A Crise Financeira, o Crash e os Baby Boomers.
Fogueiro, o problema é que a esmagadora maioria dos derivados só funciona porque há arbirtragistas e "market makers" que asseguram essa liquidez. E essa actuação dos "market makers", na maior parte das vezes, só é possível com o recurso ao "short selling" para fazerem a arbitragem das suas posições...
Um abraço,
Ulisses
Um abraço,
Ulisses
Fogueiro Escreveu:The SEC revised Friday's statement regarding short selling and said, "Those engaged in bona fide market making and hedging activity, including in derivative contracts, could continue to short … The purpose of this accommodation is to permit market makers to continue to provide liquidity to the markets."
Isto significa que na prática o especulador comum pode voltar a shortar através de derivados?
Obrigado
There are two kinds of investors: those who don't know where the market is headed, and those who don't know that they don't know.
William Bernstein
William Bernstein
The SEC revised Friday's statement regarding short selling and said, "Those engaged in bona fide market making and hedging activity, including in derivative contracts, could continue to short … The purpose of this accommodation is to permit market makers to continue to provide liquidity to the markets."
Be Cool Escreveu:Acintra,
A verdade é que, pelo menos na Europa, as taxas Euribor ontem dispararam:
18/09
Euribor 03 meses 4,991%
Euribor 06 meses 5,223%
Euribor 12 meses 5,386%
19/09
Euribor 03 meses 5,005%
Euribor 06 meses 5,235%
Euribor 12 meses 5,410%
Como se explica isto?
.
penso que será porque o RTC2 ainda não foi aprovado pelo Senado. Neste momento existem muitas "cabeças" a não achar um bom plano devido ao aumento brutal do tecto da divida e do défice em geral.
Um abraço e bons negócios.
Artur Cintra
Artur Cintra
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Fogueiro Escreveu:Be Cool Escreveu:Fogueiro,
Parece que, em qualquer das 4 hipóteses que coloca, o resultado será idêntico: as cotações voltarão a cair. Significará isso que esta recuperação dos mercados vai ser efémera?
Obrigado...
O que referi apenas tem a ver com as financeiras, não com os mercados em geral.
A menor instabilidade financeira que o RTC2, deverá proporcionar, é boa para o Mercado, nomeadamente para o serviço da dívida das empresas, de forma a que o Mundo real (não aquele monte de estruturados a que chamo lixo) volte a ter o apoio financeiro de que necessita.
Penso que a unica medida positiva para as financeiras com o RTC2 é os juros dos empréstimos interbancários descerem. Diminui o medo e a desconfiança entre a banca.
Um abraço e bons negócios.
Artur Cintra
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Últimas balas?
Fogueiro, achas que estas foram as últimas balas ou ainda existem mais algumas medidas extraordinárias que podem ser tomadas quando os mercados retomarem as quedas fortes.
Depois de proibirem os shorts só falta confiscarem as acções dos investidores para estes não as venderem no mercado.
Depois de proibirem os shorts só falta confiscarem as acções dos investidores para estes não as venderem no mercado.

Be Cool Escreveu:Fogueiro,
Parece que, em qualquer das 4 hipóteses que coloca, o resultado será idêntico: as cotações voltarão a cair. Significará isso que esta recuperação dos mercados vai ser efémera?
Obrigado...
O que referi apenas tem a ver com as financeiras, não com os mercados em geral.
A menor instabilidade financeira que o RTC2, deverá proporcionar, é boa para o Mercado, nomeadamente para o serviço da dívida das empresas, de forma a que o Mundo real (não aquele monte de estruturados a que chamo lixo) volte a ter o apoio financeiro de que necessita.
Comentário Semanal
Vivemos dias que vão ficar para a História.
As medidas tomadas pelos Srs Paulson, Bernanke, Cox e outros (mas que ainda precisam da aprovação do Congresso) mudarão para sempre o nosso conceito de Wall Street, ao nacionalizar uma grande fatia da máquina financeira americana.
Por muito que estas medidas nos choquem, elas tinham de ser tomadas.
A grande crise do século passado foi iniciada pela falência de alguns bancos na Áustria, em 1929. Pensou-se que o problema não alastraria. Mas mesmo que pensassem, não existia o BCE, e o Fed, embora fundado em 1913, não tinha poderes nem capacidade para intervir. Quando tentou, já era tarde. Não houve coordenação entre Bancos Centrais entre si e com outras autoridades e Governos.
Esse precedente deve ter sido determinante para as medidas tomadas há 20 anos com o Resolution Trust Corporation. Por isso, para simplificar, chamarei ao que foi agora anunciado de RTC2.
O que muitos pensam é que o RTC2 é uma nova agência criada pelo governo para comprar o lixo aos bancos, eles voltam ao que eram antes, e os contribuintes pagam a factura.
O que penso é bastante diferente:
O Governo cria o RTC2 para comprar o lixo (desculpem o termo, mas todos sabem do que falo: será qualquer coisa entre $500 bn e $1 tr).
Hipóteses:
-- O RTC2 oferece preços de mercado por esses vários tipos de lixo. Baixaria tanto os activos dos Bancos que muitos não vendem. Mauzote, num futuro próximo…
-- O RTC2 sobe um pouco os preços mas quer acções, que diluem fortemente as detidas pelos accionistas. As cotações das acções caiem…
-- Alguns bancos ficam insolventes e o Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) fica com o seu lixo e vende-o ao RTC2, tal como aconteceu nos anos 80 com o RTC original.
-- O RTC2 vai acumulando lixo e vendendo no Mercado, pressionando ainda mais o valor desses activos – que, como estão nos balanços dos bancos que não venderam, estes terão de reflectir a desvalorização nas suas contas. As cotações das acções caiem…
Até agora, em nenhuma das medidas tomadas (FRE, FNM, LEH e AIG) foram protegidos os accionistas, e assim terá de continuar a ser.
Se Paulson e Bernanke mudassem de ideias, como falta a aprovação do Congresso, a Nancy Pelosi e a sua maioria opor-se-ia.
Até os Senadores por Nova York, Hillary Clinton e Charles Schumer são contra proteger accionistas.
Barack Obama e John McCain numa coisa falam a uma voz: o Tio Sam não dá nada a alguém que pretenda proteger os accionistas.
Outra medida, esta temporária, é a proibição pela SEC de short sell em 799 acções financeiras durante 10 dias, podendo alargar até 30 dias.
O short sell é necessário para o normal funcionamento do Mercado, pelo que espero que a proibição demore o menos tempo possível.
O que já está a acontecer é o aumento dos prémios dos Puts sobre financeiras, como alternativa ao short sell.
Mas não foi só isso que evitou que os Puts sobre financeiras não caíssem tanto como seria de esperar num rally normal. É que foi fácil de perceber que o rally era um enorme short covering.
Por isso a compra que fiz hoje dos Puts para Janeiro sobre XLF com strike a $17, a $0.50 na abertura.
Quanto à Carteira NY, já passou os 50% de ganho desde 1 de Janeiro. Como tem 76% em liquidez, se todas as posições abertas expirassem valendo zero, e nada fizesse até 31 de Dezembro, apresentaria um lucro anual de 14% – o que me ajuda a dormir melhor…
[/i]
Vivemos dias que vão ficar para a História.
As medidas tomadas pelos Srs Paulson, Bernanke, Cox e outros (mas que ainda precisam da aprovação do Congresso) mudarão para sempre o nosso conceito de Wall Street, ao nacionalizar uma grande fatia da máquina financeira americana.
Por muito que estas medidas nos choquem, elas tinham de ser tomadas.
A grande crise do século passado foi iniciada pela falência de alguns bancos na Áustria, em 1929. Pensou-se que o problema não alastraria. Mas mesmo que pensassem, não existia o BCE, e o Fed, embora fundado em 1913, não tinha poderes nem capacidade para intervir. Quando tentou, já era tarde. Não houve coordenação entre Bancos Centrais entre si e com outras autoridades e Governos.
Esse precedente deve ter sido determinante para as medidas tomadas há 20 anos com o Resolution Trust Corporation. Por isso, para simplificar, chamarei ao que foi agora anunciado de RTC2.
O que muitos pensam é que o RTC2 é uma nova agência criada pelo governo para comprar o lixo aos bancos, eles voltam ao que eram antes, e os contribuintes pagam a factura.
O que penso é bastante diferente:
O Governo cria o RTC2 para comprar o lixo (desculpem o termo, mas todos sabem do que falo: será qualquer coisa entre $500 bn e $1 tr).
Hipóteses:
-- O RTC2 oferece preços de mercado por esses vários tipos de lixo. Baixaria tanto os activos dos Bancos que muitos não vendem. Mauzote, num futuro próximo…
-- O RTC2 sobe um pouco os preços mas quer acções, que diluem fortemente as detidas pelos accionistas. As cotações das acções caiem…
-- Alguns bancos ficam insolventes e o Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) fica com o seu lixo e vende-o ao RTC2, tal como aconteceu nos anos 80 com o RTC original.
-- O RTC2 vai acumulando lixo e vendendo no Mercado, pressionando ainda mais o valor desses activos – que, como estão nos balanços dos bancos que não venderam, estes terão de reflectir a desvalorização nas suas contas. As cotações das acções caiem…
Até agora, em nenhuma das medidas tomadas (FRE, FNM, LEH e AIG) foram protegidos os accionistas, e assim terá de continuar a ser.
Se Paulson e Bernanke mudassem de ideias, como falta a aprovação do Congresso, a Nancy Pelosi e a sua maioria opor-se-ia.
Até os Senadores por Nova York, Hillary Clinton e Charles Schumer são contra proteger accionistas.
Barack Obama e John McCain numa coisa falam a uma voz: o Tio Sam não dá nada a alguém que pretenda proteger os accionistas.
Outra medida, esta temporária, é a proibição pela SEC de short sell em 799 acções financeiras durante 10 dias, podendo alargar até 30 dias.
O short sell é necessário para o normal funcionamento do Mercado, pelo que espero que a proibição demore o menos tempo possível.
O que já está a acontecer é o aumento dos prémios dos Puts sobre financeiras, como alternativa ao short sell.
Mas não foi só isso que evitou que os Puts sobre financeiras não caíssem tanto como seria de esperar num rally normal. É que foi fácil de perceber que o rally era um enorme short covering.
Por isso a compra que fiz hoje dos Puts para Janeiro sobre XLF com strike a $17, a $0.50 na abertura.
Quanto à Carteira NY, já passou os 50% de ganho desde 1 de Janeiro. Como tem 76% em liquidez, se todas as posições abertas expirassem valendo zero, e nada fizesse até 31 de Dezembro, apresentaria um lucro anual de 14% – o que me ajuda a dormir melhor…
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Boas!
Venho para aqui expressar o meu agradecimento pela manutenção de Toolbox. Já estava a sentir falta destes indicadores
Tinha que os procurar a mão no StockCharts, que é um pouco chato...
Abraço e bons trades...
O Bala
Venho para aqui expressar o meu agradecimento pela manutenção de Toolbox. Já estava a sentir falta destes indicadores

Tinha que os procurar a mão no StockCharts, que é um pouco chato...
Abraço e bons trades...
O Bala
StockMarket it's like a box of chocolates...You just never know what you gonna get.
http://alxander-gl.mybrute.com
Clã do Caldeirão: http://mybrute.com/team/27048
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Esta "moda" de trabalharem ao fim de semana é para se anteciparem à abertura dos mercados asiáticos.
Entretanto, no meio de tudo isto há quem ganhe bom dinheiro:
Entretanto, no meio de tudo isto há quem ganhe bom dinheiro:
Financial Times Escreveu:Bail-out hands Pimco $1.7bn payday
The Bill Gross-managed Pimco Total Return fund reaped a $1.7bn payday following the US government takeover of home loan giants Fannie Mae (NYSE:FNM) and Freddie Mac.
While shareholders in Fannie and Freddie suffered deep losses, the world's biggest bond fund saw its highest ever one-day rise against its benchmark index on Monday, benefiting from the bet made by Mr Gross on mortgage bonds issued by the agencies.
Mr Gross had made a big shift out of US Treasuries and corporate bonds over the past year and into agency bonds, betting that the government would support Fannie and Freddie Mac. By May this year, more than 60 per cent of his $132bn fund was in mortgage debt.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
Niccolò Machiavelli
http://www.facebook.com/atomez
Niccolò Machiavelli
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Aparentemente confirmam-se as minhas suspeitas quando escrevi no Comentário semanal: "Porque a moda das intervenções do Governo pode voltar este fim-de-semana, com algo para salvar o Lehman Bros. (LEH)..."
New York Fed Holds Emergency Meeting On Lehman's Future
http://online.wsj.com/article/SB122126724103330909.html
New York Fed Holds Emergency Meeting On Lehman's Future
http://online.wsj.com/article/SB122126724103330909.html
Fogueiro Escreveu:Outlook for the global economy and financial Markets, pelo economista Oliver Adler da UBS
Na sequência deste post uma entrevista de Oliver Adler ao Jornal de Negócios em 11 de Setembro.
"As nossas decisões de investimento mostram que estamos próximos do fundo"
Oliver Adler acredita que ainda é hora de ser cauteloso, sobretudo no curto prazo. O responsável pela unidade de gestão de fortunas do suíço UBS diz em entrevista ao Negócios que existem muitas incertezas a pairar sobre os mercados accionistas.
Leia aqui a entrevista na integra.
O responsável pela unidade de gestão de fortunas do suíço UBS diz em entrevista ao Negócios que existem muitas incertezas a pairar sobre os mercados accionistas. Os efeitos da crise vão continuar a sentir-se, sendo de esperar mais perdas na banca. Sobretudo, na Europa.
Ainda assim, o pior da crise poderá estar perto. Oliver Adler acredita que ainda é hora de ser cauteloso, sobretudo no curto prazo.
Os mercados estão a ter perdas como há muito já não se via. Já teremos então atingido o fundo?
A resposta mais honesta é que ninguém realmente sabe. Quem disser o contrário, não está a dizer a verdade. Neste cenário, é apenas possível tentar adivinhar tendências. Posso apenas dizer que as nossas decisões de investimento mostram que estamos próximos do fundo. A questão-chave está no sector financeiro. Ainda haverá mais amortizações e perdas relacionadas com a crise no crédito para serem divulgadas, não só nos Estados Unidos (EUA). O mercado já começou a descontar esta perspectiva. Nesse sentido, pensamos que já estaremos perto do fundo.
O que falta para que os mercados accionistas atinjam o fundo? Mais uma falência de um grande banco, depois do Lehman Brothers (anteontem)?
Prefiro colocar essa questão num outro ponto de vista, do que não deverá acontecer. Há uma enorme incerteza em relação a muitas variáveis económicas que seriam decisivas para uma inversão. Por exemplo, não veremos tão cedo os preços das casas nos EUA a pararem de descer. Não veremos durante algum tempo uma paragem na subida do desemprego, isso só irá acontecer algures no próximo ano. Contudo, os mercados reagem por antecipação.
E quando é que espera que essa antecipação possa acontecer?
Não se pode mesmo dizer quando. A questão prende-se mais com a perspectiva dos investidores. Para quem assumir uma perspectiva de longo prazo, de facto, as avaliações das acções na Europa, por exemplo, estão muito atractivas e valerá a pena investir, sem saber exactamente quando é que os mercados vão começar a recuperar. Há também quem tente temporalizar os acontecimentos, mas neste cenário de grande incerteza é muito difícil. Mesmo nós, no UBS, temos visões distintas. A área institucional tem uma abordagem de investimento de muito longo prazo e está mais optimista para as acções. Já nós, na área de gestão de fortunas, temos de ser mais cuidadosos porque somos mais orientados para o curto prazo e os investidores particulares não reagem da mesma maneira nos períodos conturbados. Até muito recentemente estávamos com uma perspectiva negativa para as acções, agora decidimos voltar a ter uma exposição "neutral".
O que justifica esse maior optimismo?
Primeiro, porque os preços ficaram mais atractivos depois da recente queda das bolsas. De seguida, porque as medidas políticas que temos visto vão começar a ter impacto nos mercados accionistas. Uma das coisas mais importantes na nacionalização da Fannie Mae e Freddie Mac - empresas de refinanciamento de crédito (ver caixa) - passa pelo incentivo que dá para as autoridades de outras regiões actuarem no mesmo sentido, sobretudo na Europa.
Refere-se ao Banco Central Europeu? Acha que não tem dado o apoio necessário para a estabilização dos mercados financeiros?
Não é minha função aconselhar o BCE e dizer o que tem ou não de fazer. Acho que, mais tarde ou mais cedo, terá de mudar a sua política. Ao nível dos juros, é provável que mantenha a taxa de referência estável durante algum tempo, mas depois poderá mudar muito rapidamente. Trichet vai esperar um pouco mais até mexer nos juros. No entanto, há que admitir que o BCE tem vindo a investir no mercado.
Mas não tão activamente como a Fed?
Não. A maior preocupação do BCE tem sido a inflação. Acreditamos que o risco de inflação comece a dissipar-se, por causa desta descida nos preços da energia. Talvez já no início do próximo ano, a taxa de inflação na Zona Euro seja mais baixa e, com o crescimento fraco, talvez seja um sinal para o BCE reagir. Ainda vai levar algum tempo, contudo os mercados vão começar a antecipar esse cenário.
A recuperação dos mercados está, assim, tão dependente da evolução dos preços da energia, nomeadamente do petróleo que voltou a negociar abaixo dos 100 dólares?
Não diria dependente. Mas basta haver um indicador de descida de inflação na Europa, para termos uma reacção muito positiva dos mercados. O preço do petróleo é um dos factores mais importantes para a Europa, embora por vezes a descida seja interpretada como um sinal de abrandamento económico. É aí que nos encontramos, os mercados europeus não estão a reagir de forma positiva à descida dos preços. O mercado está a precisar mesmo de ver uma queda na inflação, que poderá acontecer ainda este ano.
Podemos, então, esperar uma recuperação dos mercados europeus mais para o final do ano?
Os mercados vão reagir positivamente, porque a descida da inflação será um sinal de que o BCE ficará mais confortável para cortar juros. Se não acreditássemos numa recuperação, não teríamos reforçado a nossa exposição às acções. Mas podemos estar errados.
Será o suficiente para contrabalançar as elevadas perdas registas este ano?
Não. Uma das poucas certezas que temos é que este ano é um dos mais negativos para os mercados accionistas na história recente. No entanto, acho que as perdas sofridas até agora pelas bolsas, que estão na ordem dos 25/30%, não são assim tão significativas quando comparadas com a dimensão do tumulto vivido no sistema financeiro.
Mas disse que os bancos vão continuar a divulgar amortizações, e não apenas os americanos ...
Na Europa, o sector financeiro teve até agora muito menos amortizações . Os grandes bancos que têm maior presença nos EUA, como o nosso, já divulgaram amortizações e perdas relacionadas com a crise no mercado de crédito. No entanto, o mesmo ainda não aconteceu em termos de perdas domésticas. Este é um risco, assim como o abrandamento dos resultados das empresas que, na Europa, ainda não tiveram uma quebra significativa.
http://www.jornaldenegocios.pt/index.ph ... &id=330790
Cumprimentos,
Cap. Nemo
Cap. Nemo
Este parece-me ser o melhor relato da situação.
O principal problema é que as FMs eram instituições "híbridas", garantidas e regulamentadas pelo estado, mas com accionistas e gestão privados. A dimensão que tinham davam-lhes peso para influenciar os reguladores de modo a não lhes porem grandes entraves a operações de alto risco. Muito parecido com o que se passou na crise das S&L há 1 década.
Sublinho o que me parece ser mais importante para o futuro.
O principal problema é que as FMs eram instituições "híbridas", garantidas e regulamentadas pelo estado, mas com accionistas e gestão privados. A dimensão que tinham davam-lhes peso para influenciar os reguladores de modo a não lhes porem grandes entraves a operações de alto risco. Muito parecido com o que se passou na crise das S&L há 1 década.
Sublinho o que me parece ser mais importante para o futuro.
The Economist Escreveu:America's mortgage giants
Suffering a seizure
America’s government takes control of Freddie Mac and Fannie Mae
FOR many Americans, Sunday is for church, family lunches or catching a ball game. For the country’s financial authorities, it has become the day of the dramatic announcement: the takeover of Bear Stearns; the Treasury’s promise in July to stand behind Fannie Mae and Freddie Mac; and, most momentous of all, on Sunday September 7th, what had recently come to be seen the inevitable culmination of that pledge: the government’s seizure of the two giant mortgage agencies.
Hank Paulson, the Treasury secretary, had hoped that the July announcement would calm nerves sufficiently that he would not have to take out his “bazooka”. The opposite happened. The firms’ shares collapsed amid fears that investors would be wiped out in a government rescue. This severely curtailed their ability to issue much-needed capital, also infecting their mortgage-backed securities and the $1.6 trillion of debt they had issued to buy mortgages for themselves. It was only a matter of time before the government was forced to launch its largest-ever financial rescue. The action was greeted warmly on the world's stockmarkets, which rallied on the news.
Though some had wanted to see the agencies fully nationalised, obstacles stood in the way—not least that this would have required an act of Congress. So the Treasury had to get creative. The plan has four planks. First, Fannie and Freddie will be taken into “conservatorship”, a watered-down form of receivership, by their revamped regulator, the Federal Housing Finance Agency, until they are once again “sound and solvent”. Second, they will have access to a loan facility, secured against their assets, until the end of 2009. Intriguingly, this will also be available to the 12 Federal Home Loan Banks. James Lockhart, the FHFA’s head, stressed that these bank-owned co-operatives, also designed to grease housing markets, are mostly in good shape. But they have a lot of short-term debt and the quality of their borrowers’ collateral is falling. Allowing them to tap the credit line may be a shrewd precautionary measure.
The third plank highlights Mr Paulson’s wish to protect the taxpayer and avoid “moral hazard”. The Treasury will buy preferred shares as needed, whenever the agencies’ net worth dips below zero, and this paper will be repaid ahead of their existing preferred and common stock (whose dividends are being eliminated). Lowly shareholders could yet lose everything.
Indeed, the deal could have been a lot worse for the taxpayer. In exchange for vowing to keep the firms above water, the government will receive $1 billion “fee” in preferred stock at no cost, along with warrants giving it the right to 80% of the firms’ common stock at a nominal price. The two chief executives will leave. Fannie and Freddie, whose unparalleled political connections helped them to keep regulation toothless and expand on threadbare capital cushions, will no longer be allowed to lobby lawmakers.
The final piece of the plan may unnerve some taxpayers. To keep mortgage markets chugging along, the Treasury will become a buyer of last resort for bonds packaged by the agencies, purchasing them in the open market if demand slackens. Could it end up burdened with piles of toxic paper? Mr Paulson was upbeat, pointing out that since the Treasury would hold the securities to maturity it might one day reap net gains.
But the eventual cost to the public purse is unknown and potentially huge. The Treasury says it could buy as much as $100 billion of preferred stock in each of the two firms, though it deems that highly unlikely. Ultimately, the size of the bill will depend on their ability to recover, and that is far from clear. Under American accounting standards they have adequate capital, despite the rapid deterioration of their portfolios. But on a fair-value basis, marking their assets to the current market price, Freddie is insolvent and Fannie not far off. Moreover, with house prices still sliding and foreclosures rising sharply, worse may be ahead.
The taxpayer is on the hook elsewhere, too. Bank failures, almost unheard of in recent years, are ticking up. The Federal Deposit Insurance Corporation, which steps in and covers deposits up to $100,000 when lenders go belly-up, is nervously watching its fund shrink. It, too, may soon need to tap the Treasury for funds, especially if a big bank fails. On Monday one of the most vulnerable large lenders, Washington Mutual, forced out its boss in a bid to shore up confidence. More and more pundits are predicting the return in new guise of the Resolution Trust Corporation, which was tasked with taking over and offloading duff assets in the savings and loan crisis of the early 1990s. The tab this time is likely to far exceed that institution’s total losses, $124 billion by the end of 1999.
While the short-term goal is to stabilise Fannie and Freddie, thereby bringing down mortgage rates, the longer-term aim should be to avoid an expensive repeat. Mr Paulson stressed that the seizure of the agencies is merely a “time out”; it will be for the next administration and Congress to determine their future form. He is clearly in favour of scrapping their hybrid business model, which delivers profits to shareholders but leaves the public to shoulder life-threatening losses. Both presidential candidates have joined the criticism, with Barack Obama calling the agencies “a weird blend”.
Winding them down is not yet an option. With private mortgage finance barely registering a pulse, Fannie and Freddie have become crucial cogs in the market. Acknowledging this, the Treasury’s plan envisages allowing them to increase the size of their portfolios modestly by the end of next year. But from 2010 they will be forced to shrink by 10% a year until they reach an undefined “less risky size”. Once markets recover, pressure to dismantle the firms—and nurture alternatives, such as covered bonds—will grow. Until then, conservatorship will have to do.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
Niccolò Machiavelli
http://www.facebook.com/atomez
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Comentário semanal
Os Indicadores da Toolbox bem como o VIX e o VXN continuam a apontar para mais quedas e os mínimos de Julho já foram quebrados por alguns Índices importantes.
Não vale a pena continuar a dizer mais do mesmo, até porque ocorreu uma situação inédita para um país capitalista do 1º Mundo, que tem sido muito comentada, por vezes de forma superficial e confusa, e à qual vou dedicar o meu comentário semanal.
Apenas quero referir que os Calls sobre empresas relacionadas com Commodities e Energia valorizaram ontem e hoje, apesar da queda no preço do petróleo, o que é um sinal positivo. Estou satisfeito por tê-los aguentado, pois também ajudaram à boa valorização da Carteira NY nesta semana.
Keep it simple
Procurarei reduzir este complexo assunto ao essencial, de uma forma tão clara quanto conseguir, sem demasiados termos técnicos e pormenores da engenharia financeira envolvida, que poderiam levar o leitor a desistir.
O acontecimento que mais influenciou e continuará a influenciar o Mercado foi a intervenção do Tio Sam, durante o fim-de-semana passado, em Freddie Mac (FRE) e Fannie Mae (FNM), que tinham capital insuficiente para suportar as perdas das próximas hipotecas e não conseguíam obter capital para continuarem a operar.
Sem a intervenção, haveria uma crise financeira incalculável – as duas entidades têm mais de $5 tr em dívidas pendentes – seria por alguns considerada a falência do Governo dos EEUU...
O que foi feito?
O Tesouro assumiu a duas empresas, substituiu os CEOs e restantes membros dos conselhos de administração por outros sob a sua supervisão, e prometeu até $ 200 bn de dólares dos contribuintes para compor os seus balanços, sob a forma de capital a ser investido trimestralmente, conforme necessário. O Tesouro também irá comprar imediatamente $ 5 bn de “mortgage-backed bonds”.
Em troca, o governo recebe $1 bn em acções preferências de cada uma, e warrants que correspondem a 80% também de cada. Estas acções preferenciais terão um dividendo de 10%, sendo suspendidos os dividendos para todas as outras acções.
Aliás os accionistas antigos ficam com um peso muito residual.
Neste cenário, a longo prazo até pode ser um bom negócio para o Tesouro, leia-se: contribuintes americanos.
E agora?
Freddie e Fannie estão em actividade e compram créditos hipotecários.
Pretendem comprar $ 20 bn em empréstimos hipotecários em cada mês, nos próximos 16 meses.
Parece um monte de dinheiro, mas corresponde a menos de 3% do mercado hipotecário.
As suas carteiras, constituídas pelos créditos hipotecários comprados e não empacotados e vendidos (uma espécie de Buy and Hold) devem ser reduzidas para $850 bn até Dezembro de 2009 e terão reduções anuais subsequentes de 10%, até que não ultrapassem os $250 bn. Actualmente essas carteiras têm cerca de $1,4 tr…!
Esta é a decisão mais importante de todo o pacote, e vai mudar a estrutura dos mercados hipotecários durante longos anos.
O plano considera que alguém (os Bancos?) vai assumir aqueles diferenciais a partir de 2010.
Estamos a falar de cerca de $1,2 triliões…!
Será realista? Penso que não.
Ou seja: os financiamentos, já muito apertados, ainda o vão ser mais.
A operação foi anunciada como uma boa ajuda para o Sector Imobiliário.
Discordo.
Penso que não vai ajudar a vender mais casas: façamos as contas.
Reduzir de $1,4 tr para $850 bn são menos $550 bn. Subtraindo os novos $320 bn para empréstimos hipotecários ($20 bn * 16 meses), temos, como saldo liquido, uma redução de $230 bn na intervenção das Freddie e Fannie.
Parece-me uma conta simples, mas talvez algo me esteja a escapar… atendendo que o consenso dos analistas é de que vai mesmo ajudar à recuperação do Sector Imobiliário.
A baixar os spreads, sim, mas não mais do que isso.
Por outro lado, muitos bancos, sobretudo os pequenos, têm uma parte significativa dos seus capitais próprios em acções preferenciais Freddie e Fannie, dado o alto dividendo que pagavam e o seu antigo rating. É o caso do SOV, de quem a Carteira NY tem Puts para Janeiro de 2010.
O Tesouro disse que vai comprar uma quantia indeterminada destas acções preferenciais, conforme necessário (eheheh…mais uma vez…) – mas nada próximo dos $ 38 bn que era o valor das acções preferenciais existentes.
O conforme necessário significa que o destino de um número indeterminado de bancos fica na mão dos políticos!
Porque a moda das intervenções do Governo pode voltar este fim-de-semana, com algo para salvar o Lehman Bros. (LEH) – que cotava a mais de $60 ainda este ano, e hoje fechou a $3.65 com uma capitalização bolsista inferior a $2,4 bn, tal como muitos bancos regionais com uma dezena de balcões – na dúvida tomei lucros entre 90% e 135%, vendendo os Puts sobre algumas Finaceiras e fechando as posições.
Provavelmente reabrirei posições na próxima semana, consoante o que se passe durante o fim-de-semana.
Os Indicadores da Toolbox bem como o VIX e o VXN continuam a apontar para mais quedas e os mínimos de Julho já foram quebrados por alguns Índices importantes.
Não vale a pena continuar a dizer mais do mesmo, até porque ocorreu uma situação inédita para um país capitalista do 1º Mundo, que tem sido muito comentada, por vezes de forma superficial e confusa, e à qual vou dedicar o meu comentário semanal.
Apenas quero referir que os Calls sobre empresas relacionadas com Commodities e Energia valorizaram ontem e hoje, apesar da queda no preço do petróleo, o que é um sinal positivo. Estou satisfeito por tê-los aguentado, pois também ajudaram à boa valorização da Carteira NY nesta semana.
Keep it simple
Procurarei reduzir este complexo assunto ao essencial, de uma forma tão clara quanto conseguir, sem demasiados termos técnicos e pormenores da engenharia financeira envolvida, que poderiam levar o leitor a desistir.
O acontecimento que mais influenciou e continuará a influenciar o Mercado foi a intervenção do Tio Sam, durante o fim-de-semana passado, em Freddie Mac (FRE) e Fannie Mae (FNM), que tinham capital insuficiente para suportar as perdas das próximas hipotecas e não conseguíam obter capital para continuarem a operar.
Sem a intervenção, haveria uma crise financeira incalculável – as duas entidades têm mais de $5 tr em dívidas pendentes – seria por alguns considerada a falência do Governo dos EEUU...
O que foi feito?
O Tesouro assumiu a duas empresas, substituiu os CEOs e restantes membros dos conselhos de administração por outros sob a sua supervisão, e prometeu até $ 200 bn de dólares dos contribuintes para compor os seus balanços, sob a forma de capital a ser investido trimestralmente, conforme necessário. O Tesouro também irá comprar imediatamente $ 5 bn de “mortgage-backed bonds”.
Em troca, o governo recebe $1 bn em acções preferências de cada uma, e warrants que correspondem a 80% também de cada. Estas acções preferenciais terão um dividendo de 10%, sendo suspendidos os dividendos para todas as outras acções.
Aliás os accionistas antigos ficam com um peso muito residual.
Neste cenário, a longo prazo até pode ser um bom negócio para o Tesouro, leia-se: contribuintes americanos.
E agora?
Freddie e Fannie estão em actividade e compram créditos hipotecários.
Pretendem comprar $ 20 bn em empréstimos hipotecários em cada mês, nos próximos 16 meses.
Parece um monte de dinheiro, mas corresponde a menos de 3% do mercado hipotecário.
As suas carteiras, constituídas pelos créditos hipotecários comprados e não empacotados e vendidos (uma espécie de Buy and Hold) devem ser reduzidas para $850 bn até Dezembro de 2009 e terão reduções anuais subsequentes de 10%, até que não ultrapassem os $250 bn. Actualmente essas carteiras têm cerca de $1,4 tr…!
Esta é a decisão mais importante de todo o pacote, e vai mudar a estrutura dos mercados hipotecários durante longos anos.
O plano considera que alguém (os Bancos?) vai assumir aqueles diferenciais a partir de 2010.
Estamos a falar de cerca de $1,2 triliões…!
Será realista? Penso que não.
Ou seja: os financiamentos, já muito apertados, ainda o vão ser mais.
A operação foi anunciada como uma boa ajuda para o Sector Imobiliário.
Discordo.
Penso que não vai ajudar a vender mais casas: façamos as contas.
Reduzir de $1,4 tr para $850 bn são menos $550 bn. Subtraindo os novos $320 bn para empréstimos hipotecários ($20 bn * 16 meses), temos, como saldo liquido, uma redução de $230 bn na intervenção das Freddie e Fannie.
Parece-me uma conta simples, mas talvez algo me esteja a escapar… atendendo que o consenso dos analistas é de que vai mesmo ajudar à recuperação do Sector Imobiliário.
A baixar os spreads, sim, mas não mais do que isso.
Por outro lado, muitos bancos, sobretudo os pequenos, têm uma parte significativa dos seus capitais próprios em acções preferenciais Freddie e Fannie, dado o alto dividendo que pagavam e o seu antigo rating. É o caso do SOV, de quem a Carteira NY tem Puts para Janeiro de 2010.
O Tesouro disse que vai comprar uma quantia indeterminada destas acções preferenciais, conforme necessário (eheheh…mais uma vez…) – mas nada próximo dos $ 38 bn que era o valor das acções preferenciais existentes.
O conforme necessário significa que o destino de um número indeterminado de bancos fica na mão dos políticos!
Porque a moda das intervenções do Governo pode voltar este fim-de-semana, com algo para salvar o Lehman Bros. (LEH) – que cotava a mais de $60 ainda este ano, e hoje fechou a $3.65 com uma capitalização bolsista inferior a $2,4 bn, tal como muitos bancos regionais com uma dezena de balcões – na dúvida tomei lucros entre 90% e 135%, vendendo os Puts sobre algumas Finaceiras e fechando as posições.
Provavelmente reabrirei posições na próxima semana, consoante o que se passe durante o fim-de-semana.
Além das vindimas é a época dos outlooks.
Aqui fica outro, moderadamente optimista.
Aqui fica outro, moderadamente optimista.
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Fisher Outlook Autumn 2008.pdf
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As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
Niccolò Machiavelli
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Outlook for the global economy and financial Markets, pelo economista Oliver Adler da UBS
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