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Caldeirão da Bolsa

Falência de um País - o que acontece ?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por RiscoCalculado » 3/5/2010 12:16

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por LTCM » 3/5/2010 9:49

pafs Escreveu:Se tiver investido através dum banco português num fundo com gestão sediada por exemplo no Luxemburgo o que acontece em caso de bancarrota no país ou falência do banco português em que foi feito o dito investimento :?:

Eu sei que isto é de todo improvável mas não é impossível por isso agradecia a quem me pudesse dar uma resposta concreta a esta minha duvida. :roll:


Existe a obrigação legal das carteiras dos clientes serem segregadas.
Mas, o melhor, é perguntar no banco onde se pretende fazer a operação. :wink:
Remember the Golden Rule: Those who have the gold make the rules.
***
"A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um Forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei nosso senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalhoso que isso dê, (...) é serviço de Portugal. E tem que se cumprir."
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por PAFS » 2/5/2010 22:36

Se tiver investido através dum banco português num fundo com gestão sediada por exemplo no Luxemburgo o que acontece em caso de bancarrota no país ou falência do banco português em que foi feito o dito investimento :?:

Eu sei que isto é de todo improvável mas não é impossível por isso agradecia a quem me pudesse dar uma resposta concreta a esta minha duvida. :roll:
 
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por atomez » 2/5/2010 22:28

As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
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por LTCM » 2/5/2010 11:53

JN
Portugal endividado. E se o país chegar à bancarrota?
Patrocínio
Só este ano, 833 pedidos de ajuda de famílias sobreendividadas chegaram à Deco - Associação de Defesa do Consumidor. O número de processos é progressivamente maior desde há dez anos, quando a crise actual começou, e (quase) ninguém deu por nada. Hoje, é (quase) tarde de mais. Desemprego, doença e deterioração das condições laborais são as três grandes causas que levaram estas famílias a escrever, em Março, à Deco.

Numa dessas cartas, lê-se: "Há meses que supero, pois vou a tudo. Muitas vezes até dou serventia em obras. Vale tudo. Mas, ultimamente, estou desesperado, pago as contas com atraso, o que me tira o sono e me dá vontade de abandonar tudo. É só ameaças, ofensas nos telefonemas das concessionárias de crédito". O desespero mantém-se numa outra missiva: "O que posso fazer para conseguir que o banco analise o meu processo? Podem ajudar-me? Estou um pouco desesperada, porque sempre que encontro uma solução, fecham-me as portas e já não sei o que fazer".

Crédito à habitação, crédito automóvel, cartões de crédito para pagar cartões de crédito. A espiral não tem fim.

Portugal é notícia no Mundo, porque, alegadamente, corre risco de entrar em bancarrota. Enquanto políticos e governantes ensaiam manobras de confiança para os mercados internacionais, a classe média portuguesa suplica por ajuda. E se o país falir? Como será se Portugal entrar em bancarrota?

Há histórias assustadoras de países que abrem falência e de famílias de classe média que tinham quase tudo e ficaram sem quase nada. Mas até parece que essas histórias acontecem só - lá longe - aos outros países. Será que Portugal pode, mesmo, falir? O que é isso de falir um país inteiro? Não passará tudo de mais um caso de alarmismo? O economista Pedro Santa-Clara responde: "Não é só alarmismo, não. A situação é verdadeiramente séria".

Avancemos, então - e sem medos - para o mundo das finanças. Seremos guiados por peritos que nos explicarão tudo o que está a acontecer ao nosso país e às nossas vidas. Se tem uma aversão natural aos temas económicos, está a ler o texto certo, no momento certo. Avancemos.

Então, como pode um país falir? Pedro Santa-Clara, docente na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, explica: "Um país entra em falência quando consome mais do que produz. Enquanto tiver quem empreste, pode continuar neste esquema. Quanto deixar de ter, ou passa a consumir menos e a produzir mais ou não cumpre e abre falência".

No caso de uma empresa, quando abre falência é "decretado o seu fim". Mas os países não são empresas. Segundo o economista João Loureiro, "um Estado pode entrar em incumprimento, mas isso nunca implicará o fim do país. Os países não acabam pelo facto de os respectivos governos entrarem em incumprimento".

Tal e qual uma família falida

Como funciona um país, cujo Governo entrou em incumprimento? "O país fica com muito má reputação e deixa de ter crédito. Mesmo que continue a haver algum, passa a ser a taxas de juro muitíssimo elevadas". João Loureiro, docente da Universidade do Porto, alerta ainda para "um contágio a todos os agentes económicos do país" - bancos incluídos -, que "também perdem acesso a crédito nos mercados internacionais". Enquanto isso, os clientes dos bancos, todos nós, também não conseguem os seus empréstimos.

Ora, daqui se conclui que o factor credibilidade é muito importante nesta matéria. Os países precisam de ser credíveis para serem saudáveis. Pedro Santa-Clara, confirma que é mesmo "essencial". E explica que "o mesmo se passa com uma família em falência: perde credibilidade para o futuro, o que torna difícil voltar a conseguir um empréstimo". E lembra o caso da Argentina, que, passados tantos anos, ainda não tem acesso aos mercados internacionais.

Com o euro, tudo é mais sentido

Fala-se em bancarrota. E na possibilidade da bancarrota portuguesa. Na realidade, quando se usa a expressão bancarrota, "pode interpretar-se como sinónimo de falência, mas também pode ser um sinónimo de incumprimento: uma situação em que quem deve não honra os compromissos". Contudo, frisa, João Loureiro, "incumprimento não é, necessariamente, falência".

A actual situação não é uma estreia para os portugueses. E talvez o caso mais semelhante tenha ocorrido nos anos 70 e 80 do século passado. Na época, o Governo também entrou em incumprimento; logo, "o estrangeiro cortou o crédito ao Estado, às empresas e aos bancos", lembra o docente do Porto.

Só que, na época, havia o escudo. Então, o Fundo Monetário Internacional (FMI) emprestou dinheiro ao Governo português, impondo uma série de condições. Uma delas era a "desvalorização da moeda, o que facilitava a venda dos nossos produtos no estrangeiro, mas tornava mais caras as nossas importações", ressalva o investigador.

Hoje, com o euro, tudo é diferente. "Tudo é mais sentido pelas pessoas", defende Santa-Clara. "O mesmo bem custa mais 30% em Portugal do que na Alemanha. É imperativo aumentar a produtividade. Ou isso ou diminuir os salários". Por isso, o economista sublinha a necessidade de sensibilização dos sindicatos, aproximando-os aos modelos do Norte da Europa.

Com o euro, "os países deixam de poder emitir moeda, pois esse poder está confiado ao Banco Central Europeu, cujos estatutos impedem o financiamento monetário dos défices públicos", acrescenta o economista Pedro Bação, professor na Universidade de Coimbra.

Onde fica a saída, p.f.?

Siga as placas da boa reputação. Dizem os peritos que, enquanto o Governo, as empresas, os bancos e as famílias mantiverem credibilidade, os credores mantêm os seus empréstimos. E, enquanto assim for, Portugal não corre risco de insolvência.

Mas todo este processo de manutenção da credibilidade de um país leva anos e sustenta-se num frágil conceito de "expectativa". Santa-Clara insiste: "Quando deixa de haver expectativa, deixa de haver credores. As pessoas têm tendência a perceber mal o facto de tudo poder mudar de forma repentina".

Assim, há placas a apontar vários caminhos para a saída. A via do aumento de impostos é uma delas, mas isso "poderá estar limitado pelos efeitos políticos e sociais", previne Pedro Bação. Pode escolher-se o caminho do apoio de outros países e instituições como o FMI, tal como fizeram a Islândia e a Grécia. Ou pode, "pura e simplesmente", seguir-se a placa sem saída e "não conseguir ter os meios para cumprir as obrigações", conclui o especialista. De qualquer forma, há um imperiativo: "Um país falido tem que reduzir drasticamente o nível de consumo e investimento".

Que consequências nas nossas vidas?

Imagine-se agora que Portugal faliu, em bom rigor, que entrou em incumprimento: o que acontece a uma família de classe média já sobreendividada?

Para começar, explica o docente de Coimbra, "as famílias com dívidas ao banco sofrerão, certamente, um aumento dos juros". Depois, comprar casa será um desafio maior para "conseguir o crédito desejado". De forma mais simples: seja um Estado, uma empresa ou uma família, a única forma de agir neste cenário é "passar a gastar só o que se tem", diz João Loureiro.

Por sua vez, Santa-Clara ressalva a existência ainda de cenários possíveis. Um dos mais favoráveis será "a renegociação com os credores, diminuindo o plano de pagamentos para algo suportável, o que não é fácil. O pior dos cenários passa pela perda de confiança generalizada. Haverá corrida aos bancos; incumprimento desordenado; restrições do sistema financeiro; grandes custos para o país; desemprego".

Pedro Bação generaliza: haverá uma "perda de bem-estar", que, tal como farão as famílias, obrigará o "Estado português a diminuir a sua dimensão". Na prática, e segundo o docente de Coimbra, o Governo terá que "cortar nos empregos do sector público, nos salários ou mesmo no fornecimento de serviços públicos e prestações sociais. Ou aumentar os impostos". Em suma: do emprego aos rendimentos, "é possível que tudo piore significativamente".
Cláudia Luís
publicado a 2010-05-02 às 00:30

Para mais detalhes consulte:
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia ... id=1558663
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por Naisabel » 26/4/2010 18:18

In Jn

Professor na universidade Católica De Leuven
"Agora que os americanos vos marcaram, vocês podem estar em sarilhos"

Portugal está a ser vítima de especulação e preconceito. A opinião dos economistas dos EUA tem ajudado, diz De Grauwe.


Ah e tal...eu acho que...

A bolsa é como o facebook, existe investidores e jogadores e tanto uns como outros gostam é de ir para
a Farm Village colher morangos
 
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por CerealKiler » 26/4/2010 17:41

otangas Escreveu:
CerealKiler Escreveu:Será que o Estado não podia vender dívida internamente com melhores taxas, pelo menos alguma coisa para aliviar a pressão.


Isso não foi falado na aprovação do OE2010? Salvo erro seria algo para avançar ainda este ano, e até com alguns benefícios fiscais para investisse na dívida portuguesa.

Tenho a impressão que se falou disso, mas posso estar a fazer uma enorme confusão...


é que isto nem ata nem desata, e quando derem conta já estamos na Grécia parte II.

DEmoram tanto tempo a aprovar e tomar medidas.
 
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por Elias » 26/4/2010 17:14

Será que os senhores Barroso e Sarkozy também são contra a existência de puts e posições curtas em geral, que permitem aos especuladores ganharem dinheiro com a queda dos mercados?
 
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por Naisabel » 26/4/2010 17:12

Até parece que não percebo nada desta vida, mas o que é certo passado meia hora saiu a seguinte notícia no Jornal Negócios:

IN 26 Abril 2010 16:36

Durão Barroso e Sarkozy querem penalizar especuladores por ataque à Grécia
O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, foram hoje unânimes na opinião de que a Europa tem de agir contra os especuladores que procuram beneficiar dos problemas financeiros da Grécia.


São os tais "boys" que são pagos para tal...
 
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por otangas » 26/4/2010 17:06

CerealKiler Escreveu:Será que o Estado não podia vender dívida internamente com melhores taxas, pelo menos alguma coisa para aliviar a pressão.


Isso não foi falado na aprovação do OE2010? Salvo erro seria algo para avançar ainda este ano, e até com alguns benefícios fiscais para investisse na dívida portuguesa.

Tenho a impressão que se falou disso, mas posso estar a fazer uma enorme confusão...
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por CerealKiler » 26/4/2010 16:40

Será que o Estado não podia vender dívida internamente com melhores taxas, pelo menos alguma coisa para aliviar a pressão.

por exemplo, com os certificados de aforro, se subisse a taxa com toda a certeza conseguia mais dinheiro. Mas o lobby dos bancos não deixa, porque perdiam aforradores, ... será que estamos em tempos de clientela ou queremos ajudar a melhorar o país.
 
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por Naisabel » 26/4/2010 16:08

O que se vê é que os investidores são uns pobres coitados que andam sempre a mudar milhões de um lugar para outro e parecem sempre umas meninas assustadas quando algum má notícia é lançada.

Obviamente, é escusado falar na outra perspectiva que muitas vezes tudo passa de uma conspiração entre analistas e investidores de modo a lançarem especulações negativas, em demasia, arquitectando assim planos de submersão da bolsa para que de seguida outros coitados investidores desistam das suas investidas e os anteriores aproveitam esse acto para concluírem o seu plano.

A bolsa psicologicamente é como o poker, basta um bluff para bons jogadores deitarem fora fortes mãos.
 
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por RiscoCalculado » 26/4/2010 16:03

O Ricardo Arroja parece ter chegado também à conclusão que no problema de endividamento
do nosso país o Estado não é o único culpado :

http://portugalcontemporaneo.blogspot.com/2010/04/apertar-o-cinto.html

apertar o cinto

A bolsa portuguesa encontra-se hoje em forte queda, ao contrário do resto da Europa que regista pequenas valorizações. A razão é a nova subida das yields portuguesas, que nas emissões a dez anos já vai em 5,2%, cerca de 220 pontos base acima da congénere alemã. Ora, no caso português, estando preocupado com as contas do Estado, não estou tanto como no caso da Grécia. Sem prejuízo do facto de no nosso país as despesas terem de baixar, coisa que, ainda acredito, acontecerá por pressão externa e porque os nossos políticos não quererão seguir o exemplo grego. Assim, parece-me natural que certas medidas adoptadas na Irlanda e, também, na Grécia serão reproduzidas em Portugal, em linha com o que tenho defendido nos últimos meses.

No entanto, no que diz respeito às empresas privadas, estou ainda mais preocupado. De acordo com a Morgan Stanley, o endividamento do sector privado em Portugal é de 189% do seu capital próprio, muito superior ao que se passa na Grécia onde o mesmo indicador revela uma leitura de apenas 82% e extraordinariamente acima do que é recomendado nos manuais de gestão (40%). Assim, a subida das yields portuguesas terá como consequências a progressiva redução do volume de crédito concedido às empresas (há vários meses que já está a ter) e o aumento do custo (spread) associado à sua concessão. O resultado final será o aumento das falências e do desemprego, pois as empresas privadas que se habituaram a viver na estratosfera, a fim de alavancar pequenas margens operativas em lucros para os seus accionistas, serão forçadas a emagrecer e a vender activos ou a fechar. Enfim, isto está mau. Mas a única solução é continuar a reduzir na despesa. A começar no Estado e a acabar nas empresas. Só assim poderemos começar de novo.
Ler Mais...

Publicada por Ricardo Arroja em 12:25



Pois é Ricardo, a verdade é que nos últimos dez anos, as empresas privadas e as famílias
contribuiram quase tanto (ou mais) que o Estado para a actual dívida externa líquida (ou posição de investimento internacional. consultar aqui: http://www.bportugal.pt/pt-PT/Estatisticas/PublicacoesEstatisticas/BolEstatistico/Publicacoes/C30.pdf ) de Portugal de cerca de 100% do PIB.
O problema central como já referi está na baixa produtividade e fraca competitividade
(é certo que este facto é tb, mas evidentemente não só (existem tb outros motivos), explicado pelo clientelismo, pedinchice, cultura de subsidiozinho. )
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por Dwer » 24/4/2010 18:54

RiscoCalculado Escreveu:Quico,

não sei se te estás a referir ao meu post no entanto atenção :
eu nunca disse que o Estado não era um problema . O Estado é de facto um problema, não será é o principal .


A Economia de um país ou de uma zona monetária é um pouquinho mais complicada que a economia de uma família.
O facto de capitais circularem dos países com excedentes para países deficitários (sob a forma de dívida ) acontece por interesse mútuo e não apenas por interesse (ou irresponsabilidade, ou por
querer viver acima das possibilidades) dos devedores. Os países com excedentes na balança comercial não querem ficar com o dinheiro parado debaixo do colchão. Querem aplicá-lo em algum lado. Um destino natural são os países deficitários.
Portanto, existindo desequilibrios continuados nas balanças (devido a diferenças de competitividade) isso conduz naturalmente à situação que vivemos actualmente. Negá-lo é quase como querer negar o fenómeno de osmose - ( A água movimenta-se naturalmente de um meio menos concentrado em soluto
(hipotónico) para um meio mais concentrado em soluto (hipertónico) com o objetivo de se atingir a mesma concentração em ambos os meios )


A ideia do "viver dentro das possibilidades"*** é uma ideia que faz sentido ou em
economia fechada ou em câmbios flexíveis. Aí sim os câmbios (regra geral) ajustam automaticamente no sentido de equilibrar as balanças. Não estando as balanças equilibradas (como é frequente em câmbios fixos) então , como já expliquei, o movimento de capitais acontece por interesse mutuo e não
por interesse de apenas uma das partes



*** atenção que com isto não quero dizer que cada pessoa individualmente não faça um esforço por viver dentro das possibilidades, o que quero dizer é que por mais que tentem isso nunca acontecerá a não ser que o corte de despesas se faça sobretudo em bens importados. Mas espera .... numa zona de comércio livre não podes tentar convencer as pessoas a importar menos (vai contra as regras) ... as pessoas podem gastar muito pouco ... podem não gastar quase nada ... mas se o pouco que gastam for numas férias ao estrangeiro, ou num PC, ou num telemóvel, ou em combustível o problema nunca tem fim, é um empobrecimento gradual e continuado.
Como ainda não podes dizer às pessoas onde gastar o dinheiro , só podes dizer para gastarem menos...............


Existe a possibilidade de uma desvalorização encapotada: um aumento muito grande do IVA e a redução de outros impostos. Desincentiva o consumo e incentiva a exportação. O problema é quando todos os países fazem isso. Todos querem 'export their way out of the crisis'.
Abraço,
Dwer

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por MarcoAntonio » 24/4/2010 18:43

Já agora, os valores de 2008~2009 apontam para cerca de $46.000 de PIB per capita para os Estados Unidos (na Europa Ocidental, o valor médio não fugirá muito deste valor e acrescente-se que a nível mundial praticamente só países desta zona do globo conseguem ultrapassar os Estados Unidos).

A valores de 2008~2009, o PIB per capita na China encontra-se ainda a cerca de $3.500...

A valores de 2008~2009, o PIB per capita na Índia encontra-se ainda a cerca de $1.000...

É uma diferença gigante. Obviamente estás a exagerar a perda de relevância da Europa e a qualidade do seu "empobrecimento", provavelmente fortemente influenciado pela crise económica que atravessamos. E a retirar conclusões quanto à pertinência da aposta na formação/qualificação para os quais. até ver, eu não encontro qualquer sustentação.

Aqueles outros dois países citados estão a "ocidentalizar-se". O seu modo de vida está a aproximar-se do modo de vida existente na Europa Ocidental e nos Estados Unidos. O que isto mostra, inlcuíndo o gráfico que colocaste e tendo em conta as dimensões demográficas de cada zona discriminada é o sucesso a nível mundial do modelo Europeu/Americano e não o contrário.
Imagem

FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por MarcoAntonio » 24/4/2010 18:24

Lion_Heart Escreveu:Marco, tens aqui um grafico com o GDP dos maiores blocos mundiais dos ultimos 500 anos. Pena é ser até 2000 . Mas concerteza a Europa ainda deve ter perdido mais para China, India.


Deste gráfico concluo essencialmente três coisas:

1. Os Estados Unidos são o grande vencedor dos últimos séculos (um país progressista, que aposta fortemente na tecnologia e formação para atingir a hegemonia);

2. O Comunismo foi um massacre para a China que está agora a recuperar o que perdeu nesse período;

3. O período colonial foi um massacre para a Índia que está agora a recuperar o que perdeu nesse período.


Toma nota ainda do seguinte: esses valores são valores totais e não per capita. Os valores por habitante apontam para uma diferença ainda maior a favor dos países "mais evoluídos" dado que:

> Os Estados Unidos têm uma população de ~300 milhões.

> A Europa Ocidental tem uma população de ~400 milhões (em grande parte, constituida pela Zona Euro). A Europa Ocidental é a zona do globo que mais se aproxima dos Estados Unidos seja em qualidade de vida (chega a ser superior em diversos países europeus) ou aposta na formação e tecnologia.

> A China tem uma população de ~1.300 milhões.

> A India tem uma população de ~1.200 milhões.

Falta também analisar como está a evoluir a aposta na formação nos países em recuperação. Pessoalmente tenho poucas dúvidas que a formação e qualificação média está a acompanhar a recuperação da productividade nesses países...

Até agora ainda não apresentaste nenhum dado que apontasse para o contrário.
Imagem

FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por Lion_Heart » 24/4/2010 2:02

Marco, tens aqui um grafico com o GDP dos maiores blocos mundiais dos ultimos 500 anos. Pena é ser até 2000 . Mas concerteza a Europa ainda deve ter perdido mais para China, India.
Anexos
percent-world-gdp-1500.jpg
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por bolo » 22/4/2010 17:24

Susana Amado Escreveu:
Branc0,

se não és tu a ver esse importante pormenor e a dar a sugestão, este "governo" é capaz de terraplanar tudo, só pra ganhar mais uns $$$ e ainda afirmarem que deixaram obra feita e criaram muitos postos de trabalho com a dita (terraplanagem)


Para efeitos de qualquer coisa, e se é essa a preocupação do Branc, o mais adequado é "meter" uma providência cautelar.
De resto, nada pode impedir que numa manhã qualquer as máquinas não avancem, e, pois, até lá baixo.
Acabei de me auto-promover a Principiante!
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por Susana Amado_ » 22/4/2010 16:29

Branc0 Escreveu:
bolo Escreveu:
The Mechanic Escreveu: terraplanarem o país de Faro a Bragança


julgo de extrema justiça, salientar este conceito de "terraplanagem" pela imensa beleza e eficácia que ele encerra.


Acho que só é preciso terraplanar a partir de Lisboa, para baixo é deserto :D


Branc0,

se não és tu a ver esse importante pormenor e a dar a sugestão, este "governo" é capaz de terraplanar tudo, só pra ganhar mais uns $$$ e ainda afirmarem que deixaram obra feita e criaram muitos postos de trabalho com a dita (terraplanagem)
:oops: :oops: :oops: :oops:
:lol: :lol: :lol:

Bjs

P.S. Eu vou lanchar, que já estou a dizer muitas coisas estranhas hoje :roll:
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por Branc0 » 22/4/2010 16:18

bolo Escreveu:
The Mechanic Escreveu: terraplanarem o país de Faro a Bragança


julgo de extrema justiça, salientar este conceito de "terraplanagem" pela imensa beleza e eficácia que ele encerra.


Acho que só é preciso terraplanar a partir de Lisboa, para baixo é deserto :D
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por bolo » 22/4/2010 16:15

The Mechanic Escreveu: terraplanarem o país de Faro a Bragança


julgo de extrema justiça, salientar este conceito de "terraplanagem" pela imensa beleza e eficácia que ele encerra.
Acabei de me auto-promover a Principiante!
Aaahhgrrr,... os meus dedos não estalam!!!
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por Susana Amado_ » 22/4/2010 13:01

Serrano Escreveu:
...

Bem agora há um perigo que não existia naquelas bandas: o constâncio estendeu os seus poderes de supervisão a todo território de D. Quixote e não só...



Que chatice :mrgreen:, lá temos que ir abrir mais longe :mrgreen:

Estou a brincar!!! :oops:

Bjs
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por Quico » 22/4/2010 11:15

Caro Risco:

Eu volto a reiterar que o tamanho desmesurado estado e a forma como toda a economia está pendurada no dinheiro que ele distribui é o principal problema.
A tua explicação foge à questão. Agradeço a explicação teórica acerca dos fluxos monetários entre países (a minha formação é de engenharia), até porque gosto sempre de apreender coisas novas acerca desses assuntos por quem sabe.
No entanto, e se reparares, dás como um dado adquirido que somos um país deficitário - ponto final. Justamente a minha parábola da "família falida com mordomo e criados para sustentar" aplica-se como uma luva a explicar o porquê de sermos um país fortemente deficitário.
A família Portugal tem demasiados "mordomos e criados" (leia-se Estado - pessoas e recursos atribuídos a funções do funcionamento interno do país) e poucos "pais, mãe, avós ricos,what ever..." a trazer dinheiro para dentro de casa (leia-se empresas industriais e de serviços, agricultura, etc. que, em última análise através de exportações, geram fluxos de riqueza para o interior do país).

Neste país a mentalidade reinante é que o "estado tem um poço sem fundo de onde pode sacar dinheiro". Ninguém vê que ele o vai retirar aos próprios bolsos das pessoas e serão elas (mais tarde ou mais cedo) a pagar a factura, como agora se conclui.

O estado tem que se concentrar nas suas funções primordiais e deixar-se de fantasias keynesianas que só atrapalham e asfixiam o tecido económico e passam a mensagem errada às pessoas. As pessoas e sobretudo as empresas têm que se libertar da sua dependência do estado e tratarem de fazer por competirem e serem competitivas nos mercados, não por conseguirem mais este subsidio ou aquele concurso do estado.


Abraço.
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por A330-300 » 22/4/2010 2:29

Olá,

Alguém conheçe um banco de investimentos suiço , tipo BIG,BEST,Activo,etc?

Abraços,
A-330
 
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por RiscoCalculado » 22/4/2010 0:34

Quico,

não sei se te estás a referir ao meu post no entanto atenção :
eu nunca disse que o Estado não era um problema . O Estado é de facto um problema, não será é o principal .


A Economia de um país ou de uma zona monetária é um pouquinho mais complicada que a economia de uma família.
O facto de capitais circularem dos países com excedentes para países deficitários (sob a forma de dívida ) acontece por interesse mútuo e não apenas por interesse (ou irresponsabilidade, ou por
querer viver acima das possibilidades) dos devedores. Os países com excedentes na balança comercial não querem ficar com o dinheiro parado debaixo do colchão. Querem aplicá-lo em algum lado. Um destino natural são os países deficitários.
Portanto, existindo desequilibrios continuados nas balanças (devido a diferenças de competitividade) isso conduz naturalmente à situação que vivemos actualmente. Negá-lo é quase como querer negar o fenómeno de osmose - ( A água movimenta-se naturalmente de um meio menos concentrado em soluto
(hipotónico) para um meio mais concentrado em soluto (hipertónico) com o objetivo de se atingir a mesma concentração em ambos os meios )


A ideia do "viver dentro das possibilidades"*** é uma ideia que faz sentido ou em
economia fechada ou em câmbios flexíveis. Aí sim os câmbios (regra geral) ajustam automaticamente no sentido de equilibrar as balanças. Não estando as balanças equilibradas (como é frequente em câmbios fixos) então , como já expliquei, o movimento de capitais acontece por interesse mutuo e não
por interesse de apenas uma das partes



*** atenção que com isto não quero dizer que cada pessoa individualmente não faça um esforço por viver dentro das possibilidades, o que quero dizer é que por mais que tentem isso nunca acontecerá a não ser que o corte de despesas se faça sobretudo em bens importados. Mas espera .... numa zona de comércio livre não podes tentar convencer as pessoas a importar menos (vai contra as regras) ... as pessoas podem gastar muito pouco ... podem não gastar quase nada ... mas se o pouco que gastam for numas férias ao estrangeiro, ou num PC, ou num telemóvel, ou em combustível o problema nunca tem fim, é um empobrecimento gradual e continuado.
Como ainda não podes dizer às pessoas onde gastar o dinheiro , só podes dizer para gastarem menos...............
"In my whole life, I have known no wise people over a broad subject matter area who didn't read all the time - none, zero" - Charlie Munger

"Entre os seres humanos, existe uma espécie de interacção que assenta não nos conhecimentos, nem sequer na falta de conhecimentos, mas no facto de não se saber quanto não se sabe ..." - John Kenneth Galbraith
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