a divulgar os seus dados é: o que é que estes cientistas parecem tão ansiosos por esconder? A segunda e mais chocante revelação dos documentos escapados é como eles mostram cientistas a tentarem manipular dados através dos seus tortuosos programas de computador, sempre a apontar apenas para a direcção desejada – reduzir temperaturas passadas e "ajustar" em alta temperaturas recentes, a fim de transmitir a impressão de um aquecimento acelerado. Isto verificou-se tão frequentemente (nos documentos relativos a dados de computador no ficheiro Harry Read Me) que se tornou o elemento único mais perturbador de toda a história. Foi isto que o sr. McIntyre apanhou o dr. Hansen a fazer com o seu registo de temperatura do GISS do ano passado (após o que Hansen foi forçado a rever o seu registo), e dois novos exemplos chocantes agora vieram à luz na Austrália e na Nova Zelândia.

Em cada um destes países foi possível aos cientistas locais compararem o registo da temperatura oficial com os dados originais sobre os quais supostamente estavam baseados. Em cada caso é claro que o mesmo truque foi efectuado – transformar um gráfico de temperatura basicamente constante num gráfico que mostra temperaturas a elevarem-se firmemente. Em cada caso esta manipulação foi executada sob a influência da CRU.

O que é tragicamente evidente a partir do ficheiro Harry Read Me é o quadro que transmite dos cientistas da CRU irremediavelmente confusos com os complexos programas de computador que conceberam para contorcer os seus dados na direcção aprovada, mais de uma vez a exprimirem o seu próprio desespero quanto à dificuldade em conseguirem os resultados que desejavam.

O SILENCIAMENTO DE PERITOS CONTESTATÁRIOS

A terceira revelação chocante nestes documentos é o modo implacável como estes académicos estiveram determinados a silenciar qualquer perito que questionasse as descobertas a que haviam chegado por tão dúbios métodos – não apenas pela recusa a revelar os seus dados de base como também pela desacreditação e exclusão de qualquer publicação científica que ousasse publicar os seus trabalhos de crítica. Aparentemente eles estavam preparados para travar, se não a reprimir, o debate científico por este meio, nem que seja por assegurar que nenhuma investigação divergente teria lugar nas páginas dos relatórios do IPCC.

Já em 2006, quando o eminente estatístico estado-unidense professor Edward Wegman produziu um relatório pericial para o Congresso dos EUA corroborando a demolição de Steve McIntyre do [gráfico do] "hockey stick", ele denunciou o modo como este mesmo "grupo duramente coeso" de académicos parecia entusiástico apenas em colaborar uns com os outros e fazer "avaliações para publicação" ("peer review") só dos documentos uns dos outros a fim de dominar os resultados daqueles relatórios do IPCC sobre os quais grande parte do futuro dos EUA e da economia mundial poderiam depender. À luz das mais recentes revelações, agora parece ainda mais evidente que estes homens fracassaram na defesa daqueles princípios que jazem no cerne da investigação e debate científico genuínos. Agora um respeitado cientista climático dos EUA, o dr. Eduardo Zorita, propôs que o dr. Mann e o dr. Jones fossem excluídos de qualquer nova participação no IPCC. Mesmo o nosso próprio George Monbiot, horrorizado ao descobrir como fora traído pelos supostos peritos que estivera a reverenciar e a citar por tanto tempo, apelou ao dr. Jones para que se demitisse da chefia da CRU.

O antigo chanceler Lord (Nigel) Lawson, ao lançar na semana passada o seu novo grupo de influência (think tank), o Global Warming Policy Foundation, apelou correctamente a uma investigação independente dentro do labirinto de trapaças revelado pelas fugas da CRU. Mas o inquérito, posto a debate na sexta-feira possivelmente será presidido por Lord Rees, presidente da Royal Society – ela própria uma desavergonhada propagandista da causa aquecimentista –, está longe de ser o que Lord Lawson tinha em mente. Ao nosso establishment científico, irremediavelmente comprometido, não pode ser permitido escapar com um branqueamento do que se tornou o maior escândalo científico da nossa era.
28/Novembro/2009

#
Ver também Aquecimento global: uma impostura científica , artigo do grande cientista Marcel Leroux publicado por resistir.info em 21/Maio/2006.

* Autor de The Real Global Warming Disaster: Is the Obsession with 'climate change' Turning Out to be the Most Costly Scientific Blunder in History?


O original encontra-se em http://globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=16321

Este artigo foi traduzido por http://resistir.info/ .

Global Research Articles by Christopher Booker
 
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por ruilito » 22/9/2010 11:11

Em relação ao documentário há uma série de dados manipulados para que o produto final seja precisamente desafiador em relação ao video do Al Gore. Traduzindo - a credibilidade cai por terra por causa dessas brincadeiras. Verdade é que o filme do Al Gore e os resultados do IPCC também politizaram a mensagem o que causa grande mossa na credibilidade inquestionada que eles pretendem.

No entanto, deixa realmente toda a gente a pensar - Se o assunto está assim tão politizado, tão dependente de fundos e orientações politicas, até onde vai a verdade e que conclusões foram precipitadas?

Acho que ninguém verdadeiramente questiona a necessidade de racionalizar e procurar uma utilização sustentada dos recursos que temos ao nosso dispor, mas neste momento caminhamos em direcção a um extremo o que historicamente não é nada saudavel. Mais uma bolha enorme que um dia cairá por terra... Porquê? Simples... um dia destes toda a gente se vai perguntar - então andamos a fazer investimentos absurdos e o clima continua a aquecer? Será que...
 
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por smiile » 22/9/2010 7:22

Sempre fui da opinião que o papel do Homem nas alterações climáticas não pode ser assim tão determinante como esses movimentos neo-hippies nos quizeram fazer crer.No entanto penso que o documentário não esclarece a questão do buraco de ozono e o suposto papel das emissões de gases nocivos na sua formação?
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por MarcoAntonio » 22/9/2010 0:25

Antes de mais nada (e como já saberá quem tiver prestado atenção ao que tenho escrito noutros tópicos sobre o tema) convém dizer que tenho uma posição neutra nesta questão, uma vez que ainda não consegui formar uma opinião sólida sobre a questão e neste caso e no espectro de opiniões de um ao outro extremo com características "quase religiosas" sobre o tema, eu estou algures a meio.

Em relação ao documentário, ele não é assim tão demolidor:

> Há afirmações falsas no documentário e na verdade o que está no youtube é uma primeira versão, algumas partes foram alteradas em edições anteriores (a passagem sobre as emissões dos vulcões por exemplo contém incorreções e foi retirada);

> Há dois participantes/cientistas na entrevista que tornaram publico dizer que foram utilizados na entrevista de forma habilidosa para sustentar algo que não é o que eles defendem;

> Dois dos gráficos estão seriamente adulterados (um deles tem simultaneamente dados falsos/inexistentes acrescentados pelos produtores do programa e basea-se ele próprio num estudo que contem erros; o outro é o próprio gráfico das temperaturas que está adulterado além de ser uma versão desactualizada (os produtores também admitiram que estenderam o gráfico até 2000, mostrando temperaturas nessa data que não são realmente de 2000).

> Depois, tal como eles questionam os motivos do IPCC e etc, os motivos deles e de alguns dos participantes podem ser questionados (na verdade, tanto os produtores do programa como alguns dos participantes já estiveram envolvidos noutras polémicas anteriores).




Portanto, tudo somado, acho que é um documentário que toca algumas questões importantes mas tem outras coisas bem dificeis de engolir à la teoria da conspiração (a parte de ser tudo uma conspiração para manter África sub-desenvolvida, por exemplo) e cujos critérios de qualidade são no mínimo muito abaixo do par (isto de andar a colocar no gráfico dados arbitrários ou alterar datas à vontade do freguês não é trabalho profissional nem sério).



Já agora, se bem me lembro ele já tinha passado aqui no forum.
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por radiohead » 22/9/2010 0:09

Absolutamente demolidor.

Coloca a "teoria do aquecimento global" no seu devido plano: uma crendice muito lucrativa.

Não é uma teoria catastrofista, por isso não deverá ter muita audiência. Limita-se a esmiuçar e desfazer as alegações das legiões de crentes de uma forma muito serena e factual.
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Vídeo: A Grande Fraude do Aquecimento Global

por romeu59 » 21/9/2010 15:31

Excelente documentário do canal 4 britânico:

http://www.youtube.com/watch?v=RDzuXPM1 ... re=related

O Canal 4 britânico produziu um documentário devastador intitulado "A Grande Fraude do Aquecimento Global". Ele não foi, ao que parece, exibido por nenhuma das redes de televisão nos EUA. Mas, felizmente, ele está disponível na Internet.
 
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