O cantinho do Champignon
ambgoncalves Escreveu:Desde já os parabéns pela participação.
Agora, fiquei com uma dúvida relativamente a uma das regras, mais concretamente: "Cada posição não poderá apresentar uma desvalorização superior a 4% da carteira. ".
Pelo que percebi, a tua estratégia é de médio/ longo prazo. Esse tipo de estratégia é coerente com perdas durante algum tempo, ao longo do período de investimento.
Logo, estar a limitar as variações negativas a apenas 4% não é pouco? Ou sou eu que estou a pensar mal?
Uma última nota, tens alguma ideia de um bom livro para introdução nestas matérias? Estive a ver o "The Warren Buffet Way", parece-me interessante, mas atendendo a que tens experência na área, podes ter já algum feedback de leituras...
Bons negócios e continuação,
Alexandre
Acho que percebeste mal.
4% será relativamente ao valor inicial. Ou seja, imagina o seguinte caso:
-Invisto 5000 euros numa empresa
-O valor da minha carteira é neste momento 50 000 Euros
Logo estou capaz de perder 2000 euros neste negócio. Equivale a 40%.
Entendes?
Quanto a livros eu sou fã do Peter Lynch.
Dá uma olhadela no "Beating the street" e no "One up on Wall street".
Cumprimentos,
Champignon
"In this business if you're good, you're right six times out of ten. You're never going to be right nine times out of ten." by Peter Lynch
http://fundamentalmentebolsa.blogspot.com/
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Desde já os parabéns pela participação.
Agora, fiquei com uma dúvida relativamente a uma das regras, mais concretamente: "Cada posição não poderá apresentar uma desvalorização superior a 4% da carteira. ".
Pelo que percebi, a tua estratégia é de médio/ longo prazo. Esse tipo de estratégia é coerente com perdas durante algum tempo, ao longo do período de investimento.
Logo, estar a limitar as variações negativas a apenas 4% não é pouco? Ou sou eu que estou a pensar mal?
Uma última nota, tens alguma ideia de um bom livro para introdução nestas matérias? Estive a ver o "The Warren Buffet Way", parece-me interessante, mas atendendo a que tens experência na área, podes ter já algum feedback de leituras...
Bons negócios e continuação,
Alexandre
Agora, fiquei com uma dúvida relativamente a uma das regras, mais concretamente: "Cada posição não poderá apresentar uma desvalorização superior a 4% da carteira. ".
Pelo que percebi, a tua estratégia é de médio/ longo prazo. Esse tipo de estratégia é coerente com perdas durante algum tempo, ao longo do período de investimento.
Logo, estar a limitar as variações negativas a apenas 4% não é pouco? Ou sou eu que estou a pensar mal?
Uma última nota, tens alguma ideia de um bom livro para introdução nestas matérias? Estive a ver o "The Warren Buffet Way", parece-me interessante, mas atendendo a que tens experência na área, podes ter já algum feedback de leituras...
Bons negócios e continuação,
Alexandre
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Carteira pública
Bem tal como tinha prometido no inicio do tópico vou partilhar uma carteira de investimentos de forma pública.
A carteira terá as seguintes regras:
Capital inicial 50 000 euros
Custos com comissões- 7.5 euros por movimento de acções/ETF´s.
CFD´s terão um custo de 0.1% sobre o valor da acção.
Será composta no máximo por 10 acções/CFD´s/ETF´s.
Quando investida no lado longo será composta unicamente por acções ou ETF´s.
Quando do lado short utilizará CFD´s.
Embora seja um instrumento alavancado, não haverá conta margem neste carteira. Quero com isto dizer que se for comprado um CFD que requira apenas 10% de margem, na carteira será contabilizado como 100%, não havendo por isso alavancagem. O spread será 0.1% do valor da acção.
Cada posição não poderá ter inicialmente um peso superior a 7.5% do valor da carteira.
Cada posição não poderá apresentar uma desvalorização superior a 4% da carteira.
Os preços contabilizados são os valores de abertura do dia seguinte ao da actualização.
Todos os movimentos terão que ser justificados em tempo oportuno.
A estratégia vai ser baseada sobretudo em análise fundamental com recurso também a análise técnica.
Os movimentos são realizados com um objectivo de médio/longo prazo. Podem ser ocasionalmente ser feitos alguns movimentos de curto prazo, caso o autor assim o entenda.
A carteira terá inicio no dia 15/03/2010.
Relembro que esta carteira não tem que ser necessariamente real e que tens apenas fins didácticos. Qualquer movimento não pode nunca ser interpretado como uma recomendação, mas apenas como a opinião do autor. O autor não se responsabiliza por quem tentar seguir as suas opiniões.
Bem penso não me ter esquecido de nada.
Brevemente virão os primeiros movimentos.
Cumprimentos,
Champignon
A carteira terá as seguintes regras:






Embora seja um instrumento alavancado, não haverá conta margem neste carteira. Quero com isto dizer que se for comprado um CFD que requira apenas 10% de margem, na carteira será contabilizado como 100%, não havendo por isso alavancagem. O spread será 0.1% do valor da acção.




A estratégia vai ser baseada sobretudo em análise fundamental com recurso também a análise técnica.
Os movimentos são realizados com um objectivo de médio/longo prazo. Podem ser ocasionalmente ser feitos alguns movimentos de curto prazo, caso o autor assim o entenda.
A carteira terá inicio no dia 15/03/2010.
Relembro que esta carteira não tem que ser necessariamente real e que tens apenas fins didácticos. Qualquer movimento não pode nunca ser interpretado como uma recomendação, mas apenas como a opinião do autor. O autor não se responsabiliza por quem tentar seguir as suas opiniões.
Bem penso não me ter esquecido de nada.
Brevemente virão os primeiros movimentos.
Cumprimentos,
Champignon
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O que te leva a acreditar que o Zloty vai valorizar em relação ao euro no prazo de um ano e de forma significativa?
http://www.tititudorancea.com/z/euro_to ... _zloty.htm
A tendencia tem sido para valorizar mas já estimaste essa valorização ou o impacto que vai ter no aumento do valor das vendas e do eps? Além de que, uma vez que a valorização tem acontecido ela já estaria reflectida na taxa de crescimento dos eps nos últimos 2 anos, digo eu.
Acho que não leste a minha análise com atenção!
Quanto ao aumento das vendas e do EPS, passo a citar:
Em 1º lugar vou admitir para 2010 o valor do Zloty de 3.95.
Neste momento está a 3.90 e a sua tendência é descendente.
Em seguida vou admitir um aumento de 37.5% para as vendas da Biodronka. Se em 2009 com o aumento de apenas 8% de área de venda em relação a 2008, aumentaram as vendas em 29%, utilizando a mesma proporção em 2010, com o aumento previsto de 10% de área de venda teremos um crescimento de 37.5%.
Isto dará ao câmbio anteriormente referido de 3.95, vendas no valor de 5593M.
Para o mercado português estimei um aumento conservador de 5% das vendas. Isto daria para Portugal 3772M.
Acredito que possa subir mais que isto, devido sobretudo ao incremento de qualidade e competitividade que a marca Pingo Doce tem vindo a ganhar. Mas ficamos pelos 5% para efeitos de cálculo.
Ficaria então a Polónia com uma cota de 59.7%.
Parece-me razoável tendo em conta os planos futuros da empresa.
Isto daria vendas totais de 9365M.
Aplicando a mesma margem de lucro liquida de 2.74% dará um lucro futuro de 256.6M de euros. Isto daria um EPS de 0.41. Isto seria 28% superior ao ano passado.
Acredito que a margem liquida tem também todas as condições para subir para os 3%, com o aumento da cota de mercado para 60% na Polónia (onde as margens são maiores), bem como á eficiente politica de gestão da empresa nos últimos anos.
Mas vamos considerar para efeitos de cálculo a mesma margem que 2009 de 2.74%.
A JMT passaria assim a transaccionar com um PER para 2010 de 17.8.
Para transaccionar com o PER actual de 23 a cotação daqui a 1 ano teria que ser de 9.43 Euros. São 30% de potencial de valorização.
E olhando para as perspectivas futuras acho que com esta politica de gestão, e entrando a Polónia no Euro, temos condições para a JMT crescer 25% ao ano, nos próximos 5 anos.
Depois quando dizes que a taxa de crescimento está descontado no EPS dos anos anteriores, relembro o seguinte:
Utilizando os dados do relatório, o câmbio do zloty foi em 2008, de 3.51 e em 2009 de 4.31.
O EPS no último ano não reflecte de todo a taxa de crescimento. As vendas na Polónia subiram mais de 30% e no entanto em euros foi apenas um aumento de 6%. Ou seja para efeitos de cálculo de EPS são utilizados os 6% e não 30 e tal.
Depois quando dizes que não há acções portuguesas para a vida, acredito.
Mas acho que para os próximos 5 anos a JMT é uma boa aposta. Quando a Polónia entrar no Euro, acho que vai ser muito positivo para a JMT não estar sujeita ao risco cambial.
Acho que este "prejuízo" cambial do ano passado é um bom ponto de entrada para o futuro. Eu só ainda não comprei porque acredito que ela faça um duplo topo, e a possa vir buscar cá mais abaixo. Se não fizer terei que comprar pelos 7.50 com muita pena minha.
Champignon Escreveu:Eu só critiquei a minha afirmação, mas tens razão, devo justificar, a minha estimativa baseia-se na evolução dos eps desde 2007 e dá-me um price target para este ano entre 5,90 - 8,65 euros calculados respectivamente para uma valorização pessimista PER=15 e optimista PER=22 isto sem haver aumento de capital por acções.
O que eu te acho que te está aqui a escapar é o peso do Zloty como catalisador. Pelo menos eu entendo assim.
Se fores a ver as vendas subiram muito em percentagem, mas pouco quando convertido para euros. Se para o ano se estes aumentos percentuais poderem ser transformados em euros devido à valorização do Zloty, o EPS vai subir imenso.
O que te leva a acreditar que o Zloty vai valorizar em relação ao euro no prazo de um ano e de forma significativa?
http://www.tititudorancea.com/z/euro_to ... _zloty.htm
A tendencia tem sido para valorizar mas já estimaste essa valorização ou o impacto que vai ter no aumento do valor das vendas e do eps? Além de que, uma vez que a valorização tem acontecido ela já estaria reflectida na taxa de crescimento dos eps nos últimos 2 anos, digo eu.
Começo a acreditar que não existem cotadas na bolsa portuguesa que possam constituir um investimento para uma vida.
"There are three faithful friends - an old wife, an old dog, and ready money." - Benjamin Franklin
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Eu só critiquei a minha afirmação, mas tens razão, devo justificar, a minha estimativa baseia-se na evolução dos eps desde 2007 e dá-me um price target para este ano entre 5,90 - 8,65 euros calculados respectivamente para uma valorização pessimista PER=15 e optimista PER=22 isto sem haver aumento de capital por acções.
O que eu te acho que te está aqui a escapar é o peso do Zloty como catalisador. Pelo menos eu entendo assim.
Se fores a ver as vendas subiram muito em percentagem, mas pouco quando convertido para euros. Se para o ano se estes aumentos percentuais poderem ser transformados em euros devido à valorização do Zloty, o EPS vai subir imenso.
Champignon Escreveu:Woodhare Escreveu:Woodhare Escreveu:Sempre tinha prestado pouca atenção a este título talvez por ser tão popular presumia que estava sempre caro. Mas agora percebo que foi uma grande asneira pensar dessa maneira.
Queria só redimir-me desta afirmação porque entretanto andei a olhar com olhos de ver para o título. É possível que a JM não esteja muito cara mas não me parece que esteja barata.
Eu só fiz a minha análise. Não tem que estar necessariamente correcta. Eu estimei um valor futuro e justifiquei.
No teu caso qual a justificação de "olhos de ver"?
Eu só critiquei a minha afirmação, mas tens razão, devo justificar, a minha estimativa baseia-se na evolução dos eps desde 2007 e dá-me um price target para este ano entre 5,90 - 8,65 euros calculados respectivamente para uma valorização pessimista PER=15 e optimista PER=22 isto sem haver aumento de capital por acções.
Champignon Escreveu:Olha que a JM anda perto disso e a PT está bastante pior.
A JMT tinha na minha análise :Diminuição da dívida liquida de 845M para 692M
-Capital próprio 1085 M
Afinal ainda existe uma empresa portuguesa bem gerida, em que os capitais próprios são superiores ao endividamento. Assim dá gosto. Temos então uma dívida de 64% dos capitais próprios. Não é perfeito…mas em Portugal duvido que haja melhor.
A SONI tem mais que isso.
A PT não sei porque razão surgiu na conversa. Eu gosto é de me guiar pelos bons exemplos e não pelos maus. Dizer que há alguém pior não significa que o outro esteja bem.
O passivo total da JM é 2.715.711 mil e o da Sonae Indústria 1.248 milhões, isto para 989.105 mil e 355 milhões de capital próprio respectivamente o que dá um debt to equity de 2,75 e 3,51. Falei na PT porque as empresas menos endiividadas que tenho encontrado andam entre os 2,5-4, a PT anda perto dos 9,8. Assim apesar de tudo consideraria as primeiras como relativamente pouco endividadas no contexto nacional.
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Woodhare Escreveu:Woodhare Escreveu:Sempre tinha prestado pouca atenção a este título talvez por ser tão popular presumia que estava sempre caro. Mas agora percebo que foi uma grande asneira pensar dessa maneira.
Queria só redimir-me desta afirmação porque entretanto andei a olhar com olhos de ver para o título. É possível que a JM não esteja muito cara mas não me parece que esteja barata.
Eu só fiz a minha análise. Não tem que estar necessariamente correcta. Eu estimei um valor futuro e justifiquei.
No teu caso qual a justificação de "olhos de ver"?
Olha que a JM anda perto disso e a PT está bastante pior.
A JMT tinha na minha análise :
Diminuição da dívida liquida de 845M para 692M
-Capital próprio 1085 M
Afinal ainda existe uma empresa portuguesa bem gerida, em que os capitais próprios são superiores ao endividamento. Assim dá gosto. Temos então uma dívida de 64% dos capitais próprios. Não é perfeito…mas em Portugal duvido que haja melhor.
A SONI tem mais que isso.
A PT não sei porque razão surgiu na conversa. Eu gosto é de me guiar pelos bons exemplos e não pelos maus. Dizer que há alguém pior não significa que o outro esteja bem.
Champignon Escreveu:
Bem olhando para as suas contas vemos uma dívida 3 vezes superior aos seus capitais próprios e que além disso apresenta prejuízos avultados.
Olha que a JM anda perto disso e a PT está bastante pior.
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Woodhare Escreveu:Sempre tinha prestado pouca atenção a este título talvez por ser tão popular presumia que estava sempre caro. Mas agora percebo que foi uma grande asneira pensar dessa maneira.
Queria só redimir-me desta afirmação porque entretanto andei a olhar com olhos de ver para o título. É possível que a JM não esteja muito cara mas não me parece que esteja barata.
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Champingon, deixa-me dar-te uma vez mais os parabéns pelas tuas análises.
Mais uma vez agradeço, ainda para mais vindo de quem vem

Há, no entanto, algo que me faz sempre acreditar que é mais fácil fazer-se boa AT do que boa AF.
Quanto ao ser mais fácil, também não tenho duvidas.
Quanto ao ser mais eficaz ainda tenho.
Eu procuro utilizar uma conjugação das duas. Embora para AT use apenas os conceitos básicos.
Linhas de tendência com 3 toques no mínimo a longo prazo; resistências e suportes horizontais, volumes e 2 ou 3 figuras de reversão.
Mas gosto de AF para saber exactamente o que estou a comprar. Nós ao comprar um electrodoméstico por vezes andamos semanas a investigar qual é melhor e porquê.
Porque não fazer o mesmo para cada acção?
Afinal vamos investir por vezes bem mais do que gastamos no tal electrodoméstico.
Tenho receio de investir baseado apenas num gráfico, sobretudo me empresas de pequena capitalização.
Mas também percebo que para ti, devido ao volume de capital que movimentas na tua profissão, seja mais fácil a AT devido á necessidade de liquidez que precisas. E nas Large Caps geralmente a AF é menos útil, pois regra geral têm uma correcta avaliação fundamental.
Na minha opinião, para uma AF de qualidade, é muito importante conhecer-se para onde se vai mover a empres aem termos estratégicos, qual a posição dos seus concorrentes (tal qual, bem referiste), oportunidades, ameaças, etc... Tudo coisas que nã vêm nas contas e que necessitam de um estudo bastante aprofundado e até de contactos directos com responsáveis das empresas.
Estamos de acordo.
Estou a pensar incluir futuramente nas minhas análises uma matriz SWOT.
Embora diga entrelinhas o que penso sumariamente sobre o futuro da empresa, uma matriz SWOT torna as coisas mais claras.
Para mim, são essas perspectivas e a forma como conseguimos antecipar como irá evoluir o negócio da empresa que pode permitir algum sucesso a quem usa a AF. É para isso não basta olhar para as contas, o que torna muito mais difícil o uso da AF.
Se reparares eu tento sempre que consigo, fazer essas perspectivas.
As contas permitem fazer uma triagem. Para o futuro como sempre disse, é preciso alguma sensibilidade. E é por isso que a AF é um desafio. Se fosse só fazer estatísticas seria fácil.
Nas duas análises completas que fiz, consegui definir no caso da:
- JMT -um cenário objectivo para o futuro (pode estar ou não correcto, mas está definido).
- SONI- dois cenários possíveis.
Daí só considerar o investimento numa delas. Com milhares de acções pelo mundo para escolher, temos que escolher aquelas que lhe conseguimos trilhar (ou julgamos conseguir) o caminho futuro...
Champingon, deixa-me dar-te uma vez mais os parabéns pelas tuas análises. Há, no entanto, algo que me faz sempre acreditar que é mais fácil fazer-se boa AT do que boa AF.
Na minha opinião, para uma AF de qualidade, é muito importante conhecer-se para onde se vai mover a empres aem termos estratégicos, qual a posição dos seus concorrentes (tal qual, bem referiste), oportunidades, ameaças, etc... Tudo coisas que nã vêm nas contas e que necessitam de um estudo bastante aprofundado e até de contactos directos com responsáveis das empresas.
Para mim, são essas perspectivas e a forma como conseguimos antecipar como irá evoluir o negócio da empresa que pode permitir algum sucesso a quem usa a AF. É para isso não basta olhar para as contas, o que torna muito mais difícil o uso da AF.
Um abraço,
Ulisses
Na minha opinião, para uma AF de qualidade, é muito importante conhecer-se para onde se vai mover a empres aem termos estratégicos, qual a posição dos seus concorrentes (tal qual, bem referiste), oportunidades, ameaças, etc... Tudo coisas que nã vêm nas contas e que necessitam de um estudo bastante aprofundado e até de contactos directos com responsáveis das empresas.
Para mim, são essas perspectivas e a forma como conseguimos antecipar como irá evoluir o negócio da empresa que pode permitir algum sucesso a quem usa a AF. É para isso não basta olhar para as contas, o que torna muito mais difícil o uso da AF.
Um abraço,
Ulisses
INAPA
Proponho que a próxima a ter esta excelente avaliação seja a INAPA. 

No jogo da bolsa, as mãos fracas e fortes estão sempre a perder, quem ganha sempre é a "casa" (corretoras e bancos).
Bem tal como prometido aqui fica a análise da SONI
Tipo de negócio:
A Sonae Indústria é um dos maiores produtores mundiais de painéis derivados de madeira. A sua gama de produtos abrange, nomeadamente:
•Aglomerado de partículas de madeira (particleboard)
•MDF (Medium Density Fibreboard)
•Aglomerado de fibras duro (Hardboard)
•OSB (Oriented Strand Board)
•Produtos e serviços de valor acrescentado -componentes, soluções e sistemas - para as indústrias de mobiliário, construção, decoração e para o sector de bricolage.
•Laminados decorativos de alta pressão
•Produtos químicos (formaldeído, resinas à base de formaldeído e papéis impregnados).
A 31 de Dezembro de 2009, a Sonae Indústria empregava cerca de 5.500 colaboradores, espalhados por 29 unidades e estando presente em 8 países: Portugal, Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Canadá, Holanda, Suiça e África do Sul.
A empresa vende os seus produtos a nível global, tendo a seguinte distribuição:
-20% na Península Ibérica
-42% Europa Central
-11% Resto da Europa
-27% Resto do Mundo
O seu volume de negócios é produzido com a seguinte distribuição:
- 34% na Alemanha
- 23% Peninsula Iberica
- 15% França
- 10% Brasil (alienado recentemente)
- 7% Canada
- 6% Africa
Quanto ao tipo de produtos que faz, fá-lo com a seguinte distribuição:
- MF 28%
-MDF 20%
- PB 19%
- CTS 9%
- OSB 6%
- TGC 5%
- FLOORING 2%
- HB 1%
- OUTROS 10%
Bem conhecido o que a empresa faz passemos a uma análise propriamente dita.
Análise Fundamental
É uma acção que existe desde há longo tempo. No entanto, voltou a ser incorporada na holding mãe e só em 2005 passou a negociar em bolsa novamente. Actualmente os resultados da SONI em nada influenciam os da SON.
Capitalização Bolsista: 336.000.000,00 €
Cotação actual: 2.4 €
Vou colocar de seguida uma tabela com os dados fundamentais mais relevantes.
Vemos então que em 2004 houve um aumento de capital de 40 M de acções. Isto na altura representou uma diluição do valor do accionista em 40%. Desde de 2004 não houve mais nenhum.
Se houver mais algum aumento de capital só pode significar uma de duas coisas:
- Ou a empresa está com muitas dificuldades e precisa que o accionista a salve
- Ou tem planos de expansão
Neste caso, e como vamos ver mais á frente, a empresa está a tentar concentrar em vez de expandir devido á escassez de procura. Um aumento de capital seria um mau sinal para a empresa.
Vemos que o resultado liquido final foi sempre bastante influenciado por ganhos não recorrentes, nomeadamente alienação de activos. Aqui estão incluídos, por exemplo, vendas de terrenos, empresas do grupo ou até indemnizações de seguros.
Vemos também um aumento de vendas até 2007 e um decréscimo acentuado depois dessa altura.
Isto porque esta empresa depende muito dos ciclos económicos (especialmente da construção), que se como sabemos, passa por uma grave depressão sobretudo nos países onde a SONI tem focalizadas as suas vendas.
Chegamos então a uma conclusão:
Estamos perante uma empresa cíclica.
E este tipo de empresas tem uma maneira de avaliação diferente das outras!
Peter Lynch um dos maiores investidores de todos os tempos disse:
“The second way of making money is to go for companies with poor performance now, but that have a strong balance sheet, and are likely to recover as their industry recovers. Then, all that’s left is to wait for the situation to improve. That is what’s called cyclic change.”
Geralmente este tipo de empresa anda adiantada ao ciclo económico em cerca de 6 meses.
Por exemplo o PER neste tipo de empresa não nos dá a mínima percepção do seu estado de sobre ou subavaliação.
Este tipo de empresa deve-se comprar quando apresenta múltiplos maus e baixos lucros. Ou seja está cara quando tem múltiplos bons e lucros gordos e barata quando são maus e há lucros magros.
Parece estranho, mas em acções de empresas cíclicas é assim!
Outro factor que se costuma referenciar é as taxas de juro. Este tipo de empresa deve-se vender quando as taxas começam a descer e comprar quando termina o ciclo de descidas e começa o de subidas.
Por isso, dos múltiplos da SONI não se podem tirar muitas mais conclusões. Apenas que são horríveis.
Bem, mas há outro factor que temos que considerar.
Será a SONI uma empresa sólida?
Bem olhando para as suas contas vemos uma dívida 3 vezes superior aos seus capitais próprios e que além disso apresenta prejuízos avultados.
Não sei até que ponto se vai salvar a esta crise.
A empresa segundo parece estar a fazer uma reestruturação financeira e adaptar a sua produção á procura existente. Vamos ver até que ponto será eficaz.
Teriamos que analisar as outras empresas concorrentes da SONI para perceber o seu estado face a elas.
As mais fortes irão sobreviver e dar boas mais valias no próximo ciclo económico. O problema são as que não o vão conseguir.
E neste momento não tenho a menor ideia em que caso estará a SONI.
Os dados não são animadores, mas teria que analisar as suas concorrentes para dar uma resposta mais exacta.
Técnicamente:
Numa análise técnica de longo prazo podemos confirmar perfeitamente a teoria fundamental que foi sustentada para uma acção cíclica. Quando no inicio de 2008 foram apresentados os lucros máximos da SONI relativos a 2007, já a cotação ia em queda livre e nem isso a conseguiu travar.
A médio prazo vemos que após a subida meteórica de Março a acção encontra-se a lateralizar. Resta saber se em distribuição ou acumulação.
A ruptura da zona dos 2.85 euros seria um bom sinal para a acção.
Considerações finais:
Numa empresa cíclica como a SONI é complicado fazer uma avaliação tão precisa como por exemplo fiz para a JMT.
A SONI é uma empresa que considero de alto risco pois tanto pode disparar no caso da conjectura macroeconómica se alterar ou, caso se mantenha, a empresa devido ao seu fraco balanço poder colapsar.
Saliento para o facto de a empresa não estar, em minha opinião, exposta o suficiente aos países emergentes.
Aí acredito numa recuperação mais rápida da economia. E sendo assim a SONI perde esse barco.
Vejo empresas cíclicas bem mais capazes neste aspecto.
Está então á partida excluída para fazer parte da minha futura carteira de investimentos seja do lado long ou short.
Caso opte por uma empresa cíclica irei certamente optar por uma com um balanço bem mais saudável que a SONI, e mais exposta a outros mercados...
Relembro também que isto é apenas a opinião do autor, não podendo nunca ser confundido com uma recomendação de investimento.
Tipo de negócio:
A Sonae Indústria é um dos maiores produtores mundiais de painéis derivados de madeira. A sua gama de produtos abrange, nomeadamente:
•Aglomerado de partículas de madeira (particleboard)
•MDF (Medium Density Fibreboard)
•Aglomerado de fibras duro (Hardboard)
•OSB (Oriented Strand Board)
•Produtos e serviços de valor acrescentado -componentes, soluções e sistemas - para as indústrias de mobiliário, construção, decoração e para o sector de bricolage.
•Laminados decorativos de alta pressão
•Produtos químicos (formaldeído, resinas à base de formaldeído e papéis impregnados).
A 31 de Dezembro de 2009, a Sonae Indústria empregava cerca de 5.500 colaboradores, espalhados por 29 unidades e estando presente em 8 países: Portugal, Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Canadá, Holanda, Suiça e África do Sul.
A empresa vende os seus produtos a nível global, tendo a seguinte distribuição:
-20% na Península Ibérica
-42% Europa Central
-11% Resto da Europa
-27% Resto do Mundo
O seu volume de negócios é produzido com a seguinte distribuição:
- 34% na Alemanha
- 23% Peninsula Iberica
- 15% França
- 10% Brasil (alienado recentemente)
- 7% Canada
- 6% Africa
Quanto ao tipo de produtos que faz, fá-lo com a seguinte distribuição:
- MF 28%
-MDF 20%
- PB 19%
- CTS 9%
- OSB 6%
- TGC 5%
- FLOORING 2%
- HB 1%
- OUTROS 10%
Bem conhecido o que a empresa faz passemos a uma análise propriamente dita.
Análise Fundamental
É uma acção que existe desde há longo tempo. No entanto, voltou a ser incorporada na holding mãe e só em 2005 passou a negociar em bolsa novamente. Actualmente os resultados da SONI em nada influenciam os da SON.
Capitalização Bolsista: 336.000.000,00 €
Cotação actual: 2.4 €
Vou colocar de seguida uma tabela com os dados fundamentais mais relevantes.
Vemos então que em 2004 houve um aumento de capital de 40 M de acções. Isto na altura representou uma diluição do valor do accionista em 40%. Desde de 2004 não houve mais nenhum.
Se houver mais algum aumento de capital só pode significar uma de duas coisas:
- Ou a empresa está com muitas dificuldades e precisa que o accionista a salve
- Ou tem planos de expansão
Neste caso, e como vamos ver mais á frente, a empresa está a tentar concentrar em vez de expandir devido á escassez de procura. Um aumento de capital seria um mau sinal para a empresa.
Vemos que o resultado liquido final foi sempre bastante influenciado por ganhos não recorrentes, nomeadamente alienação de activos. Aqui estão incluídos, por exemplo, vendas de terrenos, empresas do grupo ou até indemnizações de seguros.
Vemos também um aumento de vendas até 2007 e um decréscimo acentuado depois dessa altura.
Isto porque esta empresa depende muito dos ciclos económicos (especialmente da construção), que se como sabemos, passa por uma grave depressão sobretudo nos países onde a SONI tem focalizadas as suas vendas.
Chegamos então a uma conclusão:
Estamos perante uma empresa cíclica.
E este tipo de empresas tem uma maneira de avaliação diferente das outras!
Peter Lynch um dos maiores investidores de todos os tempos disse:
“The second way of making money is to go for companies with poor performance now, but that have a strong balance sheet, and are likely to recover as their industry recovers. Then, all that’s left is to wait for the situation to improve. That is what’s called cyclic change.”
Geralmente este tipo de empresa anda adiantada ao ciclo económico em cerca de 6 meses.
Por exemplo o PER neste tipo de empresa não nos dá a mínima percepção do seu estado de sobre ou subavaliação.
Este tipo de empresa deve-se comprar quando apresenta múltiplos maus e baixos lucros. Ou seja está cara quando tem múltiplos bons e lucros gordos e barata quando são maus e há lucros magros.
Parece estranho, mas em acções de empresas cíclicas é assim!
Outro factor que se costuma referenciar é as taxas de juro. Este tipo de empresa deve-se vender quando as taxas começam a descer e comprar quando termina o ciclo de descidas e começa o de subidas.
Por isso, dos múltiplos da SONI não se podem tirar muitas mais conclusões. Apenas que são horríveis.
Bem, mas há outro factor que temos que considerar.
Será a SONI uma empresa sólida?
Bem olhando para as suas contas vemos uma dívida 3 vezes superior aos seus capitais próprios e que além disso apresenta prejuízos avultados.
Não sei até que ponto se vai salvar a esta crise.
A empresa segundo parece estar a fazer uma reestruturação financeira e adaptar a sua produção á procura existente. Vamos ver até que ponto será eficaz.
Teriamos que analisar as outras empresas concorrentes da SONI para perceber o seu estado face a elas.
As mais fortes irão sobreviver e dar boas mais valias no próximo ciclo económico. O problema são as que não o vão conseguir.
E neste momento não tenho a menor ideia em que caso estará a SONI.
Os dados não são animadores, mas teria que analisar as suas concorrentes para dar uma resposta mais exacta.
Técnicamente:
Numa análise técnica de longo prazo podemos confirmar perfeitamente a teoria fundamental que foi sustentada para uma acção cíclica. Quando no inicio de 2008 foram apresentados os lucros máximos da SONI relativos a 2007, já a cotação ia em queda livre e nem isso a conseguiu travar.
A médio prazo vemos que após a subida meteórica de Março a acção encontra-se a lateralizar. Resta saber se em distribuição ou acumulação.
A ruptura da zona dos 2.85 euros seria um bom sinal para a acção.
Considerações finais:
Numa empresa cíclica como a SONI é complicado fazer uma avaliação tão precisa como por exemplo fiz para a JMT.
A SONI é uma empresa que considero de alto risco pois tanto pode disparar no caso da conjectura macroeconómica se alterar ou, caso se mantenha, a empresa devido ao seu fraco balanço poder colapsar.
Saliento para o facto de a empresa não estar, em minha opinião, exposta o suficiente aos países emergentes.
Aí acredito numa recuperação mais rápida da economia. E sendo assim a SONI perde esse barco.
Vejo empresas cíclicas bem mais capazes neste aspecto.
Está então á partida excluída para fazer parte da minha futura carteira de investimentos seja do lado long ou short.
Caso opte por uma empresa cíclica irei certamente optar por uma com um balanço bem mais saudável que a SONI, e mais exposta a outros mercados...
Relembro também que isto é apenas a opinião do autor, não podendo nunca ser confundido com uma recomendação de investimento.
Eu fiz gráficos das duas que ilustram a diferença. O valor da JM está milhares de euros e da sonae em euros.
Embora seja uma interpretação demasiado simplista dá sempre muito mais gosto olhar para o gráfico da JMT comparando com os da SON.
Mas vamos tentar perceber esses "altos e baixos" numa análise futura à SON.
Fico à espera.
Para efeitos de votação futura, depois da próxima análise, fica aqui o meu voto na Portucel.
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Re: Parabéns...
rufa Escreveu:ao "cogumelo"muito correcto e coerente naquilo que escreve.
Gostava de conhecer a tua perspectiva da SONI.
Cumps.
SONI pedida há uns dias atrás ...
Cumps.

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