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Caldeirão da Bolsa

AmLat - resumo da semana

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

AmLat - resumo da semana

por djovarius » 20/7/2003 17:59

Olá, tudo bem? Espero que todos estejam a passar um óptimo fim de semana, preparando-se para mais uma semana quente nos mercados. Ou boas férias para quem as goza neste momento. E o que faria o nosso Ulisses Pereira, se a Euronext Lisboa fizesse o mesmo que a Bovespa, aqui em São Paulo? :lol:
É o seguinte: tal como em Janeiro, em pleno Verão daqui, também neste mês de Julho aproveitando as férias de Inverno, a Bovespa lançou o seu road-show móvel para promoção das suas actividades junto de potenciais investidores. E se no Verão, o destino eram as maravilhosas praias, desta vez o o Bovespa – móvel seguiu o rumo das montanhas até à famosa estância de Inverno de Campos do Jordão, no Estado de São Paulo, onde certamente encontrou a descansar muitos investidores ou candidatos a tal.
Além da promoção, seguiram todos os meios informáticos necessários para que os actuais investidores possam ver o que se passa nos mercados e até acessar as suas contas on-line e dar ordens de toda a espécie. Há quem não resista, pelo menos, a dar uma espreitadela... e, aceitam-se opiniões sobre o que cada um faria, caso fizessem o mesmo no nosso querido Portugal !! Já imaginaram uma carrinha estacionada ali para os lados da Marina de Vilamoura ? 8-)

Pouco a dizer num mês tradicionalmente parado nestas latitudes. O “eixo das dúvidas” continua a ter a melhor performance bolsista para os investidores com contas em dólar americano. Brasil, Argentina e Venezuela seguem com alguma força, a Bovespa fechou a semana nos máximos dos últimos 30 dias, e não muito longe dos máximos do ano. O real cedeu, mas não muito por enquanto, o que ainda beneficia mais os estrangeiros que por cá investem.
Na Economia real, os dados que vão saindo não suportam este optimismo.
No Brasil, segue a deflação, segundo os últimos dados disponibilizados aqui em SP pela Fipe. A segunda contagem prévia de Julho mostra queda de preços ao consumidor na ordem de 0,35% contra queda de 0,25% na semana, anterior. Segundo os especialistas, é lamentável porque se trata de uma redução induzida pela queda do consumo, a qual se deve tanto aos juros altos quanto à queda do rendimento disponível pelos cidadãos. O PIB brasileiro deverá quedar-se em 2003 entre 1,5% a 2%, devendo ser complicado atingir-se o patamar mais elevado. As vendas a retalho acumulam nos primeiros cinco meses do ano uma queda de 5,5%. Mas atenção: em termos nominais, as vendas subiram mais de 10%. A queda, claro, verifica-se descontando a inflação dos 12 meses em causa, que foi ainda elevada. Isto significa que, em dólares, a queda não é grave e em Euros também não é importante. Ainda assim, é um número que apenas confirma a estagnação da procura interna e que não deverá conhecer grandes melhorias nas próximas semanas, pelo menos. Para piorar a situação, as vendas do sector automóvel estão muito fracas, o que leva a indústria a reduzir a produção. Os pátios das fábricas estão cheios de veículos novos que não terão compradores. A crise atingiu agora a Volkswagen do Brasil, que vai demitir 4.000 dos seus 25.000 trabalhadores na Anchieta e no Taubaté, alegando excesso de capacidade produtiva.
Espera-se agora que as taxas de juro no país sejam cortadas agressivamente pelo Banco Central. Mas o Brasil está paralisado pelas lutas de bastidores entre as forças que tentam impedir a aprovação da reforma da Previdência, tal como proposto pelo Governo, tentando introduzir alterações que salvaguardem certos interesses corporativos, contribuindo para desvirtuar o texto original. O mercado financeiro teme que a poupança que o Estado iria conseguir seja menor devido a tais acordos e por isso, o dólar subiu face ao Real esta semana. Regressado da Europa, o presidente Lula assumiu o comando das negociações para evitar o descalabro da Reforma. Falando nisso, a propósito da visita a Portugal, o Expresso de ontem refere-se à preocupação de empresários portugueses que investem no Brasil, com os processos que decorrem por aqui. Questões ligadas ao financiamento dos investimentos, acções regulatórias, concessões, etc... mas merece destaque a preocupação do empresário da Sonae. Belmiro Azevedo está preocupado com a estabilidade económica e financeira do país. De facto, a falta de estabilidade é o pior inimigo do investidor e se é verdade que os mercados financeiros dão agora melhores condições às empresas, excepto ainda no capítulo do custo do dinheiro, também é verdade que a Economia a recuar inviabiliza projectos passados ou futuros, pelo que muitas empresas se arriscam a tomar prejuízos mais ou menos salgados.
Será complicado investir mais sem certezas... o optimismo já não é o suficiente!
Na Argentina, a euforia dos mercados financeiros está a prejudicar a Economia. O rally do Peso face ao dólar está a frustrar o sector exportador e levou à queda da produção industrial, provocando um arrefecimento da recuperação económica iniciada no fim do ano passado, após a forte recessão anterior. Os Argentinos fazem previsões de crescimento do PIB na ordem de 4% para 2004, mas os economistas desconfiam, devido à valorização do Peso. Se é verdade que muitos indicadores melhoraram, também é verdade que não é suficiente para afugentar o clima de crise e desemprego elevado.
Na Venezuela, apesar das ameaças de escassez de bens essenciais e de novas greves no sector petrolífero, as coisas vão andando pelo “mais ou menos”. A elevada cotação do crude beneficia em larga escala este país produtor. As reservas em dólares aumentam. Por causa disso, o Governo propõe um “buy back” de dívida a curto prazo e em condições menos favoráveis, afastando o risco de calote nos próximos tempos. A ideia posterior será a de emitir novos títulos de dívida em condições mais favoráveis aproveitando a onda de procura de títulos da América Latina. Governos e empresas da região estão hoje a obter financiamentos externos a níveis não vistos há muitos anos, quer nos prazos, quer nos juros. O exemplo mais recente é o da Chilena Endesa que captou 600 milhões de dólares com uma facilidade impressionante. Aliás, não falamos muito do Chile por aqui, mas é o melhor país de momento em termos de performance da Economia. Deve crescer este ano no intervalo de 3 a 4%. A sua ligação forte aos Estados Unidos tem sido o segredo do sucesso. Só em caso de grave crise na América, o Chile poderá ficar em maus lençóis. Mas isso já é outra história...
É isto, então, numa semana positiva, mas com volumes baixos de negócios...

Ficam os câmbios médios indicativos do Real – sexta-feira e do BOVESPA (números finais)

IBOVESPA – 13.794 pts – o índice subiu 3,7 % na semana
US$ 1 = R$ 2,89 – o dólar ficou inalterado na semana
€ 1 = R$ 3,26 – o Euro ficou inalterado na semana

Obs.) Para quem está a chegar ao Brasil, de férias ou negócios, o câmbio turismo aponta para um valor de R$ 3,14 aprox.


Um abraço lusitano e resto de bom fim de semana

djovarius
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