A Crise Financeira, o Crash e os Baby Boomers.
Fogueiro:
Há muito tempo que sigo a tua Toolbox no THINK FINANCE.
Parabens pelos comentários.
Mas não é por esse motivo que venho escrever. Quando falaste em Cabinda e Zaire, relembrei os tempos que passei em África.
Devo ser um pouco mais novo que tu (sou de 1957) mas nasci no Zaire (prefiro este nome ao de República Democrática ????? do Congo), trabalhei nalguns paises africanos (Zaire, Nigeria, Rep. Centro Africana, Camarões e Malawi).
Não fiz a guerra colonial, mas fui Comando em 1982 e estive em 83 a dar instrução militar ao MPLA em Angola.
Sempre que posso regresso ao continente africano.
Vim embora porque a familia não queria ficar. Regressei do Zaire definitivamente em 1987 (aquando do nascimento da minha filha mais velha).
O ano passado estive em Angola e Moçambique.
Este ano conto ir ao Botswana em Outubro/Novembro.
Assim o espero.
No Zaire trabalhei em KiKwit (onde apareceu o vírus ebola na decada de 90) e fui algumas vezes até Cabinda. Do lado do Zaire tinha negocios em Boma, Matadi e dava uns mergulhos na Moanda.
Desculpa intrometer-me num tópico de bolsa, mas as memórias de um africano(nado e criado) são inesquecíveis e inapagáveis
Abraço
JLC
Há muito tempo que sigo a tua Toolbox no THINK FINANCE.
Parabens pelos comentários.
Mas não é por esse motivo que venho escrever. Quando falaste em Cabinda e Zaire, relembrei os tempos que passei em África.
Devo ser um pouco mais novo que tu (sou de 1957) mas nasci no Zaire (prefiro este nome ao de República Democrática ????? do Congo), trabalhei nalguns paises africanos (Zaire, Nigeria, Rep. Centro Africana, Camarões e Malawi).
Não fiz a guerra colonial, mas fui Comando em 1982 e estive em 83 a dar instrução militar ao MPLA em Angola.
Sempre que posso regresso ao continente africano.
Vim embora porque a familia não queria ficar. Regressei do Zaire definitivamente em 1987 (aquando do nascimento da minha filha mais velha).
O ano passado estive em Angola e Moçambique.
Este ano conto ir ao Botswana em Outubro/Novembro.
Assim o espero.
No Zaire trabalhei em KiKwit (onde apareceu o vírus ebola na decada de 90) e fui algumas vezes até Cabinda. Do lado do Zaire tinha negocios em Boma, Matadi e dava uns mergulhos na Moanda.
Desculpa intrometer-me num tópico de bolsa, mas as memórias de um africano(nado e criado) são inesquecíveis e inapagáveis
Abraço
JLC
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Claro que sim Fogueiro. Afinal, tradição é tradição. Não sei se sabes mas são os mais-velhos do Tchizo que realizam as cerimónias tradicionais para que as iniciativas corram bem, nos tempos que correm...
Ora bem, o Yema. Essa grande fronteira lol. Volvidos todos estes anos, sobretudo durante o período de guerrilha activa em que apenas podíamos circular, e por vezes condicionados, entre o Yema e Lândana - muitas vezes não nos deixavam sair da cidade para além do Cabassango devido a actividades na área de elementos perigosos lol - um dos passatempos (como sabes Cabinda não tem praia, atendendo aos elevados níveis de poluição da actividade petrolífera no offshore ou se calhar até nem é poluição mas não apreciava uma substância oleosa escura nos pés que era depois um castigo tirá-la)era ir à fronteira do Yema, conversar com os guardas e ir até à terra de ninguém. Aquela tira de 100 ou 150 metros por 20 onde convivem pessoas de ambos os lados. Já era do teu tempo a Primus ou a Turbo King?! LOL! Aquelas garrafonas de cerveja? Havia também carne de caça cheia de moscas para os apreciadores e pessoal inconfundivelmente zairense. Mas o que era mesmo um fartote de rir era o dispositivo fronteiriço, comme il faut, de ambos os lados e, já na terra de ninguém, andavas uns metros para o lado direito, por exemplo, ias atrás de uma das barracas e ficavas a ver a fronteira do lado congolense por trás deles! AHHAHAHAHA Ou seja, uma entrada ilegal em território da RDC já que não há vedação, não há nada que te impeça de entrares mesmo ali ao lado (por acaso não me lembrei na altura de eventuais minas). Infelizmente não consegui ir a Banana ou a Muanda já que nos desaconselharam vivamente.
Essa tua história da fronteira é deliciosa lol. Não sei como é que imaginas o cenário actual mas posso dizer-te que nos dias de hoje, de Cabinda até à fronteira é uma verdadeira pista alcatroada, já do lado congolês é uma picada muito manhosa...
Ora, o Bairro do Amílcar (provavelmente mudou de designação após a independência) é o bairro dos cabo-verdianos. Vindo pela Agostinho Neto, onde fica o Hotel Maiombe, em direcção à ex-Câmara Municipal (hoje sede provincial do MPLA), passando pelos correios e por aí fora (pela Rua de Macau, Rua de Moçambique e Rua de Timor)tens um bairro enorme mesmo em frente (ou não havia na altura?) e a estrada que dava para a tua base.
Olha que isto é mesmo engraçado.
Um abraço,
MozHawk
Ora bem, o Yema. Essa grande fronteira lol. Volvidos todos estes anos, sobretudo durante o período de guerrilha activa em que apenas podíamos circular, e por vezes condicionados, entre o Yema e Lândana - muitas vezes não nos deixavam sair da cidade para além do Cabassango devido a actividades na área de elementos perigosos lol - um dos passatempos (como sabes Cabinda não tem praia, atendendo aos elevados níveis de poluição da actividade petrolífera no offshore ou se calhar até nem é poluição mas não apreciava uma substância oleosa escura nos pés que era depois um castigo tirá-la)era ir à fronteira do Yema, conversar com os guardas e ir até à terra de ninguém. Aquela tira de 100 ou 150 metros por 20 onde convivem pessoas de ambos os lados. Já era do teu tempo a Primus ou a Turbo King?! LOL! Aquelas garrafonas de cerveja? Havia também carne de caça cheia de moscas para os apreciadores e pessoal inconfundivelmente zairense. Mas o que era mesmo um fartote de rir era o dispositivo fronteiriço, comme il faut, de ambos os lados e, já na terra de ninguém, andavas uns metros para o lado direito, por exemplo, ias atrás de uma das barracas e ficavas a ver a fronteira do lado congolense por trás deles! AHHAHAHAHA Ou seja, uma entrada ilegal em território da RDC já que não há vedação, não há nada que te impeça de entrares mesmo ali ao lado (por acaso não me lembrei na altura de eventuais minas). Infelizmente não consegui ir a Banana ou a Muanda já que nos desaconselharam vivamente.
Essa tua história da fronteira é deliciosa lol. Não sei como é que imaginas o cenário actual mas posso dizer-te que nos dias de hoje, de Cabinda até à fronteira é uma verdadeira pista alcatroada, já do lado congolês é uma picada muito manhosa...
Ora, o Bairro do Amílcar (provavelmente mudou de designação após a independência) é o bairro dos cabo-verdianos. Vindo pela Agostinho Neto, onde fica o Hotel Maiombe, em direcção à ex-Câmara Municipal (hoje sede provincial do MPLA), passando pelos correios e por aí fora (pela Rua de Macau, Rua de Moçambique e Rua de Timor)tens um bairro enorme mesmo em frente (ou não havia na altura?) e a estrada que dava para a tua base.
Olha que isto é mesmo engraçado.
Um abraço,
MozHawk
MozHawk Escreveu:
Claro que conheço o Monte do Tchizo. Não sei se é a mesma mas ainda hoje existe uma base que está entregue à Força Aérea, bem no alto, no topo da estrada que corta o Bairro do Amílcar, por detrás da Administração Municipal. Uma vista ímpar sobre Cabinda. Depois tens mais bases, mas mais para sul, entre o Povo Grande e a fronteira do Yema, junto à República Democrática do Congo. Era a do Amílcar? Porque Ntó já é muito longe.
Então estiveste lá. A vista é tão boa que, além da capela, fiz lá um bar (aberto aos civis) muito frequentado e deu para o meu pessoal vir passar férias ao Puto a meio da comissão, de avião, claro.
Eu paguei as férias na Africa do Sul, mas foi com o bridge.
Na fronteira do Yema tinha um amigo que era o guarda de fronteira do ex Congo Leo (tinha sido motorista do anterior, um belga), mas o primeiro contacto foi terrível.
Do lado de Cabinda era um Pide bastante amigável.
A primeira vez que lá fui beber umas cervejas, o Pide pediu-me para as ir buscar ao congolês, enquanto arranjava umas gambas, que eu tinha levado, pois estavam no frigorífico dele (o posto português não tinha frigorífico).
A barreira da fronteira estava permanentemente fechada a cadeado, mas como era perto ia-se bem a pé.
Completamente distraído esqueci-me de deixar as armas no posto português e o tipo quando me viu desatou a fugir... pensou que era um ataque!
Desfeito o mal entendido, acabamos os 3 a beber cervejas e petiscar gambas.
Mais tarde o congolês levou-me várias vezes a Boma e Banana no jeep dele, mas, claro eu ia à paisana e era super proibido e um bocado inconsciente.

"Era a do Amílcar?" não percebo a pergunta...
...
Fogueiro Escreveu:Bem, bem… autopsiando esta conjuntura, penso que ficará para a história como o Crash (salvo seja) dos Media.
Tudo começou com a história das Subprimes e outras habilidades, e o alarme soou com o Sentinel (uma coisa que eu desconhecia existir, bem como gestores de fundos de fundos a quem perguntei) e 3 fundos de um grande banco francês mas pequeno na escala mundial, o BNP Paribas (telefonei na altura a uma directora, que os desconhecia antes da noticia: parece que foram organizados a pedido de clientes e abertos a outros para completar volume). Dizem-me, agora, que estes 3 fundos já foram reabertos, os clientes podem comprar e vender, e os preços vão estar entre 3% e 5% abaixo da última cotação.
Que grande crash!!!
Mas os Medias tiveram aquilo de que mais gostam: sangue… nem que seja só um arranhão transformam-no num doente em fase terminal …
Isto foi o que escrevi no Domingo passado.
Recebi várias MPs e mails, aliás todos amigáveis, a perguntar se não me tinha esquecido de pôr um zero à direita.
A notícia acabada de saír é:
Os dois fundos de investimento do banco francês BNP Paribas congelados no passado dia 7 de Agosto e reabertos nesta terça-feira, perderam apenas 0,97% e 1,78% do seu valor durante este período, segundo o comunicado publicado pela empresa nesta quarta-feira citado pela AFP.
Tiago Figueiredo Silva
Parece que, afinal, ainda fui demasiado... pessimista


...
scpnuno Escreveu:...pespego-te uma beijoca (mesmo correndo o risco de haver uma Mrs. Fogueiro e um Mr scpnuno a terem uma crise de ciumes...
Beijoca
Minha cara Scpnuno… então, como afinal não tenho costela moçambicana, acabaram-se as beijocas?
Não acho justo!
Sim, há uma Mrs. Fogueiro (The 3th) mas encaixa bem os devaneios virtuais…
Bem, depois de tratadas as coisas importantes, vamos lá ver como andam os mercados (penso responder aos posts anteriores):
O Indicador 2 “ teve 4 leituras consecutivas muito abaixo de 40 e depois 2 quase neutras: ontem 39 e hoje 42. Todavia, aquela leitura recente superior a 1.000 também tem um histórico que aponta para um re-teste dos mínimos, como então referi.
Os 3 Indicadores que sigo têm um histórico de acertos superior a 90%.
Mas, nestas alturas, há que testá-los com outros “internos” do mercado como o número de subidas-descidas e o volume de subidas-descidas – que não estiveram famosos nos últimos dias, salvo hoje.
Um outro indicador valioso, por dar sinal muito poucas vezes e ter grande percentagem de acertos, é o NYMA Oversold Indicator, que dá sinal negativo quando o NYSE Composite (NYA) vem mais de 4% abaixo da sua MM de 10 semanas. Depois, se essas leituras de sobre venda melhoram nas 3 semanas seguintes, temos um sinal de compra.
(ver gráfico abaixo, com a MM de 10 semanas a amarelo)
No fundo o que este indicador nos diz é: se um índice importante como o NYSE Composite tem pressões de venda tão grandes e recupera três semanas seguídas dessa situação de sobre vendido em que ficou – terminou a pressão vendedora e está aberto o caminho para um novo Bull Market.
Desde que o sigo (1990) só deu 16 sinais, sendo os dois últimos em Julho de 2006 e Março de 2003 – ambos seguídos de Bull Markets.
Agora, o NYMA Oversold Indicator atingiu -5,2% na semana terminada em 3 de Agosto. Depois veio sempre a recuperar, e na semana passada (a 3ª) ficou em – 1,3%.
Não significa isto, e daí as minhas cautelas actuais, que o Bull Market se inicie já: no ano passado, depois do sinal dado houve um re-teste aos mínimos durante duas semanas. Mas diz-nos sim que o pior da queda já passou, e quando o Indicador 2” estiver claramente positivo, deverá dar-se um forte uptrend.
Será então a altura de pôr toda a liquidez a trabalhar.
…
- Anexos
-
- MM de 10 semanas (amarelo)
- NYA.png (0 Bytes) Visualizado 7781 vezes
Editado pela última vez por Fogueiro em 30/8/2007 1:21, num total de 1 vez.
Desculpa, todos os dias pergunto coisas, mas é fruto de alguma inesperiência e do querer aprender sempre mais.
Como é que viu hoje a subida dos states, a mim fez-me alguma confusão, não esperava nada tão forte, será que já estamos novamente em movimento ascendente?
Obrigado.
Como é que viu hoje a subida dos states, a mim fez-me alguma confusão, não esperava nada tão forte, será que já estamos novamente em movimento ascendente?
Obrigado.
A Tendência é Nossa Amiga.
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- Registado: 9/12/2006 20:01
scpnuno Escreveu:Paionese, 9/11 é um filme. Eu tenho militares na familia. Sei, em 1ª mão, do que estou a falar.
Não consegui resistir, achei este argumento demasiado bom.

Dentro da mesma Lógica : Eu tenho médicos na familia, portanto em questões de saúde, sei, em 1ª mão, do que estou a falar.

E também eu peço desculpa ao Fogueiro pelo desvio.

"Don't try to buy at the bottom and sell at the top. It can't be done except by liars." - Bernard Baruch
Fogueiro Escreveu:Sim, como costumo dizer, a minha passagem por Moçambique foi no tempo em que o Mar Morto ainda estava bem vivo![]()
![]()
Cabinda - por todos (Necuto não me lembro) incluindo um que esqueceste: Landana onde ia ter com um colega fuzileiro que comandava o destacamento e íamos num zodiac agarrar, à noite, crocodilos e jacarés (pequenos) no Xiloango...![]()
Já agora: conheces o monte do Tchizo, perto da Cidade de Cabinda? Foi lá que estive primeiro acampado e depois construí o quartel para o meu pelotão.
Eu, que sou agnóstico, até construí lá uma capela a pedido do Pároco e para ocupar o meu pessoal nos tempos livres...será que ainda existe?
...
LOL Fogueiro.
Não me esqueci de Lândana. Mas como não terá sido propriamente parte integrante do teatro de guerra, incluí apenas as zonas mais "duras", onde se registavam as infiltrações do "inimigo". Tal como até há pouco tempo, no que à FLEC diz respeito.
Ainda hoje, os fuzas (das FAA, entenda-se) por lá estão acampados, junto à ponte que atravessa o Chiloango. Aliás, tive a sorte de andar num dos actuais "zodiacs" deles, a alta velocidade pelo Chiloango acima e abaixo

Claro que conheço o Monte do Tchizo. Não sei se é a mesma mas ainda hoje existe uma base que está entregue à Força Aérea, bem no alto, no topo da estrada que corta o Bairro do Amílcar, por detrás da Administração Municipal. Uma vista ímpar sobre Cabinda. Depois tens mais bases, mas mais para sul, entre o Povo Grande e a fronteira do Yema, junto à República Democrática do Congo. Era a do Amílcar? Porque Ntó já é muito longe.
Quanto a capelas não sei porque, como deves imaginar, o acesso é restrito.
Abraço,
MozHawk
Trading em Commodities
Chicago Board of Trade (CBOT) e o Clearing
Apenas para localizar no tempo o que estou a descrever:
Chicago foi fundada em 1833 com 350 habitantes. Em 1840 já tinha 4.000. Em 1848 foi inaugurado o canal Illinois e Michigan, permitindo a ligação dos Grandes Lagos, por Chicago, ao rio Mississipi e Golfo do México. O primeiro caminho de ferro para Chicago, o Galena & Chicago Union Railroad, foi completado nesse mesmo ano.
Transformou-se no primeiro grande Hub americano: transporte por água (o mais barato), por estrada e por caminho-de-ferro.
Ficámos com os nossos agricultores a vender barcaças (contratos) de 5.000 baldes a moageiros – e ambos a entregar uma importância (margem) a um taberneiro (clearing) que verificava o bom cumprimento do acordado.
Mas se houvesse um temporal que afundasse barcaças ou outra catástrofe, o preço do trigo subia e podia chegar ao ponto que o agricultor preferia perder a margem e vender mais caro a outro moageiro. Inversamente, se chegasse a notícia que vinham mais caravanas e barcaças a caminho, o preço caía e então era o moageiro que preferia perder a margem.
Estas situações originavam muita confusão, tiros etc, e os taberneiros, ferradores e barbeiros (provavelmente já com o banqueiro local no negócio) sentiram a necessidade de se juntarem e regulamentar estas transacções.
Também não era prático que os negócios fossem feitos em diversos locais, pois dificultava a formação de preços uniformes.
Surgiu assim um novo local para as transacções, o Chicago Board of Trade com o seus Clearing Services (1848) que estabeleceu regras para as margens: caso o preço subisse mais que uma percentagem do depósito de garantia, pedia um reforço (margin call) ao agricultor e se este não o entregasse no prazo estabelecido vendia os contratos à melhor oferta. Inversamente para o moageiro, se o preço caísse.
Como as oscilações de preço do milho tinham um efeito, em percentagem, muito maior nos contratos (alavancagem), os jogadores de poker que assistiam às conversas dos que tinham fechado negócios no CBOT, e acompanhavam os preços, cedo viram que tinham aqui um outro “jogo” onde apostar.
Como a Clearing House não pedia prova ao agricultor que tinha aquele trigo que estava a vender nem ao moageiro, ou seu enviado, que tinha uma moagem, começaram a vender e a comprar contratos de milho, apenas pagando a margem – sem a menor intenção de entregar ou comprar milho.
Surgiram os especuladores, que hoje em dia são muitíssimos mais do que os traders, detêm em qualquer momento, a esmagadora maioria dos contratos abertos (open interest).
Links para quem queira saber um pouco mais:
Contratos de trigo:
http://www.unitedfutures.com/grains-wheat.htm
Chicago Board of Trade:
http://www.cbot.com/cbot/pub/page/0,3181,942,00.html
Hoje fico por aqui.
Obrigado pelos simpáticos comentários que fizeram a esta minha tentativa de desmistificar o trading de commodities.
Chicago Board of Trade (CBOT) e o Clearing
Apenas para localizar no tempo o que estou a descrever:
Chicago foi fundada em 1833 com 350 habitantes. Em 1840 já tinha 4.000. Em 1848 foi inaugurado o canal Illinois e Michigan, permitindo a ligação dos Grandes Lagos, por Chicago, ao rio Mississipi e Golfo do México. O primeiro caminho de ferro para Chicago, o Galena & Chicago Union Railroad, foi completado nesse mesmo ano.
Transformou-se no primeiro grande Hub americano: transporte por água (o mais barato), por estrada e por caminho-de-ferro.
Ficámos com os nossos agricultores a vender barcaças (contratos) de 5.000 baldes a moageiros – e ambos a entregar uma importância (margem) a um taberneiro (clearing) que verificava o bom cumprimento do acordado.
Mas se houvesse um temporal que afundasse barcaças ou outra catástrofe, o preço do trigo subia e podia chegar ao ponto que o agricultor preferia perder a margem e vender mais caro a outro moageiro. Inversamente, se chegasse a notícia que vinham mais caravanas e barcaças a caminho, o preço caía e então era o moageiro que preferia perder a margem.
Estas situações originavam muita confusão, tiros etc, e os taberneiros, ferradores e barbeiros (provavelmente já com o banqueiro local no negócio) sentiram a necessidade de se juntarem e regulamentar estas transacções.
Também não era prático que os negócios fossem feitos em diversos locais, pois dificultava a formação de preços uniformes.
Surgiu assim um novo local para as transacções, o Chicago Board of Trade com o seus Clearing Services (1848) que estabeleceu regras para as margens: caso o preço subisse mais que uma percentagem do depósito de garantia, pedia um reforço (margin call) ao agricultor e se este não o entregasse no prazo estabelecido vendia os contratos à melhor oferta. Inversamente para o moageiro, se o preço caísse.
Como as oscilações de preço do milho tinham um efeito, em percentagem, muito maior nos contratos (alavancagem), os jogadores de poker que assistiam às conversas dos que tinham fechado negócios no CBOT, e acompanhavam os preços, cedo viram que tinham aqui um outro “jogo” onde apostar.
Como a Clearing House não pedia prova ao agricultor que tinha aquele trigo que estava a vender nem ao moageiro, ou seu enviado, que tinha uma moagem, começaram a vender e a comprar contratos de milho, apenas pagando a margem – sem a menor intenção de entregar ou comprar milho.
Surgiram os especuladores, que hoje em dia são muitíssimos mais do que os traders, detêm em qualquer momento, a esmagadora maioria dos contratos abertos (open interest).
Links para quem queira saber um pouco mais:
Contratos de trigo:
http://www.unitedfutures.com/grains-wheat.htm
Chicago Board of Trade:
http://www.cbot.com/cbot/pub/page/0,3181,942,00.html
Hoje fico por aqui.
Obrigado pelos simpáticos comentários que fizeram a esta minha tentativa de desmistificar o trading de commodities.
Editado pela última vez por Fogueiro em 29/8/2007 12:34, num total de 1 vez.
MozHawk Escreveu:Isso parece-me mesmo do passado Fogueiro. Cotonang? Nem fazia a mínima ideia que Sofala também produzisse algodão. Sempre o fiz de alta qualidade proveniente dos campos da Lomaco, lá para os lados de Montepuez ou dos campos da Agrimo, na Zambézia, exportados para todo o mundo.
E andaste por Cabinda?! Em que zona? Dinge? Necuto? Miconge? Belize? Buco-Zau? Tando Zinze?
Um abraço,
MozHawk
Sim, como costumo dizer, a minha passagem por Moçambique foi no tempo em que o Mar Morto ainda estava bem vivo


Cabinda - por todos (Necuto não me lembro) incluindo um que esqueceste: Landana onde ia ter com um colega fuzileiro que comandava o destacamento e íamos num zodiac agarrar, à noite, crocodilos e jacarés (pequenos) no Xiloango...

Já agora: conheces o monte do Tchizo, perto da Cidade de Cabinda? Foi lá que estive primeiro acampado e depois construí o quartel para o meu pelotão.
Eu, que sou agnóstico, até construí lá uma capela a pedido do Pároco e para ocupar o meu pessoal nos tempos livres...será que ainda existe?
...
Comentário
Embora o Indicador 2” tenha completado hoje o 5º dia abaixo de 40, o que significa que não há desespero na venda, a verdade é que ainda não há entusiasmo na compra, pois houve apenas 438 acções a subir contra 2.882 a descer no NYSE.
Mais uma vez o S&P 500 fechou abaixo da sua MM 200 dias (MM 40 semanas, azul, mostrando que esta não é o suporte crítico para que devemos olhar) mas ficou acima da sua MME 325 dias (MME 65 semanas, amarela).
Assinalei, a branco, o mínimo intraday do dia 15 deste mês.
(ver gráfico abaixo)
Na falta de resultados das empresas (venham depressa, pleaaaase!) o mercado reage a outras coisas, tendo hoje sido, talvez, a mais importante, as actas do Fed da reunião do dia 7 passado, hoje publicadas (sempre 3 semanas depois), não terem uma palavra sobre um possível próximo corte da taxa directora.
Desde quando é costume um Banco Central anunciar que vai cortar taxas?
Toda a gente se esqueceu que, 10 dias depois, o Fed baixou a Discount Rate em 50 pb ?
A outra noticia foi a queda do Consumer Confidence Índex para 105 (esperava-se 104,5 e o nº anterior, 111,9 - tinha sido o mais alto dos últimos 6 anos).
Para ajudar à festa, o Standard & Poor disse que o preço das casas caiu 3,2% no 2º trimestre – que foi a maior queda desde que este Índice foi iniciado em 1987.
Mas isto irá baixar o risco da inflação, ou estarei a ver mal?
Está a haver muito “window dressing” e vai continuar, mas também permite identificar quais as empresas que estão a ser compradas pelos grandes investidores.
Eis algumas que subiram mais de 2% entre 17 e 28 de Agosto (o S&P 500 caiu 1%):
FWLT, MGM, POT, PCU, NOV, VIP, WFR, CAM, RIMM, NIHD, GRMN, AAPL, MON, SJR, DISH, NRG, MCD, TU, TSO
Mas, apesar dos 5 dias abaixo de 40 do NYLOW, que acertaram mais de 90% das vezes na inversão da tendência de curto prazo – há a diferença para 100%...
Vou dar especial atenção a 2 datas desta semana:
5ª feira – PIB do 2º trimestre. Espero uma revisão em alta para 4%. Mas qualquer resultado pode ser bom: se sair baixo é seguro que o Fed irá cortar a taxa na próxima reunião; se sair alto o mercado acalma e poderemos considerar o fundo como feito.
6ª feira – PCE : gostaria que baixasse mais para dentro do intervalo de conforto do Fed, permitindo-lhe baixar a taxa no dia 18 de Setembro.
Bottom line: talvez dê algumas bicadas confiando no NYLOW, sem comprometer demasiado a liquidez, mas esperarei por aqueles dados de 5ª e 6ª feira, para maior comprometimento.
...
Embora o Indicador 2” tenha completado hoje o 5º dia abaixo de 40, o que significa que não há desespero na venda, a verdade é que ainda não há entusiasmo na compra, pois houve apenas 438 acções a subir contra 2.882 a descer no NYSE.
Mais uma vez o S&P 500 fechou abaixo da sua MM 200 dias (MM 40 semanas, azul, mostrando que esta não é o suporte crítico para que devemos olhar) mas ficou acima da sua MME 325 dias (MME 65 semanas, amarela).
Assinalei, a branco, o mínimo intraday do dia 15 deste mês.
(ver gráfico abaixo)
Na falta de resultados das empresas (venham depressa, pleaaaase!) o mercado reage a outras coisas, tendo hoje sido, talvez, a mais importante, as actas do Fed da reunião do dia 7 passado, hoje publicadas (sempre 3 semanas depois), não terem uma palavra sobre um possível próximo corte da taxa directora.
Desde quando é costume um Banco Central anunciar que vai cortar taxas?
Toda a gente se esqueceu que, 10 dias depois, o Fed baixou a Discount Rate em 50 pb ?
A outra noticia foi a queda do Consumer Confidence Índex para 105 (esperava-se 104,5 e o nº anterior, 111,9 - tinha sido o mais alto dos últimos 6 anos).
Para ajudar à festa, o Standard & Poor disse que o preço das casas caiu 3,2% no 2º trimestre – que foi a maior queda desde que este Índice foi iniciado em 1987.
Mas isto irá baixar o risco da inflação, ou estarei a ver mal?
Está a haver muito “window dressing” e vai continuar, mas também permite identificar quais as empresas que estão a ser compradas pelos grandes investidores.
Eis algumas que subiram mais de 2% entre 17 e 28 de Agosto (o S&P 500 caiu 1%):
FWLT, MGM, POT, PCU, NOV, VIP, WFR, CAM, RIMM, NIHD, GRMN, AAPL, MON, SJR, DISH, NRG, MCD, TU, TSO
Mas, apesar dos 5 dias abaixo de 40 do NYLOW, que acertaram mais de 90% das vezes na inversão da tendência de curto prazo – há a diferença para 100%...
Vou dar especial atenção a 2 datas desta semana:
5ª feira – PIB do 2º trimestre. Espero uma revisão em alta para 4%. Mas qualquer resultado pode ser bom: se sair baixo é seguro que o Fed irá cortar a taxa na próxima reunião; se sair alto o mercado acalma e poderemos considerar o fundo como feito.
6ª feira – PCE : gostaria que baixasse mais para dentro do intervalo de conforto do Fed, permitindo-lhe baixar a taxa no dia 18 de Setembro.
Bottom line: talvez dê algumas bicadas confiando no NYLOW, sem comprometer demasiado a liquidez, mas esperarei por aqueles dados de 5ª e 6ª feira, para maior comprometimento.
...
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- S&P 500 semanal.png (0 Bytes) Visualizado 8692 vezes
Editado pela última vez por Fogueiro em 29/8/2007 14:05, num total de 1 vez.
Isso parece-me mesmo do passado Fogueiro. Cotonang? Nem fazia a mínima ideia que Sofala também produzisse algodão. Sempre o fiz de alta qualidade proveniente dos campos da Lomaco, lá para os lados de Montepuez ou dos campos da Agrimo, na Zambézia, exportados para todo o mundo.
E andaste por Cabinda?! Em que zona? Dinge? Necuto? Miconge? Belize? Buco-Zau? Tando Zinze?
Um abraço,
MozHawk
E andaste por Cabinda?! Em que zona? Dinge? Necuto? Miconge? Belize? Buco-Zau? Tando Zinze?
Um abraço,
MozHawk
Boa noite
De facto os Nylows mantiveram-se dentro do limite (40) que o "nosso" fogueiro define como barreira, pelo que gostava de saber se a vossa opinião é a de que poderemos estar perante tomada de mais valias por parte de quem aproveitou a ultima constipação dos mercados para entrar e não numa nova correcção forte do mercado. Dada a minha pouca experiencia não sei mas já lá vão 5 sessões abaixo dos 40.
Bons negócios
De facto os Nylows mantiveram-se dentro do limite (40) que o "nosso" fogueiro define como barreira, pelo que gostava de saber se a vossa opinião é a de que poderemos estar perante tomada de mais valias por parte de quem aproveitou a ultima constipação dos mercados para entrar e não numa nova correcção forte do mercado. Dada a minha pouca experiencia não sei mas já lá vão 5 sessões abaixo dos 40.
Bons negócios
Fogueiro, achas que os 1400 do SP se aguentam ou nem por isso?
É que no domingo escreves-te que até começavas a pensar que o Sp não iria lá de novo, mas depois do fecho de hoje dos States, fiquei com algum medo, nunca pensei numa descida tão abrupta.
É que no domingo escreves-te que até começavas a pensar que o Sp não iria lá de novo, mas depois do fecho de hoje dos States, fiquei com algum medo, nunca pensei numa descida tão abrupta.
A Tendência é Nossa Amiga.
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Semitela Escreveu:Boas , Eu aposto que a Ema 200 desde vez segurará a cotaçao . Mas nada como esperar . Fiz a minha analise diaria no sitio do costume .
Abraços
Bem , estas quedas violentas estao a tornar-se habito , mas caso os 1370 nao sejam atingidos poderemos ter um bom inicio de setembro .
Caso contrario , mais vale esquecer ou começar a pensar em tomar posiçoes curtas para os proximos meses .
É apenas o meu desabafo.
Abraços
a minha... mais que as outras... nasceu em Moçambique.
Faz já mais de 10 anos e cheguei a ter casa e carro em Maputo à minha espera, os planos mudaram e nunca lá cheguei a ir....... mas talvez um dia lá vá...desculpem... vamos.
ainda bem que não sou crente... senão com esta conversa de coincidencias... tinha que voltar a pensar neste assunto.
Faz já mais de 10 anos e cheguei a ter casa e carro em Maputo à minha espera, os planos mudaram e nunca lá cheguei a ir....... mas talvez um dia lá vá...desculpem... vamos.
ainda bem que não sou crente... senão com esta conversa de coincidencias... tinha que voltar a pensar neste assunto.
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- Registado: 19/4/2005 11:11
Só do coração, Scpnuno, isto para ti deve ser pré-história, mas, quando ainda andava no liceu, procurava trabalho durante as férias grandes em sítios distantes.
Uma dessas vezes foi na Cotonang, na Beira, onde o grande chefe era o Coronel Celso de Magalhães, que me recebeu em sua casa.
Também passei algum tempo na casa do Dr Artur Maldonado, na Av Ressano Garcia,em LM, que era o cirurgião-chefe do Hospital de Lourenço Marques, e, depois da independência foi para a Africa do Sul.
Nunca lá voltei, com pena, pois embora tenha metido cunhas, durante a guerra, para ir para lá, mandaram-me para Cabinda, onde estive mais de 2 anos a comandar um pelotão.
Um dia ainda conto aqui a história dos “sortidos” que correu toda a Angola…
Beijoca
…
Uma dessas vezes foi na Cotonang, na Beira, onde o grande chefe era o Coronel Celso de Magalhães, que me recebeu em sua casa.
Também passei algum tempo na casa do Dr Artur Maldonado, na Av Ressano Garcia,em LM, que era o cirurgião-chefe do Hospital de Lourenço Marques, e, depois da independência foi para a Africa do Sul.
Nunca lá voltei, com pena, pois embora tenha metido cunhas, durante a guerra, para ir para lá, mandaram-me para Cabinda, onde estive mais de 2 anos a comandar um pelotão.
Um dia ainda conto aqui a história dos “sortidos” que correu toda a Angola…
Beijoca
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Fogueiro Escreveu:Não, não... eu também detesto as fibras sinteticas, fazem-me urticaria; só algodão e, se possível, colhido nos campos da moçambicana Beira...
Fogueiro! Se tu me dizes que além de um "expert" em mercados, um "professor" sempre disponivel aqui para o pessoal, uma pessoa com excelente sentido de humor, amigo do pvg, se além disto tudo ainda me dizes que tens uma costela moçambicana eu...eu...pespego-te uma beijoca (mesmo correndo o risco de haver uma Mrs. Fogueiro e um Mr scpnuno a terem uma crise de ciumes...)aqui deste lado há varias costelas moçambicanas e um coração que ficou lá um bocadinho.
Beijoca
Esta é a vantagem da ambição:
Podes não chegar á Lua
Mas tiraste os pés do chão...
Podes não chegar á Lua
Mas tiraste os pés do chão...
scpnuno Escreveu:Paionese, 9/11 é um filme. Eu tenho militares na familia. Sei, em 1ª mão, do que estou a falar.
Atenção, eu não defendo o Bush incondicionalmente. Até nem vou á missa dele. Não concordo é com certas afirmações.
E peço desculpa ao Fogueiro pelo desvio, vou voltar aos nylows (embora eu prefira algodão, mas a gente vai para onde tem que ir)
Não, não... eu também detesto as fibras sinteticas, fazem-me urticaria; só algodão e, se possível, colhido nos campos da moçambicana Beira...

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