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Caldeirão da Bolsa

Just some Bear Thoughts...

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Just some Bear Thoughts...

por D1as » 4/7/2003 2:53

1.

Enquanto “eu” acreditar, aposto nas minhas convicções. Mesmo que isso obrigue perder dinheiro. É assim que a esmagadora maioria das pessoas funciona...

É sabendo isto que há e sempre haverá Smart Money. Quando as convicções da maioria estão solidamente alicerçadas sobre um dos lados da barricada o Smart Money entra do outro lado. E ganha. Sempre. Quando a esmagadora maioria finalmente muda para o lado onde estava o Smart Money, criando novas, antagónicas e inabaláveis convicções, chegou a altura do Smart Money mudar de lugar. É uma história simples e interminável.

O que leva uma pessoa a tomar as mesmas posições na mesma altura que o Smart Money, a meu ver depende da experiência e sensibilidade para sentir o mercado. Não é algo que se consiga dizer em frases ou definições. O mais aproximado será dar exemplos de situações concretas. É por isso que eu dou tanto valor ao livro “Reminiscences of a Stock Operator”. O livro está carregado de bons exemplos de como Livermore negociava.

Mas há formas de saber de que lado está o Smart Money.



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2.

O que faz mexer o Mercado? Sabendo que pode subir ou descer e que este processo é interminável, há que saber de que lado (entre Bulls e Bears) existe maior probabilidade de ser pago o próximo tick. Como perguntaria o Livermore: Qual é a linha de menor resistência?
Esta linha de menor resistência obviamente traduzirá a evolução do preço. Mas ela muda senão os mercados só tinham um sentido. E muda como? Falemos então de Expectativas: Expectativas Adaptativas e Expectativas Racionais.

As Expectativas Adaptativas são as que nos fazem passar de Bear a Bull de um dia para o outro dependendo de determinadas condições. Um exemplo será porventura o preço cruzar em alta uma SMA200. Outro exemplo poderá ser a quebra em alta de um trading range (especialmente se o período em que esse trading range se desenvolveu for relativamente extenso). Geralmente são situações encadeadas entre diferentes enquadramentos que levam à mesma conclusão. Poderíamos incluir aqui a AT, por exemplo. A AT, para além de ser uma muleta psicológica que nos “ajuda” constantemente a formar uma Expectativa Racional (já explico o que é mais à frente), serve como uma ferramenta com a qual podemos ir formando Expectativas Adaptativas à medida que os dias vão passando.

Uma Expectativa Racional não é mais do que toda a informação por nós processada, levando-nos a especular sobre a evolução do Mercado no Longo Prazo. Esta informação chega-nos de diferentes “sítios”. A evolução do Ouro, do €/$, o PER do Mercado, a AT do próprio Mercado, os Bonds, o movimento das Small Caps comparativamente às Blue Chips, enfim… TUDO! 

É a valorização comparativa destas duas Expectativas que em grande escala provoca movimentos contra ou a favor da tendência. Assumindo que estamos em Bear Market, quando a maioria dá mais valor à EA temos um Rally. Quando finalmente a ER se sobrepõe à EA temos o retomar da tendência dominante. O mais frequente é a maioria das pessoas nem saber qual é a ER e por conseguinte andarem contra a tendência dominante. Mas há momentos em que a maioria finalmente vê a ER verdadeira, ou melhor, interioriza a tendência dominante do Mercado. Está portanto na altura de o Smart Money voltar a “fazer” a cabeça à maioria para que continuem errados quanto à ER.

Regra geral, este processo consegue ser desenvolvido e acompanhado usando a AT para o identificar. Temos os suportes, as resistências, os retracements, o overbought, o oversold, etc, etc. No entanto, há excepções à regra. Temos o exemplo do Nikkey: fez higher highs durante o seu já longo Bear Market. Isto então significa o quê? Significa que o processo de criar uma ER ilusória à grande maioria não foi conseguido dentro dos limites da AT. Tão simples quanto isto. E a conclusão que se pode chegar é que se tal foi feito é porque o processo que levará ao fim das quedas ainda está longe de estar concluído (como se viu no Nikkey depois de ter feito a primeira vez um higher high). Coincidência ou não, este fenómeno acontece após 3 anos de quedas, o que se poderá concluir que por mais convicto que uma pessoa esteja na sua ER (errada), ao fim de 3 anos de quedas, finalmente muda de opinião. Mas também se pode concluir que passados esses 3 anos de estar errado, quando lhe é dado uma semente que alimente a ideia da sua ER inicial, ela é fortemente regada e provavelmente só daqui a 2 anos é que a porá em causa novamente.



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3.

Não é grave que uma pessoa seja Bull por definição. Eu, por exemplo, considero-me Bear por definição. Acho mais interessantes as descidas do que as subidas. Não sei explicar bem, mas acho mais piada às descidas. Enfim, gostos não se discutem, quanto muito podem-se lamentar. No entanto, lá por eu achar as descidas mais engraçadas, isto não significa de maneira nenhuma que não “veja” as subidas. O que é grave as meu ver é alguém gostar mais das subidas e em consequência disso não “ver” as descidas. Após as descidas do 11 de Set. não faltou gente que viesse afirmar categoricamente que os mínimos estavam feitos. Como se veio a ver depois, na realidade não estavam. Agora, está a acontecer precisamente o mesmo. As pessoas estão a pegar nas suas EA e incorporá-las na ER. É assim que o Mercado funciona para que poucos consigam tirar a muitos.

Para além das regras que vêm nos livros que identificam o fim de um Bear Market e por conseguinte as condições do início de um Bull Market (vide Como Ganhar em Bolsa – Braga Matos) eu acrescentaria as seguintes:
- o trading range diário do S&P500 diminuir significativamente (passarem-se muitos meses em que o trading range diário não exceda os 5 pontos)
- o PER do S&P500 estar entre os 10 e os 15 com o mercado em baixa, não após consideráveis subidas.
- Um higher high de referencia do longo prazo seja quebrado: Supondo que já estamos num Bull Market, os 1174 terão de ser quebrados e quando forem “acredito” no fim do Bear Market. Dito por outras palavras, supondo que os máximos já foram feitos nos 1015 (que coincidência ou não, são os 61.8% de retracement entre os 1174 e os mínimos de Outubro) e de seguida só teremos quedas, quando os 1015 forem quebrados então estamos em Bull Market. Resumindo, de tempos a tempos são feitos valores de referencia de longo prazo que assinalam a tendência descendente. Quando o valor de referencia de longo prazo for quebrado então sim, temos Bull. Senão temos Bear Market Rally (os 965 são um valor de referencia de médio prazo, logo, foram e são uma referencia para trading de curto prazo simplesmente).



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4.

E que tal aplicar estes pensamentos ao S&P500? Vamos a isso! 

Depois de ter sido feito um duplo topo nos 1174 o Mercado “só” caiu. No entanto há que salientar o facto de as descidas, inicialmente, terem sido lentas. Esta é uma boa indicação que a maioria tem a ER “trocada”. Lá viemos a novos mínimos (1) e tivemos um rebound até aos 965 (2). Este rebound de cerca de 20% dos mínimos deveria ter sido suficiente para voltar a colocar a maioria do lado errado mas o que vimos foi uma descida até novos mínimos (3) a uma velocidade estonteante. A maioria não ficou impressionada com o rebound, ainda por cima “teve” razão porque foram feitos novos mínimos. Ao contrário do movimento de (1) a (2) em que o rebound aconteceu naturalmente devido a exaustão de vendas, de (3) a (4) tivemos novo rebound, desta vez técnico provocado pelo short covering dos targets do H&S e da RW. O Mercado lá parou em (4), fazendo lower high e deixando a maioria feliz. Ainda tivemos o January Effect ajudado por uma suposta lateralização de Mercado mas com Lower Highs feitos em (2) e (4) tivemos uma LT a atirar-nos para descidas. Só que desta vez de uma forma um pouco mais quezilenta… Falava-se da guerra e do efeito que isso trás ao mercado… Enfim, já se começava a ver o efeito do Smart Money a fechar curtos. Em (5) veio a guerra e o mercado subiu 8 dias consecutivos (sim, fez muito boa gente lembrar-se do inicio do Bull em 82. Não começou com o aumento estonteante de volume, mas isso não interessa… pormenores….). E agora o interessante… o COT ficou net long em (5)!

Em (6) o COT passou a net short… As descidas são lentas como se quer, reagem aos suportes violentamente como aconteceu nos 965 até cerca de 61.8% entre os 1015 e os 965.

E ficou o “relato” feito. Prognósticos? S&P500 nos 500/550. Quando? Antes do fim do ano.

P.S.- Não acredito em Coincidências.
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