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Caldeirão da Bolsa

Hedginggggg. Será que isto é chinês?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por MarcoAntonio » 29/5/2008 21:07

Dwear, isso está mal, obviamente!

Isso é que era doce...
:lol:

O prolongamento do contrato diz respeito ao prazo que estás a cobrir e não ao montante. Tu tens sempre o mesmo montante (inicial) coberto. E partir do momento que consumiste mais do que tens coberto, sofres as variações directamente...

A unica forma de cobrires ad eternum é teres todo o consumo previsto e cobri-lo de inicio.


Tu se cobres 100 litros e ao fim de um mes prolongas, ao fim de dois meses continuas a ter uma posição sobre "100 litros" que varia nessa proporção.

Se gastaste 100 litros no primeiro mês, os 100 litros do segundo mês estão tudo menos cobertos...

Isto está super-simplificado mas também não interessa complicar porque não altera nada!
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FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por nunofaustino » 29/5/2008 21:06

MarcoAntonio Escreveu:Sim, mas foi precisamente isso que eu disse. Eu não estou a dizer que se deve fazer hedge em tudo e o tempo todo...

O que eu digo é que é uma ferramenta que deve ser utilizada quando uma empresa está muito exposta a uma determinada matéria prima (ou moeda) e há uma acentuada volatilidade. O caso do crude digamos (e não é de agora, essas medidas já devia ter sido tomadas antes) é um desses exemplos.

A ideia é eliminar um prejuízo "imprevisto" que pode derivar de uma determinada situação de mercado. Provavelmente até haverá casos em que faz sentido andar a fazer hedging o tempo todo (não sei, digo eu, poderá haver por aí bens que têm uma volatilidade característica e persistente, mas ou estou a especular pois não conheço a realidade de todas as empresas e todos os sectores). Mas na maior parte dos casos creio que será uma situação de recurso pontual...

Por exemplo, quando se trabalham com enormes stocks (se compram grandes quantidades de uma vez) e os preços de venda são para manter estáveis (ou quase).


A questão é mesmo essa.

Será que as companhias aéreas deveriam fazer um hedge contra movimentações do preço do petróleo? É um negócio em que os bens só são vendidos junto da data de execução do trabalho e em que o factor diferenciativo é o preço. Deste modo, eu diria que não se deve fazer um hedge (se for feito deverá ser feito em muito pequena escala comparado com o consumo global).

Se olharmos para os últimos 5 ou 6 anos, é óbvio que um hedge teria sido um excelente negócio, com as empresas a protegerem-se da subida dos preços. Mas se olharmos para os preços da década de 90, então o hedge teria sido um mau negócio, pois os preços mantiveram-se estáveis ou em queda. Se a nossa empresa estaria em excelente situação agora, teria sido muito pouco competitiva na década de 90.

Deste modo, na mho, só se deve fazer um hedge qdo temos a mercadoria vendida ou qdo sabemos que o preço de uma matéria prima vai subir (e neste caso estamos a "apostar" numa direcção do mercado).

Repara que ao prevenirmo-nos de um imprevisto, podemos estar a criar condições desfavoráveis caso o resto dos nossos competidores n fizer a mesma protecção. Temos é de pensar se é melhor estar nas mesmas condições que os nossos concorrentes ou se a variação dos preços nos podem por KOs.

Por exemplo, imagina que tinhas um moinho de trigo. Qdo é que tinhas feito o teu hedge? Nos 400? Nos 600? Nos 1000? Assim que pudesses?

Um abr
Nuno
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por Dwer » 29/5/2008 21:06

nunofaustino Escreveu:Com isto estou apenas a querer dizer que, se o hedge for efectuado sem ter sido estabelecido o preço de venda, estamos a "apostar" numa direcção do mercado. Se os nossos concorrentes directos não efectuarem esta operação, eles estarão em vantagem se o preço da matéria descer e nós em vantagem se o preço da matéria subir.


Nuno, acho que estás a laborar num erro: o objectivo de um hedge é fixar um preço de um item na estrutura de custos que permita à empresa operar. Com isto quero dizer que se o preço desse item disparar, a empresa não vai à falência.

A empresa faz a sua planificação de proveitos e custos a um ano. No caso que apresentei até pode fazer a um mês. Estabelece o preço aceitável para cada item na estrutura de custos e as estimativas de vendas. Para garantir que o preço da matéria prima se mantêm aceitável faz hedging. Mas os seus lucros dependem muito mais do que consegue vender do que com os custos que tem.
Não pode é correr o risco de falência por o preço de uma matéria prima disparar.
A empresa ao lado que não fez hedging pode até ganhar uns cobres. Mas esteve exposta a um risco incomportável. A falência.
O facto do preço da matéria prima oscilar é neutro para o negócio se se fizer hedging. O que se ganha de um lado recupera-se do outro.
Abraço,
Dwer

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por MarcoAntonio » 29/5/2008 20:51

Sim, mas foi precisamente isso que eu disse. Eu não estou a dizer que se deve fazer hedge em tudo e o tempo todo...

O que eu digo é que é uma ferramenta que deve ser utilizada quando uma empresa está muito exposta a uma determinada matéria prima (ou moeda) e há uma acentuada volatilidade. O caso do crude digamos (e não é de agora, essas medidas já devia ter sido tomadas antes) é um desses exemplos.

A ideia é eliminar um prejuízo "imprevisto" que pode derivar de uma determinada situação de mercado. Provavelmente até haverá casos em que faz sentido andar a fazer hedging o tempo todo (não sei, digo eu, poderá haver por aí bens que têm uma volatilidade característica e persistente, mas ou estou a especular pois não conheço a realidade de todas as empresas e todos os sectores). Mas na maior parte dos casos creio que será uma situação de recurso pontual...

Por exemplo, quando se trabalham com enormes stocks (se compram grandes quantidades de uma vez) e os preços de venda são para manter estáveis (ou quase).


Nota que eu faço essencialmente de volatilidade e não de direcção dos preços...
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
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3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por Dwer » 29/5/2008 20:47

tmms Escreveu:
V. Escreveu:Desisto... O Hedge cobre o risco daquele periodo... Mais nada... Nao mitiga a subida de preços...


Caro V.,

Essa afirmação, entre outras que fizeste neste tópico, não está correcta. Se me permitires, vou tentar explicar-te porquê.

Para não complicar muito, vamos esquecer as comissões, rollovers, datas de liquidação, etc., por fugir ao cerne da questão. Em termos teóricos vamos considerar essa gestão e esses pequenos custos como se fossem um prémio de seguro.

Para perceber o gráfico e a tabela que fiz vamos partir dos seguintes pressupostos:
1. A barra verde representa o preço pelo qual eu abro uma posição longa no dia 1 de Janeiro de cada ano para proteger o meu exercício.
2. A barra vermelha o preço a que o activo subjacente vai estar durante o ano (pode ser logo no dia 2 de Janeiro e até 31 de Dezembro desse ano).

Agora vamos a contas:

Ano 1: No dia 1 de Janeiro abro uma posição longa a 10 euros. No decorrer do ano vou precisar da matéria-prima e vou comprá-la no mercado spot a 20 euros. No final do ano, o meu saldo é -10 euros, ou seja, o custo que eu inicialmente fixei com a posição longa. Certo? Embora tenha pago 20 euros pela matéria-prima, como recuperei 10 euros via futuros, o custo real foi de 10 euros, logo o meu saldo (o meu custo) é de -10 euros.

Ano 2: No dia 1 de Janeiro do ano 2 abro uma nova posição longa no mercado de futuros ao preço de, naturalmente, 20 euros. Nota que tenho agora duas posições abertas, a do ano 1 e a nova. No decorrer do ano, lá vou eu necessitar de mais matéria-prima que vou ter de adquirir nos mercados spot a 30 euros. Bem, no final do ano, qual é o meu saldo? Menos 10 euros. Como se estou a pagar a matéria-prima a 30 euros? Bem, porque recuperei 20 nos derivados. 10 euros do contrato de ano 2 mais 10 euros do contrato que vem do ano 1. Obviamente os 10 euros de lucro de contrato do ano um foram usados nesse exercício.

Ano 3: Nova posição longa nos 30 euros. Compro a matéria-prima a 40 durante o ano. No final do exercício o meu saldo é de, pasma-se, -10 euros. Como é possível só ter gasto 10 euros se comprei a matéria-prima e 40 euros? Porque recuperei 30 euros nos mercados futuros. De que forma? 10 euros no contrato do ano 1, mais 10 euros no contrato do ano 2 e mais 10 euros no contrato do ano corrente.

Ano n: ...

Estás a ver a forma como uma empresa que necessita de matéria-prima ad eternum consegue fazer hedging?

Abraço,
Tiago


Tiago, não há necessidade de acumulação de contratos.

Imaginemos um contrato de futuros com maturidade mensal como a gasolina: no meu plano de negócios estimo que vou percorrer 100.000 km/ano/viatura com a minha frota de distribuição que tem 100 viaturas.
Para o total de 10.000.000 km, a uma média de 10lt/100km preciso de 1.000.000lt de gasolina. É essa a quantidade que vou cobrir em futuros. O contrato de futuros de gasolina equivale a 21.000 galões / 79.800lt. 1mi/79.800=12.5 contratos->12 contratos (para as contas ficarem mais fáceis; deveriam ser 13). Ao preço corrente de 3,38 USD (QUN8 - NYMEX miNY Gasoline, Jul 2008).
Compro os 12 contratos? Não!
Os contratos têm vencimento mensal. Logo posso cobrir um mês de cada vez. Compro um contrato a 3.38 USD.
Este contrato cobre-me o consumo de gasolina que faço num mês.
Passa-se o mês e a gasosa vai subindo. Antes de chegar à maturidade, faço o rollover. Fecho o contrato de Julho vendendo um contrato e compro um contrato de Agosto. A gasolina subiu e as mais valias da conta de futuros são iguais às menos valias da conta da gasolina, em relação ao plano que fiz inicialmente. Este processo desenrola-se ad eternum.
Enquanto a minha frota tiver o mesmo número de viaturas e elas consumirem o mesmo.
Não há acumulação de contratos. E como os contratos têm vencimento mensal, não preciso de cobrir um ano inteiro de consumo.
Fixei o custo da minha gasolina ao preço pelo qual comprei o primeiro contrato. Até me reformar! Ou para todos os efeitos enquanto a empresa continuar a operar.

Melhor que isto não consigo explicar.
Abraço,
Dwer

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por nunofaustino » 29/5/2008 20:43

Tb concordo contigo qdo dizes que a maioria das empresas não faz hedge e que havia muitas situações onde deveria fazê-lo. Mas que em muitas situações tb n acho que seja o procedimento mais correcto.

Na mho, o hedge só deverá ser feito qdo se tem o produto final vendido. Caso contrário estamos a fechar o preço de produção agora sem sabermos a quanto é que podemos vender no futuro.

Vou pegar no teu exemplo e colocar uma situação desfavorável, em que a matéria prima se desvalorizou.
_____
A empresa XPTO faz uma cobertura de risco com uma exposição de 1.000.000 de unidades @ 100 euros nessa matéria prima.

Agora, no mercado, faz as seguintes compras para cumprir necessidades da sua actividade durante os 4 trimestres seguintes:


500.000 @ 100 = 50.000.000

500.000 @ 90 = 45.000.000

500.000 @ 80 = 40.000.000

500.000 @ 85 = 42.500.000

A posição de cobertura de risco ao fim deste prazo está cotada a:


1.000.000 @ 85 = 90.000.000


Portanto, temos o seguinte:


500.000 @ 100 = 50.000.000

500.000 @ 90 = 45.000.000

500.000 @ 80 = 40.000.000

500.000 @ 85 = 42.500.000

Total=
177.500.000
+15.000.000
------------
192.500.000


Custo médio s/ hedging = 88.75
Custo médio c/ hedging = 96.25

Ou seja, a empresa teve um custo 8.5% superior ao dos seus concorrentes, ou seja, o hedge foi uma má opção.

Com isto estou apenas a querer dizer que, se o hedge for efectuado sem ter sido estabelecido o preço de venda, estamos a "apostar" numa direcção do mercado. Se os nossos concorrentes directos não efectuarem esta operação, eles estarão em vantagem se o preço da matéria descer e nós em vantagem se o preço da matéria subir.

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por MarcoAntonio » 29/5/2008 20:24

Confesso que só li o tópico na diagonal, apesar de ser um assunto de grande interesse (o trafego no forum tem sido imenso).

Creio que a ideia original do Ulisses é a de que a maior parte das empresas não faz hedge (cobertura de risco). Embora não tenha dados concretos, com base no que se vai ouvindo em debates, entrevistas, comentários nas notícias, etc, inclino-me obviamente para concordar.

Existe uma ferramenta que não é utilizada por muitas empresas e que serve para cobrir (ou diminuir) o risco quando se está exposto a determinada matéria prima ou moeda.

Entretanto parece ter surgido alguma polémica em volta do assunto. Bom, a cobertura de risco é obviamente, na prática, uma ferramenta limitada (pois não se vai fazer uma cobertura de risco eternamente, porque não faz sentido e tem custos). Mas, porque é limitada, não deve deixar de ser utilizada. Há grandes vantagens em fazer hedging e por certo há muitas empresas que o deviam fazer e não fazem. Especialmente quando há riscos de falência envolvidos e que podiam ser mitigados de uma forma relativamente simples...


Porque é que não faz sentido fazer hedging para todo o sempre? Bom, para além dos custos e das limitações das ferramentas (onde haverá aqui até pessoas mais habilitadas do que eu para falar, confesso) há uma questão que é essencial: um hedge faz-se para um prazo (que pode ser prolongado) e para um montante, para uma determinada exposição.

Ora, se uma empresa quisesse cobrir-se de todo o risco para todo o sempre (para além dos custos eternos que isso teria) então tinha de prever toda a matéria prima que iria gastar no futuro (o que é, digamos, impossível, pois uma empresa não consegue prever os seus gastos futuros nem tão pouco sabe durante quantos anos vai existir). E depois havia um problema de liquidez, pois mesmo alavancando, seria uma quantidade de capital da qual provavelmente a empresa não podia dispor.

Eu vou deixar um exemplo muito simples (sem entrar com custos nenhuns) só para mostrar por um lado as limitações e por outro que mesmo com limitações, tem interesse fazer hedge.

E tem interesse, especialmente em momentos de volatilidade, quando por exemplo uma empresa não quer / não pode alterar dramaticamente os preços dos serviços ou bens que vende e está contudo sujeita a uma (expectável) forte variação de uma matéria prima que utiliza (ou moeda). Digamos que a ideia será reduzir o risco (ou praticamente elimina-lo) para um determinado prazo e para um determinado montante.


Imaginemos que a matéria prima xis está cotada a 100 euros neste momento.

A empresa XPTO faz uma cobertura de risco com uma exposição de 1.000.000 de unidades @ 100 euros nessa matéria prima.

Agora, no mercado, faz as seguintes compras para cumprir necessidades da sua actividade durante os 4 trimestres seguintes:


500.000 @ 105 = 525.000

500.000 @ 110 = 550.000

500.000 @ 115 = 575.000

500.000 @ 120 = 600.000

A posição de cobertura de risco ao fim deste prazo está cotada a:


1.000.000 @ 120 = 120.000.000


Portanto, temos o seguinte:


500.000 @ 105 = 52.500.000

500.000 @ 110 = 55.000.000

500.000 @ 115 = 57.005.000

500.000 @ 120 = 60.000.000


Total=
225.000.000
-20.000.000
------------
205.000.000


Custo médio s/ hedging = 112.5
Custo médio c/ hedging = 102.5


É claro que a empresa poderia (se tivesse disponibilidade de capital, e já agora note-se que estou a apresentar a exposição total mas o capital disponibizado é menor graças à alavancagem, apenas quero manter isto tão simples quanto possível) cobrir para 2.000.000 de unidades. Mas, como já disse atrás, mais cedo ou mais tarde a cobertura deixa de estar feita para o total consumido, é uma questão de tempo.

Neste exemplo, a cobertura estava feita para 1.000.000 de unidades durante 4 trimestres, por exemplo. Mas, como penso que o exemplo ilustra, a vantagem é enorme e o risco foi altamente mitigado.

Espero ter ajudado ao debate...
:wink:
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
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3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por V. » 29/5/2008 20:03

nunofaustino Escreveu:Tiago... sem fazer contas às margens que seriam necessário manter ao fim de alguns anos, qual seria o saldo se no sexto ano a cotação da matéria prima passasse para os 10Euros?

Um abr
Nuno


:-)Exacto... É que ele, deixou de estar a cobrir, e passou a especular logo a partir do ano 2... ;-)

O que ele faz nao é hedging mas sim especulaçao... A prova é que se o mercado inverter, ele perde dinheiro... Basta responderes a questao do Nuno para se ver isso.
Cordiais cumprimentos,

V.

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por nunofaustino » 29/5/2008 19:55

Tiago... sem fazer contas às margens que seriam necessário manter ao fim de alguns anos, qual seria o saldo se no sexto ano a cotação da matéria prima passasse para os 10Euros?

Um abr
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por V. » 29/5/2008 19:54

So mais uma coisa:

Coloca-me sff o seguinte;

1- os gastos a materia consumida para cada ano (Ano N; N+1; N+2; N+3...)

2- Soma esses gastos e da-me o total;

3- os gastos da materia consumida para cada ano (ano N; N+1; N+2; N+3...) mas como se nao tivesse havid variaçao no preço, portanto a 10€ o crude em cada ano de acordo com o teu exemplo

4- Soma esses gastos (apurado em 3)....

Obrigado...


:-)
Cordiais cumprimentos,

V.

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por V. » 29/5/2008 19:49

Eu nao vou continuar muito mais com este topico, basta ires ao post atras e estao la as minhas contas tambem em Excel e que sao inequivocas... Só nas as percebeu quem nao quero...

Mas digo-te uma coisa simples:

:arrow: A questao nao esta em proteger o preço das materias consumidas num periodo em que existe o hedge, como é logico o hedge cobre essa flutuaçao. O problema esta no periodo 2, em que já vais comprar as materias primas a 20 Euros... Ou seja, entre o ano 1 e o ano 2, o preço subiu para 20 euros, signfica isto, que no ano 2, mesmo com o hedge, vais ter materias para consumir ao preço de mais 100% do que compradas do ano 1... NAO ME VOU REPETIR MAIS.

Deixo-te por fim apenas uma pergunta, que já nem tem a ver com a questao do Ulisses mas com o teu pressuposto:

:arrow: O que acontece se um ano o activo que está "hedged" não for no "sentido correcto"? Ou seja, imagina ai que no ano 2 o crude cai. :-)
Cordiais cumprimentos,

V.

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por tmms » 29/5/2008 19:10

V. Escreveu:Desisto... O Hedge cobre o risco daquele periodo... Mais nada... Nao mitiga a subida de preços...


Caro V.,

Essa afirmação, entre outras que fizeste neste tópico, não está correcta. Se me permitires, vou tentar explicar-te porquê.

Para não complicar muito, vamos esquecer as comissões, rollovers, datas de liquidação, etc., por fugir ao cerne da questão. Em termos teóricos vamos considerar essa gestão e esses pequenos custos como se fossem um prémio de seguro.

Para perceber o gráfico e a tabela que fiz vamos partir dos seguintes pressupostos:
1. A barra verde representa o preço pelo qual eu abro uma posição longa no dia 1 de Janeiro de cada ano para proteger o meu exercício.
2. A barra vermelha o preço a que o activo subjacente vai estar durante o ano (pode ser logo no dia 2 de Janeiro e até 31 de Dezembro desse ano).

Agora vamos a contas:

Ano 1: No dia 1 de Janeiro abro uma posição longa a 10 euros. No decorrer do ano vou precisar da matéria-prima e vou comprá-la no mercado spot a 20 euros. No final do ano, o meu saldo é -10 euros, ou seja, o custo que eu inicialmente fixei com a posição longa. Certo? Embora tenha pago 20 euros pela matéria-prima, como recuperei 10 euros via futuros, o custo real foi de 10 euros, logo o meu saldo (o meu custo) é de -10 euros.

Ano 2: No dia 1 de Janeiro do ano 2 abro uma nova posição longa no mercado de futuros ao preço de, naturalmente, 20 euros. Nota que tenho agora duas posições abertas, a do ano 1 e a nova. No decorrer do ano, lá vou eu necessitar de mais matéria-prima que vou ter de adquirir nos mercados spot a 30 euros. Bem, no final do ano, qual é o meu saldo? Menos 10 euros. Como se estou a pagar a matéria-prima a 30 euros? Bem, porque recuperei 20 nos derivados. 10 euros do contrato de ano 2 mais 10 euros do contrato que vem do ano 1. Obviamente os 10 euros de lucro de contrato do ano um foram usados nesse exercício.

Ano 3: Nova posição longa nos 30 euros. Compro a matéria-prima a 40 durante o ano. No final do exercício o meu saldo é de, pasma-se, -10 euros. Como é possível só ter gasto 10 euros se comprei a matéria-prima e 40 euros? Porque recuperei 30 euros nos mercados futuros. De que forma? 10 euros no contrato do ano 1, mais 10 euros no contrato do ano 2 e mais 10 euros no contrato do ano corrente.

Ano n: ...

Estás a ver a forma como uma empresa que necessita de matéria-prima ad eternum consegue fazer hedging?

Abraço,
Tiago
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por V. » 29/5/2008 16:08

SirPatrickBateman Escreveu:...aqui estão os meus 2 centimos... :)

1º Hedging deverá ter um prazo e um montante (quer seja de commodities, quer seja cambial, quer seja de taxas de juro) - nenhuma instituição financeira possibilitaria o hedging sem saber as duas componentes, e são elas que determinam o "prémio" a pagar pelo mesmo.

2º Fixando um determinado preço, a empresa pode proteger-se contra variações desfavoráveis, ou contra variações favoráveis e desfavoráveis (o que lhe altera o "prémio" a pagar).

3º É financeiramente MUITO CARO (não compensa), fazer um hedging qualquer para sempre... ou mesmo que seja por 10 anos ou 20 anos... já é uma eternidade.

IMHO: Teoricamente, é possível fazer cobertura TOTAL de risco (os produtos estão lá, e são para ser usados), pode é não compensar em termos práticos... faze-lo por mais que um determinado periodo de tempo (podendo mesmo aquele que se quer proteger do risco, acabar por ser prejudicado... face a quem não se protegeu).


Concordo...

Mas há dois pontos, que embora, já sendo estar aprimorar a questão em termos teóricos e práticos e não sendo a resposta directa ao Ulisses (já dada atrás), é de se considerar que não é possível cobrir totalmente o risco porque:

1- A empresa tem actividade continua… Perpetuidade... Infinita... A produção total seria, assim, teoricamente, infinita.
2- Custos insuportáveis de cobrir uma produção total
3- Prazo dos contratos de futuros, apesar de longos, tem prazos de apenas alguns anos.
4- O Valor Presente dos vários cashflows exigidos nos vários períodos tornam a ideia inviável.
5- O próprio risco… Acho que uma coisa desse género levaria reservas em cima de reservas por parte do auditor.
6- A actividade da empresa é ??? Ou será trading.

O hedge funciona, como o Nuno diz, por exemplo, para eu poder satisfazer uma obrigação com um terceiro onde tenha um preço acordado. Isto porque:

1- Já sei quanto (volume), a quanto (preço) e quando (tempo) vou ter de fazer essa entrega, pelo que posso cobrir qualquer risco relativamente a flutuação de preço;
2- Senão tenho nenhum preço acordado, o valor final para o cliente, vai ter, obrigatoriamente, de incorporar essa subida. Como acontece em tudo.
Cordiais cumprimentos,

V.

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por SirPatrickBateman » 29/5/2008 15:52

...aqui estão os meus 2 centimos... :)

1º Hedging deverá ter um prazo e um montante (quer seja de commodities, quer seja cambial, quer seja de taxas de juro) - nenhuma instituição financeira possibilitaria o hedging sem saber as duas componentes, e são elas que determinam o "prémio" a pagar pelo mesmo.

2º Fixando um determinado preço, a empresa pode proteger-se contra variações desfavoráveis, ou contra variações favoráveis e desfavoráveis (o que lhe altera o "prémio" a pagar).

3º É financeiramente MUITO CARO (não compensa), fazer um hedging qualquer para sempre... ou mesmo que seja por 10 anos ou 20 anos... já é uma eternidade.

IMHO: Teoricamente, é possível fazer cobertura TOTAL de risco (os produtos estão lá, e são para ser usados), pode é não compensar em termos práticos... faze-lo por mais que um determinado periodo de tempo (podendo mesmo aquele que se quer proteger do risco, acabar por ser prejudicado... face a quem não se protegeu).
 
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por V. » 29/5/2008 15:36

E para terminar o assunto, respondendo exacta e directamente à tua pergunta de "Como é que é possível que empresas de grande dimensão não façam cobertura de risco? (...) Aquela pequenina percentagem que teriam que gastar no mercado de futuros não lhes garantia uma vida tranquila, sem estes riscos de falência que tantos dizem que correm?", deixo mais uma dica do meu amigo... já citado acima que penso que é esclarecedor com o raciocinio claro que já lhe é caracteristico (e que me falta a mim na maioria das vezes):-)
:

Valdemor (aquele que nao se pode dizer o nome) Escreveu:Bem,

1) Não é possível comprar futuros para toda a produção no futuro, porque não existem prazos suficientes (mas, diga-se, existem bastantes prazos);

2) Se comprar futuros para toda a produção futura, fica com uma posição gigantesca no presente, se essa posição se mover contra o hedge (favoravelmente para a empresa), fica com uma perda brutal nos futuros que mesmo que seja compensada pela actividade no futuro, será uma perda e necessidade financeira presente que pode inclusive falir a companhia;

3) Se os futuros se moverem contra o hedge, fixou um preço que não será competitivo com os produtores que não tenham feito hedging, pelo que poderá falir de segunda forma (por falta de competitividade).

E por aí em diante.

O facto de existirem custos e riscos, e de nem todos os que usam hedges se darem bem, deve ser o suficiente para abater a teoria inicial de que quem não usa hedges está a dar sinais de desconhecimento e burrice.

Claro, o fenómeno do totobola à segunda-feira é muito forte. Dá a ideia que a nós, nunca nos aconteceria qualquer coisa. Caramba, "nós" teríamos um hedge no petróleo, mas não teríamos vendido o ouro no futuro ... eheh.
Cordiais cumprimentos,

V.

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por V. » 29/5/2008 15:23

Para finalizar, deixo-te a respota de um amigo nosso em outro forum, que me parece bastante simples e facil de entender... Já que as minhas por vezes podem parecer complicadas para quem nao estiver acompahar no raciocinio (problema meu de comunicaçao).

Um amigo Escreveu:Sim, os hedges não protegem para sempre, e existe ainda mais um problema.

(...)
E se forem em futuros, têm outro, a necessidade de margens que se podem rapidamente tornar substanciais se o mercado for contra o hedge, e se o hedge for durante um período muito alargado (ou seja, tentando imunizar muita produção).

Inclusive existem casos de produtores "hedged" que são obrigados a capitular.

Por fim, um produtor hedged com futuros pode, se a matéria prima evoluir de forma favorável, ficar em desvantagem para os produtores não hedged, numa indústria de margens baixas ou onde os combustíveis sejam um custo pesado, essa desvantagem também pode ser suficiente para o falir. Isto ocorre porque o produtor hedged com futuros fixa um preço. Por exemplo, se ele fixar um preço aqui nos $130 e o petróleo for para $65, ele ficará com custos em petróleo do dobro dos concorrentes não hedged.

Isto não é assim tão simples quanto parece.


Mais...


Um amigo Escreveu:(...) Se te protegeres para 1 ano, ao fim de um ano vais ter o mercado como os outros, se te protegeres para 2 anos, ao fim de 2 anos vais ter o mercado como os outros, e por aí em diante.

Não existe forma de te protegeres para sempre, e mesmo que existisse não a poderias tomar devido às margens exigidas, e nem podes contar só com as margens exigidas, mas sim e também com as que te exigiriam se o hedge fosse contra ti (se os preços se movessem de forma favorável).

Acrescem ainda os outros problemas que referi.

A coisa não é simples, só PARECE simples com o que se chama "Hindsight", parece simples porque agora olhamos para trás, vemos que o preço subiu, e dizemos "então os burros não fizeram um hedge?".


Mais...

Um amigo Escreveu:Resumindo, o hedging ajuda a mitigar movimentos desfavoráveis no valor das matérias primas ou produtos.

Mas não os elimina para todo o sempre, e tem riscos e custos.

Pelo que não é, em todos os momentos, uma escolha óbvia.

Logo, não espanta que uns o usem e outros não. E que quem o usou na altura certa seja visto como inteligente (companhias aéreas, transportadoras, etc), ao passo que quem o usou na altura errada, seja visto como burro (minas de ouro, petrolíferas, etc).



Ulisses, se quiseres ver as respostas mais completas, sabes onde encontrar. :-)
Cordiais cumprimentos,

V.

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por Ulisses Pereira » 29/5/2008 15:18

Nuno, o conceito de "hedging" é isso mesmo. É que os teus lucros sejam completamente independentes do valor da mercadoria/bem/moeda que seja crucial para o teu negócio. Claro que podes ganhar ou perder face à concorrência, mas o fundamental é que te garanta a estabilidade do negócio, evitando o risco de falência que ocorreu, por exemplo, em inúmeras exportadoras e ameaça a maior parte das companhias de aviação.

Um abraço,
Ulisses
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por Ulisses Pereira » 29/5/2008 15:15

Explicadíssimo. Como sempre.
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por nunofaustino » 29/5/2008 15:15

sim e não :).

Se se tratam de negócios em que o produto/serviço não foi ainda vendido, então fazer o hedging era apostar que os preços iriam aumentar, pois estariam a trancar o seu preço enquanto que os dos concorrentes não iria estar trancado.

Fazer um hedging apenas e só para trancar o preço de uma matéria prima pode ser ou não ser um erro.

Imagina que produzias farinha e que o teu principal custo era o trigo.

Se tivesses feito hedge à 1 mês tinhas pago o trigo muitíssimo mais caro do que o preço actual e terias de perder muito dinheiro qdo vendesses a farinha.

Por isso, o hedge não é automaticamente uma boa ideia. Depende das condições de cada empresa e da evolução do mercado (do material que fizeste o hedge e dos teus concorrentes).

Um abr
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por V. » 29/5/2008 15:10

Ulisses Pereira Escreveu:Viana, começa a ser hilariante, por isso não resisto a colocar-te uma questão com números concretos.

Compras um contrato a 10 euros. No mês seguinte está a 11. Fechas a tua posição desse mês a 11 e abres uma posição para o mês seguinte a 11,02. Estás exposto a 11, 02 para o mês seguinte? É óbvio que não. Estás exposto a 10 euros, tendo pelo caminho pagado 0,02 euros para continuares a posição.

É este raciocínio básico (pelo menos para quem negoceia activamente no mercado de futuros há 15 anos como eu) que tu não queres entender.


Ulisses,

Hilariante esta a ser a tua atitude... O de dizeres que eu estou a ser hilariante... Mas deixemos isso. :-) O que interessa é boa disposiçao.

Quanto ao tempo que negocias mercado de futuros, nao signfica nada para o caso... Se calhar precisas de mais 15 para entender ete caso... Pois, na verdade, nada tem a ver com trading de futuros... Mas sim com gestao de empresas.

Mas vamos ao que interessa....

CASO 1- É o que expoes... Em dois cenarios:

A. Com Roll Over, em que o ganho financeiro nao é considerado no periodo mas sim apenas quando efectivamente fechas o contrato (ou sejas, deixas de o negociar), entao ai reconheces os ganhos financeiros que tivestes em todos os periodos. Neste caso, é como se tivesses comprado o contrato a 10 e vendido a 21. (apesar de o venderes no final do mes a 1 USD mais caro, tambem estas compra o seguinte 1 USD mais caro)

B. Sem Roll Over, em que o ganho financeiro é reconhecido em todos os peridos. Neste caso é como se tivesse compra a 10 e a vender a 11; a compra a 11 e a vender a 12,... Até compras a 20 e venderes a 21. Depois somas o encaixa de todos os periodos.

Neste caso, com ou sem roll over, o valor do ganho financeiro é sempre igual 11USD (1USD por periodo).

Deduzindo isto ao custo da materia consumida que foi 186USD, fica-te entao por 175USD a materia consumida.

Como podes ver, nao cobriste totamente a produçao, caso contrario o valor da materia consumida depois de ganhos financeiros teria de ser 120USD.


CASO 2

É apenas um exemplo sem subida de preços para poderes comparar com o anterior e com o seguinte

CASO 3

É um cenario em que cobre totalmente a produçao do ano inteiro. Ou seja, no ano N+1 tens 11 contratos, no ano N+2 tens 10 contratos e por ai fora... Ou seja, vais venendo os contatos a medida que os consumes.

NEste caso o hedging é coberto totalmente para o ano inteiro.. Ao contrario do cenario 1.

No entanto, isto pode ser inviavel para cenarios maiores, devido ao que expliquei em cima, pois repara, que no ano N+1 estas a cobrir 11 contratos...

Para alem disso, no fim deste ano, 12 meses, tornas a estar exposto a subida do preço do activo subjacente...

Posto isto, penso que esta tudo mais que explicado.
Anexos
CASO 1.JPG
CASO 1.JPG (32.32 KiB) Visualizado 2073 vezes
caso2.JPG
caso2.JPG (30.23 KiB) Visualizado 2077 vezes
caso3.JPG
caso3.JPG (34.88 KiB) Visualizado 2068 vezes
Cordiais cumprimentos,

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por Fogueiro » 29/5/2008 15:09

nunofaustino Escreveu:Mas ao não teres assegurado a venda tu estás a "trancar" o preço de compra, sem teres garantido a venda. A longo prazo, isto pode significar que ficas com a produção mais cara ou mais barata.


Exactamente: é isso que há que perceber quando se pensa em coberturas.
...
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por Dwer » 29/5/2008 15:04

nunofaustino Escreveu:mas dwer... ao fazeres esse hedge, estás a fazer algo que te pode colocar em desvantagem perante os teus principais concorrentes.

No caso que referi (TAP e Ibéria) o hedge fazia com que a TAP perdesse bastante dinheiro (não só porque o crude teria sido comprado mais caro, mas também porque teria menos clientes).

Eu acho que este hedge deve ser feito se tiveres assegurado a venda (por exemplo, o caso do transporte para a Polónia durante 1 ano). Mas ao não teres assegurado a venda tu estás a "trancar" o preço de compra, sem teres garantido a venda. A longo prazo, isto pode significar que ficas com a produção mais cara ou mais barata.

Vou-te dar outro exemplo (são todos semelhantes).

Imagina que eu tenho uma padaria e tu tens outra ao meu lado.

Ambos vendemos exactamente a mesma coisa e ao mesmo preço. Ambos precisamos de 1000Kg de farinha por ano e que a farinha representa 50% do preço final do pão (estes valores são inventados e utilizados para facilitar o cálculo).

Tu compravas farinha para 2 anos a 2€/Kg e isso permitia-te estabelecer o preço do custo do pão a 4€/Kg.

Eu estava quieto e ia comprando 1Kg de cada vez.

Daí a 6 meses a farinha estava a 3€/Kg.

Eu estava à rasca, pois o preço de custo tinha disparado para os 5€/Kg (3 da farinha e 2€ do resto). O teu mantinha-se nos 4€/Kg e vendias muito mais pão do que eu.

6 meses depois a farinha caiu para 1€/Kg. Nesse caso, eu estava em vantagem, pois o meu preço de custo era 3€ enquanto o teu era de 4€. Neste caso, quem vendia mais era eu que não tinha feito o hedge.

Ou seja, tu estavas imune à variação do preço da farinha, mas não estavas imune ao ganho ou perda de competitividade dos teus concorrentes que não fizeram o hedge... se o preço aumentasse, o hegde tinha sido uma boa opção, se o preço baixasse, o hedge tinha sido má opção.

Repara que, se tu tivesses assinado um acordo com um supermercado que te comprava 50% da produção de pão a 5€/Kg, então fazia todo o sentido comprares a farinha e garantires o lucro de 1€/Kg.

São duas situações completamente diferentes. Nas duas estás protegido contra as variações do preço da farinha, mas numa já garantiste a venda a um preço estabelecido (não há concorrência) enquanto que na outra posição vais competir com outras empresas que não fizeram o hedging...

Um abr
Nuno


ok Nuno, podemos discutir isso; mas concordas que essa questão é completamente diferente do que se estava discutir, certo?
Abraço,
Dwer

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por nunofaustino » 29/5/2008 14:51

mas dwer... ao fazeres esse hedge, estás a fazer algo que te pode colocar em desvantagem perante os teus principais concorrentes.

No caso que referi (TAP e Ibéria) o hedge fazia com que a TAP perdesse bastante dinheiro (não só porque o crude teria sido comprado mais caro, mas também porque teria menos clientes).

Eu acho que este hedge deve ser feito se tiveres assegurado a venda (por exemplo, o caso do transporte para a Polónia durante 1 ano). Mas ao não teres assegurado a venda tu estás a "trancar" o preço de compra, sem teres garantido a venda. A longo prazo, isto pode significar que ficas com a produção mais cara ou mais barata.

Vou-te dar outro exemplo (são todos semelhantes).

Imagina que eu tenho uma padaria e tu tens outra ao meu lado.

Ambos vendemos exactamente a mesma coisa e ao mesmo preço. Ambos precisamos de 1000Kg de farinha por ano e que a farinha representa 50% do preço final do pão (estes valores são inventados e utilizados para facilitar o cálculo).

Tu compravas farinha para 2 anos a 2€/Kg e isso permitia-te estabelecer o preço do custo do pão a 4€/Kg.

Eu estava quieto e ia comprando 1Kg de cada vez.

Daí a 6 meses a farinha estava a 3€/Kg.

Eu estava à rasca, pois o preço de custo tinha disparado para os 5€/Kg (3 da farinha e 2€ do resto). O teu mantinha-se nos 4€/Kg e vendias muito mais pão do que eu.

6 meses depois a farinha caiu para 1€/Kg. Nesse caso, eu estava em vantagem, pois o meu preço de custo era 3€ enquanto o teu era de 4€. Neste caso, quem vendia mais era eu que não tinha feito o hedge.

Ou seja, tu estavas imune à variação do preço da farinha, mas não estavas imune ao ganho ou perda de competitividade dos teus concorrentes que não fizeram o hedge... se o preço aumentasse, o hegde tinha sido uma boa opção, se o preço baixasse, o hedge tinha sido má opção.

Repara que, se tu tivesses assinado um acordo com um supermercado que te comprava 50% da produção de pão a 5€/Kg, então fazia todo o sentido comprares a farinha e garantires o lucro de 1€/Kg.

São duas situações completamente diferentes. Nas duas estás protegido contra as variações do preço da farinha, mas numa já garantiste a venda a um preço estabelecido (não há concorrência) enquanto que na outra posição vais competir com outras empresas que não fizeram o hedging...

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por Dwer » 29/5/2008 14:38

nunofaustino Escreveu:Mas percebes que fazer o hedge, como está a ser sugerido, é estar a apostar na continuação da subida do petróleo e não estar protegido contra as alterações de preço futuras...
Que faz sentido qdo olhamos para os últimos anos, mas que não fazia sentido se olharmos para o fim da década passada...
E que o mesmo se passa para quem faz negócios com os USA e trabalha com USD...
Um abr
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Não é uma aposta Nuno. É um hedge. Uma aposta é unidireccional. Uma frota de carros tem inerentemente uma posição curta em combustível. Quanto mais subir mais paga. Sem querer já está a fazer uma aposta: que os combustíveis desçam.
Deixa precisamente de ser aposta quando faz o hedge.
Quanto ao USD é a precisamente a mesma coisa. Como a gasolina é comprada em USD a aposta já está inerentemente e involuntariamente feita. Que o USD desça contra o Euro. Para neutralizar esta aposta haveria que fazer o hedge comprando dólares. Comprando o valor equivalente a um futuro de gasolina - 73248 USD. Ou vendendo 47000 euros - 10 € de comissão mais 500 € de margem. Big deal.
Abraço,
Dwer

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por Ulisses Pereira » 29/5/2008 14:37

Claro que te dou razão. Dou-te toda a razão. Se não ter der a razão não presto atenção ao fórum aos meus clientes, não faço amis nada o dia todo e no final ainda me vais ameaçar com um processo judicial qualquer contra o Caldeirão como já o fizeste várias vezes. Por isso, eu não contribuirei mais para isso.
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