GALP/combustiveis - Desmontando o mito (analise semanal)
boas,
costumo visitar o forum de vez em quando, hoje lá me decidi criar um login.
tenho acompanhado os preços dos combustiveis desde Julho, de acordo com aquilo que foi
publicado no estudo da AdC http://www.concorrencia.pt/download/AdC_Relat%F3rio_Petrol%EDferas__02-06-2008.pdf e de facto mais cêntimo, menos cêntimo,
os preços têm batido mais ou menos certo com o que seria expectável, isto até ao inicio de Outubro.
Decidi alargar o período da análise desde Janeiro até hoje e criar uma folha de cálculo
e concluo que como é dito neste tópico, por vezes se verificam pequenas diferenças quer para cima quer para baixo,
não muito significativas.
Isto até ao início de Outubro. Desde a semana de 6 a 10 de Outubro que se começaram a
verificar diferenças um pouco maiores que chegaram a atingir
quase 5 cêntimos e que estão agora próximas dos 4 cêntimos.
Dá ideia que neste momento estão a alargar o lag para 2 semanas e não a aplicar um lag de apenas uma semana.
Vamos esperar para concluir se se trata de um efeito apenas temporário.
De qualquer forma, mesmo já aplicando um lag de duas semanas, os preços da gasolina
esta semana deveriam cair para perto de 1,21.
Ficam então aqui os cálculos:
Média Gasolina ARA: calculada com base na página http://tonto.eia.doe.gov/dnav/pet/hist/ru-10pp-ara5d.htm
(cotada em centimos de USD por gallon)
Câmbio Eur/Usd: calculado em Oanda FXHistory
Cálculo P. Gasolina Base: Calculado com base no que foi publicado no estudo da AdC
= Média dos preços da Gasolina ARA da semana anterior / 3.7854 / Cambio EurUsd /100 + 0,13 (Margem de retalho, armazenagem e transporte)
(está já cotado em Eur/Litro)
PVP estimado = Cálculo P. Gasolina Base + ISP + IVA
PVP médio verificado (DGEG) : preços obtidos no site da DGEG http://www.dgge.pt/default.aspx?cr=6403
Diferença (cêntimos) = PVP médio verificado (DGEG) - PVP estimado (cotada em centimos de Euro)

costumo visitar o forum de vez em quando, hoje lá me decidi criar um login.
tenho acompanhado os preços dos combustiveis desde Julho, de acordo com aquilo que foi
publicado no estudo da AdC http://www.concorrencia.pt/download/AdC_Relat%F3rio_Petrol%EDferas__02-06-2008.pdf e de facto mais cêntimo, menos cêntimo,
os preços têm batido mais ou menos certo com o que seria expectável, isto até ao inicio de Outubro.
Decidi alargar o período da análise desde Janeiro até hoje e criar uma folha de cálculo
e concluo que como é dito neste tópico, por vezes se verificam pequenas diferenças quer para cima quer para baixo,
não muito significativas.
Isto até ao início de Outubro. Desde a semana de 6 a 10 de Outubro que se começaram a
verificar diferenças um pouco maiores que chegaram a atingir
quase 5 cêntimos e que estão agora próximas dos 4 cêntimos.
Dá ideia que neste momento estão a alargar o lag para 2 semanas e não a aplicar um lag de apenas uma semana.
Vamos esperar para concluir se se trata de um efeito apenas temporário.
De qualquer forma, mesmo já aplicando um lag de duas semanas, os preços da gasolina
esta semana deveriam cair para perto de 1,21.
Ficam então aqui os cálculos:
Média Gasolina ARA: calculada com base na página http://tonto.eia.doe.gov/dnav/pet/hist/ru-10pp-ara5d.htm
(cotada em centimos de USD por gallon)
Câmbio Eur/Usd: calculado em Oanda FXHistory
Cálculo P. Gasolina Base: Calculado com base no que foi publicado no estudo da AdC
= Média dos preços da Gasolina ARA da semana anterior / 3.7854 / Cambio EurUsd /100 + 0,13 (Margem de retalho, armazenagem e transporte)
(está já cotado em Eur/Litro)
PVP estimado = Cálculo P. Gasolina Base + ISP + IVA
PVP médio verificado (DGEG) : preços obtidos no site da DGEG http://www.dgge.pt/default.aspx?cr=6403
Diferença (cêntimos) = PVP médio verificado (DGEG) - PVP estimado (cotada em centimos de Euro)
Marco seria possivel já quem tens os dados todos arrumadinhos colocar também um grafico na 1ª pagina com os preços depois de impostos entre portugal e espanha para se poder ter uma noção da evolução?
Brevemente tens a DECO à porta para te obrigar a apagar os posts!!!!

Brevemente tens a DECO à porta para te obrigar a apagar os posts!!!!



De que vale a pena correr quando estamos na estrada errada?
MarcoAntonio tenho acompanhado este tópico com especial interesse até porque em tempos cometi o mesmo erro de protestar sem saber do que estava a falar como muitos o fizeram aqui. Contudo, não posso deixar de agradecer por este serviço prestado. Para ser sincero o que queria mesmo dizer é:
Onde é que arranjas paciência para isto tudo? Estás a fazer um serviço que deveria ser feito pela Galp ou por uma entidade prestável e honesta.
É de louvar.
Os meus sinceros parabéns e agradecimentos.
Abraços bolsistas
Onde é que arranjas paciência para isto tudo? Estás a fazer um serviço que deveria ser feito pela Galp ou por uma entidade prestável e honesta.
É de louvar.
Os meus sinceros parabéns e agradecimentos.
Abraços bolsistas
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pedrom Escreveu:Marco, pelas tuas contas o que deverá acontecer amanhã? Manutenção dos preços?
É assim: pela baixa do petroleo os preços "deviam" baixar pouco ou mesmo nada. Contudo, a semana passada baixaram menos que o esperado (como eu proprio observei na altura) e portanto como que conto que corrija esta semana.
Pessoalmente estou a contar com uma baixa pelo menos da dimensão da semana passada. Mas se fosse até um pouco maior "não fazia mal nenhum"...
Não sei até que ponto a promoção de fim-de-semana em determinados postos está a influenciar estes preços (eu não os estou a contabilizar em nenhum dos cálculos dado que são pontuais, ocorrem só ao fim de semana e em determinados postos). Por isso estou a entrar apenas com os preços "standard".
FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
limpaesgotos/AF/Deco Escreveu:Deco alerta para combustíveis ainda mais caros que Espanha e média europeia
Mais 4 cêntimos na gasolina
A Deco vem alertar para o facto de os preços dos combustíveis antes de impostos em Portugal continuarem mais caros que em Espanha e que a média europeia.
Na verdade, nesta última semana, regista-se uma diferença de preço maior que o habitual. Contudo, convém sublinhar que diz respeito a esta última semana e que a diferença tem sido bem menor...
Isto sem contabilizar a promoção de fim-de-semana.
limpaesgotos/AF/Deco Escreveu:A associação diz ainda que os protesto contra os preços praticados pelas petrolíferas já levaram à queda mais significativa, «cerca de 6,6% no preço da gasolina». Mas, garantem, um mês depois, o problema «continua e agravou-se».
Puro oportunismo. O que aconteceu foi que logo a seguir aos protestos ocorreram grandes descidas devidas às quedas do petroleo que também foram mais fortes na altura.
Como diz mais à frente, a situação "agravou-se" (sim, nesta última semana) pelo que foi depois dos protestos que se chegou à situação mais desvantajosa. Os protestos não trouxeram nada...
Em relação a esta última semana, estou certo que é uma situação pontual (já ocorreram outras no passado e até já tivemos periodos em que estavam mais baratos do lado de cá) e que entretanto a diferença vai voltar a diminuir.
limpaesgotos/AF/Deco Escreveu:Correlação entre preço final e cotação do petróleo «diminuiu» desde Julho
«Em Portugal continuamos a notar uma forte resistência à descida do preço da gasolina», destacam.
Independentemente da evolução do custo de outros factores de produção, há uma forte correlação entre o preço da gasolina e do barril de petróleo. Depois de Julho, já com o preço do petróleo em queda, «verifica-se que a correlação daqueles factores diminuiu, mostrando uma descida menos rápida do preço da gasolina em Portugal».
Bom, em relação à correlação, os valores são estes:
Gasolina (Janeiro a Julho)-> 0.990
Gasolina (Julho até agora)-> 0.992
Gasóleo (Janeiro a Julho) -> 0.986
Gasóleo (Julho até agora) -> 0.983
Em relação à amplitude das subidas:
Crude (Janeiro a Julho)-> +38.2%
Gasolina (Janeiro a Julho)-> +22.0% (57.6%)
Gasoleo (Janeiro a Julho)-> +30.7% (80.4%)
Média -> +26.3% (68.8%)
Em relação à amplitude das descidas:
Crude (Julho até agora)-> -43.4%
Gasolina (Julho até agora)-> -34.5% (79.5%)
Gasoleo (Julho até agora)-> -28.1% (64.7%)
Média -> -31.3% (72.1%)
Portanto, o que a DECO afirma é falso para o conjunto dos dois combustíveis (é falso para a gasolina, é verdadeiro para o gasóleo e é falso para a média dos dois).
É evidente que para além da diferença de preço neste momento entre Portugal e Espanha, a DECO não avança com mais um único número. Diz "que" mas não mostra os números que a levaram a essa conclusão.
Pois bem, os números são estes e praticamente tudo o que a DECO afirma é falso. A única parte correcta é a actual diferença de preços...
Como habitualmente, atira-se o barro à parede a ver se cola (e junto dos distraídos por certo que cola).
Nota: Todos os valores apresentados foi considerado o respectivo valor em Euros. Preços dos crude correspondem a médias semanais e foi aplicada uma semana de lag. Este é procedimento correcto.
FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
A razão por que a GALP ficou com a má fama foi porque quando houve os aumentos brutais em Maio e Junho, era normalmente sempre a 1ª gasolineira a subir os preços, sendo depois acompanhada pelas restantes. Acho eu, que n percebo nada de marketing ou psicologia...
Ainda por cima, tem havido algumas das recentes descidas que partiram primeiro de outras petroliferas que não a Galp, o que veio aumentar as "suspeitas"...
Ainda por cima, tem havido algumas das recentes descidas que partiram primeiro de outras petroliferas que não a Galp, o que veio aumentar as "suspeitas"...
A mercearia de valores não faz fiado
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A ser verdade a notícia, é no mínimo curioso que esse Sr. Jorge Vasconcelos se tenha demitido por contestar uma atitude intervencionista do Governo e agora defenda exactamente o contrário. Em vez de se limitar a papaguear o que os outros dizem (o que é aliás muito cómodo, porque permite enjeitar qualquer reponsabilidade, por maiores que sejam as enormidades veiculadas), isso teria merecerdo da jornalista uma investigação às suas motivações. Mas se calhar dá muito trabalho, e expõe-a ao risco de ter de começar a falar pelas suas próprias ideias...
FT
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"Existo, logo penso" - António Damásio, "O Erro de Descartes"
limpaesgotos Escreveu:A associação diz ainda que os protesto contra os preços praticados pelas petrolíferas já levaram à queda mais significativa, «cerca de 6,6% no preço da gasolina». Mas, garantem, um mês depois, o problema «continua e agravou-se».
Ainda bem que temos a Deco. Se não fossem eles a organizar estes protestos os preços continuavam a subir.
Obrigado Deco! A vós devemos esta baixa dos preços dos combustíveis! Continuem, qualquer dia a gasolina é de borla e tudo o que abastecermos é imposto! Um grande bem-hajam!

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Flying Turtle Escreveu:limpaesgotos Escreveu:http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=1011376&div_id=1730
Deco alerta para combustíveis ainda mais caros que Espanha e média europeia
Mais 4 cêntimos na gasolina
A Deco vem alertar para o facto de os preços dos combustíveis antes de impostos em Portugal continuarem mais caros que em Espanha e que a média europeia. Segundo a associação de defesa do consumidor, há uma situação de «oligopólio», pelo que incita a Autoridade da Concorrência e o Governo a actuarem «urgentemente».
«Em Portugal, o litro de gasolina 95 octanas, sem impostos, é 4 cêntimos mais caro do que em Espanha e 3 cêntimos mais do que a média europeia, segundo a Direcção Geral de Energia e dos Transportes da União Europeia, em 27 de Outubro», sublinha a associação, que adianta que, desde que o custo do barril do petróleo começou a descer, no início de Julho, os preços médios em Portugal fixaram-se sempre acima dos de Espanha e da média europeia.
Para a Deco, as recentes reduções do preço pelas empresas petrolíferas nacionais são «insuficientes e não reflectem totalmente a descida do custo do petróleo».
A associação diz ainda que os protesto contra os preços praticados pelas petrolíferas já levaram à queda mais significativa, «cerca de 6,6% no preço da gasolina». Mas, garantem, um mês depois, o problema «continua e agravou-se».
Correlação entre preço final e cotação do petróleo «diminuiu» desde Julho
«Em Portugal continuamos a notar uma forte resistência à descida do preço da gasolina», destacam.
Independentemente da evolução do custo de outros factores de produção, há uma forte correlação entre o preço da gasolina e do barril de petróleo. Depois de Julho, já com o preço do petróleo em queda, «verifica-se que a correlação daqueles factores diminuiu, mostrando uma descida menos rápida do preço da gasolina em Portugal».
«A situação de oligopólio é a causa principal desta ineficiência. O ajuste dos preços deve ser mais célere e seguir as melhores práticas na Europa. É urgente a Autoridade da Concorrência impedir abusos de posição dominante e exigir maior transparência. O Governo deve promover medidas para criar uma estrutura específica de regulação e o aparecimento de novos operadores», terminam.
Basta ver o gráfico do Marco postado mais acima nesta mesma página para perceber que, mais uma vez, a DECO não sabe do que está a falar - ou aliás provavelmente até sabe, o que é mais grave...
FT
http://dn.sapo.pt/2008/11/10/economia/c ... orren.html
Compete ao Governo aumentar a concorrência
ANA SUSPIRO
RUI COUTINHO - ARQUIVO DN
Combustíveis. Ex-presidente da ERSE defende um sinal claro do Executivo
Tem de haver vontade política para criar condições para existir mais concorrência no mercados dos combustíveis, mesmo que isso signifique menos força para o campeão nacional. E o sinal deve ser dado pelo Governo, defende Jorge Vasconcelos.
O ex-presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) demitiu-se em 2006 contra a intervenção do ministro da Economia, Manuel Pinho, para travar um aumento de 15,7% nas tarifas eléctricas. Hoje, apesar de ter projectos nas energias renováveis, prefere não falar sobre o sector, e, em particular, da recente intervenção do Governo para garantir que o preço da electricidade não irá subir muito por causa da alta dos combustíveis.
Sobre os combustíveis, considera que é "preciso ter em conta as condições estruturais que podem não permitir a existência de concorrência". A Galp é a única empresa de refinação em Portugal e domina a área da logística e armazenagem. No retalho, quatro empresas controlam mais de 80%. Com a escalada dos combustíveis, verificada na primeira metade do ano, multiplicaram-se as acusações de falta de concorrência e concertação entre as petrolíferas. O Governo pediu à Autoridade da Concorrência (AdC) para investigar, mas esta não encontrou indícios de ilegalidades, conclusões que não convenceram o Automóvel Clube de Portugal que fez uma queixa em Bruxelas.
Para Jorge Vasconcelos, "a AdC não pode fazer aparecer concorrência onde ela estruturalmente não existe", sobretudo se é dificultada a entrada de novos operadores na refinação. Não defende a regulação dos combustíveis, mas sim que se deve analisar a situação e "decidir se se quer preços mais baixos ou empresas que são campeãs nacionais. O que está em jogo é uma decisão política". É preciso dar um sinal claro de que os novos operadores são bem- -vindos e esse tem de vir do Governo. Só que na energia, o Estado é, simultaneamente, regulador e accionista.
Liberalizar contadores da luz
O homem que liderou a regulação da energia por mais de dez anos vai presidir ao 18.º Congresso das Comunicações sobre as alterações climáticas. A importância da inovação tecnológica para o reforço da concorrência é uma lição que a energia pode aprender com as telecomunicações. Um exemplo é a tecnologia para reconversão dos contadores que, para Jorge Vasconcelos, deve ser liberalizada, uma vez definidas regras de acesso a informação sobre clientes e normas técnicas compatíveis. Esta solução permitiria aos fornecedores de electricidade oferecer opções de optimização dos consumo individuais mais competitivas, com vantagem na factura e beneficiando ainda a gestão das redes.
Cumprimentos.
" Existem pessoas tão sumamente pobres que só têm dinheiro "
" Existem pessoas tão sumamente pobres que só têm dinheiro "
limpaesgotos Escreveu:http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=1011376&div_id=1730
Deco alerta para combustíveis ainda mais caros que Espanha e média europeia
Mais 4 cêntimos na gasolina
A Deco vem alertar para o facto de os preços dos combustíveis antes de impostos em Portugal continuarem mais caros que em Espanha e que a média europeia. Segundo a associação de defesa do consumidor, há uma situação de «oligopólio», pelo que incita a Autoridade da Concorrência e o Governo a actuarem «urgentemente».
«Em Portugal, o litro de gasolina 95 octanas, sem impostos, é 4 cêntimos mais caro do que em Espanha e 3 cêntimos mais do que a média europeia, segundo a Direcção Geral de Energia e dos Transportes da União Europeia, em 27 de Outubro», sublinha a associação, que adianta que, desde que o custo do barril do petróleo começou a descer, no início de Julho, os preços médios em Portugal fixaram-se sempre acima dos de Espanha e da média europeia.
Para a Deco, as recentes reduções do preço pelas empresas petrolíferas nacionais são «insuficientes e não reflectem totalmente a descida do custo do petróleo».
A associação diz ainda que os protesto contra os preços praticados pelas petrolíferas já levaram à queda mais significativa, «cerca de 6,6% no preço da gasolina». Mas, garantem, um mês depois, o problema «continua e agravou-se».
Correlação entre preço final e cotação do petróleo «diminuiu» desde Julho
«Em Portugal continuamos a notar uma forte resistência à descida do preço da gasolina», destacam.
Independentemente da evolução do custo de outros factores de produção, há uma forte correlação entre o preço da gasolina e do barril de petróleo. Depois de Julho, já com o preço do petróleo em queda, «verifica-se que a correlação daqueles factores diminuiu, mostrando uma descida menos rápida do preço da gasolina em Portugal».
«A situação de oligopólio é a causa principal desta ineficiência. O ajuste dos preços deve ser mais célere e seguir as melhores práticas na Europa. É urgente a Autoridade da Concorrência impedir abusos de posição dominante e exigir maior transparência. O Governo deve promover medidas para criar uma estrutura específica de regulação e o aparecimento de novos operadores», terminam.
Basta ver o gráfico do Marco postado mais acima nesta mesma página para perceber que, mais uma vez, a DECO não sabe do que está a falar - ou aliás provavelmente até sabe, o que é mais grave...
FT
"Existo, logo penso" - António Damásio, "O Erro de Descartes"
http://www.agenciafinanceira.iol.pt/not ... iv_id=1730
Deco alerta para combustíveis ainda mais caros que Espanha e média europeia
Mais 4 cêntimos na gasolina
A Deco vem alertar para o facto de os preços dos combustíveis antes de impostos em Portugal continuarem mais caros que em Espanha e que a média europeia. Segundo a associação de defesa do consumidor, há uma situação de «oligopólio», pelo que incita a Autoridade da Concorrência e o Governo a actuarem «urgentemente».
«Em Portugal, o litro de gasolina 95 octanas, sem impostos, é 4 cêntimos mais caro do que em Espanha e 3 cêntimos mais do que a média europeia, segundo a Direcção Geral de Energia e dos Transportes da União Europeia, em 27 de Outubro», sublinha a associação, que adianta que, desde que o custo do barril do petróleo começou a descer, no início de Julho, os preços médios em Portugal fixaram-se sempre acima dos de Espanha e da média europeia.
Para a Deco, as recentes reduções do preço pelas empresas petrolíferas nacionais são «insuficientes e não reflectem totalmente a descida do custo do petróleo».
A associação diz ainda que os protesto contra os preços praticados pelas petrolíferas já levaram à queda mais significativa, «cerca de 6,6% no preço da gasolina». Mas, garantem, um mês depois, o problema «continua e agravou-se».
Correlação entre preço final e cotação do petróleo «diminuiu» desde Julho
«Em Portugal continuamos a notar uma forte resistência à descida do preço da gasolina», destacam.
Independentemente da evolução do custo de outros factores de produção, há uma forte correlação entre o preço da gasolina e do barril de petróleo. Depois de Julho, já com o preço do petróleo em queda, «verifica-se que a correlação daqueles factores diminuiu, mostrando uma descida menos rápida do preço da gasolina em Portugal».
«A situação de oligopólio é a causa principal desta ineficiência. O ajuste dos preços deve ser mais célere e seguir as melhores práticas na Europa. É urgente a Autoridade da Concorrência impedir abusos de posição dominante e exigir maior transparência. O Governo deve promover medidas para criar uma estrutura específica de regulação e o aparecimento de novos operadores», terminam.
Deco alerta para combustíveis ainda mais caros que Espanha e média europeia
Mais 4 cêntimos na gasolina
A Deco vem alertar para o facto de os preços dos combustíveis antes de impostos em Portugal continuarem mais caros que em Espanha e que a média europeia. Segundo a associação de defesa do consumidor, há uma situação de «oligopólio», pelo que incita a Autoridade da Concorrência e o Governo a actuarem «urgentemente».
«Em Portugal, o litro de gasolina 95 octanas, sem impostos, é 4 cêntimos mais caro do que em Espanha e 3 cêntimos mais do que a média europeia, segundo a Direcção Geral de Energia e dos Transportes da União Europeia, em 27 de Outubro», sublinha a associação, que adianta que, desde que o custo do barril do petróleo começou a descer, no início de Julho, os preços médios em Portugal fixaram-se sempre acima dos de Espanha e da média europeia.
Para a Deco, as recentes reduções do preço pelas empresas petrolíferas nacionais são «insuficientes e não reflectem totalmente a descida do custo do petróleo».
A associação diz ainda que os protesto contra os preços praticados pelas petrolíferas já levaram à queda mais significativa, «cerca de 6,6% no preço da gasolina». Mas, garantem, um mês depois, o problema «continua e agravou-se».
Correlação entre preço final e cotação do petróleo «diminuiu» desde Julho
«Em Portugal continuamos a notar uma forte resistência à descida do preço da gasolina», destacam.
Independentemente da evolução do custo de outros factores de produção, há uma forte correlação entre o preço da gasolina e do barril de petróleo. Depois de Julho, já com o preço do petróleo em queda, «verifica-se que a correlação daqueles factores diminuiu, mostrando uma descida menos rápida do preço da gasolina em Portugal».
«A situação de oligopólio é a causa principal desta ineficiência. O ajuste dos preços deve ser mais célere e seguir as melhores práticas na Europa. É urgente a Autoridade da Concorrência impedir abusos de posição dominante e exigir maior transparência. O Governo deve promover medidas para criar uma estrutura específica de regulação e o aparecimento de novos operadores», terminam.
Cumprimentos.
" Existem pessoas tão sumamente pobres que só têm dinheiro "
" Existem pessoas tão sumamente pobres que só têm dinheiro "
Jiboia Cega Escreveu:Não leves a mal Elias, mas já uma vez debati esta questão com o Marco e não levou a lado nenhum. Digo apenas que gostava que a Galp praticasse preços diferenciados e não ter tudo igual em todos os pontos do país (descontos excluidos). Mas como te disse, não quero voltar a esta discussão. Espero que compreendas.
ok...
Jiboia Cega Escreveu:Elias,
O facto de uma gasolineira ter uma afluência xis a determinada hora sabes que depende de inúmeros factores e é por isso que não me parece correcto tirar uma conclusão dessas, mesmo que o fenómeno seja observado em duas ou três bombas.
Neste fim de semana também vi a Agip do Jamor e a Esso de Oeiras com filas que saiam para a via pública, quer de manhã quer à tardinha. E o Jumbo de Almada também tinha as habituais filas... Sei lá porquê?![]()
Abraço
Jiboia
De facto não permite concluir nada em definitivo.
Mas se eu disser que à mesma hora há muitas bombas que não dão desconto estão cheias de gente, então parece-me legítimo concluir que há muita gente que não aproveita os descontos. Seja lá por que razão for.
1 abraço,
Elias
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- Registado: 5/11/2002 12:21
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Re: GALP
kanu Escreveu:O que é que interessa ter grandes descontos, se para darem esses descontos têm os preços dos combustiveis mais caros?!!? É só para enganar os "parvinhos", que vão na ilusão do valor do desconto e não olham ao preço final do combustivel. E aínda por cima estes descontos obrigam a fidelização, ou seja temos de ir sempre às mesmas bombas meter combustiveis e ao mesmo hipermercado fazer compras, que por sinal também é o hipermercado dos mais caros do país, que pratica preços exorbitantes e que nos dias das promoções dos 50% de desconto, aproveita para aumentar os preços desses mesmos produtos e excoar os produtos que não consegue vender levando as pessoas a comprar o que não precisam e mais uma vez obrigando à fidelização!!!!
E o pessoal cai quase todo quem nem "patinhos"!!!
Paulo D.
Deves estar a falar por falar...
Aproveito quase sempre esses 50%(tão pouco... que outros até já fazem 60%...) para comprar o que preciso e claro está para aumentar o stock e poupar mais uns €€.
Não tenho noção que os preços sejam alterados ou diferenciados em relação aos concorrentes mais próximos, até porque em caso de diferença, os hipers devolvem a diferença.
Por isso só não aproveita os 50% quem é "patinho".

Como se ganha dinheiro na bolsa?!
-Devo usar STOP's
-A tendência é minha amiga
-Não posso transformar um lucro em perda
-Devo cortar as perdas e deixar correr os ganhos
-As ações podem subir/descer mais do que penso e mais rápido
-Cumprir as regras anteriores...
-Devo usar STOP's
-A tendência é minha amiga
-Não posso transformar um lucro em perda
-Devo cortar as perdas e deixar correr os ganhos
-As ações podem subir/descer mais do que penso e mais rápido
-Cumprir as regras anteriores...
Re: GALP
kanu Escreveu:O que é que interessa ter grandes descontos, se para darem esses descontos têm os preços dos combustiveis mais caros?!!? É só para enganar os "parvinhos", que vão na ilusão do valor do desconto e não olham ao preço final do combustivel. E aínda por cima estes descontos obrigam a fidelização, ou seja temos de ir sempre às mesmas bombas meter combustiveis e ao mesmo hipermercado fazer compras, que por sinal também é o hipermercado dos mais caros do país, que pratica preços exorbitantes e que nos dias das promoções dos 50% de desconto, aproveita para aumentar os preços desses mesmos produtos e excoar os produtos que não consegue vender levando as pessoas a comprar o que não precisam e mais uma vez obrigando à fidelização!!!!
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Paulo D.
Talvez fosse bom comprovares todas essas tuas afirmações com dados concretos.
FT
"Existo, logo penso" - António Damásio, "O Erro de Descartes"
GALP
O que é que interessa ter grandes descontos, se para darem esses descontos têm os preços dos combustiveis mais caros?!!? É só para enganar os "parvinhos", que vão na ilusão do valor do desconto e não olham ao preço final do combustivel. E aínda por cima estes descontos obrigam a fidelização, ou seja temos de ir sempre às mesmas bombas meter combustiveis e ao mesmo hipermercado fazer compras, que por sinal também é o hipermercado dos mais caros do país, que pratica preços exorbitantes e que nos dias das promoções dos 50% de desconto, aproveita para aumentar os preços desses mesmos produtos e excoar os produtos que não consegue vender levando as pessoas a comprar o que não precisam e mais uma vez obrigando à fidelização!!!!
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Paulo D.
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GALP vai fazer descontos nos combustíveis ao fim-de-semana
06-11-08 às 07:50
A GALP vai lançar uma campanha de descontos no preço dos combustíveis. Uma promoção que será válida durante o fim-de-semana.
O Diário de Notícias avança, na edição desta quinta-feira, que aos fins-de-semana e durante mês e meio, a GALP vai baixar em 6 cêntimos por litro o preço, quer da gasolina quer do gasóleo.
Os consumidores não vão ter limite de abastecimentos, segundo as regras da campanha de descontos.
No entanto, a promoção não vai chegar a todo o país, vai abranger apenas 100 postos de abastecimento, situados na Grande Lisboa, Grande Porto, Viseu e Castelo Branco.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
Niccolò Machiavelli
http://www.facebook.com/atomez
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Elias Escreveu:Jiboia Cega Escreveu:Nunca me ouviste dizer que a Galp devia fechar. Não gosto é da política de preços deles, é verdade.
Jibóia,
Então qual seria a política de preços que te agradaria?
Não leves a mal Elias, mas já uma vez debati esta questão com o Marco e não levou a lado nenhum. Digo apenas que gostava que a Galp praticasse preços diferenciados e não ter tudo igual em todos os pontos do país (descontos excluidos). Mas como te disse, não quero voltar a esta discussão. Espero que compreendas.
Elias,
O facto de uma gasolineira ter uma afluência xis a determinada hora sabes que depende de inúmeros factores e é por isso que não me parece correcto tirar uma conclusão dessas, mesmo que o fenómeno seja observado em duas ou três bombas.
Neste fim de semana também vi a Agip do Jamor e a Esso de Oeiras com filas que saiam para a via pública, quer de manhã quer à tardinha. E o Jumbo de Almada também tinha as habituais filas... Sei lá porquê?

Abraço
Jiboia
Jiboia Cega Escreveu:Nunca me ouviste dizer que a Galp devia fechar. Não gosto é da política de preços deles, é verdade.
Jibóia,
Então qual seria a política de preços que te agradaria?
Jiboia Cega Escreveu:Estranho que uma pessoa como tu sempre tão metódica, tire uma conclusão acerca da preferência dos consumidores baseada numa fila (ou ausência dela) numa dterminada gasolineira. Nãs achas?![]()
Se vires os meus posts com atenção, verás que descrevi a situação em duas gasolineiras e não em uma. Duas gasolineiras que vendem ambas bastante abaixo do preço-base da GALP.
Mas tenho mais casos. Ontem por exemplo, perto de Monte Redondo (Leiria) passei por uma pequena gasolineira duma marca que não fixei que também vendia a gasolina a um preço 6-7 cêntimos mais barato (era a 1,18 ou 1,19). Também nesta bomba não havia ninguém a abastecer.
São três casos no mesmo fim-de-semana. Em três distritos diferentes. Mesmo podendo não ser representativo do que se passa noutros pontos do país (e por isso não podendo chegar-se a nenhuma conclusão definitivo), é um pouco estranho que as bombas que vendem mais barato não tenham freguesia. (Quando eu escrevo que são poucos clientes, isso baseia-se na observação directa. Não auditada e não estandardizada) Não achas estranho? Sobretudo quando as bombas maiores, nas cidades e nas auto-estradas, estão sempre cheias de gente.
Não achas estranho?
1 abr,
Elias
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Eu já disse aquela frase mesmo para espicaçar.

Mas Marco,
Nunca me ouviste dizer que a Galp devia fechar. Não gosto é da política de preços deles, é verdade.
Já demonstraste com os gráficos que os preços do crude e dos combustíveis têm uma correlação e isso é irrefutável. Mas sinto-me prejudicado cada vez que a AdC dá luz verde a mais uma compra de uma gasolineira pela Galp pois isso significa menos concorrência.
O que vai acontecendo é a eliminação das bombas que têm combustíveis mais baratos que a Galp, sem que tenhas que ter um vale disto ou daquilo. É apenas contra isto que eu me insurjo, visto a Galp não querer acompanhar a concorrência que as pequenas gasolineiras lhe fazem.
Elias,
Estranho que uma pessoa como tu sempre tão metódica, tire uma conclusão acerca da preferência dos consumidores baseada numa fila (ou ausência dela) numa dterminada gasolineira. Nãs achas?

Abraço
Jiboia
Solicitaram-me um post que sintetizasse a já longa e dispersa análise ao longo do tópico e que assim funcionasse como resumo. O conteúdo deste post-resumo ficará também no início do tópico (mantendo o texto original igualmente em separado).
Factores a considerar na comparação de preços
Antes de passar à análise e resposta às questões mais frequentes, é importante resumir os diversos factores a tomar em linha de conta para que qualquer comparação seja correcta e completa:
:arrow: Factor Cambial: o primeiro e mais evidente factor de todos a considerar é o factor cambial uma vez que o petróleo se encontra cotado em USD e por norma é em USD que o seu preço é divulgado junto da opinião pública. Contudo, o produto final é vendido em Euros pelo que é indispensável traduzir o seu valor em dolars para euros. Infelizmente, muitas das análises e "comparações" que foram veículadas pelos média recorreram a valores em USD, com um efeito enviezante junto da opinião pública que nem sempre tem presente a questão cambial ou na maior parte dos casos, mesmo tendo presente, não lhe sendo fácil fazer a contabilidade do factor. Dado que existe uma correlação positiva entre o EURUSD e o Crude, as subidas e as descidas dos preços da matéria prima têm sido atenuados, sendo que os "olhos da generalidade" vão-se focar na atenuação da descida.
:arrow: Factor Lag: é absolutamente indispensável para que a análise seja correcta/honesta que se considere um período de atraso na transposição dos preços da matéria prima para os combustíveis na bomba. Os combustíveis que estão a ser vendidos hoje na "bomba" não são preçados com base nos preços de hoje do petróleo, nem tão pouco produzidos como é óbvio com esse petróleo. Isto é válido nas subidas e nas descidas. Com a agravante de que se não considerarmos o lag, tenderemos a considerar durante a subida que determinado preço do combustível corresponde a um preço do petróleo mais alto do que o correcto e durante a descida, mais baixo que o correcto. Isto é, quando (a título de exemplo) a semana passada o petróleo cotava a 60USD e hoje cota a 55USD, se eu considero que os preços de hoje na bomba correspondem (ou deviam corresponder) ao preço de hoje - os 55 USD - estou a fazer uma análise incorrecta ou desonesta (conforme há intenção ou não). Qualquer comparação deve passar pela determinação de qual o lag que existe na prática na transposição nos preços da matéria-prima para o preço de venda ao público nas bombas. Uma "irregularidade" neste capítulo terá de passar por "diferentes lags" entre subidas e descidas e não pela existência ou não do lag. Esse existe e tem de ser contabilizado. Se não for contabilizado, a análise/comparação simplesmente não tem qualquer valor por ser inadequada.
:arrow: Factor Impostos: na comparação de preços no longo-prazo ou entre diferentes países é pertinente descontar os valores dos impostos ao PVP obtendo assim o que neste tópico é designado por Preço Base (ou seja, preço antes de impostos). Também na comparação com a matéria prima será preferível/desejável que os mesmos sejam retirados (embora não seja absolutamente necessário, incluir os impostos é incluir um factor de distorção adicional completamente desnecessário quando o objectivo é comparar evoluções de preços). Mais uma vez, dado que existe uma forte componente fixa nos impostos (ISP), a variação do preço dos combustíveis sai atenuada seja nas subidas seja nas descidas. Contudo, os "olhos da generalidade" vão-se focar na atenuação da descida.
:arrow: Comparação descidas versus subidas: ao longo deste processo assitiram-se a análises francamente incompletas e com resultados obviamente enviezantes da opinião publica ao comparar as descidas dos preços dos combustíveis com as descidas do preço do petróleo sem contudo efectuar o mesmo exercício para o período de subida e assim ficando por verificar se o mesmo tipo de relação se verificou durante o período de subida. Ora, o preço dos combustíveis (mesmo antes de impostos) varia menos que o petróleo, seja nas subidas seja nas descidas. Quando um orgão de comunicação ou uma qualquer entidade apresenta as baixas dos preços dos combustíveis e a compara com os preços do petróleo "mostrando" que os combustíveis desceram menos que o petróleo sem contudo efectuar o mesmo exercício para a subida mostrando se o mesmo ocorreu durante as subidas, está a iludir a opinião pública por incompetência ou por má fé.
Em Resumo: uma análise completa e correcta terá de considerar o cambio, o lag, os impostos e quer períodos de subida quer períodos de descida. Uma análise onde algum destes factores esteja em falta corre o sério risco de estar totalmente incorrecta e mais do que um risco, por certo vai ter um efeito enviezante da opinião pública uma vez que, como é fácil de compreender e como já ficou explicado na descrição de cada um dos factores, qualquer um dos factores referidos, ao estar em falta, ajudará a tornar o processo de formação do preço "menos transparente" ou mesmo "desonesto", pelo menos em aparência.
Até aqui, tentou-se apresentar de forma sucinta mas explícita os vários factores a considerar e o tipo de exercício a realizar para que uma análise à evolução do preço esteja correcta e não promova uma conclusão enviezada por falta de informação pertinente.
Posto isto, convém antes de passar à análise propriamente dita esclarecer que aqui não se pretende discutir de forma alguma se a GALP tem grandes ou pequenos lucros, se devia seguir esta ou aquela política de preços, se podia/devia vender mais caro ou mais barato mas apenas se os preços seguem os valores expectáveis tendo em conta os valores praticados noutros países (antes de impostos) e a evolução da matéria prima. Isto é, o que se pretende saber é se os preços em Portugal seguem de alguma forma uma progressão desadequada que sugerisse um abuso de posição dominante por parte da GALP, isto é, a prática de um monopólio ou cartel que levasse os preços para valores desadequados quando em comparação com o petróleo ou mesmo os preços dos combustíveis nos países mais próximos.
Neste contexto convém ainda sublinhar que não será adequado comparar preços com entidades cuja dimensão e objectivos sejam completamente diferenciados da GALP, nomeadamente postos que funcionem como "chamariz" como ocorre por exemplo em diversas redes de super/hiper-mercados. Tratam-se de empresas cujo "core business" não é vender combustíveis pelo que uma comparação de preços só pode ser injusta e inadequada. Essas empresas não montam postos isolados e muito menos com cobertura nacional, não instalam refinarias, não investem na extracção do petróleo, etc. O mesmo se aplica em larga medida a "marcas" de combustíveis "mais pequenas", denominemos assim, cuja estrutura não é comparável a uma multinacional como a GALP. Ou seja, os preços praticados pela GALP devem ser comparados com os preços praticados por uma BP, uma Repsol, uma Cepsa, etc (mesmo que sejam os preços praticados por essas multinacionais noutros países que não Portugal).
Por último, também convém referir e esclarecer que aqui não se pretende explicar o preço até "à terceira casa decimal". Isto é, não se pretende demonstrar que o preço é o certo o tempo todo e ao mais ínfimo pormenor pois tal é impossível. O que se pretende procurar/verificar é se existem desvios relevantes (como aqueles que são sugeridos pela opinião público e ainda por diversas entidades) como 5, 8, 10 e mais centimos como tem sido sugerido e ainda se existe alguma tendência notável de evolução num ou noutro sentido (especialmente, se alguma diferença que possa existir se tenha vindo a agravar). Como referi por diversas vezes ao longo do tópico, não vou discutir diferenças de 1 centimo pois para além de na minha opinião fazer pouco sentido, não é tão pouco a alegação generalizada de desvio de preços. De resto, como adiante verificaremos, diferenças dessa ordem de grandeza são inferiores às diferenças promovidas pela carga fiscal pelo que não faz sentido ficar a discutir o "pormenor" quando outros factores têm um efeito bem mais relevante e praticamente não são discutidos.
Espero que assim tenha ficado claro o que aqui se pretende analisar e o que não se pretende analisar e porquê.
Os preços seguem a matéria-prima?
O primeiro exercício neste tópico foi o de verificar quando e quantas vezes os preços eram actualizados seja durante a fase altista do petróleo seja na fase descendente mais recente. Desde logo, buscando notícias passadas das subidas de preço se verificou que os preços afinal subiam sensivelmente uma vez por semana e por norma, na madrugada de terça para quarta-feira. Apesar da "noção popular" entender que os preços subiam todos os dias e reflectiam o preço do petróleo "ao minuto", tal noção é totalmente falsa e não corresponde à verdade. Desde as notícias independentes que notificavam cada uma das subidas até uma notícia que fazia a sumula das subidas de várias semanas (ver o post original mais abaixo), a verdade é que os preços subiam aproximadamente uma vez por semana. Ora, tem sido exactamente esse o procedimento durante a fase descendente do petróleo, nem mais nem menos como de resto se foi aqui confirmando ao longo de muitas semanas numa acompanhamento semanal e onde, a certa altura, tomei a liberdade de começar a "prever" os valores aproximados para a semana seguinte que foram estando sempre bastante próximos dos correctos.
Obviamente comparar a frequência das actualizações não chega pelo que teremos de comparar as amplitudes das actualizações. Quando comparamos o preço dos combustíveis refinados como a Gasolina ou o Gasóleo com o Crude ou o Brent, convém notar que se trata sempre de uma aproximação. Estes combustíveis são derivados do petróleo, apenas alguns dos seus produtos finais (embora dos mais importantes) e seguem curvas de preço próprias. Como é óbvio existe uma relação e essa relação é até por sinal bastante forte, mas obviamente não é perfeita e ainda mais importante, seja para subir seja para descer, as variações não se reflectem a 100% no preço final dos combustíveis pois existem componentes do preço (custos) que não acompanham a evolução do petróleo. Portanto, as variações saiem atenuadas.
Combustíveis versus Crude
Comparemos então a progressão dos preços dos combustíveis face ao petróleo em perto de 2 anos:
Existe uma notável divergência do preço entre a Gasolina e o Gasóleo em virtude do fenómeno que dá pelo nome de "dieselização", a crescente percentagem de automóveis a Diesel nas estradas. Por essa razão, acrescentou-se um valor médio para os dois combustíveis permitindo uma comparação global dos preços mais clara, pois em termos gerais a gasolina está a embaratecer e o gasóleo a encarecer.
Como podemos verificar, à parte de pequenas e temporais divergências, a correlação de preços é bastante elevada e os preços actuais são perfeitamente comparáveis com os preços passados para os respectivos preços do petróleo. Não existe portanto um desnivelamento do preço com tendência a encarecer como é percepcionado pela opinião pública, pelo menos quando avaliados no seu conjunto.
Quanto ao encarecimento do gasóleo, mais adiante comparamos com a evolução do preço do gasóleo em Espanha e na Europa para assim verificarmos se este fenómeno é nacional ou global.
Gasolina versus Futuros Gasolina
Como aproximação ao preço da gasolina à saída da refinaria temos os Futuros da Gasolina cotados no NYMEX por exemplo. É portanto extremamente pertinente verificar se as divergências que se notam na comparação gasolina versus crude se verificam também quando comparamos o preço da gasolina nos postos de venda com o preço da gasolina nos mercados internacionais.
O quadro compara o preço de venda dos combustíveis em Portugal com o valor dos Futuros da Gasolina cotados no NYMEX (média bi-semanal e convertida em euros). É bem evidente que a correlação é ainda maior, praticamente perfeita e explicando algumas das divergências mais notáveis.
Como comparam os preços actuais e passados com o petróleo a valores semelhantes?
Podemos ainda efectuar o exercício (pontual) de comparar o preço dos combustíveis hoje com o preço dos combustíveis no passado para momentos em que o petróleo se encontrava a valores semelhantes aos actuais:
Data | Gasolina | Gasóleo | (Média) | Crude
31-03-06 | 0.482 | 0.522 | (0.502) | 52.18
22-09-06 | 0.482 | 0.534 | (0.508) | 50.65
06-07-07 | 0.548 | 0.532 | (0.540) | 51.27
07-11-08 | 0,458 | 0,594 | (0,526) | 51,20
Todos os valores se encontram em euros. O valor entre parentisis é a média do preço entre a gasolina e o gasóleo. O que se verifica é que os valores actuais são comparáveis aos de 2006/2007 quando o petróleo se encontrava em níveis semelhantes, logo o suposto encarecimento não existe desde que se entre em linha de conta com o lag, o cambio e se efectue uma média de preços para a gasolina e o gasóleo.
Como comparam os preços base em Portugal e em Espanha?
Comparar o preço com a matéria-prima não chegará. Será também pertinente verificar como evoluiram os preços nos nossos países vizinhos, o que é feito neste e no ponto seguinte. Neste primeiro ponto comparamos a evolução dos preços com o nosso vizinho mais próximo, a Espanha:
Este quadro é especialmente útil, não só para verificar que grosso modo os preços em Portugal antes dos impostos seguem semelhantes aos de outros países, mas também para verificar (tal como o quadro abaixo do ponto seguinte) que o fenómeno de encarecimento do gasóleo é perfeitamente global.
A Evolução dos Impostos em Portugal e na Europa
Uma análise dos preços não estaria completa sem incluir a análise de uma componente tão importante no preço final quanto a carga fiscal: valores aproximados, cerca de 55% do preço no caso da gasolina e cerca de 45% do reço no caso do gasóleo são impostos, sendo ainda a maior parcela devida a uma componente fixa (normalmente actualizada anualmente em função da inflacção) - o ISP (imposto sobre produtos petrolíferos).
Nos dois quadros que se seguem podemos verificar qual foi o tipo de evolução que seguiu o ISP em Portugal e na Europa dos 15, quer para a Gasolina quer para o Gasóleo bem como a evolução do preço base dos combustíveis no mesmo período:
Gasolina
....................IMPOSTO ISP..................PETROLÍFERAS
2004: ..........0.52 vs 0.53....................0.38 vs 0.36
2005: ..........0.53 vs 0.53....................0.41 vs 0.42
2006: ..........0.56 vs 0.53....................0.55 vs 0.53
2007: ..........0.58 vs 0.54....................0.55 vs 0.53
2008: ..........0.58 vs 0.54....................0.65 vs 0.64
Aumento .......11% vs 3%....................71% vs 78%
Gasóleo
....................IMPOSTO ISP..................PETROLÍFERAS
2004: ..........0.31 vs 0.37....................0.35 vs 0.34
2005: ..........0.31 vs 0.37....................0.45 vs 0.47
2006: ..........0.34 vs 0.38....................0.54 vs 0.54
2007: ..........0.36 vs 0.39....................0.52 vs 0.51
2008: ..........0.36 vs 0.39....................0.80 vs 0.79
Aumento .......18% vs 4%..................129% vs 132%
Evolução do ISP em Portugal e na Europa dos 15. Valor em eur/litro, arredondado à décima. Preços na Bomba antes dos Impostos tirados no mês de Junho de cada ano. Fonte de todos os dados: Direcção Geral de Energia e Geologia.
Nesta comparação não está incluído o IVA que é um imposto genérico, não específico dos combustíveis e que se aplica sobre o Preço Base mais ISP.
Preço_Final = ( Preço_Base + ISP ) x IVA
Actualmente o IVA está em 20% (até Julho passado era de 21%) sendo a média europeia um pouco abaixo dos 20% (especial atenção para Espanha onde é de 16%)%. Vale a pena sublinhar que no prazo de 4 anos em questão na tabela acima o crude aumentou 160%.
Em resumo: nos últimos 4 anos os impostos sobre os combustíveis cresceram significativamente mais em Portugal do que na Europa. Os combustíveis são ligeiramente mais caros em Portugal, quando em comparação com a média europeia (poderá explicar-se eventualmente por custos maiores de transporte num país periférico como o nosso) mas mantiveram contudo a relação sensivelmente constante, não se verificando em termos comparativos um encarecimento notável.
Uma questão de Percepção
A génese do mito tem por base por certo factores como memória selectiva (distorção dos factos entre subidas e descidas e como foram memorizados) e a utilização de referências próximas dos preços sem a devida consideração dos factores relevantes (cambio, lag, impostos, etc).
Por um lado, durante vários anos os preços foram subindo sem que os consumidores tomassem a devida atenção à forma como realemente subiam, nem tão pouco os média. Apenas subiam e qualquer subida "é sempre enorme e rápida". Quando a tendência inverteu, todas as descidas passam a ser "reduzidas e lentas".
Por outro lado, temos como país vizinho a Espanha onde os combustíveis apresentam preços abaixo da média europeia graças a uma carga fiscal mais reduzida. Desde o IVA (16%) ao ISP quer para o Gasóleo quer para a Gasolina, a carga fiscal em Espanha sobre os combustíveis é francamente inferior à nacional agravando a percepção de preços "altos" em Portugal.
A percepção pública do comportamento dos preços acabou ainda por ser amplificada por uma série de entidades, que com recurso a análises enviezadas ou francamente incompletas/desadequadas, alimentaram o mito até à exaustão. Por sistema, todas as análises veículadas nos média que tenha tido conhecimento "esqueciam" pelo menos um dos factores atrás referidos, sendo que por vezes "esqueciam" vários. A ajudar, desde há cerca de um ano atrás que correm e-mails em cadeia (posteriormente reproduzidos em foruns e blogs) com valores passados totalmente incorrectos do petróleo, que o utilizador comum não vai confirmar.
Em resumo: o público já está de si receptivo a considerar que "algo de anormal" se passa nos preços. Apesar de não realizar uma análise cuidada, comparando registos e desmontando o preço nas suas componentes, tende a acreditar que "os preços sobem mais do que descem" e que os preços "sobem mais depressa do que descem". Como se não bastasse, não faltam factores adicionais como os atrás referidos a consolidar um mito com pés-de-barro.
Conclusão
Os preços dos combustíveis em Portugal seguem os preços da matéria-prima e seguem os preços dos combustíveis nos restantes países Europeus.
Os preços dos combustíveis antes dos impostos são ligeiramente superiores à média europeia, excesso de preço que se tem mantido sensivelmente constante ao longo do tempo não sendo recente.
A carga fiscal sobre os combustíveis tem nos últimos anos crescido mais em Portugal do que a média europeia.
Não se verifica uma prática significativamente diferente nas actualizações dos preços durante as descidas recentes do petróleo daquela que se verificou durante a fase de alta.
Fontes dos Dados
Para esta análise foram utilizadas diversas fontes: desde o portal da Direcção Geral de Energia e Geologia (www.dgge.pt), o Portal da Energia da União Europeia (http://ec.europa.eu/energy), o site governamental espanhol para os combustíveis (http://oficinavirtual.mityc.es/carburantes/index.aspx), históricos do crosse cambial eur-usd, históricos dos Futuros da Gasolina cotados no NYMEX e preços de referência da GALP conforme disponibilizados nos média (desde Agosto/2008). Para os valores da matéria prima, nas comparações mais recentes, foram consideradas médias semanais.
Tratamento dos Dados
Todos os valores cujos originais estão cotados em dolars são convertidos em euros tendo em conta o cambio eur-usd nas respectivas datas. Nas comparações entre matérias primas e produtos de venda ao publico, é aplicado um lag. Conforme os casos foram utilizados lags de 1 semana, 2 semanas e médias de 1 e 2 semanas conforme o lag que apresentasse a melhor correlação sendo que, obviamente, para cada caso o respectivo lag é aplicado a todo o período em análise. A dedução de impostos tem por base os valores respectivos nas respectivas datas e cujos valores podem ser confirmados quer no Portal da Energia da União Europeia quer no site da Direcção Geral de Energia e Geologia.
Factores a considerar na comparação de preços
Antes de passar à análise e resposta às questões mais frequentes, é importante resumir os diversos factores a tomar em linha de conta para que qualquer comparação seja correcta e completa:
:arrow: Factor Cambial: o primeiro e mais evidente factor de todos a considerar é o factor cambial uma vez que o petróleo se encontra cotado em USD e por norma é em USD que o seu preço é divulgado junto da opinião pública. Contudo, o produto final é vendido em Euros pelo que é indispensável traduzir o seu valor em dolars para euros. Infelizmente, muitas das análises e "comparações" que foram veículadas pelos média recorreram a valores em USD, com um efeito enviezante junto da opinião pública que nem sempre tem presente a questão cambial ou na maior parte dos casos, mesmo tendo presente, não lhe sendo fácil fazer a contabilidade do factor. Dado que existe uma correlação positiva entre o EURUSD e o Crude, as subidas e as descidas dos preços da matéria prima têm sido atenuados, sendo que os "olhos da generalidade" vão-se focar na atenuação da descida.
:arrow: Factor Lag: é absolutamente indispensável para que a análise seja correcta/honesta que se considere um período de atraso na transposição dos preços da matéria prima para os combustíveis na bomba. Os combustíveis que estão a ser vendidos hoje na "bomba" não são preçados com base nos preços de hoje do petróleo, nem tão pouco produzidos como é óbvio com esse petróleo. Isto é válido nas subidas e nas descidas. Com a agravante de que se não considerarmos o lag, tenderemos a considerar durante a subida que determinado preço do combustível corresponde a um preço do petróleo mais alto do que o correcto e durante a descida, mais baixo que o correcto. Isto é, quando (a título de exemplo) a semana passada o petróleo cotava a 60USD e hoje cota a 55USD, se eu considero que os preços de hoje na bomba correspondem (ou deviam corresponder) ao preço de hoje - os 55 USD - estou a fazer uma análise incorrecta ou desonesta (conforme há intenção ou não). Qualquer comparação deve passar pela determinação de qual o lag que existe na prática na transposição nos preços da matéria-prima para o preço de venda ao público nas bombas. Uma "irregularidade" neste capítulo terá de passar por "diferentes lags" entre subidas e descidas e não pela existência ou não do lag. Esse existe e tem de ser contabilizado. Se não for contabilizado, a análise/comparação simplesmente não tem qualquer valor por ser inadequada.
:arrow: Factor Impostos: na comparação de preços no longo-prazo ou entre diferentes países é pertinente descontar os valores dos impostos ao PVP obtendo assim o que neste tópico é designado por Preço Base (ou seja, preço antes de impostos). Também na comparação com a matéria prima será preferível/desejável que os mesmos sejam retirados (embora não seja absolutamente necessário, incluir os impostos é incluir um factor de distorção adicional completamente desnecessário quando o objectivo é comparar evoluções de preços). Mais uma vez, dado que existe uma forte componente fixa nos impostos (ISP), a variação do preço dos combustíveis sai atenuada seja nas subidas seja nas descidas. Contudo, os "olhos da generalidade" vão-se focar na atenuação da descida.
:arrow: Comparação descidas versus subidas: ao longo deste processo assitiram-se a análises francamente incompletas e com resultados obviamente enviezantes da opinião publica ao comparar as descidas dos preços dos combustíveis com as descidas do preço do petróleo sem contudo efectuar o mesmo exercício para o período de subida e assim ficando por verificar se o mesmo tipo de relação se verificou durante o período de subida. Ora, o preço dos combustíveis (mesmo antes de impostos) varia menos que o petróleo, seja nas subidas seja nas descidas. Quando um orgão de comunicação ou uma qualquer entidade apresenta as baixas dos preços dos combustíveis e a compara com os preços do petróleo "mostrando" que os combustíveis desceram menos que o petróleo sem contudo efectuar o mesmo exercício para a subida mostrando se o mesmo ocorreu durante as subidas, está a iludir a opinião pública por incompetência ou por má fé.
Em Resumo: uma análise completa e correcta terá de considerar o cambio, o lag, os impostos e quer períodos de subida quer períodos de descida. Uma análise onde algum destes factores esteja em falta corre o sério risco de estar totalmente incorrecta e mais do que um risco, por certo vai ter um efeito enviezante da opinião pública uma vez que, como é fácil de compreender e como já ficou explicado na descrição de cada um dos factores, qualquer um dos factores referidos, ao estar em falta, ajudará a tornar o processo de formação do preço "menos transparente" ou mesmo "desonesto", pelo menos em aparência.
Até aqui, tentou-se apresentar de forma sucinta mas explícita os vários factores a considerar e o tipo de exercício a realizar para que uma análise à evolução do preço esteja correcta e não promova uma conclusão enviezada por falta de informação pertinente.
Posto isto, convém antes de passar à análise propriamente dita esclarecer que aqui não se pretende discutir de forma alguma se a GALP tem grandes ou pequenos lucros, se devia seguir esta ou aquela política de preços, se podia/devia vender mais caro ou mais barato mas apenas se os preços seguem os valores expectáveis tendo em conta os valores praticados noutros países (antes de impostos) e a evolução da matéria prima. Isto é, o que se pretende saber é se os preços em Portugal seguem de alguma forma uma progressão desadequada que sugerisse um abuso de posição dominante por parte da GALP, isto é, a prática de um monopólio ou cartel que levasse os preços para valores desadequados quando em comparação com o petróleo ou mesmo os preços dos combustíveis nos países mais próximos.
Neste contexto convém ainda sublinhar que não será adequado comparar preços com entidades cuja dimensão e objectivos sejam completamente diferenciados da GALP, nomeadamente postos que funcionem como "chamariz" como ocorre por exemplo em diversas redes de super/hiper-mercados. Tratam-se de empresas cujo "core business" não é vender combustíveis pelo que uma comparação de preços só pode ser injusta e inadequada. Essas empresas não montam postos isolados e muito menos com cobertura nacional, não instalam refinarias, não investem na extracção do petróleo, etc. O mesmo se aplica em larga medida a "marcas" de combustíveis "mais pequenas", denominemos assim, cuja estrutura não é comparável a uma multinacional como a GALP. Ou seja, os preços praticados pela GALP devem ser comparados com os preços praticados por uma BP, uma Repsol, uma Cepsa, etc (mesmo que sejam os preços praticados por essas multinacionais noutros países que não Portugal).
Por último, também convém referir e esclarecer que aqui não se pretende explicar o preço até "à terceira casa decimal". Isto é, não se pretende demonstrar que o preço é o certo o tempo todo e ao mais ínfimo pormenor pois tal é impossível. O que se pretende procurar/verificar é se existem desvios relevantes (como aqueles que são sugeridos pela opinião público e ainda por diversas entidades) como 5, 8, 10 e mais centimos como tem sido sugerido e ainda se existe alguma tendência notável de evolução num ou noutro sentido (especialmente, se alguma diferença que possa existir se tenha vindo a agravar). Como referi por diversas vezes ao longo do tópico, não vou discutir diferenças de 1 centimo pois para além de na minha opinião fazer pouco sentido, não é tão pouco a alegação generalizada de desvio de preços. De resto, como adiante verificaremos, diferenças dessa ordem de grandeza são inferiores às diferenças promovidas pela carga fiscal pelo que não faz sentido ficar a discutir o "pormenor" quando outros factores têm um efeito bem mais relevante e praticamente não são discutidos.
Espero que assim tenha ficado claro o que aqui se pretende analisar e o que não se pretende analisar e porquê.
Os preços seguem a matéria-prima?
O primeiro exercício neste tópico foi o de verificar quando e quantas vezes os preços eram actualizados seja durante a fase altista do petróleo seja na fase descendente mais recente. Desde logo, buscando notícias passadas das subidas de preço se verificou que os preços afinal subiam sensivelmente uma vez por semana e por norma, na madrugada de terça para quarta-feira. Apesar da "noção popular" entender que os preços subiam todos os dias e reflectiam o preço do petróleo "ao minuto", tal noção é totalmente falsa e não corresponde à verdade. Desde as notícias independentes que notificavam cada uma das subidas até uma notícia que fazia a sumula das subidas de várias semanas (ver o post original mais abaixo), a verdade é que os preços subiam aproximadamente uma vez por semana. Ora, tem sido exactamente esse o procedimento durante a fase descendente do petróleo, nem mais nem menos como de resto se foi aqui confirmando ao longo de muitas semanas numa acompanhamento semanal e onde, a certa altura, tomei a liberdade de começar a "prever" os valores aproximados para a semana seguinte que foram estando sempre bastante próximos dos correctos.
Obviamente comparar a frequência das actualizações não chega pelo que teremos de comparar as amplitudes das actualizações. Quando comparamos o preço dos combustíveis refinados como a Gasolina ou o Gasóleo com o Crude ou o Brent, convém notar que se trata sempre de uma aproximação. Estes combustíveis são derivados do petróleo, apenas alguns dos seus produtos finais (embora dos mais importantes) e seguem curvas de preço próprias. Como é óbvio existe uma relação e essa relação é até por sinal bastante forte, mas obviamente não é perfeita e ainda mais importante, seja para subir seja para descer, as variações não se reflectem a 100% no preço final dos combustíveis pois existem componentes do preço (custos) que não acompanham a evolução do petróleo. Portanto, as variações saiem atenuadas.
Combustíveis versus Crude
Comparemos então a progressão dos preços dos combustíveis face ao petróleo em perto de 2 anos:
Existe uma notável divergência do preço entre a Gasolina e o Gasóleo em virtude do fenómeno que dá pelo nome de "dieselização", a crescente percentagem de automóveis a Diesel nas estradas. Por essa razão, acrescentou-se um valor médio para os dois combustíveis permitindo uma comparação global dos preços mais clara, pois em termos gerais a gasolina está a embaratecer e o gasóleo a encarecer.
Como podemos verificar, à parte de pequenas e temporais divergências, a correlação de preços é bastante elevada e os preços actuais são perfeitamente comparáveis com os preços passados para os respectivos preços do petróleo. Não existe portanto um desnivelamento do preço com tendência a encarecer como é percepcionado pela opinião pública, pelo menos quando avaliados no seu conjunto.
Quanto ao encarecimento do gasóleo, mais adiante comparamos com a evolução do preço do gasóleo em Espanha e na Europa para assim verificarmos se este fenómeno é nacional ou global.
Gasolina versus Futuros Gasolina
Como aproximação ao preço da gasolina à saída da refinaria temos os Futuros da Gasolina cotados no NYMEX por exemplo. É portanto extremamente pertinente verificar se as divergências que se notam na comparação gasolina versus crude se verificam também quando comparamos o preço da gasolina nos postos de venda com o preço da gasolina nos mercados internacionais.
O quadro compara o preço de venda dos combustíveis em Portugal com o valor dos Futuros da Gasolina cotados no NYMEX (média bi-semanal e convertida em euros). É bem evidente que a correlação é ainda maior, praticamente perfeita e explicando algumas das divergências mais notáveis.
Como comparam os preços actuais e passados com o petróleo a valores semelhantes?
Podemos ainda efectuar o exercício (pontual) de comparar o preço dos combustíveis hoje com o preço dos combustíveis no passado para momentos em que o petróleo se encontrava a valores semelhantes aos actuais:
Data | Gasolina | Gasóleo | (Média) | Crude
31-03-06 | 0.482 | 0.522 | (0.502) | 52.18
22-09-06 | 0.482 | 0.534 | (0.508) | 50.65
06-07-07 | 0.548 | 0.532 | (0.540) | 51.27
07-11-08 | 0,458 | 0,594 | (0,526) | 51,20
Todos os valores se encontram em euros. O valor entre parentisis é a média do preço entre a gasolina e o gasóleo. O que se verifica é que os valores actuais são comparáveis aos de 2006/2007 quando o petróleo se encontrava em níveis semelhantes, logo o suposto encarecimento não existe desde que se entre em linha de conta com o lag, o cambio e se efectue uma média de preços para a gasolina e o gasóleo.
Como comparam os preços base em Portugal e em Espanha?
Comparar o preço com a matéria-prima não chegará. Será também pertinente verificar como evoluiram os preços nos nossos países vizinhos, o que é feito neste e no ponto seguinte. Neste primeiro ponto comparamos a evolução dos preços com o nosso vizinho mais próximo, a Espanha:
Este quadro é especialmente útil, não só para verificar que grosso modo os preços em Portugal antes dos impostos seguem semelhantes aos de outros países, mas também para verificar (tal como o quadro abaixo do ponto seguinte) que o fenómeno de encarecimento do gasóleo é perfeitamente global.
A Evolução dos Impostos em Portugal e na Europa
Uma análise dos preços não estaria completa sem incluir a análise de uma componente tão importante no preço final quanto a carga fiscal: valores aproximados, cerca de 55% do preço no caso da gasolina e cerca de 45% do reço no caso do gasóleo são impostos, sendo ainda a maior parcela devida a uma componente fixa (normalmente actualizada anualmente em função da inflacção) - o ISP (imposto sobre produtos petrolíferos).
Nos dois quadros que se seguem podemos verificar qual foi o tipo de evolução que seguiu o ISP em Portugal e na Europa dos 15, quer para a Gasolina quer para o Gasóleo bem como a evolução do preço base dos combustíveis no mesmo período:
Gasolina
....................IMPOSTO ISP..................PETROLÍFERAS
2004: ..........0.52 vs 0.53....................0.38 vs 0.36
2005: ..........0.53 vs 0.53....................0.41 vs 0.42
2006: ..........0.56 vs 0.53....................0.55 vs 0.53
2007: ..........0.58 vs 0.54....................0.55 vs 0.53
2008: ..........0.58 vs 0.54....................0.65 vs 0.64
Aumento .......11% vs 3%....................71% vs 78%
Gasóleo
....................IMPOSTO ISP..................PETROLÍFERAS
2004: ..........0.31 vs 0.37....................0.35 vs 0.34
2005: ..........0.31 vs 0.37....................0.45 vs 0.47
2006: ..........0.34 vs 0.38....................0.54 vs 0.54
2007: ..........0.36 vs 0.39....................0.52 vs 0.51
2008: ..........0.36 vs 0.39....................0.80 vs 0.79
Aumento .......18% vs 4%..................129% vs 132%
Evolução do ISP em Portugal e na Europa dos 15. Valor em eur/litro, arredondado à décima. Preços na Bomba antes dos Impostos tirados no mês de Junho de cada ano. Fonte de todos os dados: Direcção Geral de Energia e Geologia.
Nesta comparação não está incluído o IVA que é um imposto genérico, não específico dos combustíveis e que se aplica sobre o Preço Base mais ISP.
Preço_Final = ( Preço_Base + ISP ) x IVA
Actualmente o IVA está em 20% (até Julho passado era de 21%) sendo a média europeia um pouco abaixo dos 20% (especial atenção para Espanha onde é de 16%)%. Vale a pena sublinhar que no prazo de 4 anos em questão na tabela acima o crude aumentou 160%.
Em resumo: nos últimos 4 anos os impostos sobre os combustíveis cresceram significativamente mais em Portugal do que na Europa. Os combustíveis são ligeiramente mais caros em Portugal, quando em comparação com a média europeia (poderá explicar-se eventualmente por custos maiores de transporte num país periférico como o nosso) mas mantiveram contudo a relação sensivelmente constante, não se verificando em termos comparativos um encarecimento notável.
Uma questão de Percepção
A génese do mito tem por base por certo factores como memória selectiva (distorção dos factos entre subidas e descidas e como foram memorizados) e a utilização de referências próximas dos preços sem a devida consideração dos factores relevantes (cambio, lag, impostos, etc).
Por um lado, durante vários anos os preços foram subindo sem que os consumidores tomassem a devida atenção à forma como realemente subiam, nem tão pouco os média. Apenas subiam e qualquer subida "é sempre enorme e rápida". Quando a tendência inverteu, todas as descidas passam a ser "reduzidas e lentas".
Por outro lado, temos como país vizinho a Espanha onde os combustíveis apresentam preços abaixo da média europeia graças a uma carga fiscal mais reduzida. Desde o IVA (16%) ao ISP quer para o Gasóleo quer para a Gasolina, a carga fiscal em Espanha sobre os combustíveis é francamente inferior à nacional agravando a percepção de preços "altos" em Portugal.
A percepção pública do comportamento dos preços acabou ainda por ser amplificada por uma série de entidades, que com recurso a análises enviezadas ou francamente incompletas/desadequadas, alimentaram o mito até à exaustão. Por sistema, todas as análises veículadas nos média que tenha tido conhecimento "esqueciam" pelo menos um dos factores atrás referidos, sendo que por vezes "esqueciam" vários. A ajudar, desde há cerca de um ano atrás que correm e-mails em cadeia (posteriormente reproduzidos em foruns e blogs) com valores passados totalmente incorrectos do petróleo, que o utilizador comum não vai confirmar.
Em resumo: o público já está de si receptivo a considerar que "algo de anormal" se passa nos preços. Apesar de não realizar uma análise cuidada, comparando registos e desmontando o preço nas suas componentes, tende a acreditar que "os preços sobem mais do que descem" e que os preços "sobem mais depressa do que descem". Como se não bastasse, não faltam factores adicionais como os atrás referidos a consolidar um mito com pés-de-barro.
Conclusão
Os preços dos combustíveis em Portugal seguem os preços da matéria-prima e seguem os preços dos combustíveis nos restantes países Europeus.
Os preços dos combustíveis antes dos impostos são ligeiramente superiores à média europeia, excesso de preço que se tem mantido sensivelmente constante ao longo do tempo não sendo recente.
A carga fiscal sobre os combustíveis tem nos últimos anos crescido mais em Portugal do que a média europeia.
Não se verifica uma prática significativamente diferente nas actualizações dos preços durante as descidas recentes do petróleo daquela que se verificou durante a fase de alta.
Fontes dos Dados
Para esta análise foram utilizadas diversas fontes: desde o portal da Direcção Geral de Energia e Geologia (www.dgge.pt), o Portal da Energia da União Europeia (http://ec.europa.eu/energy), o site governamental espanhol para os combustíveis (http://oficinavirtual.mityc.es/carburantes/index.aspx), históricos do crosse cambial eur-usd, históricos dos Futuros da Gasolina cotados no NYMEX e preços de referência da GALP conforme disponibilizados nos média (desde Agosto/2008). Para os valores da matéria prima, nas comparações mais recentes, foram consideradas médias semanais.
Tratamento dos Dados
Todos os valores cujos originais estão cotados em dolars são convertidos em euros tendo em conta o cambio eur-usd nas respectivas datas. Nas comparações entre matérias primas e produtos de venda ao publico, é aplicado um lag. Conforme os casos foram utilizados lags de 1 semana, 2 semanas e médias de 1 e 2 semanas conforme o lag que apresentasse a melhor correlação sendo que, obviamente, para cada caso o respectivo lag é aplicado a todo o período em análise. A dedução de impostos tem por base os valores respectivos nas respectivas datas e cujos valores podem ser confirmados quer no Portal da Energia da União Europeia quer no site da Direcção Geral de Energia e Geologia.
Editado pela última vez por MarcoAntonio em 10/11/2008 0:28, num total de 1 vez.
FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.