Barragens Sim ou Não??
Elias Escreveu:Caro NA,
1 - Em tua opinião esta barragem justifica-se e porquê?
Sim, justifica-se. Portugal não está em condições de desperdiçar recursos. Precisamos de melhorar o nosso sistema de gestão de água e diminuir a dependência energética.
Elias Escreveu:2 - Com base nos dados que apresentas, o consumo está a aumentar a um ritmo de 2% ao ano. Sendo expectável que a procura continue a aumentar indefinidamente, até onde devemos ir na construção de barragens?
A construção de barragens deve ir até que os recursos existentes o permitam.
Elias Escreveu:3 - Faz para ti sentido salvaguardar algum património natural (se sim, qual?) ou, pelo contrário, entendes que se deve sacrificar tudo o que for preciso a bem do desenvolvimento e da qualidade de vida?
Sim, faz sentido salvaguardar todo o património natural que os especialistas entendam, tendo sempre em conta possíveis medidas de minimização e medidas de compensação.
Esta 3ª questão é a que causa mais polémica por não se dar ouvidos aos especialistas na matéria e existir demasiada gente a opinar e a extremar opiniões sobre o que não entende. Posso explicar melhor com um exemplo que constatei numas férias que passei em Atenas. Na perspectiva de desenvolvimento da cidade, se se levasse ao extremo a preservação do património, Atenas pura e simplemente não poderia existir! Já imaginaram, cada fundação de um edifício ou de qualquer tipo de estrutura, cada achado arqueológico!
Não sendo especialista em arqueologia, mas já tendo debatido o tema com alguns, quando existe uma descoberta será de equacionar a) se é suficiente o levantamento e registo do achado e posteriormente deixar seguir a execução do projecto; b) se vale a pena preservar o achado e deslocar para outro local ou mesmo protege-lo no local, de modo a permitir o desenvolvimento do projecto; c) sendo de interesse preservar o local tal como está, permitir a execução do projecto apenas em condições específicas ou mesmo a não execução.
Depois a agravar a situação, surgem as opiniões dos extremistas organizados que se repararem bem, como por $$milagre$$ de repende deixam de aparecer, mas enquanto vão aparecendo na TV e nas notícias tem um elevado poder de influência sobre a opinião publica, precisamente por lançarem a ideia que os projectos vão arrasar com todo nosso património.
Aproveito para comentar outras questões que entretanto foram apresentadas:
- Alqueva: o Alqueva permite oferecer opções de armazenamento de água para os mais diversos fins e numa vasta área onde este recurso era escasso. Aparentemente e directamente poderá parecer que tudo isso será secundário mas de facto não é. Directamente a população beneficiou pela dinamização da actividade económica durante a fase de construção da barragem e ainda irá beneficiar mais com o aparecimento dos projectos turísticos que não apareceriam se a barragem não existisse.
- não vou introduzir a questão do nuclear para não aumentar a confusão;
Espero ter esclarecido.
Atentamente,
NA
Editado pela última vez por aleixon em 28/5/2009 23:56, num total de 1 vez.
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aleixon Escreveu:Sim, faz sentido salvaguardar todo o património natural que os especialistas entendam, tendo sempre em conta possíveis medidas de minimização e medidas de compensação.
Bem, mas os especialistas entendem que o Sabor, por exemplo, é um património a salvaguardar...
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Elias Escreveu:Caro NA,
1 - Em tua opinião esta barragem justifica-se e porquê?
Sim, justifica-se. Portugal não está em condições de desperdiçar recursos. Precisamos de melhorar o nosso sistema de gestão de água e diminuir a dependência energética.
Elias Escreveu:2 - Com base nos dados que apresentas, o consumo está a aumentar a um ritmo de 2% ao ano. Sendo expectável que a procura continue a aumentar indefinidamente, até onde devemos ir na construção de barragens?
A construção de barragens deve ir até que os recursos existentes o permitam.
Elias Escreveu:3 - Faz para ti sentido salvaguardar algum património natural (se sim, qual?) ou, pelo contrário, entendes que se deve sacrificar tudo o que for preciso a bem do desenvolvimento e da qualidade de vida?
Sim, faz sentido salvaguardar todo o património natural que os especialistas entendam, tendo sempre em conta possíveis medidas de minimização e medidas de compensação.
Esta 3ª questão é a que causa mais polémica por não se dar ouvidos aos especialistas na matéria e existir demasiada gente a opinar e a extremar opiniões sobre o que não entende. Posso explicar melhor com um exemplo que constatei numas férias que passei em Atenas. Na perspectiva de desenvolvimento da cidade, se se levasse ao extremo a preservação do património, Atenas pura e simplemente não pderia existir! Já imaginaram, cada fundação de um edifício ou de qualquer tipo de estrutura, cada achado arqueológico!
Não sendo especialista em arqueologia, mas já tendo debatido o tema com alguns, quando existe uma descoberta será de equacionar a) se é suficiente o levantamento e registo do achado e posteriormente deixar seguir a execução do projecto; b) se vale a pena preservar o achado e deslocar para outro local ou mesmo protege-lo no local, de modo a permitir o desenvolvimento do projecto; c) sendo de interesse preservar o local tal como está, permitir a execução do projecto apenas em condições específicas ou mesmo a não execução.
Depois a agravar a situação, surgem as opiniões dos extremistas organizados que se repararem bem, como por $$milagre$$ de repende deixam de aparecer, mas enquanto vão aparecendo na TV e nas notícias tem um elevado poder de influência, precisamente por lançarem a ideia que os projectos vão arrasar com o nosso património.
Espero ter esclarecido.
Atentamente,
NA
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Elias Escreveu:ejadias Escreveu:Não se fez a barragem em foz coa! Sim às gravuras! O que é que a população ganhou com isso? Muito pouco...
Fez-se a barragem em Alqueva! O que é que a população ganhou com isso? Muito pouco...
Concordo plenamente:!:
Estive lá à uns meses, e tirando a enorme massa de àgua pouco mais a barragem trouxe do que uns concursos de pesca...
E digo mais: a hipocrisia de algumas empresas eléctricas que dizem que a construção de barragens traz desenvolvimento à população é atirar areia aos olhos das pessoas. mas pronto, de vez em quando fazem-se uns concertos dentro das barragens... e o povo lá vai andando e cantando!
Não digo que se contruam todas as barragens que estão previstas...
Eu que nem gostava do nuclear, porque cresci a ouvir chernobil e essas cenas...e foi o que me ensinaram na escola, considero que com a tecnologia actual é uma alternativa credível. E como diziam acima: os riscos já os temos.
É preciso é fazer alguma coisa!
Barragem, centrais de ciclo combinado, centrais nucleares. Que se estude e que se construa! o impasse leva a que nada se faça.
O nuclear (a meu ver) poderia ser uma alternativa, mas não creio que a opinião pública portuguesa esteja preparada. Seria preciso muito para mudar mentalidades...

Saudações Bolsistas
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Sou um acérrimo defensor da Natureza, mas também quero energia barata!
E não há bela sem senão.
Se alguma das soluções só tivesse vantagens não haveria discussão.
É uma pena vermos rios a desaparecer.
http://www.youtube.com/watch?v=QhbCgGYQ ... r_embedded
Surprendo-me quando se fala em eficiência energética, e vemos casas com LEDs, construidas segundo todas as regras de poupança de energia, mas depois têm pisicina aquecida à custa da energia eléctrica, os donos têm carros de 2000cm3 a gasolina e outros...
Vivemos num mundo de hipocrisia. É muito "IN" dizermos sim à eficiência energética, mas o que fazemos nós por ela? Ainda estamos muito longe do que deveriamos e podemos fazer. A lampadazita é muito fácil de trocar mas e depois?
Não se fez a barragem em foz coa! Sim às gravuras! O que é que a população ganhou com isso? Muito pouco...
Mas também não venha a EDP dizer que contribui para o salvamento de espécies e não sei quê! A fazer-se a barragem deixam de existir várias espécies ao longo do rio (tanto fauna como flora) para se ntroduzirem outras.
Adoro fazer um passeio de Kaiak, ou passar um dia a uma sombra a admirar a beleza do rio, ou pescar uma truta e devolvê-la ao rio... Com as barragens perde-se tudo isto!
Mas é claro! A humanidade tem uma necessidade energética cada vez maior. E se não fizermos nada vamos continuar a importar cada vez mais energia. Os vizinhos agradecem
E os Portugueses são mesmo assim: discutem, discutem, mas decisões...
Já dizia o outro:
Vale mais fazer alguma coisa, mesmo que não se tenha a certeza, do que nada fazer!
Por isso, Sócrates: faz lá a barragem, mas obriga os gajos a baixar o preço do KW...
e olha, em vez de trutas, começo a pescar achigas...
Mas que custa, custa...

E não há bela sem senão.
Se alguma das soluções só tivesse vantagens não haveria discussão.
É uma pena vermos rios a desaparecer.
http://www.youtube.com/watch?v=QhbCgGYQ ... r_embedded
Surprendo-me quando se fala em eficiência energética, e vemos casas com LEDs, construidas segundo todas as regras de poupança de energia, mas depois têm pisicina aquecida à custa da energia eléctrica, os donos têm carros de 2000cm3 a gasolina e outros...
Vivemos num mundo de hipocrisia. É muito "IN" dizermos sim à eficiência energética, mas o que fazemos nós por ela? Ainda estamos muito longe do que deveriamos e podemos fazer. A lampadazita é muito fácil de trocar mas e depois?
Não se fez a barragem em foz coa! Sim às gravuras! O que é que a população ganhou com isso? Muito pouco...
Mas também não venha a EDP dizer que contribui para o salvamento de espécies e não sei quê! A fazer-se a barragem deixam de existir várias espécies ao longo do rio (tanto fauna como flora) para se ntroduzirem outras.
Adoro fazer um passeio de Kaiak, ou passar um dia a uma sombra a admirar a beleza do rio, ou pescar uma truta e devolvê-la ao rio... Com as barragens perde-se tudo isto!
Mas é claro! A humanidade tem uma necessidade energética cada vez maior. E se não fizermos nada vamos continuar a importar cada vez mais energia. Os vizinhos agradecem

E os Portugueses são mesmo assim: discutem, discutem, mas decisões...
Já dizia o outro:
Vale mais fazer alguma coisa, mesmo que não se tenha a certeza, do que nada fazer!
Por isso, Sócrates: faz lá a barragem, mas obriga os gajos a baixar o preço do KW...
e olha, em vez de trutas, começo a pescar achigas...

Mas que custa, custa...
Saudações Bolsistas
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As barragens servem como grandes baterias para quando os outros meios de produção falharem, pois não temos água suficiente para estas trabalharem continuamente.
Os apelos à poupança de energia não funcionam enquanto os equipamentos mais económicos forem mais caros do que os outros, as lâmpadas, os electrodomésticos, etc.
Um dos problemas do nuclear é onde construir, ninguém quer ter casa com vista para a central, de entre outros problemas como o custo e o tempo de construção, os resíduos temos pagar para nos livramos deles, o combustível que apesar de termos o U238 temos de comprar U235. Ou seja, podemos com o nuclear suprimir as nossas necessidades, mas por quanto tempo e a que custo?
Os apelos à poupança de energia não funcionam enquanto os equipamentos mais económicos forem mais caros do que os outros, as lâmpadas, os electrodomésticos, etc.
Um dos problemas do nuclear é onde construir, ninguém quer ter casa com vista para a central, de entre outros problemas como o custo e o tempo de construção, os resíduos temos pagar para nos livramos deles, o combustível que apesar de termos o U238 temos de comprar U235. Ou seja, podemos com o nuclear suprimir as nossas necessidades, mas por quanto tempo e a que custo?
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Caro NA,
Obrigado pela tua resposta.
Aceito o repto que colocas no terceiro ponto e por isso passo às interregações:
1 - Em tua opinião esta barragem justifica-se e porquê?
2 - Com base nos dados que apresentas, o consumo está a aumentar a um ritmo de 2% ao ano. Sendo expectável que a procura continue a aumentar indefinidamente, até onde devemos ir na construção de barragens?
3 - Faz para ti sentido salvaguardar algum património natural (se sim, qual?) ou, pelo contrário, entendes que se deve sacrificar tudo o que for preciso a bem do desenvolvimento e da qualidade de vida?
Nota que estou a pedir a tua opinião (e não o que está escrito no EIA).
1 abraço,
Elias
Obrigado pela tua resposta.
Aceito o repto que colocas no terceiro ponto e por isso passo às interregações:
1 - Em tua opinião esta barragem justifica-se e porquê?
2 - Com base nos dados que apresentas, o consumo está a aumentar a um ritmo de 2% ao ano. Sendo expectável que a procura continue a aumentar indefinidamente, até onde devemos ir na construção de barragens?
3 - Faz para ti sentido salvaguardar algum património natural (se sim, qual?) ou, pelo contrário, entendes que se deve sacrificar tudo o que for preciso a bem do desenvolvimento e da qualidade de vida?
Nota que estou a pedir a tua opinião (e não o que está escrito no EIA).
1 abraço,
Elias
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Caro Elias,
Quando apresentei a minha opinião não me referia em concreto aos seus comentários mas à opinião generalizada formada sobre o assunto. Mas já que insiste posso esclarecer:
1) Acho uma certa graça colocar em causa os critérios dos impactes positivos e os negativos já serem tomados como certos (é a este preconceito que me refiro e concerteza que os EIA não são sempre certeiros quer de um lado como do outro);
2) Quanto à abordagem que tomei, peço desculpa mas só pode ser desconhecedor dos factos para tentar idealizar um mundo perfeito. Não me vai ser possível apresentar aqui e agora todos os dados mas muito sucintamente: - o consumo de energia sobe em média 2% ao ano em Portugal; - Tendencialmente o consumo da energia eléctrica sobe acima do consumo da energia total por dois motivos esseciais: 1) substituição dos equipamentos para equipamentos electricos; 2) Um indicador de qualidade de vida, consumo energético per capita em Portugal ainda está muito a baixo da média dos paises da OCDE => em principio, para nos aproximar-mos da qualidade de vida dos paises mais desenvolvidos teremos de aumentar o consumo de energia. Por isso, claro que concordo que todas as medidas de eficiencia serão bem vindas mas nunca serão suficientes para acompanhar o aumento da procura! (podem consultar a evolução dos dados do consumo energético no site da dgge).
3)De modo nenhum sou contra o debate e a manifestação de opiniões. Sou contra a manifestação de opiniões sem nenhum fundamento e conhecimento que são apresentadas como certas. Se não sabem poderiam, em vez de apresentar afirmações, apresentar interrogações.
Cumprimentos,
NA
Quando apresentei a minha opinião não me referia em concreto aos seus comentários mas à opinião generalizada formada sobre o assunto. Mas já que insiste posso esclarecer:
1) Acho uma certa graça colocar em causa os critérios dos impactes positivos e os negativos já serem tomados como certos (é a este preconceito que me refiro e concerteza que os EIA não são sempre certeiros quer de um lado como do outro);
2) Quanto à abordagem que tomei, peço desculpa mas só pode ser desconhecedor dos factos para tentar idealizar um mundo perfeito. Não me vai ser possível apresentar aqui e agora todos os dados mas muito sucintamente: - o consumo de energia sobe em média 2% ao ano em Portugal; - Tendencialmente o consumo da energia eléctrica sobe acima do consumo da energia total por dois motivos esseciais: 1) substituição dos equipamentos para equipamentos electricos; 2) Um indicador de qualidade de vida, consumo energético per capita em Portugal ainda está muito a baixo da média dos paises da OCDE => em principio, para nos aproximar-mos da qualidade de vida dos paises mais desenvolvidos teremos de aumentar o consumo de energia. Por isso, claro que concordo que todas as medidas de eficiencia serão bem vindas mas nunca serão suficientes para acompanhar o aumento da procura! (podem consultar a evolução dos dados do consumo energético no site da dgge).
3)De modo nenhum sou contra o debate e a manifestação de opiniões. Sou contra a manifestação de opiniões sem nenhum fundamento e conhecimento que são apresentadas como certas. Se não sabem poderiam, em vez de apresentar afirmações, apresentar interrogações.
Cumprimentos,
NA
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Re: desenvolvimento da sociedade
Caro NA,
Mesmo sem ter lido o EIA, tenho conhecimento dos aspectos positivos que são apresentados em defesa das barragens. Tenho muitas dúvidas acerca do modo como são valorados, de qualquer forma nem é isso que está em causa no artigo que aqui coloquei. O artigo apenas questiona - e a meu ver, bem - a forma como o anunciante faz passar uma imagem distorcida do conceito de natureza.
Na minha opinião, estás a abordar a questão certa pelo lado errado.
Concordo contigo quando referes que é necessário reduzir o consumo de energia.
Discordo quando escreves que se deve desligar tudo, como que indiscriminadamente. Em minha opinião, mais importante que simplesmente reduzir o consumo, é sensibilizar a população para o combate ao desperdício. Nesse sentido, deveria investir-se seriamente numa campanha a nível nacional dirigida à optimização do consumo.
Já li muita coisa neste forum, mas acho que é a primeira vez que vejo alguém apelando a que um tema não seja debatido
1 abraço,
Elias
aleixon Escreveu:Exmos. Srs.,
Este tema já foi mais que debatido e muito provavelmente quem aqui defende os aspectos negativos deste tipo de infraestruturas nunca leu um estudo de impacte ambiental para constatar que também existem aspectos positivos.
Mesmo sem ter lido o EIA, tenho conhecimento dos aspectos positivos que são apresentados em defesa das barragens. Tenho muitas dúvidas acerca do modo como são valorados, de qualquer forma nem é isso que está em causa no artigo que aqui coloquei. O artigo apenas questiona - e a meu ver, bem - a forma como o anunciante faz passar uma imagem distorcida do conceito de natureza.
aleixon Escreveu:Se mesmo assim continuarem a defender que não se construam barragens, devem começar por desligar a luz, a TV, o frigorifico, a internet, o PC... que tem em casa de modo a contribuir para o que desejam, pois não se fazem omeletas sem ovos!
Na minha opinião, estás a abordar a questão certa pelo lado errado.
Concordo contigo quando referes que é necessário reduzir o consumo de energia.
Discordo quando escreves que se deve desligar tudo, como que indiscriminadamente. Em minha opinião, mais importante que simplesmente reduzir o consumo, é sensibilizar a população para o combate ao desperdício. Nesse sentido, deveria investir-se seriamente numa campanha a nível nacional dirigida à optimização do consumo.
aleixon Escreveu:Falar é muito fácil, fazer é mais dificil, por isso deixem fazer quem realmente tem vontade de contribuir.
Já li muita coisa neste forum, mas acho que é a primeira vez que vejo alguém apelando a que um tema não seja debatido

1 abraço,
Elias
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desenvolvimento da sociedade
Exmos. Srs.,
Este tema já foi mais que debatido e muito provavelmente quem aqui defende os aspectos negativos deste tipo de infraestruturas nunca leu um estudo de impacte ambiental para constatar que também existem aspectos positivos.
Se mesmo assim continuarem a defender que não se construam barragens, devem começar por desligar a luz, a TV, o frigorifico, a internet, o PC... que tem em casa de modo a contribuir para o que desejam, pois não se fazem omeletas sem ovos!
Falar é muito fácil, fazer é mais dificil, por isso deixem fazer quem realmente tem vontade de contribuir.
Cumprimentos,
NA
Este tema já foi mais que debatido e muito provavelmente quem aqui defende os aspectos negativos deste tipo de infraestruturas nunca leu um estudo de impacte ambiental para constatar que também existem aspectos positivos.
Se mesmo assim continuarem a defender que não se construam barragens, devem começar por desligar a luz, a TV, o frigorifico, a internet, o PC... que tem em casa de modo a contribuir para o que desejam, pois não se fazem omeletas sem ovos!
Falar é muito fácil, fazer é mais dificil, por isso deixem fazer quem realmente tem vontade de contribuir.
Cumprimentos,
NA
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[/quote]Eduardo Cintra Torres
[307.] EDP
ect@netcabo.pt
A nova campanha da energia hídrica da EDP tem um magnífico anúncio televisivo, realizado com meios de que porventura o cinema português não dispõe para filmes não-publicitários. A publicidade é um cinema em ponto pequeno que mantém em acção os profissionais da arte. Este anúncio exemplifica-o: não só o spot tem ambição artística como tem direito a “making of” e “director’s cut” no youtube.
Em cerca de 40 planos, o anúncio constrói uma narrativa associando a natureza ao homem e as barragens da EDP a ambos numa síntese harmónica. Eis o ciclo natural — noite, dia, noite — em 63 segundos: noite na floresta, ave de rapina, lobos, rapariga com ar “enfant sauvage”, miúdo entre ramagens, água dos ribeiros, barragem, mão que dança com o vento e o sol, lontra nadando, chuva caindo na floresta, na água, num homem, peixes, homem com lobos no mesmo plano, rapariga com ave de rapina no mesmo plano, rapariga bebendo água no seu curso natural, de novo a barragem, homem partindo num bote com projector de cinema, criança sentando-se num pontão para assistir (à natureza, ao filme), o dia caindo na floresta e na barragem, pessoas observando uma ave de rapina que se transforma na sua própria imagem projectada de filme, ou de natureza, na parede da barragem, pessoas reconfortadas olhando o filme (olhando a natureza e a barragem: a EDP) com sorriso de paz de quem vê aparição divina. No plano final, a barragem inteira domina a paisagem, desaparecem as pessoas, fica só o bote do projeccionista e na parede de betão o logótipo da EDP e o slogan “sinta a nossa energia”.
O anúncio quer — e consegue — mitificar a EDP como protectora do ambiente e da qualidade de vida humana; mas principalmente quer branquear a empresa no caso da construção de barragens controversas, como a do Baixo Sabor. Aliás, o texto em off não fala em construção, porque a palavra, recordando a brutalidade do betão, as fendas abertas em montanhas e a água matando vales submersos, se associa à violentação da natureza. O texto prefere falar em “projectar uma barragem”: “projecto” remete de tal forma para o futuro que a voz liga-a à frase seguinte, “projectamos um futuro melhor”, ao mesmo tempo sugerindo com felicidade a projecção de filmes, como ali na barragem.
A “director’s cut” é musicada com um tema instrumental, mas a publicidade não se pode dar a excessos artísticos, pelo que o anúncio foi sonorizado com Paulo Gonzo na canção “Espelho de Água”. A gritada “pai-sah-ah-ah-gem” rima, muito a propósito, com “imagem”. A ligação entre as palavras do tema e as imagens foi realizada com grande rigor: a correspondência entre “olhos bem abertos”, “percorro a paisagem” ou “espelho de água” é perfeita com a montagem.
Mas o anúncio, sem o querer, desvenda o sentido da campanha da EDP: é mais imagem do que paisagem, mais barragem do que a alardeada protecção de espécies em extinção. Como referia o blogue Estrago da Nação, para nos vender barragens, os publicitários tiveram de alugar serviços de animais amestrados (lobos, aves de rapina), de filmas em ribeiros e quedas de água que deixariam de existir se ali houvesse barragens. E maquilharam a rapariga para ela parecer natural, recorreram à mangueirada para simular chuva; e a rapariga bebe água da ribeira, o que nunca faria numa barragem. A publicidade, como o cinema, é uma fábrica de sonhos: o objectivo é que não se veja a fábrica, mas o “making of” mostra-a enquanto o anúncio fornece o sonho.
Se Freud voltasse, diria que o sonho dos publicitários revela a realidade: no anúncio, a natureza selvagem acaba encapsulada num outro filme, projectado do rio sobre a parede de betão. A natureza selvagem não existe, ou deixa de existir: transfere-se de ribeiros intocáveis para simulacros numa parede de betão. As barragens têm tremendos efeitos ecológicos, destroem, por exemplo, o ambiente das aves de rapina que se mostram no anúncio. Tal como são precisos lobos amestrados para fazer o anúncio, também a real e verdadeira natureza dos últimos santuários é nele aprisionada em imagens que vemos fugazmente projectadas em betão, à noite, para nos descansar as consciências. Enquanto a EDP destrói natureza selvagem construindo barragens e substituindo-a por uma natureza humanizada, nós olhamos para o boneco —na parede de betão, ou no ecrã do televisor, ou no jornal ou no outdoor urbano. [/quote]
in negocios.pt[/quote]
[307.] EDP
ect@netcabo.pt
A nova campanha da energia hídrica da EDP tem um magnífico anúncio televisivo, realizado com meios de que porventura o cinema português não dispõe para filmes não-publicitários. A publicidade é um cinema em ponto pequeno que mantém em acção os profissionais da arte. Este anúncio exemplifica-o: não só o spot tem ambição artística como tem direito a “making of” e “director’s cut” no youtube.
Em cerca de 40 planos, o anúncio constrói uma narrativa associando a natureza ao homem e as barragens da EDP a ambos numa síntese harmónica. Eis o ciclo natural — noite, dia, noite — em 63 segundos: noite na floresta, ave de rapina, lobos, rapariga com ar “enfant sauvage”, miúdo entre ramagens, água dos ribeiros, barragem, mão que dança com o vento e o sol, lontra nadando, chuva caindo na floresta, na água, num homem, peixes, homem com lobos no mesmo plano, rapariga com ave de rapina no mesmo plano, rapariga bebendo água no seu curso natural, de novo a barragem, homem partindo num bote com projector de cinema, criança sentando-se num pontão para assistir (à natureza, ao filme), o dia caindo na floresta e na barragem, pessoas observando uma ave de rapina que se transforma na sua própria imagem projectada de filme, ou de natureza, na parede da barragem, pessoas reconfortadas olhando o filme (olhando a natureza e a barragem: a EDP) com sorriso de paz de quem vê aparição divina. No plano final, a barragem inteira domina a paisagem, desaparecem as pessoas, fica só o bote do projeccionista e na parede de betão o logótipo da EDP e o slogan “sinta a nossa energia”.
O anúncio quer — e consegue — mitificar a EDP como protectora do ambiente e da qualidade de vida humana; mas principalmente quer branquear a empresa no caso da construção de barragens controversas, como a do Baixo Sabor. Aliás, o texto em off não fala em construção, porque a palavra, recordando a brutalidade do betão, as fendas abertas em montanhas e a água matando vales submersos, se associa à violentação da natureza. O texto prefere falar em “projectar uma barragem”: “projecto” remete de tal forma para o futuro que a voz liga-a à frase seguinte, “projectamos um futuro melhor”, ao mesmo tempo sugerindo com felicidade a projecção de filmes, como ali na barragem.
A “director’s cut” é musicada com um tema instrumental, mas a publicidade não se pode dar a excessos artísticos, pelo que o anúncio foi sonorizado com Paulo Gonzo na canção “Espelho de Água”. A gritada “pai-sah-ah-ah-gem” rima, muito a propósito, com “imagem”. A ligação entre as palavras do tema e as imagens foi realizada com grande rigor: a correspondência entre “olhos bem abertos”, “percorro a paisagem” ou “espelho de água” é perfeita com a montagem.
Mas o anúncio, sem o querer, desvenda o sentido da campanha da EDP: é mais imagem do que paisagem, mais barragem do que a alardeada protecção de espécies em extinção. Como referia o blogue Estrago da Nação, para nos vender barragens, os publicitários tiveram de alugar serviços de animais amestrados (lobos, aves de rapina), de filmas em ribeiros e quedas de água que deixariam de existir se ali houvesse barragens. E maquilharam a rapariga para ela parecer natural, recorreram à mangueirada para simular chuva; e a rapariga bebe água da ribeira, o que nunca faria numa barragem. A publicidade, como o cinema, é uma fábrica de sonhos: o objectivo é que não se veja a fábrica, mas o “making of” mostra-a enquanto o anúncio fornece o sonho.
Se Freud voltasse, diria que o sonho dos publicitários revela a realidade: no anúncio, a natureza selvagem acaba encapsulada num outro filme, projectado do rio sobre a parede de betão. A natureza selvagem não existe, ou deixa de existir: transfere-se de ribeiros intocáveis para simulacros numa parede de betão. As barragens têm tremendos efeitos ecológicos, destroem, por exemplo, o ambiente das aves de rapina que se mostram no anúncio. Tal como são precisos lobos amestrados para fazer o anúncio, também a real e verdadeira natureza dos últimos santuários é nele aprisionada em imagens que vemos fugazmente projectadas em betão, à noite, para nos descansar as consciências. Enquanto a EDP destrói natureza selvagem construindo barragens e substituindo-a por uma natureza humanizada, nós olhamos para o boneco —na parede de betão, ou no ecrã do televisor, ou no jornal ou no outdoor urbano. [/quote]
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Protesto pelas pinturas rupestres?!
A coordenadora dos Afectados pelas Grandes Barragens e Transvases, secção em Portugal, denunciou a existência de gravuras rupestres na margem do rio Sabor, local para onde está prevista uma barragem.
A Coordenadora dos Afectados pelas Grandes Barragens e Transvases (Coagret), secção em Portugal, aproveitou a festividades que decorrem no Santo Antão da Barca, concelho de Alfândega da Fé, para denunciar as gravuras de arte rupestres que não estão inventariadas. A iniciativa foi considerada como uma acção de protesto contra actos de alegado "vandalismo" e atentados ao património arqueológico existente nas margens do rio Sabor.
De recordar que aquela área ficará submersa aquando do enchimento da futura barragem do Baixo Sabor, que deverá estar concluída em 2012.
No local foi descoberta, há cerca de meia dúzia de anos, uma gravura rupestre picotada na rocha que segundo os especialistas representa um veado. A gravura apresar de não estar ainda enquadrada em termos cronológicos poderá ser " do Paleolítico ou Neolítico."
Há cerca de ano e meio foi observado que a gravura tinha sido alterada: foi picotada uma figura de uma vaca por cima do original que representa um veado.
Segundo Pedro Couteiro, membro da COAGRT, "quem fez o novo picotado sabia o que estava a fazer, já que tinha de ser cientificamente orientado. O desenho feito a posterior não é uma coisa simples", destacou.
"A denúncia pretendeu chamar a atenção não só de uma gravura vandalizada, mas sobre tudo o desrespeito da EDP face ao Estado português, já que dá-se ao luxo de desrespeitar directivas respeitantes ao Estudo de Impacte Ambiental (EIA) da barragem do Baixo Sabor," alega aquela responsável.
De acordo com Couteiro, "o levantamento da arte rupestre daquela área não é feito de forma rigorosa, nem o levantamento antropológico da ermida do Santo Antão da Barca, local de culto muito respeitado pelas populações da área circundante".
Por isso, entendem os estudiosos que "não é aceitável o facto de terem sido elaborados três Estudos de Impacte Ambiental e que, das três vezes que alguém se debruçou sobre aquela zona e o seu património natural e arqueológico, nunca encontrou figuras de arte rupestre de relevo, a não ser alguns exemplares dispersos", afirma Couteiro.
A COAGRET diz querer evitar mais "um escândalo" como os que aconteceram no Vale do Côa e no Alqueva no que diz respeito a construção de barragens face a preservação do meio ambiente o espólio arquitectónico e arqueológico.
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A Coordenadora dos Afectados pelas Grandes Barragens e Transvases (Coagret), secção em Portugal, aproveitou a festividades que decorrem no Santo Antão da Barca, concelho de Alfândega da Fé, para denunciar as gravuras de arte rupestres que não estão inventariadas. A iniciativa foi considerada como uma acção de protesto contra actos de alegado "vandalismo" e atentados ao património arqueológico existente nas margens do rio Sabor.
De recordar que aquela área ficará submersa aquando do enchimento da futura barragem do Baixo Sabor, que deverá estar concluída em 2012.
No local foi descoberta, há cerca de meia dúzia de anos, uma gravura rupestre picotada na rocha que segundo os especialistas representa um veado. A gravura apresar de não estar ainda enquadrada em termos cronológicos poderá ser " do Paleolítico ou Neolítico."
Há cerca de ano e meio foi observado que a gravura tinha sido alterada: foi picotada uma figura de uma vaca por cima do original que representa um veado.
Segundo Pedro Couteiro, membro da COAGRT, "quem fez o novo picotado sabia o que estava a fazer, já que tinha de ser cientificamente orientado. O desenho feito a posterior não é uma coisa simples", destacou.
"A denúncia pretendeu chamar a atenção não só de uma gravura vandalizada, mas sobre tudo o desrespeito da EDP face ao Estado português, já que dá-se ao luxo de desrespeitar directivas respeitantes ao Estudo de Impacte Ambiental (EIA) da barragem do Baixo Sabor," alega aquela responsável.
De acordo com Couteiro, "o levantamento da arte rupestre daquela área não é feito de forma rigorosa, nem o levantamento antropológico da ermida do Santo Antão da Barca, local de culto muito respeitado pelas populações da área circundante".
Por isso, entendem os estudiosos que "não é aceitável o facto de terem sido elaborados três Estudos de Impacte Ambiental e que, das três vezes que alguém se debruçou sobre aquela zona e o seu património natural e arqueológico, nunca encontrou figuras de arte rupestre de relevo, a não ser alguns exemplares dispersos", afirma Couteiro.
A COAGRET diz querer evitar mais "um escândalo" como os que aconteceram no Vale do Côa e no Alqueva no que diz respeito a construção de barragens face a preservação do meio ambiente o espólio arquitectónico e arqueológico.
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Re: Vale do Tua
Elias Escreveu:Estamos a falar de realojar quantas pessoas? Quero dizer, vai haver muitas aldeias submersas?
Casos pontuais com algum valor afectivo, mas de igual modo importantes

Elias Escreveu:Mas se já vão ter água para o regadio (cuja necessidade tens vindo a defender), porque é que é preciso indemnizar?
Quando se fala de pessoas e bens, é relevante a questão afectiva. Se te mudarem a casa por causa de uma das muitas autoestradas que tens por aí chega só darem-te uma igual num sítio qualquer.


Elias Escreveu:Existe algum programa de turismo na região que saia prejudicado com a construção da barragem?
Então a linha não era isto era aquilo? As termas? As unidades de turismo rural?

Elias Escreveu:Que tipo de turismo? Imagino que golfe, pesca e desportos náuticos?
Então e que tal apostar no turismo de natureza?
Tudo porquê não! Mas alguma coisa contra caça pesca... etc Analisa bem o caso espanhol ou irlandes

Elias Escreveu:De acordo em relação a isto, mas nota que isto não tem (ou não devia ter) nada a ver com a barragem.
Não? e não pode ter? Demagogia só

Elias Escreveu:De acordo em relação a este ponto, embora me pareça um problema menor, uma vez que tu próprio te queixas que "áreas significativas do vale não são servidas sequer por uma rede viária secundária".
Então bolas, estou a dizer que têm de passar a ser

Elias Escreveu:Para que é que precisamos de uma rede viária envolvente? É para o acesso da malta que vai à pesca?
Só pode ser bricadeira de mau gosto um argumento destes. Conheces alguma região que se desenvolva sem uma rede viária secundária de qualidade ligada a primária

Elias Escreveu:rufa, se a linha vai ficar debaixo de água, explica-me lá que valências funcionais são essas?
Não tem?????????? então não entendo tanto ruído à volta da linha

Elias Escreveu: Com as tais indemnizações monetárias
Confundis-te as medidas e os eixos de apoio.
Elias Escreveu:Suponho que estejas a falar de hotéis e afins?
Também, afinal o litoral anda sempre a apontar o dedo à falta de camas.
Elias Escreveu:Núcleo museológico do vale do Tua? Para mostrar exactamente o quê? Aquela linha férrea que constituía um património valioso da região, que decidiram submergir, e que já não pode ser visitada?
Já agora, quantos visitantes acreditas que um núcleo museológico dessa natureza poderá atrair (antes de responderes, lembra-te do que aconteceu em Foz Coa).
Também és contra os núcleos interpretativos

Pois lembro meu amigo a barragem não se fez, logo nem as estruturas previstas no aproveitamento.
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Re: Vale do Tua
rufa Escreveu:Indemenizações monetárias ao nível da habitação e realojamento.
Estamos a falar de realojar quantas pessoas? Quero dizer, vai haver muitas aldeias submersas?
rufa Escreveu:Indeminizações monetárias na agricultura e agro-indústria.
Mas se já vão ter água para o regadio (cuja necessidade tens vindo a defender), porque é que é preciso indemnizar?
rufa Escreveu:Indeminizações monetárias no turismo.
Mas que turismo é que é preciso indemnizar?
Existe algum programa de turismo na região que saia prejudicado com a construção da barragem?
rufa Escreveu:Investimento em infra-estrutura num novo programa turístico.
Que tipo de turismo? Imagino que golfe, pesca e desportos náuticos?
Então e que tal apostar no turismo de natureza?
rufa Escreveu:Programas para a criação de auto-emprego.
De acordo em relação a isto, mas nota que isto não tem (ou não devia ter) nada a ver com a barragem.
rufa Escreveu:reposição de infra-estruturas rodoviárias afectadas.
De acordo em relação a este ponto, embora me pareça um problema menor, uma vez que tu próprio te queixas que "áreas significativas do vale não são servidas sequer por uma rede viária secundária".
rufa Escreveu:Novas vias rodoviárias e requalificação da rede viária envolvente da albufeira.
Para que é que precisamos de uma rede viária envolvente? É para o acesso da malta que vai à pesca?
rufa Escreveu:Assegurar as valências funcionais da linha férrea do Tua.
rufa, se a linha vai ficar debaixo de água, explica-me lá que valências funcionais são essas? Serão comboios anfíbios?
rufa Escreveu:Reposição de infra-estruturas ao nível do abastecimento de água, estruturas de captação e melhoramento agrícola nomeadamente no regadio.
Com as tais indemnizações monetárias

rufa Escreveu:Connforto e infra-estruturas para recreio e lazer das populações e dos trabalhadores de obra.
Suponho que estejas a falar de hotéis e afins?
rufa Escreveu:Medidas potenciadoras da identidade cultural, núcleo museológico e interpretativo do vale do Tua.
Núcleo museológico do vale do Tua? Para mostrar exactamente o quê? Aquela linha férrea que constituía um património valioso da região, que decidiram submergir, e que já não pode ser visitada?
Já agora, quantos visitantes acreditas que um núcleo museológico dessa natureza poderá atrair (antes de responderes, lembra-te do que aconteceu em Foz Coa).
1 abraço,
Elias
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Re: Vale do Tua
rufa Escreveu:Não acho válida a correlação, entendo antes de mais que esses dados regressivos ao nível populacional se devem a localizações limitrofes,aliadas à falta de emprego e sobretudo à distância do único eixo viário que temos(IP4) Se reparares quanto mais longe deste eixo maiores são as taxas.
rufa, se realmente é a proximidade ao IP4 que atenua as taxas de diminuição populacionais, que comentário fazes ao facto de Murça (vila servida directamente pelo IP4) tenha registado uma diminuição de 7,2% o que a coloca entre as piores da região?
1 abraço,
Elias
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rufa Escreveu:Os três exemplos que deste não têm qualquer utilidade para discutir a promoção da biodiversidade. Dois deles são exemplos contrários ao que se entende por promoção da biodiversidade e o terceiro procura estabelecer uma correlação entre dois factos que não estão interligados.
Podia dar-te mais mas com essa argumentação,é mesmo de quem vê e não quer ver.
Desculpa rufa, mas podes explicar o que achas de errado na minha argumentação? O que é que eu não quero ver?
O conceito de biodiversidade não fui eu que o inventei. A protecção da biodiversidade rege-se por critérios definidos internacionalmente que passam por dar prioridade à conservação das espécies ameaçadas, consideradas raras ou vulneráveis.
Promover a conservação de espécies comuns (como o pato-real) não ajuda à biodiversidade.
Promover a expansão de espécies introduzidas (como a carpa) é um atentado à conservação da natureza.
Podes achar que ter muitas carpas e patos-reais é benéfico, podes até achar que "é muito bonito ver os patinhos" e os peixinhos", mas infelizmente isso em termos de natureza não representa nada, não tem valor ecológico, o valor ambiental dessas espécies é nulo.
Se realmente tiveres interesse neste assunto, posso indicar-te quais são as espécies da região do vale do Sabor e zonas envolventes que têm mais interesse para a conservação na natureza.
1 abraço,
Elias
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Com água e sem ela!

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Re: Vale do Tua
Elias Escreveu:E gostaria que comentasses essa aparente correlação entre a existência de barragens e a quebra populacional.
Não acho válida a correlação, entendo antes de mais que esses dados regressivos ao nível populacional se devem a localizações limitrofes,aliadas à falta de emprego e sobretudo à distância do único eixo viário que temos(IP4) Se reparares quanto mais longe deste eixo maiores são as taxas.
Elias Escreveu:Explica-me por favor a diferença entre Barragem e AHFT.
Poderemos entender a Barragem como a obra em si. E o AHFT uma noção mais abrangente, nomeadamente um quadro aonde constam medidas de mitigação/potenciação de impactes e até algumas medidas compensatórias.











1 abraço.
Re: Vale do Tua
rufa Escreveu:O meu texto não vai nesse sentido, nada indica que as barragens acelerem/travem a desertificação!
Eu sei. Apenas achei interessante partilhar alguns dados que mostram que os concelhos transmontanos com mais barragens são aqueles que têm perdido mais população nos últimos anos.
E gostaria que comentasses essa aparente correlação entre a existência de barragens e a quebra populacional.
rufa Escreveu:Simplesmente a ideia era de que um projecto global e não só a barragem possam inverter/atenuar a situação.
Explica-me por favor a diferença entre Barragem e AHFT.
1 abraço,
Elias
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Re: Vale do Tua
SMALL2007 Escreveu:
Trás-os-Montes deve ser defendida como terra linda que é, explorar as potencialidades e não para afogar o que tem em cimento e água, dando depois as tais compensações (leia-se subsídios para largar a produção).
Os "subsídios" são de incentivo e não o contrário


SMALL2007 Escreveu: Ou estás a antever mais romarias de escursões para ver a barragem em vez das amendoeiras em flôr?
Não é essa a imagem antiquada que tenho de Trás-os-Montes

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Re: Vale do Tua
Elias Escreveu:Estes dados levam-me a acreditar que a existência de grandes barragens acelera o processo de desertificação humana em vez de o travar.
O que te parece?
O meu texto não vai nesse sentido, nada indica que as barragens acelerem/travem a desertificação! Simplesmente a ideia era de que um projecto global e não só a barragem possam inverter/atenuar a situação.
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Re: Vale do Tua
Elias Escreveu:rufa Escreveu:Estes dados levam-me a acreditar que a existência de grandes barragens acelera o processo de desertificação humana em vez de o travar.
O que te parece?
1 abraço,
Elias
Elias, ou isso ou a malta não sabia nadar....
rufa, podes dizer o que quiseres e tens argumentos válidos, como é óbvio, mas barragens grandes são como auto-estradas de 4 faixas para cada lado. Servem para enchar o olho de muitos e os bolsos de poucos.
Trás-os-Montes deve ser defendida como terra linda que é, explorar as potencialidades e não para afogar o que tem em cimento e água, dando depois as tais compensações (leia-se subsídios para largar a produção).
Ou estás a antever mais romarias de escursões para ver a barragem em vez das amendoeiras em flôr?
Cumprimentos,
SMALL
SMALL
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Re: Vale do Tua
rufa Escreveu:Uma análise da evolução da situação actual num cenário sem projecto, permite concluir que nos próximos anos se vão acentuar as tendências sócio-demográficas regressivas
Olá rufa,
Quando li esta tua afirmação dei comigo a pensar: será que a construção de barragens permitirá realmente inverter este processo regressivo?
Embora eu já anteriormente tenha manifestado as minhas dúvidas relativamente a este aspecto, decidi obter alguns números concretos, a fim de analisar o que tem acontecido, em termos demográficos, nos outros concelhos da região que dispõem de grandes barragens.
Para isso fui ao site do INE e seleccionei alguns concelhos do distrito de Bragança, sendo que quase todos os que escolhi (excepto Vila Flor e Mirandela) são servidos por pelo menos uma grande barragem do Douro. Comparei os dados da população total em 2007 com a população de 2000 (este é o ano mais antigo que está disponível para comparação).
O quadro anexo apresenta os resultados.
Em termos percentuais, de 2000 a 2007 as variações na população por concelho foram as seguintes:
Concelhos sem barragens
Mirandela: +0,1%
Vila Flor: -3,9%
Concelhos com barragens
Vila Nova de Foz Coa: -4,4%
Mogadouro: -5,9%
Miranda do Douro: -7,3%
Torre de Moncorvo: -8,6%
Carrazeda de Ansiães: -9,5%
Agora notemos que os concelhos de Mirandela e Vila Flor, os únicos da lista que não são servidos por qualquer grande barragem, são aqueles onde a redução populacional foi menor, tendo mesmo havido um aumento marginal no caso de Mirandela.
Os restantes 5 concelhos, que já são servidos por grandes barragens (ao longo do Douro), têm tido quebras muito mais acentuadas, sendo também curioso notar que desses 5 aquele que teve a menor quebra foi o de Foz Coa, precisamente o concelho onde se decidiu não avançar com a construção de mais uma grande barragem.
Estes dados levam-me a acreditar que a existência de grandes barragens acelera o processo de desertificação humana em vez de o travar.
O que te parece?
1 abraço,
Elias
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Vale do Tua
Muito se tem falado sobre a barragem do tua, aproveitamento hidroelétrico foz do tua (AHFT http://www.inag.pt/images/diversos/temp ... FozTua.pdf ) que será relevante esclarecer e debater algumas ideias sobre a região e a área de influência do empreendimento.
A área geográfica directamente afectada pelo AHFT engloba cinco concelhos da região de Trás-os-Montes e Alto Douro. Estes concelhos dividem-se pelas duas NUTE III Douro (Alijó, Carrazeda de Ansiães e Vila Flor) e Alto Trás-os-Montes (Mirandela e Murça) numa área aproximada de 5200 Km2 e quase 300000 habitantes. As freguesias directamente influênciadas pelo empreendimento repartem-se de forma equitativa por estes concelhos, com excepção de Murça que conta apenas com uma freguesia na área de influência directa do AFHT. Os cinco munícipios estão numa situação periférica no contexto do território nacional e europeu, localizando-se as respectivas freguesias numa área limitrofe dos concelhos e são regra geral excêntricas relativamente a respectiva sede concelhia. A partição destes concelhos por diferentes unidades estatísticas, admnistrativas e estratégicas leva a que o vale do tua não constitua uma unidade em nenhum aspecto, o que limita a sua capacidade interentiva perante cenários de mudança, como o que se perspectiva com o AHFT.
Uma análise da evolução da situação actual num cenário sem projecto, permite concluir que nos próximos anos se vão acentuar as tendências sócio-demográficas regressivas, neste contexto não é expectável uma revitalização da actividade económica, antevendo-se o abandono de áreas agricolas marginais, exceptuando-se algums casos de vitalidade do sector vitivínicola e de produção de azeite. A discussão em torno do NPA (170, 180 e 195) torna-se essencial pois se algums impactes existem a 195 em áreas com alguma vitalidade é nessas mesmo que se perspectivam incentivos para benefeciar esses dois sectores.
As dificuldades ao nível da mobilidade vão acentuar-se com o agravamento das condições de acesso aos serviços públicos, nomeadamente aos cuidados de sáude. Estudos mostram que são as próprias populações que antecipam perdas no seu bem estar e qualidade de vida a curto e médio prazo. Existe assim muita indiferença na classe mais idosa e algum optimismo na classe mais jovem, algumas oposicões ao empreendimento prendem-se com perdas na actividade agrícola muitas delas por questões afectivas e aos problemas relacionados com a linha-férrea.
O turismo é uma actividade na qual a região aposta, implica no entanto uma melhoria da rede viária nomeadamente da rede secundária, note-se que áreas significativas do vale não são servidas sequer por uma rede viária secundária. Se existem impactes negativos, que existem também existem medidas compensatórias previstas( por exemplo MC.SE.01/02/03), que em meu entender devem ser negociadas até à exaustão. O mesmo se aplica as medidas de potenciação de impactes positivos, que surgem tanto à escala nacional(contribuição para a produção de energia limpa) como regional (implementação de um projecto de aproveitamento turístico global centrado na geração de mais valias para a região)
Será pois relevante uma discussão séria em torno deste projecto centrada acima de tudo nos aspectos sócio-económicos e patrimoniais pois parecem estar afastados da discussão pública aspectos ambientais relevantes (se é que existem), não sei se por agenda política ou esquecimento. Não podem ser meia dúzia de excursões de comboio que decidem o caminho da discussão.
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A área geográfica directamente afectada pelo AHFT engloba cinco concelhos da região de Trás-os-Montes e Alto Douro. Estes concelhos dividem-se pelas duas NUTE III Douro (Alijó, Carrazeda de Ansiães e Vila Flor) e Alto Trás-os-Montes (Mirandela e Murça) numa área aproximada de 5200 Km2 e quase 300000 habitantes. As freguesias directamente influênciadas pelo empreendimento repartem-se de forma equitativa por estes concelhos, com excepção de Murça que conta apenas com uma freguesia na área de influência directa do AFHT. Os cinco munícipios estão numa situação periférica no contexto do território nacional e europeu, localizando-se as respectivas freguesias numa área limitrofe dos concelhos e são regra geral excêntricas relativamente a respectiva sede concelhia. A partição destes concelhos por diferentes unidades estatísticas, admnistrativas e estratégicas leva a que o vale do tua não constitua uma unidade em nenhum aspecto, o que limita a sua capacidade interentiva perante cenários de mudança, como o que se perspectiva com o AHFT.
Uma análise da evolução da situação actual num cenário sem projecto, permite concluir que nos próximos anos se vão acentuar as tendências sócio-demográficas regressivas, neste contexto não é expectável uma revitalização da actividade económica, antevendo-se o abandono de áreas agricolas marginais, exceptuando-se algums casos de vitalidade do sector vitivínicola e de produção de azeite. A discussão em torno do NPA (170, 180 e 195) torna-se essencial pois se algums impactes existem a 195 em áreas com alguma vitalidade é nessas mesmo que se perspectivam incentivos para benefeciar esses dois sectores.
As dificuldades ao nível da mobilidade vão acentuar-se com o agravamento das condições de acesso aos serviços públicos, nomeadamente aos cuidados de sáude. Estudos mostram que são as próprias populações que antecipam perdas no seu bem estar e qualidade de vida a curto e médio prazo. Existe assim muita indiferença na classe mais idosa e algum optimismo na classe mais jovem, algumas oposicões ao empreendimento prendem-se com perdas na actividade agrícola muitas delas por questões afectivas e aos problemas relacionados com a linha-férrea.
O turismo é uma actividade na qual a região aposta, implica no entanto uma melhoria da rede viária nomeadamente da rede secundária, note-se que áreas significativas do vale não são servidas sequer por uma rede viária secundária. Se existem impactes negativos, que existem também existem medidas compensatórias previstas( por exemplo MC.SE.01/02/03), que em meu entender devem ser negociadas até à exaustão. O mesmo se aplica as medidas de potenciação de impactes positivos, que surgem tanto à escala nacional(contribuição para a produção de energia limpa) como regional (implementação de um projecto de aproveitamento turístico global centrado na geração de mais valias para a região)
Será pois relevante uma discussão séria em torno deste projecto centrada acima de tudo nos aspectos sócio-económicos e patrimoniais pois parecem estar afastados da discussão pública aspectos ambientais relevantes (se é que existem), não sei se por agenda política ou esquecimento. Não podem ser meia dúzia de excursões de comboio que decidem o caminho da discussão.
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