2008 - ano de mudança no "eixo do poder"
6 mensagens
|Página 1 de 1
Final do 1º trimestre de 2008, período que levou algum tempo a passar, quando se diz que o tempo passa tão rápido, sobretudo porque foi um tempo de incerteza e até quase pânico nos mercados financeiros. Vários foram os sustos transversais aos diversos mercados.
Do que se disse há exactamente 3 meses atrás, não há nada a acrescentar e pouco a mudar.
Perante um cenário de risco tão elevado, a tentativa de se contrariar a desalavancagem causada pela crise do mercado de crédito, levou os Bancos Centrais a intervir, tornando o dinheiro mais abundante e barato.
Como disse no início do ano, só assim poderia continuar o "bull market" de diversos activos, como sucedeu. Alguns recordes foram batidos, com destaque para algumas "commodities", incluindo Ouro e petróleo, enquanto o USD batia recordes de depreciação, sendo absolutos face ao EUR, CHF, entre outras.
E a deslocação do poder económico / financeiro para o eixo Médio - Extremo Oriente ?
Continua o seu caminho, à medida que o Ocidente fica com menos "munições" para resolver os seus próprios problemas.
O eterno paradigma de vender bens e serviços a um país que só vende títulos de dívida pública (balança de pagamentos a compensar o défice da balança comercial) começa a sofrer alterações.
Investidores com sede em Singapura já disseram que vão reduzir as compras de papéis norte-americanos, títulos de dívida do Tesouro, por estes terem rendibilidades muito baixas.
Os EUA (e a Europa) têm de pensar em reformas concretas sob pena de perderem ainda mais depressa o seu estatuto actual no mundo económico.
Mas, para já, uma década de crises variadas e de diferentes características, provoca uma situação que deve perdurar: as mãos fortes estão mais a Oriente.
Abraço
djovarius
Do que se disse há exactamente 3 meses atrás, não há nada a acrescentar e pouco a mudar.
Perante um cenário de risco tão elevado, a tentativa de se contrariar a desalavancagem causada pela crise do mercado de crédito, levou os Bancos Centrais a intervir, tornando o dinheiro mais abundante e barato.
Como disse no início do ano, só assim poderia continuar o "bull market" de diversos activos, como sucedeu. Alguns recordes foram batidos, com destaque para algumas "commodities", incluindo Ouro e petróleo, enquanto o USD batia recordes de depreciação, sendo absolutos face ao EUR, CHF, entre outras.
E a deslocação do poder económico / financeiro para o eixo Médio - Extremo Oriente ?
Continua o seu caminho, à medida que o Ocidente fica com menos "munições" para resolver os seus próprios problemas.
O eterno paradigma de vender bens e serviços a um país que só vende títulos de dívida pública (balança de pagamentos a compensar o défice da balança comercial) começa a sofrer alterações.
Investidores com sede em Singapura já disseram que vão reduzir as compras de papéis norte-americanos, títulos de dívida do Tesouro, por estes terem rendibilidades muito baixas.
Os EUA (e a Europa) têm de pensar em reformas concretas sob pena de perderem ainda mais depressa o seu estatuto actual no mundo económico.
Mas, para já, uma década de crises variadas e de diferentes características, provoca uma situação que deve perdurar: as mãos fortes estão mais a Oriente.
Abraço
djovarius
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
Obrigado Ulisses, Obrigado amigos
É só para dizer que já editei o artigo e já pus os gráficos, mas ainda faltam uns acertos.
Peço-lhes para só o lerem à noite ou no fim de semana.
Espero que depois possamos discutir melhor estes assuntos.
Abraço
djovarius
É só para dizer que já editei o artigo e já pus os gráficos, mas ainda faltam uns acertos.
Peço-lhes para só o lerem à noite ou no fim de semana.
Espero que depois possamos discutir melhor estes assuntos.
Abraço
djovarius
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
Logo a noite vou ler o artigo com bastante atenção
Um abraço a todos e BN

Um abraço a todos e BN

"A grandeza de um homem não está em nunca cair, mas sim em levantar-se sempre após todas as quedas." --- Confucius
"Pague a bondade com bondade, mas o mal com a justiça" --- Confucius
"Experiência e humildade são excelentes veículos para percorrer a via em direcção ao sucesso" --- Thunder o filósofo de meia-tigela
"Pague a bondade com bondade, mas o mal com a justiça" --- Confucius
"Experiência e humildade são excelentes veículos para percorrer a via em direcção ao sucesso" --- Thunder o filósofo de meia-tigela
2008 - ano de mudança no "eixo do poder"
Desta vez, com as alterações havidas no Caldeirão, já não há colunas especiais como o "Olho Clínico", onde habitualmente lançávamos (quando possível), entre outros assuntos, uma perspectiva global dos mercados para o Ano Novo.
Nesse caso, faremos este lançamento para 2008 num tópico absolutamente normal aberto a todas as discussões e que pode ser actualizado ao longo do ano.
Comecemos por recordar algumas das perspectivas do ano que findou (felizmente arquivei o texto base) para ver o que deu certo e errado. Recuemos então um ano:
"No essencial, não há razões para antever uma viragem das tendências de longo prazo que têm norteado os mercados nos últimos 4 anos. Não existem dados novos suficientes para alterar nenhum pressuposto, seja, nada que nos diga que os próximos anos serão diferentes dos anteriores. Mas aqui, queremos só falar de 2007 e por isso é que há mais cautelas e algumas nuvens no horizonte. Este deverá ser um ano com alguma volatilidade nos mercados, pelo menos em comparação com os anos mais recentes e já veremos o porquê desta convicção. Ainda assim, não se conclua que espero um ano negativo como costumam ser alguns dos anos de volatilidade acrescida. Um aumento dos movimentos de "up and down" podem trazer maior incerteza ao investidor, mas o resultado final poderá ser positivo para os "bulls" a exemplo do passado recente.
O problema passa sobretudo pelas dúvidas sobre uma "mix" de parâmetros ligados entre si: crescimento, juros, inflação, liquidez, entre outros. Entramos no novo ano num clima de maior incerteza – é o problema do copo meio cheio ou meio vazio – daí, o clima de maior grau de falibilidade de qualquer tipo de previsão. Pessoalmente, volto apenas a apontar os cenários mais prováveis e o seu reverso, sem nunca assumir apaixonadamente uma posição "bull" ou "bear" seja em que mercado for.
A questão prende-se sobretudo com duas grandes variáveis. Haverá crescimento económico em grau suficiente para que as taxas de juro continuem a subir ou, pelo contrário, o arrefecimento do crescimento global levará a que os Bancos Centrais parem e até invertam essa tendência? É que disso tudo depende a liquidez e a continuação do "carry trade" - os investidores à procura de maiores rendibilidades onde quer que elas se encontrem como tem acontecido até aqui.
Precisamente neste novo ano, devido ao tal "copo meio cheio ou vazio", teremos uma abordagem mais cautelosa à medida que os dados económicos forem evoluindo ao longo dos 12 meses. Isto levará certamente a mudanças de atitude, com apostas em permanente mutação originando um acréscimo de volatilidade aos mercados, cenário mais perigoso para quem investe numa óptica de curto / médio prazo, já que a tendência "certinha" pode bem se transformar rapidamente. De igual modo, um "trade" absolutamente errado no curto prazo pode ser um "trade" espectacular no médio / longo prazo. Por natureza, isto ocorre com frequência, mas com maior volatilidade, deverá ocorrer em inúmeras ocasiões".
De facto, assistimos a um aumento da volatilidade, que não impediu no fim do ano negócios positivos para os "bulls" do mercado Accionista ou das Obrigações do Tesouro. Da mesma forma, continuou o "bear" do USD casado com o "bull" das mercadorias de base, as nossas "commodities". Nesse aspecto, até os mercados emergentes brilharam.
Portanto, volatilidade acrescida, mas manutenção das diferenças.
Houve, porém, um factor que não conseguimos antecipar. A crise da bolha do crédito, exacerbada pelos mercados hipotecários de alto risco dos EUA (e não só) com consequências nefastas que levaram a esforços concertados dos Bancos Centrais.
Sinceramente, esperávamos uma crise semelhante a esta nos mercados de crédito, mas somente mais tarde, já para 2008 / 9 pela simples razão de que os juros historicamente baixos conseguiriam impedir a "explosão". Pelos vistos, foi um erro de cálculo. A situação era grave e explodiu fortemente no segundo semestre de 2007.
Daí que, para a análise 2008, vale a pena começar por esse assunto, uma vez que ele deverá influenciar a esfera financeira global ainda durante bastante tempo. Escusado será dizer que a volatilidade de muitos mercados está para durar. O mercado ainda não "sabe" até que ponto as instituições financeiras serão afectadas pelo assumir dos prejuízos decorrentes da marcação a mercado dos papéis "garantidos" por outros papéis que já não mantêm o seu valor de face devido ao "default" de muitos beneficiários dos créditos hipotecários.
A pouca aversão ao risco "casou-se" com a mais complexa engenharia financeira jamais vista. O "filho" daí resultante foi uma aberração, onde o crédito parecia não ter fim, contrariando as mais elementares leis de uma Economia saudável. Ainda estamos para ver, já no primeiro trimestre de 2008, se este clima fica contido às hipotecas de alto risco, ou se se espalha pelo restante mercado imobiliário, onde a crise nos EUA, Ilhas Britânicas ou Espanha pode ser um barril de pólvora, para não falar de outras formas de crédito, como os cartões de crédito e os empréstimos para veículos, neste caso, sobretudo nos EUA.
Se a crise ficar por aquilo que já todos sabemos, é de prever que a Economia mundial arrefecerá mas escapa a uma recessão global. No caso dos EUA poderemos ter um crescimento anémico que deverá afectar a Europa mais intensamente do que a Ásia (não Japão). No caso Chinês, um arrefecimento seria quase uma bênção (esvaziar das bolhas), embora para os Japoneses uma desilusão e o regresso à estagnação. Para os preços das mercadorias de base poderemos ter um certo arrefecimento, embora nada de uniformidade entre as diversas “commodities”.
Sabendo que o FED e os principais Bancos Centrais vão assumir esforços coordenados para evitar um aprofundamento da crise, é de prever que continue a política de "apagar o fogo com fogo", tornando ainda mais abundante a já forte liquidez.
A diferença hoje, porém, é a questão da confiança. Para tornar possível uma expansão com base no crédito, é necessário que alguém peça esse crédito. E como gato escaldado de água fria tem medo, os parâmetros de concessão de crédito não serão mais "fáceis" como no passado recente. Só esse factor, por si só, afectará o consumo de bens duradouros e o mercado imobiliário. O aumento dos preços das "utilities" fará o resto. Daí que é possível prever que, a exemplo do final de 2007, teremos um início de 2008 muito fraco. É a continuação de muitas incertezas – as palavras que o mercado simplesmente detesta.
Mas, mais importantes são algumas consequências estruturais de uma crise que abala as instituições.
Durante muito tempo andámos a brincar com o fogo. Alimentámos um grande desequilíbrio global. Os blocos económicos a Ocidente não conseguiram crescer sem as poupanças a Oriente. É a história da cigarra e da formiga. Uns, com os seus défices, alimentaram os superavits dos outros. Uma história que se repete ciclicamente embora com diferentes actores. De momento, os actores que mais interessam são os do Médio e extremo Oriente. A acumulação de riqueza nas ditas regiões é inegável quer por parte dos Estados quer dos privados, embora sejam os Estados os motores da acumulação de riqueza, preparando-se agora para dela fazerem bom uso.
Este será o novo paradigma que vai influenciar os mercados e as relações internacionais – a mudança do eixo focal do Poder.
Se é verdade que muitos autores já preconizavam o inevitável, uma partilha do Poder com o Oriente (regresso ao passado afinal de contas), agora assistiremos à materialização substancial desse mesmo Poder, através da força financeira, subproduto do bom desempenho Económico.
Não é razão para alarme, é somente o regresso à era pré-Descobrimento, quando a China e a Índia juntas representavam um boa parte da riqueza mundial. São os ciclos da História. Quem sabe se não é este um desses grandes momentos da civilização!
O interessante disto tudo começa a ser a forma como tudo se processa, através dos chamados “Fundos Soberanos de riqueza”, que na realidade são Fundos de Investimento detidos pelo Estado com o intuito de investir no respectivo país e sobretudo no exterior. E se os chamados “Estados do petróleo” há muito que utilizam este expediente para rentabilizar as suas fortunas, agora assistimos a uma explosão generalizada destes Fundos (até o Brasil vai criar um Fundo desta natureza, quando há apenas 6 anos chorava pelo FMI) um pouco por todas as regiões do Planeta. Também isto resulta dos excessos de liquidez do passado recente e das “bolhas” entretanto criadas. O Mundo vendeu bens e serviços (sobretudo para os EUA) em troca de papéis (balança comercial negativa, mas balança de pagamentos positiva) cujo valor é a promessa do Governo de que serão reembolsados – uma questão de confiança que protege os mercados.
Mas agora o jogo muda. E não será pouco. Os mesmos intervenientes perderam a confiança. E estão dispostos a utilizar o excesso de dólares em várias vertentes. Por um lado, há a necessidade de evitar um aumento brutal das suas massas monetárias, pelo que convém evitar a conversão das reservas em moeda estrangeira na moeda nacional. Isso ajuda a fugir do fenómeno da inflação monetária. Por outro lado, a compra de activos financeiros deixou de ser a única boa solução porque também já detêm papéis em demasia. E se é verdade que vender o excesso de dólares é positivo numa óptica de diversificação dos activos, também é verdade que as alternativas não eram as melhores já que ficariam com o mesmo tipo de activos apenas em divisas alternativas, ainda que oferecendo maiores rendibilidades. A outra estratégia, correcta, foi a da diversificação do excesso de dólares, utilizando-os para a aquisição de “commodities”. É verdade que estas compras ampliaram um “bull market” que por natureza já tinha pés para andar num quadro de forte crescimento global e USD em queda. Mas estes compradores não se importam minimamente com isso pois estão a adquirir activos que estão em forte valorização, que são escassos e em muitos casos extremamente necessários para manter inclusive a estabilidade social (veja-se a forte aquisição de trigo por parte de certos Estados do médio Oriente para que não falte nada).
Só que ainda sobra muita liquidez a Oriente. E é aqui que começa aquilo a que chamo “a mudança do eixo do Poder”. Há que aproveitar e diversificar ainda mais, tomando posições em sectores estratégicos a Ocidente, os quais encontram-se fragilizados por sua própria culpa (quem criou “bolhas”, quem foi?) e com necessidade de se refazerem sob pena de causarem tumultos na Economia. Primeiro serão activos no sector financeiro, como a Banca de Investimentos, a própria Banca Comercial e o sector dos Seguros (este movimento está em marcha) seguindo-se tudo o que poder ser comprado, prevendo-se uma preferência pelos sectores ligados aos bens mais escassos. A minha aposta é claramente nas Energias, água e agro-indústria.
O ano de 2008 deverá marcar este movimento (há quem diga que a América está já há venda) que se deverá espalhar pela Europa e outras regiões nos próximos anos. Quer queiramos, quer não, é um movimento que reequilibra a Economia global num primeiro momento, algo essencial para a estabilidade das Economias e dos mercados, mas que acabará por influenciar grandemente o espaço geopolítico. O mundo passará a ser bem mais complexo do que na guerra fria, não fará mais sentido em se falar em domínio do Ocidente e a própria linha norte-sul será feita de várias descontinuidades. Também parece certo que no campo da influência cultural o Ocidente não será posto em causa, embora na esfera Económica e geopolítica, que é o que aqui nos interessa, haverá mesmo uma enorme transferência de Poder. Chamaremos uma “partilha” de interesses.
Posto isto, podemos esperar para 2008 a continuação de incertezas e volatilidade nos mercados. Os primeiros meses poderão revelar ainda problemas no sector financeiro que dissemos, mas com tendência para a resolução gradual dos problemas, facto a que não serão alheios os investimentos de que falamos acima. Os mercados deverão ainda ser influenciados pela discussão: há ou não recessão? Por via disso, os Bancos Centrais não vão retirar liquidez à Economia, antes pelo contrário deverão manter os juros estáveis ou em queda, sobretudo nos primeiros meses de 2008. Mas se ocorrer uma recessão nos EUA, ainda que suave, o 1º semestre das Bolsas poderá ser feio para os Touros. Só uma fuga à recessão (só se saberá lá mais para o Verão) pode manter um poderoso “bull” em andamento. Este será um ano em que, com estas incertezas, será mais difícil manter o “carry trade” ao mesmo nível. Nem todos os mercados emergentes terão o mesmo comportamento. Os investidores serão mais selectivos e cautelosos. A renda fixa (títulos do Estado) pode ser novamente refúgio para os investidores como sempre ocorreu na história dos mercados. O mercado global não será posto em causa porque continua a existir liquidez para os activos mais apetecíveis em cada momento. Tenho, ainda assim algum pessimismo. Algumas empresas nos principais blocos económicos poderão ficar em maus lençóis. Outras estão mesmo à beira de entrar na bancarrota. Temo pelo primeiro trimestre e as más notícias que daí advirão.
Felizmente, só a perspectiva de novas oportunidades de negócio devido aos “novos compradores” deverá melhorar e muito o clima dos negócios impedindo que sequer vinguem as tentativas proteccionistas e oportunistas que irão surgir à esquerda e à direita, consequência de actos eleitorais de grande importância que estão aí ao virar da esquina.
Ao longo do ano poderemos voltar a este tópico para discutir tendências e alterações que se verifiquem entretanto. Tudo pode correr melhor ou pior e há que ajustar de acordo com isso. Afinal, como já disse um dia: “não acreditem no que dizem os que têm o dinheiro, acreditem sim no movimento desse dinheiro”.
Agora vamos ver alguns activos acompanhados dos respectivos gráficos:
Este ano escolhemos o DAX em vez do SP 500 pois representa melhor o perfil do investidor que acompanha o Caldeirão. Além de ser um activo denominado em EUR com um comportamento que espelha o Nasdaq em vez do SPX, acaba por não ser uma aberração se compararmos com esse último. Não é um emergente, mas também não é seguramente um submergente (como o Nikkei neste momento, embora num “bear” todos sejam maus).
Repare como desde Agosto último os padrões de comportamento do DAX se alteraram. Já não é um mercado que sobe com ligeiras correcções. É um mercado que está claramente “bull” mas em perigo. Se não passar rapidamente a barreira dos 8000 a 8100 pontos, o índice pode resvalar para terrenos perigosos. E o perigo a sério pode começar abaixo de 7450 pontos. Isto vale por dizer que o mercado accionista está muito dependente da tal questão: “há ou não recessão? Queremos liquidez, já”. Um ambiente muito semelhante ao de há dez anos atrás na ressaca das crises Asiática/Russa.
E se as acções são um investimento de maior risco num clima de incerteza, certamente que os Títulos do Tesouro são o refúgio, certo? Sim e não. Claramente já vimos casos em que ambos os papéis andaram em uníssono e também em dissonância. Vejamos o gráfico do famoso título norte-americano, Obrigação a 10 anos, provavelmente o papel mais transaccionado na renda fixa. O “bull” de 2000 a 2003 simbolizou uma época de expectativa de recessão, concretização da mesma, seguido de fraco crescimento, juros em baixa, inflação mais contida. Hoje parece que está aí um novo “bull”, a avaliar pelo duplo fundo de 2006 e 2007 a que se seguiu uma elevação dos títulos. Será que temos nova expectativa de recessão ou isto é só uma aberração fruto da “fuga” dos investidores de títulos de alto risco para a “segurança” dos papéis do Estado? É o que veremos. Mas será sempre um investimento a ter em conta para 2008 se as notícias menos boas irem surgindo nos ecrãs.
E as mercadorias e matérias-primas de base? Depois de boa subida, vão manter as atenções dos especuladores? Aqui temos (literalmente) de separar o trigo do joio. Em qualquer circunstância, as épocas de expansão da Economia são as épocas de maior expansão monetária, o que se reflecte claramente na subida de preços destes artigos. Com a entrada de milhões de novos consumidores das mesmas no mercado global, só era de esperar uma maior pressão altista de preços. Depois, ainda há a questão da escassez, que se coloca ciclicamente, como é o caso do trigo cujo preço está em elevação ou o açúcar que não sobe tanto porque é mais abundante. Temos metais como a Platina que já foram batendo recordes ou como o Cobre que é um “proxy” da actividade económica. Em suma, actividade económica em alta e juros reais negativos ou neutros são épocas boas para estes investimentos.
Isso está até bem à vista num gráfico muito curioso que apresentamos, em que se sobrepõe o Ouro e o crude leve, as “comms” mais mediáticas e que são muito negociadas, sendo bons exemplos do comportamento dos activos “duros”. Repare-se que após o início de 2003, passados já os choques das notícias do 9/11, Afeganistão e Iraque, estes activos começaram subidas consistentes, nem sempre iguais, mas que correspondem bom a duas realidades que nunca se podem ignorar: ampla liquidez e queda do USD associadas à já referida liquidez abundante e economias em expansão. Para 2008, só o fim da incerteza actual pode sustentar um quadro de continuação das subidas. Estamos em crer que a chave do jogo continua a ser, neste caso, a reacção dos Bancos Centrais. Basta que estes apoiem fortemente a expansão, ignorem o aumento dos preços para que estes activos continuem em alta. E se o dólar cair mais, então mais óbvia será essa alta.
E para o fim, fica o nosso EUR/USD com a ajuda de um gráfico do ano anterior até ontem onde é clara a expansão da apreciação da moeda única com normais correcções pelo meio como não pode deixar de ser. O mais curioso é que os períodos de expansão do USD implicavam quedas de muitos outros activos, algo que já não é novo, ocorrendo isso sobretudo desde o final de 2002. O que poderemos esperar para 2008? Se os mercados acalmarem e for possível manter uma expansão económica, a história pode repetir-se. Mas o mais provável é que ocorram algumas diferenças, até porque temos que começar a pensar no fim do “bear market” do USD. Se porventura a moeda norte-americana se depreciar tanto como no ano transacto, nomeadamente face às divisas europeias (excepto RU) é muito provável que se ouça falar em intervenções concertadas dos Bancos Centrais. Tal, a ocorrer, poderia significar o fim desta tendência de longo prazo já para o fim de 2008, início de 2009, marcando assim uma inversão ao fim de sete anos de tendência. Há esta possibilidade. O nosso plano B (e que terei em conta) passa pela possibilidade de crise global em agravamento, o que levaria a um ano de recuperação do USD (ou apenas ligeira queda), adiando assim o que foi dito atrás. O USD voltaria a cair em 2009 e 2010 terminando só o seu caminho de queda já no fim da década.
djovarius
Nesse caso, faremos este lançamento para 2008 num tópico absolutamente normal aberto a todas as discussões e que pode ser actualizado ao longo do ano.
Comecemos por recordar algumas das perspectivas do ano que findou (felizmente arquivei o texto base) para ver o que deu certo e errado. Recuemos então um ano:
"No essencial, não há razões para antever uma viragem das tendências de longo prazo que têm norteado os mercados nos últimos 4 anos. Não existem dados novos suficientes para alterar nenhum pressuposto, seja, nada que nos diga que os próximos anos serão diferentes dos anteriores. Mas aqui, queremos só falar de 2007 e por isso é que há mais cautelas e algumas nuvens no horizonte. Este deverá ser um ano com alguma volatilidade nos mercados, pelo menos em comparação com os anos mais recentes e já veremos o porquê desta convicção. Ainda assim, não se conclua que espero um ano negativo como costumam ser alguns dos anos de volatilidade acrescida. Um aumento dos movimentos de "up and down" podem trazer maior incerteza ao investidor, mas o resultado final poderá ser positivo para os "bulls" a exemplo do passado recente.
O problema passa sobretudo pelas dúvidas sobre uma "mix" de parâmetros ligados entre si: crescimento, juros, inflação, liquidez, entre outros. Entramos no novo ano num clima de maior incerteza – é o problema do copo meio cheio ou meio vazio – daí, o clima de maior grau de falibilidade de qualquer tipo de previsão. Pessoalmente, volto apenas a apontar os cenários mais prováveis e o seu reverso, sem nunca assumir apaixonadamente uma posição "bull" ou "bear" seja em que mercado for.
A questão prende-se sobretudo com duas grandes variáveis. Haverá crescimento económico em grau suficiente para que as taxas de juro continuem a subir ou, pelo contrário, o arrefecimento do crescimento global levará a que os Bancos Centrais parem e até invertam essa tendência? É que disso tudo depende a liquidez e a continuação do "carry trade" - os investidores à procura de maiores rendibilidades onde quer que elas se encontrem como tem acontecido até aqui.
Precisamente neste novo ano, devido ao tal "copo meio cheio ou vazio", teremos uma abordagem mais cautelosa à medida que os dados económicos forem evoluindo ao longo dos 12 meses. Isto levará certamente a mudanças de atitude, com apostas em permanente mutação originando um acréscimo de volatilidade aos mercados, cenário mais perigoso para quem investe numa óptica de curto / médio prazo, já que a tendência "certinha" pode bem se transformar rapidamente. De igual modo, um "trade" absolutamente errado no curto prazo pode ser um "trade" espectacular no médio / longo prazo. Por natureza, isto ocorre com frequência, mas com maior volatilidade, deverá ocorrer em inúmeras ocasiões".
De facto, assistimos a um aumento da volatilidade, que não impediu no fim do ano negócios positivos para os "bulls" do mercado Accionista ou das Obrigações do Tesouro. Da mesma forma, continuou o "bear" do USD casado com o "bull" das mercadorias de base, as nossas "commodities". Nesse aspecto, até os mercados emergentes brilharam.
Portanto, volatilidade acrescida, mas manutenção das diferenças.
Houve, porém, um factor que não conseguimos antecipar. A crise da bolha do crédito, exacerbada pelos mercados hipotecários de alto risco dos EUA (e não só) com consequências nefastas que levaram a esforços concertados dos Bancos Centrais.
Sinceramente, esperávamos uma crise semelhante a esta nos mercados de crédito, mas somente mais tarde, já para 2008 / 9 pela simples razão de que os juros historicamente baixos conseguiriam impedir a "explosão". Pelos vistos, foi um erro de cálculo. A situação era grave e explodiu fortemente no segundo semestre de 2007.
Daí que, para a análise 2008, vale a pena começar por esse assunto, uma vez que ele deverá influenciar a esfera financeira global ainda durante bastante tempo. Escusado será dizer que a volatilidade de muitos mercados está para durar. O mercado ainda não "sabe" até que ponto as instituições financeiras serão afectadas pelo assumir dos prejuízos decorrentes da marcação a mercado dos papéis "garantidos" por outros papéis que já não mantêm o seu valor de face devido ao "default" de muitos beneficiários dos créditos hipotecários.
A pouca aversão ao risco "casou-se" com a mais complexa engenharia financeira jamais vista. O "filho" daí resultante foi uma aberração, onde o crédito parecia não ter fim, contrariando as mais elementares leis de uma Economia saudável. Ainda estamos para ver, já no primeiro trimestre de 2008, se este clima fica contido às hipotecas de alto risco, ou se se espalha pelo restante mercado imobiliário, onde a crise nos EUA, Ilhas Britânicas ou Espanha pode ser um barril de pólvora, para não falar de outras formas de crédito, como os cartões de crédito e os empréstimos para veículos, neste caso, sobretudo nos EUA.
Se a crise ficar por aquilo que já todos sabemos, é de prever que a Economia mundial arrefecerá mas escapa a uma recessão global. No caso dos EUA poderemos ter um crescimento anémico que deverá afectar a Europa mais intensamente do que a Ásia (não Japão). No caso Chinês, um arrefecimento seria quase uma bênção (esvaziar das bolhas), embora para os Japoneses uma desilusão e o regresso à estagnação. Para os preços das mercadorias de base poderemos ter um certo arrefecimento, embora nada de uniformidade entre as diversas “commodities”.
Sabendo que o FED e os principais Bancos Centrais vão assumir esforços coordenados para evitar um aprofundamento da crise, é de prever que continue a política de "apagar o fogo com fogo", tornando ainda mais abundante a já forte liquidez.
A diferença hoje, porém, é a questão da confiança. Para tornar possível uma expansão com base no crédito, é necessário que alguém peça esse crédito. E como gato escaldado de água fria tem medo, os parâmetros de concessão de crédito não serão mais "fáceis" como no passado recente. Só esse factor, por si só, afectará o consumo de bens duradouros e o mercado imobiliário. O aumento dos preços das "utilities" fará o resto. Daí que é possível prever que, a exemplo do final de 2007, teremos um início de 2008 muito fraco. É a continuação de muitas incertezas – as palavras que o mercado simplesmente detesta.
Mas, mais importantes são algumas consequências estruturais de uma crise que abala as instituições.
Durante muito tempo andámos a brincar com o fogo. Alimentámos um grande desequilíbrio global. Os blocos económicos a Ocidente não conseguiram crescer sem as poupanças a Oriente. É a história da cigarra e da formiga. Uns, com os seus défices, alimentaram os superavits dos outros. Uma história que se repete ciclicamente embora com diferentes actores. De momento, os actores que mais interessam são os do Médio e extremo Oriente. A acumulação de riqueza nas ditas regiões é inegável quer por parte dos Estados quer dos privados, embora sejam os Estados os motores da acumulação de riqueza, preparando-se agora para dela fazerem bom uso.
Este será o novo paradigma que vai influenciar os mercados e as relações internacionais – a mudança do eixo focal do Poder.
Se é verdade que muitos autores já preconizavam o inevitável, uma partilha do Poder com o Oriente (regresso ao passado afinal de contas), agora assistiremos à materialização substancial desse mesmo Poder, através da força financeira, subproduto do bom desempenho Económico.
Não é razão para alarme, é somente o regresso à era pré-Descobrimento, quando a China e a Índia juntas representavam um boa parte da riqueza mundial. São os ciclos da História. Quem sabe se não é este um desses grandes momentos da civilização!
O interessante disto tudo começa a ser a forma como tudo se processa, através dos chamados “Fundos Soberanos de riqueza”, que na realidade são Fundos de Investimento detidos pelo Estado com o intuito de investir no respectivo país e sobretudo no exterior. E se os chamados “Estados do petróleo” há muito que utilizam este expediente para rentabilizar as suas fortunas, agora assistimos a uma explosão generalizada destes Fundos (até o Brasil vai criar um Fundo desta natureza, quando há apenas 6 anos chorava pelo FMI) um pouco por todas as regiões do Planeta. Também isto resulta dos excessos de liquidez do passado recente e das “bolhas” entretanto criadas. O Mundo vendeu bens e serviços (sobretudo para os EUA) em troca de papéis (balança comercial negativa, mas balança de pagamentos positiva) cujo valor é a promessa do Governo de que serão reembolsados – uma questão de confiança que protege os mercados.
Mas agora o jogo muda. E não será pouco. Os mesmos intervenientes perderam a confiança. E estão dispostos a utilizar o excesso de dólares em várias vertentes. Por um lado, há a necessidade de evitar um aumento brutal das suas massas monetárias, pelo que convém evitar a conversão das reservas em moeda estrangeira na moeda nacional. Isso ajuda a fugir do fenómeno da inflação monetária. Por outro lado, a compra de activos financeiros deixou de ser a única boa solução porque também já detêm papéis em demasia. E se é verdade que vender o excesso de dólares é positivo numa óptica de diversificação dos activos, também é verdade que as alternativas não eram as melhores já que ficariam com o mesmo tipo de activos apenas em divisas alternativas, ainda que oferecendo maiores rendibilidades. A outra estratégia, correcta, foi a da diversificação do excesso de dólares, utilizando-os para a aquisição de “commodities”. É verdade que estas compras ampliaram um “bull market” que por natureza já tinha pés para andar num quadro de forte crescimento global e USD em queda. Mas estes compradores não se importam minimamente com isso pois estão a adquirir activos que estão em forte valorização, que são escassos e em muitos casos extremamente necessários para manter inclusive a estabilidade social (veja-se a forte aquisição de trigo por parte de certos Estados do médio Oriente para que não falte nada).
Só que ainda sobra muita liquidez a Oriente. E é aqui que começa aquilo a que chamo “a mudança do eixo do Poder”. Há que aproveitar e diversificar ainda mais, tomando posições em sectores estratégicos a Ocidente, os quais encontram-se fragilizados por sua própria culpa (quem criou “bolhas”, quem foi?) e com necessidade de se refazerem sob pena de causarem tumultos na Economia. Primeiro serão activos no sector financeiro, como a Banca de Investimentos, a própria Banca Comercial e o sector dos Seguros (este movimento está em marcha) seguindo-se tudo o que poder ser comprado, prevendo-se uma preferência pelos sectores ligados aos bens mais escassos. A minha aposta é claramente nas Energias, água e agro-indústria.
O ano de 2008 deverá marcar este movimento (há quem diga que a América está já há venda) que se deverá espalhar pela Europa e outras regiões nos próximos anos. Quer queiramos, quer não, é um movimento que reequilibra a Economia global num primeiro momento, algo essencial para a estabilidade das Economias e dos mercados, mas que acabará por influenciar grandemente o espaço geopolítico. O mundo passará a ser bem mais complexo do que na guerra fria, não fará mais sentido em se falar em domínio do Ocidente e a própria linha norte-sul será feita de várias descontinuidades. Também parece certo que no campo da influência cultural o Ocidente não será posto em causa, embora na esfera Económica e geopolítica, que é o que aqui nos interessa, haverá mesmo uma enorme transferência de Poder. Chamaremos uma “partilha” de interesses.
Posto isto, podemos esperar para 2008 a continuação de incertezas e volatilidade nos mercados. Os primeiros meses poderão revelar ainda problemas no sector financeiro que dissemos, mas com tendência para a resolução gradual dos problemas, facto a que não serão alheios os investimentos de que falamos acima. Os mercados deverão ainda ser influenciados pela discussão: há ou não recessão? Por via disso, os Bancos Centrais não vão retirar liquidez à Economia, antes pelo contrário deverão manter os juros estáveis ou em queda, sobretudo nos primeiros meses de 2008. Mas se ocorrer uma recessão nos EUA, ainda que suave, o 1º semestre das Bolsas poderá ser feio para os Touros. Só uma fuga à recessão (só se saberá lá mais para o Verão) pode manter um poderoso “bull” em andamento. Este será um ano em que, com estas incertezas, será mais difícil manter o “carry trade” ao mesmo nível. Nem todos os mercados emergentes terão o mesmo comportamento. Os investidores serão mais selectivos e cautelosos. A renda fixa (títulos do Estado) pode ser novamente refúgio para os investidores como sempre ocorreu na história dos mercados. O mercado global não será posto em causa porque continua a existir liquidez para os activos mais apetecíveis em cada momento. Tenho, ainda assim algum pessimismo. Algumas empresas nos principais blocos económicos poderão ficar em maus lençóis. Outras estão mesmo à beira de entrar na bancarrota. Temo pelo primeiro trimestre e as más notícias que daí advirão.
Felizmente, só a perspectiva de novas oportunidades de negócio devido aos “novos compradores” deverá melhorar e muito o clima dos negócios impedindo que sequer vinguem as tentativas proteccionistas e oportunistas que irão surgir à esquerda e à direita, consequência de actos eleitorais de grande importância que estão aí ao virar da esquina.
Ao longo do ano poderemos voltar a este tópico para discutir tendências e alterações que se verifiquem entretanto. Tudo pode correr melhor ou pior e há que ajustar de acordo com isso. Afinal, como já disse um dia: “não acreditem no que dizem os que têm o dinheiro, acreditem sim no movimento desse dinheiro”.
Agora vamos ver alguns activos acompanhados dos respectivos gráficos:
Este ano escolhemos o DAX em vez do SP 500 pois representa melhor o perfil do investidor que acompanha o Caldeirão. Além de ser um activo denominado em EUR com um comportamento que espelha o Nasdaq em vez do SPX, acaba por não ser uma aberração se compararmos com esse último. Não é um emergente, mas também não é seguramente um submergente (como o Nikkei neste momento, embora num “bear” todos sejam maus).
Repare como desde Agosto último os padrões de comportamento do DAX se alteraram. Já não é um mercado que sobe com ligeiras correcções. É um mercado que está claramente “bull” mas em perigo. Se não passar rapidamente a barreira dos 8000 a 8100 pontos, o índice pode resvalar para terrenos perigosos. E o perigo a sério pode começar abaixo de 7450 pontos. Isto vale por dizer que o mercado accionista está muito dependente da tal questão: “há ou não recessão? Queremos liquidez, já”. Um ambiente muito semelhante ao de há dez anos atrás na ressaca das crises Asiática/Russa.
E se as acções são um investimento de maior risco num clima de incerteza, certamente que os Títulos do Tesouro são o refúgio, certo? Sim e não. Claramente já vimos casos em que ambos os papéis andaram em uníssono e também em dissonância. Vejamos o gráfico do famoso título norte-americano, Obrigação a 10 anos, provavelmente o papel mais transaccionado na renda fixa. O “bull” de 2000 a 2003 simbolizou uma época de expectativa de recessão, concretização da mesma, seguido de fraco crescimento, juros em baixa, inflação mais contida. Hoje parece que está aí um novo “bull”, a avaliar pelo duplo fundo de 2006 e 2007 a que se seguiu uma elevação dos títulos. Será que temos nova expectativa de recessão ou isto é só uma aberração fruto da “fuga” dos investidores de títulos de alto risco para a “segurança” dos papéis do Estado? É o que veremos. Mas será sempre um investimento a ter em conta para 2008 se as notícias menos boas irem surgindo nos ecrãs.
E as mercadorias e matérias-primas de base? Depois de boa subida, vão manter as atenções dos especuladores? Aqui temos (literalmente) de separar o trigo do joio. Em qualquer circunstância, as épocas de expansão da Economia são as épocas de maior expansão monetária, o que se reflecte claramente na subida de preços destes artigos. Com a entrada de milhões de novos consumidores das mesmas no mercado global, só era de esperar uma maior pressão altista de preços. Depois, ainda há a questão da escassez, que se coloca ciclicamente, como é o caso do trigo cujo preço está em elevação ou o açúcar que não sobe tanto porque é mais abundante. Temos metais como a Platina que já foram batendo recordes ou como o Cobre que é um “proxy” da actividade económica. Em suma, actividade económica em alta e juros reais negativos ou neutros são épocas boas para estes investimentos.
Isso está até bem à vista num gráfico muito curioso que apresentamos, em que se sobrepõe o Ouro e o crude leve, as “comms” mais mediáticas e que são muito negociadas, sendo bons exemplos do comportamento dos activos “duros”. Repare-se que após o início de 2003, passados já os choques das notícias do 9/11, Afeganistão e Iraque, estes activos começaram subidas consistentes, nem sempre iguais, mas que correspondem bom a duas realidades que nunca se podem ignorar: ampla liquidez e queda do USD associadas à já referida liquidez abundante e economias em expansão. Para 2008, só o fim da incerteza actual pode sustentar um quadro de continuação das subidas. Estamos em crer que a chave do jogo continua a ser, neste caso, a reacção dos Bancos Centrais. Basta que estes apoiem fortemente a expansão, ignorem o aumento dos preços para que estes activos continuem em alta. E se o dólar cair mais, então mais óbvia será essa alta.
E para o fim, fica o nosso EUR/USD com a ajuda de um gráfico do ano anterior até ontem onde é clara a expansão da apreciação da moeda única com normais correcções pelo meio como não pode deixar de ser. O mais curioso é que os períodos de expansão do USD implicavam quedas de muitos outros activos, algo que já não é novo, ocorrendo isso sobretudo desde o final de 2002. O que poderemos esperar para 2008? Se os mercados acalmarem e for possível manter uma expansão económica, a história pode repetir-se. Mas o mais provável é que ocorram algumas diferenças, até porque temos que começar a pensar no fim do “bear market” do USD. Se porventura a moeda norte-americana se depreciar tanto como no ano transacto, nomeadamente face às divisas europeias (excepto RU) é muito provável que se ouça falar em intervenções concertadas dos Bancos Centrais. Tal, a ocorrer, poderia significar o fim desta tendência de longo prazo já para o fim de 2008, início de 2009, marcando assim uma inversão ao fim de sete anos de tendência. Há esta possibilidade. O nosso plano B (e que terei em conta) passa pela possibilidade de crise global em agravamento, o que levaria a um ano de recuperação do USD (ou apenas ligeira queda), adiando assim o que foi dito atrás. O USD voltaria a cair em 2009 e 2010 terminando só o seu caminho de queda já no fim da década.
djovarius
- Anexos
-
- Este ano escolhemos o DAX em vez do SP 500 pois representa melhor o perfil do investidor que acompanha o Caldeirão. Além de ser um activo denominado em EUR com um comportamento que espelha o Nasdaq em vez do SPX, acaba por não ser uma aberração se compara
- dax.png (15.23 KiB) Visualizado 1186 vezes
-
- E se as acções são um investimento de maior risco num clima de incerteza, certamente que os Títulos do Tesouro são o refúgio, certo? Sim e não. Claramente já vimos casos em que ambos os papéis andaram em uníssono e também em dissonância. Vejamos o gráfico
- 10year.png (16.1 KiB) Visualizado 1173 vezes
-
- E as mercadorias e matérias-primas de base? Depois de boa subida, vão manter as atenções dos especuladores? Aqui temos (literalmente) de separar o trigo do joio. Em qualquer circunstância, as épocas de expansão da Economia são as épocas de maior expansão
- goldandoil.png (19.19 KiB) Visualizado 1171 vezes
-
- E para o fim, fica o nosso EUR/USD com a ajuda de um gráfico do ano anterior até ontem onde é clara a expansão da apreciação da moeda única com normais correcções pelo meio como não pode deixar de ser. O mais curioso é que os períodos de expansão do USD i
- EUUS.png (36.72 KiB) Visualizado 1161 vezes
Editado pela última vez por djovarius em 4/1/2008 17:43, num total de 3 vezes.
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
6 mensagens
|Página 1 de 1
Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: Bing [Bot], Jonas74, Manchini888, OCTAMA, Pmart 1, trilhos2006 e 222 visitantes