Detetado primeiro caso de conflito de interesses no PRR

[Ulisses Pereira]

Notícia muito interessante Rubens. O Estado, como accionista de referência da EDP e como "parceiro" do BCP, fará uma pressão grande no sentido deste negócio se concretizar (a julgar pelas palavras de Carlos Tavares que tem constantemente prestado declarações nesse sentido), mas realmente há outros accionistas importantes com uma palavra a dizer.

Um abraço,
Ulisses

[rubens]

..ou.. sendo convencidas, quem irá desembolsar o que eles querem para sair incólumes do investimento na OniWay? A EDP/BCP? A TLE/TMN/SNC? Ou nenhum porque os estranjas farão fincapé?


"Iberdrola e Telenor ameaçam inviabilizar negócio da Oniway

Accionistas estrangeiros preferem congelamento da operação a encerramento

Os dois accionistas estrangeiros do quarto operador móvel – a Telenor com 20% do capital e a Iberdrola com 8% - preferem o congelamento da operação, até à estabilização da tecnologia UMTS, à solução escolhida pelos accionistas maioritários e que consiste no fecho da operação com venda da empresa. Isso mesmo foi expresso na reunião de accionistas já realizada onde foi apresentada a proposta que os três operadores móveis nacionais fizeram para ficar com a Oniway, impedindo a sua entrada no mercado.

Fontes ligadas ao processo afirmam que os dois accionistas estrangeiros da Oniway estão com esta atitude de não facilitar o caminho à EDP para tentar obter alguma vantagem financeira para não saírem do negócio a perder dinheiro. Isto porque os cerca de 220 milhões de euros que a Vodafone, Optimus e TMN pagarão pelo encerramento da Oniway serão usados para fazer face aos custos de encerramento e só o que restar depois disso é que será repartido pelos accionistas da empresa, na proporção das respectivas participações. O que significa que tanto a Iberdrola como a Telenor receberão um valor inferior ao que investiram na empresa.
No caso da Telenor, considerando que com os custos adicionais do encerramento, o investimento total na Oniway ronda 550 milhões de euros, cabe-lhe uma fatia de 110 milhões de euros, e apenas receberá cerca de 44 milhões de euros, pelo que a Oniway se traduz para ela numa perda de quase 70 milhões de euros. Perda que no caso da Iberdrola ascende a 26 milhões de euros. Se insistirem em fazer finca pé com a sua posição poderão obrigar a EDP/BCP a dar-lhes as mesmas condições que os pequenos accionistas nacionais tinham e que era o reembolso total de todos os investimentos que fizeram no projecto. O que poderá aumentar a quota de custos da EDP/BCP se quiser avançar com o negócio com os três operadores nacionais.

A assembleia geral da Oniway que aprovará este negócio realiza-se na primeira semana de Janeiro, mas é importante que a EDP consiga um pré-entendimento com os seus parceiros para poder responder às propostas que tem em cima da mesa, resposta que terá que ser dada hoje.

Outro dossier que pode não ser pacífico é a negociação para a saída das 360 pessoas que trabalham na Oniway. O processo começará na próxima segunda-feira e os funcionários pretendem elevar a fasquia tão alto quando possível. Sabem que um processo de despedimento colectivo se arrastará, o que não agradará à EDP pois terá que continuar a pagar salários, além de que a compra da Oniway pela Vodafone poderá ter que envolver os trabalhadores. Esta é uma situação que não agrada à empresa de António Carrapatoso, o que pode dar poder negocial aos trabalhadores da Oniway.

O Governo, pela voz do ministro da Economia, Carlos Tavares, diz apoiar «qualquer operação que contribua para a melhoria resultados e recentragem do negócio [da EDP]». O ministro lembra, a propósito, que a EDP tem «um enorme desafio com o mercado ibérico da electricidade», que tem um calendário de abertura dito de exigente, por isso é importante esse focus. No entanto, Carlos Tavares não tem a mesma posição para o negócio fixo das telecomunicações, uma vez que há que aproveitar a infra-estrutura da EDP e o domínio da prestação de serviços aos clientes. "

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