Dividendo do BCP escala no “ranking” dos mais atrativos da banca europeia

[MarcoAntonio]

Um visitante começou por discordar da minha afirmação e mais tarde emendou para passar a considerá-la perigosa (<i>...Daí ser "perigosa" a afirmação de dizer que não existe a opção</i>).

Penso que este ponto merece desenvolvimento, por várias razões.

Em primeiro lugar, eu deixei aquela frase porque mais importante do que saber como se calcula o VIX é saber o que ele representa e o que se pretende com ele. Um indivíduo até pode ter as formulas de todos os indicadores na cabeça, mas se não souber interpretá-los aquelas fórmulas não lhe servem de nada. Por outro lado, um indivíduo (e são muitos os casos) até pode não saber (ou ter presente) como se calcula exactamente determinado indicador, mas se souber o que este significa/representa até poderá usá-lo ou interpretá-lo correctamente.
É óbvio que tb é importante saber como se calcula determinado indicador pois esse aspecto pode ajudá-lo a interpretar melhor ou a reconhecer determinadas nuances e idiossincrasias. Mas não é o mais importante...

Por outro lado, aproveito para explicar porque é que é importante saber que o VIX representa a volatilidade implícita de uma opção hipotética. Que não existe nem podería existir...

Mesmo que um emitente lance uma opção sobre o S&P, o VIX <b>não representa</b> a volatilidade implícita dessa opção. Porquê?

Porque o tempo que resta para a maturidade está a diminuir de dia para dia e a distância ao strike varia igualmente de dia para dia devido ao evoluir do índice. A situação da opção real não é constante e o valor da volatilidade implícita é afectado por esses dois parametros (volatilidade implícita, tempo para a maturidade e diferença entre strike e valor do subjacente são interdependentes). Para se isolar o sentimento que está subjacente na volatilidade implícita é preciso manter esses parametros constantes. Caso contrário, não se pode fazer uma leitura directa, ter-se-ia de elaborar complicados cálculos para isolar a evolução da volatilidade independentemente dos dois outros parametros. Por outro lado, é preciso manter uma constancia no indicador porque senão vejamos: hoje o índice era calculado a partir de determinadas opções com determinados strikes e com uma determinada maturidade; o índice evoluia num determinado sentido bem como o tempo e portanto, cada sessão que passasse o VIX representava a volatilidade(s implícita de uma opção que estaria mais perto da maturidade e cujo strike se aproximava/afastava do valor do subjacente; a dada altura determinada opção atingia a maturidade e era substituida por outra com diferente strike e diferente maturidade. Ora, isto vinha introduzir uma alinearidade no VIX. Já não bastava termos uma volatilidade implícita dependente de outros parametros em evolução como em certas alturas existiriam alinearidades devido à saída de umas opções e introdução de outras.
(<i>nota: esta situação é identica ao que se passa por exemplo entre médias móveis simples e médias móveis exponenciais ou pesadas</i>).

Assim, com as opções a entrarem de uma forma ponderada no cálculo resolvem-se os dois problemas: não existem alinearidades e a volatilidade implícita representada simula a de uma opção que mantêm uma constância face à maturidade e do strike face ao valor do subjacente.

Tal opção não existe (nem pode existir). Mas é por o VIX representar a volatilidade implícita dessa opção hipotética que este indicador tem o valor que tem. Se assim não fosse era um indicador pouco credível e de utilidade duvidosa (ou no mínimo, muito pouco transparente).