Noções de Economia
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Com todo o respeito que o Adam Smith nos merece...
quero só lembrar que algumas das ideias dele já foram "alteradas" e outras "descredibilizadas"... com outros autores de pensamento mais recente..
O que não quer dizer que, esse livro não seja basicamente a Biblia de todo aquele que se diz economista...
quero só lembrar que algumas das ideias dele já foram "alteradas" e outras "descredibilizadas"... com outros autores de pensamento mais recente..
O que não quer dizer que, esse livro não seja basicamente a Biblia de todo aquele que se diz economista...

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Olá a todos, fui buscar este tópico ao fundo do bau porque encontrei online, através do projecto Gutenberg, "a biblia" da economia:
De Adam Smith: An inquiry into the nature and causes of the wealth of Nations.
Não há problemas de copyright embora quem esteja interessado em ler o livro na esplanada em folhas a sério pode adquirir o mesmo na FNAC por 40 Euros
Devo dizer que é um prazer ler Adam Smith explicar como funcionava o padrão ouro na altura. Tudo explicado de uma forma como só alguém que viveu naquela altura poderia explicar... e como demonstra que o ouro ou outros metais são insignificantes, o que interessa sempre é saber o valor do trabalho pois é o trabalho que faz avançar as nações.
Boa leitura
De Adam Smith: An inquiry into the nature and causes of the wealth of Nations.
Não há problemas de copyright embora quem esteja interessado em ler o livro na esplanada em folhas a sério pode adquirir o mesmo na FNAC por 40 Euros

Devo dizer que é um prazer ler Adam Smith explicar como funcionava o padrão ouro na altura. Tudo explicado de uma forma como só alguém que viveu naquela altura poderia explicar... e como demonstra que o ouro ou outros metais são insignificantes, o que interessa sempre é saber o valor do trabalho pois é o trabalho que faz avançar as nações.
Boa leitura

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The market does not beat them. They beat themselves, because though they have brains they cannot sit tight. - Jesse Livermore
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Bom... acabei de ler e vale mesmo a pena
Queria agradecer ao menino Jesus por ter nascido que se não fosse ele não tinha tempo para ler estas coisas! Queria só deixar aqui para reflecção dois excertos do ultimo parágrafo do livro:
Como já referi o livro é antigo e portanto é engraçado ver estas previsões passados 30 anos desde que foi escrito. Felizmente (ou não... quem sabe?) as previsões do autor não se verificaram. As taxas cambiais continuam a flutuar livremente e são (mais ou menos) ditadas pelo mercado livre (se considerarmos os Bancos Centrais jogadores legitimos num mercado livre). Não voltamos aos cambios fixos, o clima económico melhorou (de uma forma geral) as lutas alfandegárias já não são como antigamente e até hoje nunca mais estivemos perto de um nível de hostilidade que chegasse perto da primeira ou segunda guerra mundial.
Será que o autor só disse disparates no livro? Para que é que eu estou a dizer que o livro é bom se as conclusões estão todas erradas?
Mais importante que ver que as conclusões não se concretizaram é tentar perceber porquê. Quem leu tudo percebe que os governos têm ao longo da história uma tendência inflaccionista (criam dinheiro para poder pagar as dividas) mesmo antes do papel-moeda. Achei interessante o facto de mesmo na idade média ser habitual os governos recolherem todas as moedas em circulação de um determinado peso (digamos 20 gramas de ouro) e voltarem a imiti-las com uma quantidade de ouro mais baixa (10 gramas) e declarar que elas tinham o mesmo valor e que a diferença na quantidade de ouro era para pagar o trabalho de "coinage" (e as dividas publicas claro). A inflacção é uma coisa que dá muito jeito... até estoirar.
O autor nas suas conclusões, ao perceber que durante séculos o Estado favorece politicas inflaccionárias, presume que o mesmo acontecerá nos séculos que estão para vir e foi isto que não aconteceu.
Paul Volcker no final dos anos 70 (e depois de ter umas ideias um bocado mais tristes no inicio da década) presidia a FED e activamente combateu a inflacção - algo que o autor do livro não esperava que acontecesse. Como podem ver no gráfico abaixo as taxas de juro andaram perto dos 20% que foi o necessário para trazer a inflacção dos 13% em 1981 para os 3% em 1983. Com estas taxas de juro a destruir bastante dinheiro criado décadas antes parece ter sido possível voltar a uma economia normalizada sem os cataclismos previstos pelo autor.
Por curiosidade veja-se o preço do Ouro (infelizmente o grafico acaba em 2006) que está normalmente relacionado com a inflacção. Ser um urso tem o seu divertimento e confesso que não consigo olhar para os dois graficos e pensar no ditado que diz que a economia anda em ciclos... se também for assim neste caso do Ouro e da Inflacção... estamos a entrar naquela parte do ciclo que é desagradável?
PS: Editado que entretanto aprendi a escrever "preço"

Queria agradecer ao menino Jesus por ter nascido que se não fosse ele não tinha tempo para ler estas coisas! Queria só deixar aqui para reflecção dois excertos do ultimo parágrafo do livro:
It is now all too clear that the world has become fed up with the unprecedented inflation, in the U.S. and throughout the world, that has been sparked by the fluctuating fiat currency era inaugurated in 1973. We are also weary of the extreme volatility and unpredictability of currency exchange rates. This volatility is the consequence of the national fiat money system, which fragmented the world's money and added artificial political instability to the natural uncertainty in the free market price system. The Friedmanite dream of fluctuating fiat money lies in ashes, and there is an understandable yearning to return to an international money with fixed exchange rates.
[...]
As we face the future, the prognosis for the dollar and for the international monetary system is grim indeed. Until and unless we return to the classical gold standard at a realistic gold price, the international money system is fated to shift back and forth between fixed and fluctuating exchange rate,s with each system posing unsolved problems, working badly, and finally disintegrating. And fueling this disintegration will be the continued inflation of the supply of dollars and hence of American prices which show no sign of abating. The prospect for the future is accelerating and eventually runaway inflation at home, accompanied by monetary breakdown and economic warfare abroad. This prognosis can only be changed by a drastic alteration of the American and world monetary system: by the return to a free market commodity money such as gold, and by removing government totally from the monetary scene.
Como já referi o livro é antigo e portanto é engraçado ver estas previsões passados 30 anos desde que foi escrito. Felizmente (ou não... quem sabe?) as previsões do autor não se verificaram. As taxas cambiais continuam a flutuar livremente e são (mais ou menos) ditadas pelo mercado livre (se considerarmos os Bancos Centrais jogadores legitimos num mercado livre). Não voltamos aos cambios fixos, o clima económico melhorou (de uma forma geral) as lutas alfandegárias já não são como antigamente e até hoje nunca mais estivemos perto de um nível de hostilidade que chegasse perto da primeira ou segunda guerra mundial.
Será que o autor só disse disparates no livro? Para que é que eu estou a dizer que o livro é bom se as conclusões estão todas erradas?
Mais importante que ver que as conclusões não se concretizaram é tentar perceber porquê. Quem leu tudo percebe que os governos têm ao longo da história uma tendência inflaccionista (criam dinheiro para poder pagar as dividas) mesmo antes do papel-moeda. Achei interessante o facto de mesmo na idade média ser habitual os governos recolherem todas as moedas em circulação de um determinado peso (digamos 20 gramas de ouro) e voltarem a imiti-las com uma quantidade de ouro mais baixa (10 gramas) e declarar que elas tinham o mesmo valor e que a diferença na quantidade de ouro era para pagar o trabalho de "coinage" (e as dividas publicas claro). A inflacção é uma coisa que dá muito jeito... até estoirar.
O autor nas suas conclusões, ao perceber que durante séculos o Estado favorece politicas inflaccionárias, presume que o mesmo acontecerá nos séculos que estão para vir e foi isto que não aconteceu.
Paul Volcker no final dos anos 70 (e depois de ter umas ideias um bocado mais tristes no inicio da década) presidia a FED e activamente combateu a inflacção - algo que o autor do livro não esperava que acontecesse. Como podem ver no gráfico abaixo as taxas de juro andaram perto dos 20% que foi o necessário para trazer a inflacção dos 13% em 1981 para os 3% em 1983. Com estas taxas de juro a destruir bastante dinheiro criado décadas antes parece ter sido possível voltar a uma economia normalizada sem os cataclismos previstos pelo autor.
Por curiosidade veja-se o preço do Ouro (infelizmente o grafico acaba em 2006) que está normalmente relacionado com a inflacção. Ser um urso tem o seu divertimento e confesso que não consigo olhar para os dois graficos e pensar no ditado que diz que a economia anda em ciclos... se também for assim neste caso do Ouro e da Inflacção... estamos a entrar naquela parte do ciclo que é desagradável?
PS: Editado que entretanto aprendi a escrever "preço"
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The market does not beat them. They beat themselves, because though they have brains they cannot sit tight. - Jesse Livermore
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Encontrei este parágrafo no livro que indiquei no post anterior:
O livro já é antigo, entretanto tivemos outras crises graves e se calhar estamos a entrar noutra.
O autor, na minha optica, falha por ser demasiado brando com o padrão-ouro e por não responder a várias das suas falhas. Gosto no entanto de ler a sua visão ultra-liberal que ele pretende ver aplicada aos sistemas monetários e sobre o que ele acha que são as consequências dos governos se imiscuirem nas politicas monetárias em vez de as deixar para o mercado.
Since the first edition of this book was written, the chickens of the monetary interventionalists have come home to roost. The world monetary crisis of February-March, 1973, followed by the dollar plunge of July, was only the latest of an accelerating series of crises which provide a virtual textbook illustration of our analysis of the inevitable consequences of government intervention in the monetary system. After each crisis is temporarily allayed by a "Band-Aid" solution, the governments of the West loudly announce that the world monetary system has now been placed on sure footing, and that all the monetary crises have been solved. President Nixon went so far as to call the Smithsonian agreement of December 18, 1971, the "greatest monetary agreement in the history of the world," only to see this greatest agreement collapse in a little over a year. Each "solution" has crumbled more rapidly than its predecessor.
O livro já é antigo, entretanto tivemos outras crises graves e se calhar estamos a entrar noutra.
O autor, na minha optica, falha por ser demasiado brando com o padrão-ouro e por não responder a várias das suas falhas. Gosto no entanto de ler a sua visão ultra-liberal que ele pretende ver aplicada aos sistemas monetários e sobre o que ele acha que são as consequências dos governos se imiscuirem nas politicas monetárias em vez de as deixar para o mercado.
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Em relação aos livros encontrei um que podes ler "à borla" online.
What has government done to our money. Ainda não li mas parece interessante se bem que com uma aversão ao papel-moeda.
What has government done to our money. Ainda não li mas parece interessante se bem que com uma aversão ao papel-moeda.
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Re: Noções de Economia
mandachuva Escreveu:Qual a diferença de uma injecção de liquidez e um abaixamento da taxa de juro de referência? Não têm as duas o mesmo efeito?
baixar a taxa de juro-->o crédito torna-se mais barato-->aumentam os pedidos de crédito por particulares e empresas
Contudo, essa procura de crédito só pode ser satisfeita se houver liquidez suficiente no mercado interbancário. É o que se estava a passar na Europa: o BCE deixou a taxa nos 4% mas a Euribor já ia quase nos 5% porque não havia liquidez no mercado inter-bancário
Assim baixar as taxas de juro e aumentar a liquidez significa que a economia europeia vai continuar a endividar-se livremente.
O resultado vai ser inflação que irá comer o rendimento de todos e uma prorrogação de muitas situações de crédito que resultarão em incumprimento que foi o que esteve na base desta crise do sub-prime nos EUA

Free Minds and Free Markets
... forecasting exchange rates has a success rate no better than that of forecasting the outcome of a coin toss - Alan Greenspan (2004)
Quando os arranjar mando-te uma PM a dizer como poderás obte-los. A qualquer interessando peço que me mandem uma PM...
Desde já não garanto que sejam de todo interessantes ou altamente úteis pois já não me recordo exactamente dos conteúdos teóricos mas sei que eram bastante grandes... Contudo dá para perceber e aprender algumas coisas...
Boas leituras
Desde já não garanto que sejam de todo interessantes ou altamente úteis pois já não me recordo exactamente dos conteúdos teóricos mas sei que eram bastante grandes... Contudo dá para perceber e aprender algumas coisas...
Boas leituras

kpt Escreveu:Eu vou tentar recuperar alguns ficheiros teóricos de macro acerca da política monetária, criação de moeda etc. e poderei posteriormente disponibilizar se estiverem interessados...
Sempre... isto começa a ser dificil é arranjar tempo para ler tudo. Ando a ler agora Globalization and its discontent de um dos Nobel de Economia e estou a achar bastante interessante.
Comprei-o com desdém a pensar "não concordo nada com a filosofia deste tipo, mas quero ver o que o leva a pensar desta forma" e ao ler o prefácio vêm-me logo uma data de ideias para mandar abaixo os problemas que ele encontra com o FMI. Ao fim e ao cabo o homem lentamente está a convencer-me (eu que sou um liberal de mercado) que realmente houve exageros da parte do FMI nas contra-propostas que pretende ter dos países subdesenvolvidos para garantir a liberalização do mercado.
Está a ser uma experiência muito interessante, dou por mim várias vezes a repensar coisas que já tinha como adquirido. Um pouco socialista mas recomendo a todos, especialmente aos liberais.
Quanto aos PDFs se mais ninguém tiver interessado podes sempre mandar por private message que eu quando poder pego neles para ver se me cativam

Abraço.
Be Galt. Wear the message!
The market does not beat them. They beat themselves, because though they have brains they cannot sit tight. - Jesse Livermore
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Só um pequeno off-topic. Estou a acabar o curso de Gestão e apenas tive 2 cadeiras de economia, uma micro e outra macro e em relação à macro noto que fica por limar algumas arestas. Não se aprofunda muito todos estes dilemas que nos surgem mais tarde.
Eu vou tentar recuperar alguns ficheiros teóricos de macro acerca da política monetária, criação de moeda etc. e poderei posteriormente disponibilizar se estiverem interessados...
Eu vou tentar recuperar alguns ficheiros teóricos de macro acerca da política monetária, criação de moeda etc. e poderei posteriormente disponibilizar se estiverem interessados...
Acho que em termos gerais é isso que disseste
Nunca pensei que a economia podesse ser tão fascinante. Se me sair o EuroMilhões acho que sou tipo para deixar de trabalhar e ir tirar um curso de Economia e até sou tipo para acordar cedo para ir às aulas de Monetarismo.
Fascinante como tudo funciona. Eu a julgar que os computadores eram complexos

Nunca pensei que a economia podesse ser tão fascinante. Se me sair o EuroMilhões acho que sou tipo para deixar de trabalhar e ir tirar um curso de Economia e até sou tipo para acordar cedo para ir às aulas de Monetarismo.
Fascinante como tudo funciona. Eu a julgar que os computadores eram complexos

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The market does not beat them. They beat themselves, because though they have brains they cannot sit tight. - Jesse Livermore
The market does not beat them. They beat themselves, because though they have brains they cannot sit tight. - Jesse Livermore
O sistema monetário é na realidade bastante complexo e muitos pormenores escapam-nos certamente.
A meu ver a coisa funciona em traços gerais, com mais ou menos erros, da seguinte forma:
O BCE define a taxa directora e poderá ou não emprestar dinheiro aos bancos a esta taxa. Esta será no fundo a taxa mínima teórica que o BCE empresta. Os bancos podem pedir emprestado também a outros bancos e é a média das taxas realizadas no mercado interbancário, excluindo as 5% mais altas e as 5% mais baixas, que dá origem à EURIBOR. Por sua vez os bancos emprestam ao cidadão comum a uma taxa: EURIBOR + Spread.
Assim se os bancos centrais aumentarem a liquidez emprestando a taxas mais reduzidas poderão conseguir reduzir as taxas interbancárias no curto prazo, tal como aconteceu com esta última injecção. No entanto não terá um efeito mais prolongado tal como seria a redução da taxa directora, pois nesta última deixaria de se tratar de um acontecimento esporádico e seria norma.
Estará isto bem e faz sentido...?
Depois do teu post Branc0 acho que cada vez mais sabemos menos disto. Peço desculpa pelo antagonismo "mais vs menos"
EDIT: Esqueci-me de referir que os bancos entre si emprestam à taxa directora mais qualquer coisa sim, e assim se forma a EURIBOR(superior à taxa directora). O BCE por seu lado pode ou não ajustar a taxa juro existente(EURIBOR) à taxa pretendida(directora) emprestando aos bancos a taxas inferiores fazendo assim pressão na EURIBOR pois se os bancos receberam emprestado a taxas inferiores também poderão cobrar taxas inferiores... um pouco confuso e atabalhoado mas aqui fica...
A meu ver a coisa funciona em traços gerais, com mais ou menos erros, da seguinte forma:
O BCE define a taxa directora e poderá ou não emprestar dinheiro aos bancos a esta taxa. Esta será no fundo a taxa mínima teórica que o BCE empresta. Os bancos podem pedir emprestado também a outros bancos e é a média das taxas realizadas no mercado interbancário, excluindo as 5% mais altas e as 5% mais baixas, que dá origem à EURIBOR. Por sua vez os bancos emprestam ao cidadão comum a uma taxa: EURIBOR + Spread.
Assim se os bancos centrais aumentarem a liquidez emprestando a taxas mais reduzidas poderão conseguir reduzir as taxas interbancárias no curto prazo, tal como aconteceu com esta última injecção. No entanto não terá um efeito mais prolongado tal como seria a redução da taxa directora, pois nesta última deixaria de se tratar de um acontecimento esporádico e seria norma.
Estará isto bem e faz sentido...?
Depois do teu post Branc0 acho que cada vez mais sabemos menos disto. Peço desculpa pelo antagonismo "mais vs menos"
EDIT: Esqueci-me de referir que os bancos entre si emprestam à taxa directora mais qualquer coisa sim, e assim se forma a EURIBOR(superior à taxa directora). O BCE por seu lado pode ou não ajustar a taxa juro existente(EURIBOR) à taxa pretendida(directora) emprestando aos bancos a taxas inferiores fazendo assim pressão na EURIBOR pois se os bancos receberam emprestado a taxas inferiores também poderão cobrar taxas inferiores... um pouco confuso e atabalhoado mas aqui fica...
Editado pela última vez por kpt em 20/12/2007 0:45, num total de 1 vez.
Bom... vocês metem-se a fazer perguntas dificeis e um gajo não resiste. É logo google com ele e tentar perceber como é que isto funciona.
O que eu disse em cima sobre o banco ditar a taxa de juro e depois os bancos terem a EURIBOR que é a taxa de juro mais qualquer coisa não é bem assim (fui à procura porque empiricamente fazia sentido que houvesse mais qualquer coisa, mas que "qualquer coisa" seria essa?). Bom... vamos ver em baixo o que descobri na wikipedia... não há qualquer coisa nenhuma.
O processo que descrevi era provavelmente como funcionava isto tudo antes de 1970, ano em que a liberalização fez com que a taxa de juro seja determinada pelo mercado e não pelo banco central.
What? Perguntam vocès... então mas afinal quem dita a taxa de juro é o banco central ou é o mercado? :)
Os excertos que vou colocar abaixo referem-se à Reserva Federal Norte-Americana mas penso que podem ser transpostos para o BCE.
Portanto, no caso em que estava eu estava a dizer que o banco teria que pedir um emprestimo a outro banco para conceder um emprestimo a um cliente o que se passa é o seguinte:
Então mas... o Tio Ben disse que a taxa era 4.25% ... os bancos não respeitam? Bom, parece que não. A taxa que o FED manda cá para fora é a taxa desejada e não a taxa efectiva. Nada impede os bancos de cobrarem mais...
Nada? Não é bem assim claro. Já aqui tinha falado da discount window e essa é efectivamente uma taxa que é ditada pelo FED e que os bancos podem usar para pedir crédito. Num ponto de vista de mercado obviamente não faz sentido que os bancos andem a emprestar dinheiro mais caro do que aquilo que o FED empresta, se o fizerem ninguém lhes pede crédito. Isto faz com que a LIBOR (EURIBOR para o caso do BCE) se aproxime do objectivo estipulado pelo FED.
Então, tanta coisa, e a unica coisa que a FED faz é mexer na taxa de juro da discount window?
Não
O FED tem as chaves para as máquinas de impressão. Se houver uma crise de liquidez pode ir à cave ligar as máquinas e aquilo é só notas a saírem... não há crise de liquidez que lhes falte. Mas claro, isto será a ultima opção.
Que faz o FED quando quer destruir dinheiro? Vimos que se subir a taxa de juro da discount window nada impede os bancos de continuarem a emprestar entre si a taxas mais baixas... hum ...
Ou seja, o FED no seu papel regulador imprime e destroi dinheiro para comprar ou vender vários produtos (os preferidos serão moeda estrangeira e titulos de divida publica). Já todos provavelmente ouviram falar nas T-Bills que são um investimento com retorno garantido a uma taxa perto daquela que é considerada a taxa de juro nominal "ditada" pelo FED. Quando o FED entra no mercado e se põe a comprar ou a vender estes titulos de tesouro está efectivamente a mexer na taxa de retorno do investimento destes titulos e assim muda efectivamente a taxa de juro.
Então afinal... o FED manda na taxa de juro ou não?
Sim e não... o FED não é o unico que opera nestes mercados. Investidores, especuladores e bancos estrangeiros também podem comprar e vender todos estes produtos que o FED usa para destruir/criar dinheiro de maneira que...
E agora é que confundi a malta toda... até a mim. Vou ler mais um bocado a ver se isto passa
Se quiserem os links (explicam melhor que eu):
http://en.wikipedia.org/wiki/Federal_funds_rate
http://en.wikipedia.org/wiki/Open_market_operations
O que eu disse em cima sobre o banco ditar a taxa de juro e depois os bancos terem a EURIBOR que é a taxa de juro mais qualquer coisa não é bem assim (fui à procura porque empiricamente fazia sentido que houvesse mais qualquer coisa, mas que "qualquer coisa" seria essa?). Bom... vamos ver em baixo o que descobri na wikipedia... não há qualquer coisa nenhuma.
O processo que descrevi era provavelmente como funcionava isto tudo antes de 1970, ano em que a liberalização fez com que a taxa de juro seja determinada pelo mercado e não pelo banco central.
What? Perguntam vocès... então mas afinal quem dita a taxa de juro é o banco central ou é o mercado? :)
Os excertos que vou colocar abaixo referem-se à Reserva Federal Norte-Americana mas penso que podem ser transpostos para o BCE.
Portanto, no caso em que estava eu estava a dizer que o banco teria que pedir um emprestimo a outro banco para conceder um emprestimo a um cliente o que se passa é o seguinte:
The interest rate that the first bank will pay to the second bank in return for borrowing the funds is negotiated between the two banks, and the weighted average of this rate across all banks is the effective federal funds rate.
Então mas... o Tio Ben disse que a taxa era 4.25% ... os bancos não respeitam? Bom, parece que não. A taxa que o FED manda cá para fora é a taxa desejada e não a taxa efectiva. Nada impede os bancos de cobrarem mais...
Nada? Não é bem assim claro. Já aqui tinha falado da discount window e essa é efectivamente uma taxa que é ditada pelo FED e que os bancos podem usar para pedir crédito. Num ponto de vista de mercado obviamente não faz sentido que os bancos andem a emprestar dinheiro mais caro do que aquilo que o FED empresta, se o fizerem ninguém lhes pede crédito. Isto faz com que a LIBOR (EURIBOR para o caso do BCE) se aproxime do objectivo estipulado pelo FED.
Então, tanta coisa, e a unica coisa que a FED faz é mexer na taxa de juro da discount window?
Não

O FED tem as chaves para as máquinas de impressão. Se houver uma crise de liquidez pode ir à cave ligar as máquinas e aquilo é só notas a saírem... não há crise de liquidez que lhes falte. Mas claro, isto será a ultima opção.
Que faz o FED quando quer destruir dinheiro? Vimos que se subir a taxa de juro da discount window nada impede os bancos de continuarem a emprestar entre si a taxas mais baixas... hum ...

Newly created money is used by the central bank to buy in the open market a financial asset, such as government bonds, foreign currency, or gold. If the central bank sells these assets in the open market, the amount of money that the purchasing bank holds decreases, effectively destroying money.
Ou seja, o FED no seu papel regulador imprime e destroi dinheiro para comprar ou vender vários produtos (os preferidos serão moeda estrangeira e titulos de divida publica). Já todos provavelmente ouviram falar nas T-Bills que são um investimento com retorno garantido a uma taxa perto daquela que é considerada a taxa de juro nominal "ditada" pelo FED. Quando o FED entra no mercado e se põe a comprar ou a vender estes titulos de tesouro está efectivamente a mexer na taxa de retorno do investimento destes titulos e assim muda efectivamente a taxa de juro.
Então afinal... o FED manda na taxa de juro ou não?
Sim e não... o FED não é o unico que opera nestes mercados. Investidores, especuladores e bancos estrangeiros também podem comprar e vender todos estes produtos que o FED usa para destruir/criar dinheiro de maneira que...
When the media refer to the Federal Reserve "changing interest rates," this nominal rate is almost always meant. The target is generally a range, as the Federal Reserve cannot set an exact value through open market operations.
E agora é que confundi a malta toda... até a mim. Vou ler mais um bocado a ver se isto passa

Se quiserem os links (explicam melhor que eu):
http://en.wikipedia.org/wiki/Federal_funds_rate
http://en.wikipedia.org/wiki/Open_market_operations
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The market does not beat them. They beat themselves, because though they have brains they cannot sit tight. - Jesse Livermore
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kpt Escreveu:Penso que baixar os juros não afecta directamente a liquidez no mercado, apenas facilita o acesso ao crédito, daí o maior investimento e consumo, logo pressão compradora, logo aumento dos preços/inflação(tal como com as acções).
Nestas andanças do sub-prime o que aconteceu foi que o crédito de alto risco estoirou e os bancos que o concediam deixaram de reaver o dinheiro emprestado, criando assim uma crise de liquidez. Por sua vez a injecção de liquidez por parte dos bancos centrais permite que os bancos privados tenham novamente mais dinheiro para emprestarem, no entanto não quer dizer que a taxa de juro praticada entre os bancos venha a diminuir...
Se estiver enganado, agradeço que me corrijam
Se calhar vou partir para uma besteira ainda maior...

O processo é (levianamente descrito) assim:
1) Tu pedes-me um emprestimo para qualquer coisa (sempre quis ser banqueiro e ter um cofre forte para nadar em moedas), digamos 100 mil euros.
2) Para eu te conceder esse credito vou-te fazer várias exegências (colateral, pagamento de juros, etc.) mas também sou alvo de exigências por parte do BCE. O BCE obriga-me a que eu tenha 10 mil euros nos meus cofres para que te possa emprestar 100 mil (não sei se a reserva obrigatória é 10% mas deve ser coisa lá perto).
3) Ou eu tenho o dinheiro no meu cofre e posso-te emprestar (sim, acabei de criar 90 mil euros do ar) ou não tenho. Se não tiver posso pedir emprestado a outro banqueiro que me cobra uma taxa de juro defenida pela EURIBOR (que é por sua vez indexada à taxa do BCE mais qualquer coisa).
Por este meio podes ver que quanto mais baixa forem as taxas mais fácil é eu pedir e conceder crédito aumentando efectivamente a massa monetária em circulação. Ou seja, a taxa de juro afecta e muito a liquidez.
Quanto aos problemas da liquidez referis-te o problema dos bancos não terem dinheiro para emprestar o que poderá à primeira vista ser um problema mas que na realidade é apenas a ponta do iceberg (isto porque como vimos, o banco não precisa de ter 100 para te emprestar 100 , apenas precisa de 10). O maior problema da falta de liquidez são os clientes que querem fazer levantamentos (provavelmente porque também t~em falta de liquidez) dos seus investimentos.
Ora o Banco do Branco tinha aqui um produto muito bom de investimento que tu compraste. O mercado está mau e tu pensas que o investimento vai baixar de cotação e vens aqui a casa resgatar o teu investimento (é um banco tipo start-up...) se eu não tiver liquidez para te dar o valor do teu investimento (mesmo que tenha desvalorizado) o que há a fazer é simplesmente pegar nos valores imobiliários que adquiri com o teu dinheiro, vender no mercado pelo melhor preço possível e dar-te o dinheiro. Se eu tiver liquidez não preciso de fazer isto, dou-te o dinheiro que a coisa vale no mercado e continuo com o bem na minha carteira à espera que valorize de novo.
Ou seja, num mercado que está em queda e tu não tens liquidez a tua solução é enviar o mercado mais para baixo vendendo ainda mais bens que o mercado já tem em demasia. Isto obviamente cria uma espiral já que estou a contribuir para a desvalorização dos bens (e lembra-te que eu por enquanto ainda só vendi o teu, ainda tenho aqui os bens investidos do Manel e da Jaquina) que eu próprio tenho em carteira (pensa em casas/hipotecas). Resumindo que acho que já me estou a trocar a mim mesmo:
1) Quando não tens dinheiro tens que vender algo para passar a ter dinheiro e fazer face aos teus compromissos
2) Num mercado já por si em queda a tua falta de liquidez vai precipitar ainda mais a queda do mercado.
Penso que é o segunto ponto que os bancos centrais estão a tentar evitar dando às instituições financeiras uma alternativa para ter cash sem que precisem de despejar os seus assets pelo mercado.
Espero ter feito sentido. Mas quem devia ajudar nisto devia ser a Pata... Oh Pata!!!
Be Galt. Wear the message!
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Penso que baixar os juros não afecta directamente a liquidez no mercado, apenas facilita o acesso ao crédito, daí o maior investimento e consumo, logo pressão compradora, logo aumento dos preços/inflação(tal como com as acções).
Nestas andanças do sub-prime o que aconteceu foi que o crédito de alto risco estoirou e os bancos que o concediam deixaram de reaver o dinheiro emprestado, criando assim uma crise de liquidez. Por sua vez a injecção de liquidez por parte dos bancos centrais permite que os bancos privados tenham novamente mais dinheiro para emprestarem, no entanto não quer dizer que a taxa de juro praticada entre os bancos venha a diminuir obrigatoriamente(pelo menos médio-longo prazo)...
Se estiver enganado, agradeço que me corrijam
EDIT: Quando referi que a redução na taxa de juro não tem impacto directo na liquidez do mercado, quero dizer que a liquidez já lá está, apenas permite um maior fluxo fruto da facilidade de acesso/concessão de crédito. Por outro lado quando disse que a injecção de liquidez não quer dizer que as taxas de juro baixe, deve-se ao facto de neste caso especifico a redução de confiança dos bancos em emprestar dinheiro(pois houve incumprimentos-subprime) pode traduzir-se na manutenção ou subida das mesmas, levando assim a um menor fluxo monetário e a uma retracção económica(menor investimento, menor consumo)
Nestas andanças do sub-prime o que aconteceu foi que o crédito de alto risco estoirou e os bancos que o concediam deixaram de reaver o dinheiro emprestado, criando assim uma crise de liquidez. Por sua vez a injecção de liquidez por parte dos bancos centrais permite que os bancos privados tenham novamente mais dinheiro para emprestarem, no entanto não quer dizer que a taxa de juro praticada entre os bancos venha a diminuir obrigatoriamente(pelo menos médio-longo prazo)...
Se estiver enganado, agradeço que me corrijam
EDIT: Quando referi que a redução na taxa de juro não tem impacto directo na liquidez do mercado, quero dizer que a liquidez já lá está, apenas permite um maior fluxo fruto da facilidade de acesso/concessão de crédito. Por outro lado quando disse que a injecção de liquidez não quer dizer que as taxas de juro baixe, deve-se ao facto de neste caso especifico a redução de confiança dos bancos em emprestar dinheiro(pois houve incumprimentos-subprime) pode traduzir-se na manutenção ou subida das mesmas, levando assim a um menor fluxo monetário e a uma retracção económica(menor investimento, menor consumo)
Editado pela última vez por kpt em 19/12/2007 23:48, num total de 1 vez.
Titleist Escreveu:baixar a taxa de juro de referência, pode implicar a perda de controle sobre a inflação, pq irá permitir ás familias um desafogo no que aos empréstimos diz respeito, mas ao mm tempo, leva a mms familias, a ter mais $$$ disponivel que na grande maioria das vezes, as leva a adquirir novos bens de consumo, muitas vezes recorrendo a novos empréstimos. Mais $$$ em circulação, maior procura, aumento da inflação.
Repara que as injecções de liquidez também têm esse efeito uma vez que acabam por influenciar a EURIBOR e é através dessa que os juros para empréstimos ao consumo/investimento são calculados.
A diferença está a meu ver mais no carácter temporário que é uma injecção de liquidez versus uma solução de mais longa duração que é um corte na taxa directora.
A solução obviamente depende do problema que estejamos a tentar resolver podendo até utilizar-se as duas em conjunto como tem feito a FED ultimamente.
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The market does not beat them. They beat themselves, because though they have brains they cannot sit tight. - Jesse Livermore
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Woodhare Escreveu:Eu também sou um amador, mas por aquilo que percebi "injectar liquidez" corresponde a baixar as taxas de juro dos empréstimos dos bancos centrais aos bancos privados o que permite aos ultimos terem mais liquidez do que teriam numa situação destas.
Baixar as taxas de juro de referência, pelo que percebi, também acaba por influenciar as taxas de juro a que os bancos privados emprestam dinheiro e oferecem depósitos a prazo portanto acaba por aumentar a liquidez no mercado.
Penso também que as taxas de juro acabam por influenciar ou determinam, não sei bem, os juros dos títulos de dívida pública o que leva menos pessoas a refugiarem-se nestes últimos e portanto a haver mais dinbheiro em circulação.
Espero ter acertado alguma coisa.
baixar a taxa de juro de referência, pode implicar a perda de controle sobre a inflação, pq irá permitir ás familias um desafogo no que aos empréstimos diz respeito, mas ao mm tempo, leva a mms familias, a ter mais $$$ disponivel que na grande maioria das vezes, as leva a adquirir novos bens de consumo, muitas vezes recorrendo a novos empréstimos. Mais $$$ em circulação, maior procura, aumento da inflação.
Eu também sou um amador, mas por aquilo que percebi "injectar liquidez" corresponde a baixar as taxas de juro dos empréstimos dos bancos centrais aos bancos privados o que permite aos ultimos terem mais liquidez do que teriam numa situação destas.
Baixar as taxas de juro de referência, pelo que percebi, também acaba por influenciar as taxas de juro a que os bancos privados emprestam dinheiro e oferecem depósitos a prazo portanto acaba por aumentar a liquidez no mercado.
Penso também que as taxas de juro acabam por influenciar ou determinam, não sei bem, os juros dos títulos de dívida pública o que leva menos pessoas a refugiarem-se nestes últimos e portanto a haver mais dinbheiro em circulação.
Espero ter acertado alguma coisa.
Baixar as taxas de juro de referência, pelo que percebi, também acaba por influenciar as taxas de juro a que os bancos privados emprestam dinheiro e oferecem depósitos a prazo portanto acaba por aumentar a liquidez no mercado.
Penso também que as taxas de juro acabam por influenciar ou determinam, não sei bem, os juros dos títulos de dívida pública o que leva menos pessoas a refugiarem-se nestes últimos e portanto a haver mais dinbheiro em circulação.
Espero ter acertado alguma coisa.
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Re: Noções de Economia
mandachuva Escreveu:Ultimamente tem-se ouvido falar bastante da crise dos mercados financeiros e das intervenções dos bancos centrais para a conter. Por não ser da área económica, tenho andado a pesquisar na net mas ainda não entendi isto das injecções de liquidez nos mercados. Qual a diferença de uma injecção de liquidez e um abaixamento da taxa de juro de referência? Não têm as duas o mesmo efeito?
Já agora, algum recomenda um bom livro (simples e objectivo) sobre o sistema monetário pra ler nas férias de natal?
Não sou, nem de perto, um entendido em economia. O meu background é mais informática mas sou um curioso e tento sempre aprender mais um pouco portanto, aqui vai besteira.
No meu entender são duas ferramentes com diferentes objectivos. A taxa de juro serve de pêndulo da balança (em termos gerais) entre crescimento económico facilitado por uma baixa taxa de juro (através de acesso ao crédito para investimento e/ou consumo) e o combate à inflacção através das taxas altas (limitando o tal consumo).
Uma injecção de liquidez pretende disponibilizar no mercado quantidades suficientes de dinheiro em tempos conturbados em que ninguém está disposto a emprestar dinheiro a ninguém. Quando existe esta crise de liquidez os bancos centrais chegam-se à frente e emprestam o dinheiro contra colateral apresentado pelas instituições financeiras que seja credível (cada banco central tem as suas regras para defenir "credível").
O nível da crise de liquidez pode medir-se através do spread que existe entre a taxa directora e as taxas de mercado (e.g. EURIBOR) e como disse os bancos centrais chegam-se à frente para emprestar o dinheiro normalmente a uma taxa normalment acima da taxa directora mas abaixo da "discount window" que é considerado o ultimo recurso para os empréstimos que o banco central faz (quando uma instituição financeira esteja tão apertada que esta é a unica hipótese, as vias normais serão pedir emprestado a outros bancos à taxa EURIBOR). Normalmente o aspecto de "desespero" associado à "discount window" faz com que os bancos não a usem para não mostrar fraquezas ao mercado.
A taxa de juro final destas "injecções" são determinadas em leilão. Normalmente há uma quantia de dinheiro a disponibilizar que irá ser distribuida por aqueles que apresentaram melhores condições (estão dispostos a pagar uma taxa maior).
Portanto, penso que a tua pergunta irá no sentido de: "Então mas se o BCE baixar a taxa de juro de referência, por tabela baixam também a EURIBOR e a discount window e os bancos poderão fazer um emprestimo a uma taxa de juro mais baixa como o fazem para o caso das cash injections".
Sendo verdade, uma baixa na taxa de juro tem, por norma, um caracter mais permanente. Os bancos centrais não andam a descer a taxa num mês para a subir no mês seguinte, gostam de ser consistentes pois é essa uma forma também de dar confiança aos mercados que existe um caminho a seguir e que não se anda à deriva pelos caminhos que qualquer índice aponte. Uma das medidas que vimos a serem usadas pelo FED no principio desta crise foi a descida da taxa de juro da "discount window" e a manutenção da taxa de referência tendo um efeito realmente parecido com o de injecções de dinheiro no mercado mas pelas razões psicológicas que mencionei acima as instituições financeiras preferem não recorrer a ela.
Note-se que a discount window é fixa contrapondo aos leilões pelo capital disponibilizado pelos bancos centrais, o que faz toda a diferença quando as aparências também contam.
Acima de tudo, a atitude de ontem do BCE diz ao mercado "estamos atentos e vamos combater esta instabilidade de mercado mas vamos continuar atentos a outros factores como a inflacção". Baixar a taxa de juro enviaria uma mensagem completamente diferente: "isto está com ar de recessão, vamos baixar a taxa de juro para que haja uma almofada de conforto no mercado e a inflacção há-de diminuir se entrarmos em recessão... se não entrarmos logo se sobe novamente a taxa".
Quanto a livros não tenho nada muito especifico de economia que te possa recomendar. Gostei de ler A era da turbulência de Alan Greenspan (o ex-presidente da FED) que não sendo um livro teorico de economia tem muita informação interessante sobre as opções que ele tomou e porque é que na altura ele achou que eram as melhores para a economia dos EUA. Lê-se muito bem, nada enfadonho e dá para abrir o apetite em relação a estas questões.
Espero ter feito algum sentido, e obviamente, havendo pessoas que percebem muito mais de economia do que eu aqui no Caldeirão pediria que me corrigissem qualquer erro, sempre serve para eu aprender mais qualquer coisa.
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Noções de Economia
Ultimamente tem-se ouvido falar bastante da crise dos mercados financeiros e das intervenções dos bancos centrais para a conter. Por não ser da área económica, tenho andado a pesquisar na net mas ainda não entendi isto das injecções de liquidez nos mercados. Qual a diferença de uma injecção de liquidez e um abaixamento da taxa de juro de referência? Não têm as duas o mesmo efeito?
Já agora, algum recomenda um bom livro (simples e objectivo) sobre o sistema monetário pra ler nas férias de natal?
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