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Caldeirão da Bolsa

AmLat - resumo da semana

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por djovarius » 23/6/2003 15:45

Obrigado a todos, mas não habia nexexidade.... :lol:

Bom, aproveito para confirmar que:
o FMI acaba de chegar à Argentina onde deverá "largar" uns 320 milhões de USD para aliviar as dificuldades locais. Um gesto de confiança para o recém empossado Governo.

E o Brasil vai fechar o 1º semestre de 2003 com o espantoso saldo comercial por nós previsto há algumas semanas: 10 mil milhões de dólares de balança comercial positiva, fruto de dificuldades internas (fraca importação) e aumento de vendas no exterior, inclusive em novos mercados.

Um abraço amigo a todos e obrigado
djovarius
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
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Bom trabalho!!

por Escorpião » 23/6/2003 14:41

Parabéns djovarius.
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por lmm » 23/6/2003 13:01

Já agora aproveito também para manifestar o meu agrado em poder ler o AmLat.

Além de ser redigido de forma cuidada ( :oops: ) o conteúdo é de muito interesse dado não ser facilmente acessível o acompanhar dos eventos relevantes naquela zona do globo e... só aqui no Caldeirão!

É impressão minha ou o Sr. Lula está mesmoo disposto a dar o seu agrado a quem mais precisa por essas bandas?
Não sou grande politiqueiro mas... é aquilo que normalmente se designa por "atitudes corajosas"...

Abraço,
lmm
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por Ulisses Pereira » 23/6/2003 12:47

Já te disse isto algumas vezes, mas nunca são demais: Este teu resumo da semana na América Latina é daquelas coisas "imperdíveis" no Caldeirão e que leio sempre com muito prazer.

Um grande abraço e parabéns!
Uliss
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AmLat - resumo da semana

por djovarius » 22/6/2003 1:23

Ora viva, amigos do Caldeirão, de volta o resumo da semana. Hoje, por coincidência, vamos ter uns textos que passaram por Fóruns de Bolsa do Brasil, reflectindo também artigos de imprensa com críticas à situação económica do Brasil. Coincidência porque sai logo numa semana em que o Ulisses fez o favor de elogiar publicamente as pessoas que por aqui passam. Por isso, é interessante por vezes ler e saber o que outros dizem em outras circunstâncias e latitudes. Mas já lá vamos.

Para já, o ponto forte da semana. A reunião ao mais alto nível EUA – Brasil. Bush e Lula na Casa Branca, logo após reunião recente dos principais líderes do Mercosul. Entre Bush e Lula, um tom cordial, mas o mais importante para lá da “foto de família” é o que aconteceu nos bastidores. A Alca – Área de Livre Comércio das Américas vai avançar. O ano de 2005 é agora apontado como o arranque oficial. Até lá, ficará a cargo dos técnicos e dos políticos a responsabilidade de discutir detalhes sobre pautas aduaneiras, taxas e tarifas comuns e muitos outros detalhes. Fica no ar a ideia de que será um modelo semelhante, mas adaptado à actualidade, da antiga CEE tal como era até aos anos setenta. Para a Administração Republicana em Washington um senso de alívio. Lula não é definitivamente um novo Hugo Chávez no Continente Americano e muito menos um novo Fidel. Para os Brasileiros, a esperança. É possível avançar com a América, havendo abertura para a discussão dos pontos polémicos que virão. Mais ainda, o Brasil sabe que a estabilidade financeira não é sinónimo de crescimento económico. Os EUA fazem muita falta a todos os países do sul. Por isso, em nenhum momento, foram (e nem serão) abordados temas polémicos como a invasão do Iraque, entre outros. O Brasil e os vizinhos sabem que ainda são muito dependentes do FMI, Banco Mundial e grandes corporações bancárias. Estes órgãos, por sua vez, sabem que não vale a pena “esticar demasiado a corda”. Estes países precisam de respirar.
Antes, a reunião do Mercosul tinha sido palco de importantes decisões: a apresentação da proposta de uma pauta comum em relação à Alca, tarifas comuns e carga fiscal o mais aproximada possível, o combate à inflação em todos os países de modo a que ela não ultrapasse 5% ao ano já em 2006 e, finalmente, a relevante intenção de integrar a Venezuela nesse grupo de países do cone sul, tal como pretende o presidente Chávez, o qual participou no encontro.
Só falta saber se os EUA negociarão em conjunto com o Mercosul. Esse ponto é o que pode trazer mais dissabores. Ainda assim, a Alca é inevitável e surgirá ainda esta década. Para os EUA é útil para expandir os seus interesses vitais. Para os países mais pobres é um meio de conseguir a modernização e o desenvolvimento. Para comparar, tirando as devidas proporções, pensemos na CEE e no papel da Alemanha e no papel de países como Portugal, Grécia ou Irlanda. Está tudo dito.

Esta semana, finalmente, a tão esperada descida da taxa de juros do Banco Central do Brasil, a taxa Selic. Apenas 50 pontos base de 26,5% para 26% e a possibilidade de mais virem a caminho.
Mas a questão já é outra. Esta descida não terá reflexos imediatos. Como é sabido, estas situações levam meses a ter reflexos na Economia. Ainda por cima, estas pequenas descidas (já contando com as próximas) não têm grandes reflexos na oferta de crédito a particulares e empresas, a qual é escassa e ainda muito mais cara do que a referência do BC deixa antever. Como tal, surgiram as críticas. A recessão, medida por dois trimestres de queda do PIB deverá ser tornada “oficial” em breve. O país, do qual se pode dizer que já atingiu a estabilidade financeira e das contas públicas, pode ver tudo posto em causa pelo fraco desempenho da Economia real. Para alguns, está mesmo à beira da depressão. Queda dos salários reais de grande parte da população, aumento de desemprego e o aumento dos preços administrados foram os ingredientes para a baixa generalizada dos padrões de vida. Agora, a realidade manifesta-se cruelmente. São milhões de cheques sem cobertura por todo o país. O comércio não vende, os “stocks” ficam nas prateleiras. Até a classe média é obrigada a cortar nos luxos.
O sinal da depressão, dizem alguns, é o facto do remédio para a inflação ter sido ministrado em dose exagerada. Por isso, vem a deflação. E pior, deflação pela via do excesso de oferta e escassez de procura e que só este mês poderá ficar em – 0,6% ou mesmo – 1%, medidos pelo IGP-M. Inacreditável, para quem ler de novo o nosso primeiro resumo da semana, em Novembro.
Ontem mesmo, passei por algo que demonstra esta realidade e que nunca pensei poder assistir.
O preço do tabaco baixou. Isso mesmo, não é erro, nunca tinha sucedido tal coisa, um facto impensável, por exemplo, na tão ecologista Europa. O preço dos cigarros baixou em média 14%, fruto da concorrência e do próprio contrabando. Mas muitos outros produtos, até os essenciais, estão com preço em queda. O que aparenta ser uma boa notícia para o consumidor, é sinónimo de fraqueza, de queda do PIB e de mais desemprego. Daí que as quedas de juros terão que ser muito mais agressivas neste momento.
Um outro símbolo da “miséria”: a rede Globo de TV, que sempre enviava equipas de reportagem atrás dos Clubes e da Selecção, anda em contenção de despesas até no futebol. Para quem em 1982, no Mundial de Espanha já tinha imagens exclusivas, luxo particular, agora fica com os comentadores no estúdio e é se queres...
Quem não gostou dos dados macro foi a Bovespa, que após o fecho de futuros e opções na segunda-feira passada (diferente dos EUA e Europa) não parou de cair, foi de facto uma inversão da tendência dos últimos meses, a qual poderá ser confirmada ou não até ao fim deste semestre. Em 3 sessões, acabou com 25% da subida de 4 meses.
Deixo-vos agora, como prometido, uns textos retirados de Fóruns de Bolsa locais, com artigos sobre estas temáticas:
Peça da jornalista Eliane Oliveira, muito visto pelos fóruns:
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá ter de pagar um preço político alto por ter assumido o compromisso de levar adiante as negociações para que a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) saia até janeiro de 2005. A decisão de Lula pode ser considerada um recuo, pois seu plano sempre foi de estender o debate sobre a Alca por entender que a sociedade brasileira não estaria bem informada sobre os efeitos do tratado.

O governo brasileiro considerava extremamente curto o prazo fixado para o término das conversas.

Lula deixou Washington de mãos vazias, já que seu colega americano, George W. Bush, não apoiou o ingresso do Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Mas fez o que Bush queria em relação à Alca: sem adiamentos, o acordo deve ser fechado dentro do prazo preestabelecido.

Se quiser evitar problemas internos e não ser responsabilizado por um dos maiores fracassos comerciais da história, Lula terá que correr contra o tempo. Avançar nos debates dentro do Congresso Nacional, ouvir a sociedade civil e, ao fim do processo, ter coragem para dizer não, caso a Alca não atenda aos interesses do Brasil.

A não ser que prevaleça a atual estratégia dos negociadores brasileiros, que gostariam de esvaziar a Alca ao máximo, apenas com o comércio de bens e alguns serviços. O restante seria negociado na Organização Mundial do Comércio (OMC) ou num acordo do tipo 4 + 1, ou seja, entre o Mercosul e os EUA.

Segundo um integrante do governo brasileiro, como os americanos insistem em discutir a eliminação dos subsídios agrícolas e a revisão das regras antidumping na OMC, temas de grande interesse para o Brasil e os demais sócios do Mercosul, o Brasil quer impor a mesma dificuldade aos EUA: investimentos, compras governamentais, propriedade intelectual e serviços só serão tratados na OMC.”

Ou esta sobre os prejuízos impressionantes da Globo: “A Globopar (Globo Comunicações e Participações S.A.), holding que controla empresas como a TV Globo, Net e Editora Globo, afirmou ontem que registrou um prejuízo de R$ 5 bilhões no ano passado. As perdas são 233% maiores que o prejuízo de R$ 1,5 bilhão que a companhia registrou em 2001.

A Globopar atribuiu o resultado às perdas provocadas pela desvalorização do real frente ao dólar no ano passado e ao provisionamento de receitas (transformadas em garantias para credores). A dívida da Globopar atingiu em dezembro passado um total de US$ 1,1 bilhão.

As perdas com a alta do dólar em relação ao real não conseguiram compensar o aumento do faturamento da Globopar no ano passado. A receita bruta da empresa somou R$ 1,4 bilhão. Um avanço de 16,5% sobre o faturamento de R$ 1,2 bilhão de 2001.

No quarto trimestre do ano passado, a TV Globo, principal fonte de receita da Globopar, registrou um faturamento líquido de R$ 680,4 milhões, o que significou uma alta de R$ 50,1 milhões sobre os R$ 603,3 milhões de 2001.

A Globopar afirmou, no entanto, que a TV Globo perdeu dinheiro com a cobertura dos jogos da Copa do Mundo de 2002 e a gastos com o INSS (Instituto Nacional de Seguro Social). O faturamento líquido da Globopar, descontados os impostos, caiu dos R$ 665,4 milhões registrados em 2001 para os R$ 663,1 milhões em 2002.

A Net, empresa de TV a cabo da Globopar, teve uma queda de 105 mil assinantes no quarto trimestre de 2002. O total de clientes da empresa passou para 1,3 milhão de pessoas. Segundo a Globopar, a Net conseguiu aumentar sua receita no quarto trimestre de 2002, que somou R$ 290,8 milhões, contra os R$ 288,6 milhões do mesmo período do ano anterior.

A Editora Globo registrou no quatro trimestre de 2002 um faturamento de R$ 72,2 milhões, abaixo dos R$ 80,9 milhões do mesmo período de 2001.

A Globopar deixou de pagar aproximadamente US$ 3 milhões de juros aos seus credores no dia 1º de novembro de 2002. No dia 5 de dezembro, mais US$ 25 milhões deixaram de ser pagos. Essas medidas levaram a companhia a deixar de pagar outras obrigações, caracterizando uma situação de "default". Atualmente, ela negocia o parcelamento de suas dívidas.”

E mais um comentado sinal da crise: “A seis meses de completar 20 anos desde a fundação, em 20 de janeiro de 1984, o Wembley Palace Hotel está fechando. A crise abalou o empreendimento de R$ 17 milhões, que pertence ao grupo Coteminas, do vice-presidente da República José Alencar ou apenas doutor Alencar, como os funcionários mais antigos do hotel o chamam. Com a população sem dinheiro, a casa perdeu os hóspedes. Sem ter quem lhe alugue os quartos, o lugar vai sair de cena.

É por isso que o Zé Alencar está malhando os juros altos. Nessa crise pela qual o Brasil está passando, só banco é que não quebra , palpita o taxista Fernando Rodrigues, preocupado com a situação dos colegas que fazem ponto em frente ao hotel, situado na rua Espírito Santo, 201, esquina de avenida Santos Dumont, no Centro de Belo Horizonte.

Serão 60 demissões ao todo, sendo que boa parte dos funcionários aproveitou para se aposentar pelo programa de demissão voluntária bancado pela empresa. Ontem mesmo o gerente-geral do Wembley, César Viana, renunciou ao posto de presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis Seção Minas Gerais (ABIH-MG). Pedi afastamento porque estou correndo de especulações , desabafou ele, farto de atender telefonemas de jornalistas procurando saber o real motivo do fechamento do hotel.

Sobre esse assunto, só posso dizer que o Wembley não está com dívidas. Nas empresas do doutor Alencar isso não existe , desconversa. É sabido que, nos últimos dois anos, o hotel amargou taxa de ocupação abaixo da crítica, inferior a 40%. As diárias, que já alcançaram US$ 60 nos bons tempos, oscilam em torno de minguados US$ 17, de acordo com os registros da ABIH-MG.

Após 27 anos de experiência em hotelaria, Viana se despede do Wembley e também do setor. Será o único entre os funcionários do hotel a assumir um cargo na Coteminas o qual prefere não revelar ainda. Ele já está embalando a mobília, pertences pessoais e recordações para a mudança, programada para julho, quando o Wembley encerra oficialmente as atividades.

No meio da bagunça, o gerente tem dificuldade de localizar as fotos tiradas com Luiz Inácio Lula da Silva em 1989, ainda na primeira campanha à Presidência. Naquela época, ele já ficava hospedado aqui. Pedia sempre o apartamento comum, mas a gente insistia até ele aceitar a suíte de luxo. Era uma cortesia natural , comenta Viana, que chega a ficar enternecido ao manusear o álbum de fotografias. Nesse dia em especial, eu me lembro que ele estava morto de cansaço. Tinha ido dormir às três horas da manhã, depois do comício, e precisou se levantar às seis , rememora, mostrando a imagem do candidato gordo e barbudo que, na época, enfrentava Fernando Collor de Mello.

O gerente só não poderia prever que 13 anos mais tarde, três campanhas à presidência depois, Lula chegaria finalmente lá. E mais, teria como companheiro de chapa o próprio patrão. Acho que ele nem sonhava com isso, nem eu. O Zé Alencar é homem de realidade, de fatos concretos , deixa escapar Viana que, este ano, já falou algumas vezes com o chefe pelo telefone, apesar da agenda apertadíssima dele. Mas jamais converso sobre política. Nunca me meti nesses assuntos.”

Nos Fóruns tal como na sociedade, o ano é dado como perdido. A indústria automóvel, não vende. Fábricas de produtos alimentícios fecham e o sector das Telecom está em dificuldades. A Intelig, operadora fixa de alguns Estados, que já custou mais de mil milhões de Euros à Sprint e à France Telecom, entre outros sócios, será vendida para um consórcio que tentará a salvação.

Para dificultar, no Brasil, vem aí uma caça às bruxas sobre factos dos anos noventa – corrupção lesiva dos cofres do Estado. Os próximos tempos prometem.

Terminamos referindo a queda da Bolsa, mas estabilidade no Forex e no mercado de dívida pública. Menos mal, com um feriado a deixar o volume de negócios abaixo da média e o índice principal da Bovespa num suporte de curto prazo.

Ficam os câmbios médios indicativos do Real – sexta-feira e do BOVESPA (números finais)

IBOVESPA – 13.130 pts – o índice desceu 4,5 % na semana
US$ 1 = R$ 2,89 – o dólar subiu 1,6 % na semana
€ 1 = R$ 3,35 – o Euro ficou praticamente inalterado na semana

Obs.) Para quem está a chegar ao Brasil, de férias ou negócios, o câmbio turismo aponta para um valor de R$ 3,20 aprox.

Um abraço, bom resto de fds
djovarius
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