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Caldeirão da Bolsa

Portugal corre risco de cair em recessão prolongada

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por TRSM » 17/4/2003 14:39

Banco de Portugal diz recessão agrava-se no primeiro trimestre



Quinta, 17 Abr 2003 14:02

A recessão na economia portuguesa acentuou-se fortemente no primeiro trimestre do ano, de acordo com indicações fornecidas hoje pelo Boletim de Conjuntura do Banco de Portugal.

A informação contrasta com a fornecida, também hoje, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), cujos indicadores mais abrangentes sugerem uma estabilização no primeiro trimestre.

O Indicador Coincidente do Banco de Portugal registou uma queda homóloga de 3,2%, quando havia baixado no último trimestre do ano passado 2,4%.

O Banco de Portugal reviu ainda em baixa os números da série, sobretudo referentes à segunda metade de 2002, o que sugere que a recessão no final do ano passado foi mais acentuada do que a informação até agora disponível deixava perceber.

Segundo o INE, o PIB sofreu uma contracção de 1,3% no último trimestre de 2002, depois de ter tido uma variação homóloga nula nos três meses entre Julho e Setembro.


Indicador Coincidente abaixo da recessão de 1993
O Indicador Coincidente, o barómetro mais abrangente do Banco de Portugal para medir a actividade económica, reunindo informação da indústria, comércio e construção, «não permite fornecer indicações quantitativas precisas sobre a taxa de variação do Produto Interno Bruto», adverte o Banco de Portugal. Em contrapartida, acompanha adequadamente a tendência da economia.

O nível depressivo a que se encontra o Indicador Coincidente é mais acentuado do que o mínimo histórico atingido na anterior recessão. No último trimestre de 1993, quando a actividade económica bateu no fundo, o Indicador Coincidente caiu apenas 1,1%. Uma queda inferior aos 3,2% hoje divulgados para o primeiro trimestre de 2003.

Todas as componentes da procura interna continuaram, nos primeiros três meses do ano, a reflectir o agravamento da situação económica. «Os indicadores disponíveis sobre a evolução do consumo privado sugerem a continuação da sua desaceleração no primeiro trimestre de 2003», afirma o Boletim do Banco de Portugal.

«No que diz respeito à Formação Bruta de capital Fixo (FBCF) em material de transporte, a informação disponível para os primeiros três meses de 2003 aponta para a manutenção da evolução negativa observada no ano anterior». Na área da construção, as indicações sobre a queda do investimento são igualmente más.

Sobre a procura externa, decisiva para a recuperação, o Banco de Portugal é muito reservado a fornecer indicações. As primeiras informações estatísticas são normalmente sujeitas a acentuadas revisões antes da divulgação dos números finais. Além disso, só estão disponíveis primeiras estimativas sobre a totalidade do comércio internacional para o primeiro mês do ano. Em Janeiro, em termos nominais e homólogos, as exportações aumentaram 5,1%, enquanto as importações caíram 3,5%.

Se a tendência de 2002 se tiver mantido, as taxas referidas têm implícitos ganhos nos termos de troca, ou seja, uma evolução comparativamente mais favorável dos preços das exportações sobre os preços das importações.

Essa evolução está relacionada com uma melhoria do défice externo. «No mês de Janeiro, o défice resultante da soma dos saldos das Balanças Corrente e de Capital diminuiu 169,1 milhões de euros face ao mesmo período do ano anterior, situando-se em 453 milhões».

Sobre o crédito interno, um sector particularmente crítico na actual conjuntura, os dados do Banco de Portugal sugerem que ele continua a crescer a ritmos muito elevados.

O crédito total ao sector privado não financeiro (empresas e famílias) aumentou 9,5% em termos homólogos, em Fevereiro, acima dos 9,4% de Janeiro. Registou-se uma aceleração do crédito às empresas - de 5,9% para 6,6% (e uma correcção em baixa) do aumento do crédito às famílias, de 12,6% para 12,1%.

Por Jorge Campos da Costa




por Canal de Negócios
 
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por TRSM » 17/4/2003 10:12

Conjuntura: Portugueses sem poder de compra até final de 2004
2003-04-17 08:14:58

Os trabalhadores portugueses vão perder poder de compra pelo menos até ao final do próximo ano, indica esta quinta-feira o Jornal de Negócios, citando conclusões da Comissão Europeia.

Os portugueses não terão ganhos salariais reais ao contrário do que vai suceder com os trabalhadores da Zona Euro.

No entanto, segundo as previsões de Primavera da Comissão Europeia (CE), a estimativa de perda dos salários não é tão grande como nas últimas crises económicas. Para este ano, prevê-se que as remunerações registem uma descida de 0,3%, quando em 1993 se verificou uma perda de 0,8%.

Caso se confirmem as previsões da CE, não se vai verificar um crescimento real dos salários, tal como aconteceu entre 1991 e 2000 onde as remunerações dos portugueses estiveram acima dos outros países da União Europeia.

Portugal vai continuar a perder competitividade em relação aos outros da Zona Euro. Segundo a CE, o nosso país só não perde para não variar em relação à Grécia.

A edição de quinta-feira do Jornal de Negócios indica ainda que os salários em Portugal absorveram 78,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2002, cifrando- se em mais de 10% que na média dos países da Zona Euro.

Fonte: Diário Digital
 
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Portugal corre risco de cair em recessão prolongada

por TRSM » 17/4/2003 9:49

Portugal corre risco de cair em recessão prolongada



Quinta, 17 Abr 2003 09:25

O Presidente da República, Jorge Sampaio, reúne hoje com oito economistas para tomar o pulso à crise económica. O Negocios.pt foi ouvir a opinião de quatro deles sobre a conjuntura: Miguel Beleza, Vítor Bento, Teodora Cardoso e Silva Lopes.

Há um consenso sólido em torno de um facto - a economia está doente e a recuperação poderá tardar em chegar. Mas os discursos nem sempre coincidem na interpretação da patologia. Daí as diferenças de abordagem à política económica, que são bem mais que diferenças de tom.

«A situação este ano é sombria», diz o presidente cessante do Conselho Económico e Social, Silva Lopes. «O principal risco é que a conjuntura internacional», da qual está suspensa a retoma da economia portuguesa, «venha a ser pior» do que se antevê.

Miguel Beleza, ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva, considera «relativamente sensatas as projecções do FMI», as mais «sombrias» até agora divulgadas, e não negligencia o perigo de uma «recessão prolongada», se a recuperação internacional tardar.

Vítor Bento, presidente da SIBS, sublinha o facto de os principais motores da economia global - EUA, Zona Euro e Japão - estarem todos, simultaneamente, a sofrer de problemas, que são bem mais do que meramente conjunturais.

«É um caso inédito, pelos menos nos últimos 50 anos», diz. E realça a principal «ameaça» à sustentação de uma eventual retoma vinda de fora, apontando para «o défice externo dos EUA, persistente e significativo».

Teodora Cardoso, conselheira do BPI, diz que «Portugal sofre de uma doença grave». «Não é um problema de hoje, mas hoje é mais visível, porque deixámos de viver a ilusão de facilidade que, durante alguns anos, alguns quiseram ver na quebra das taxas de juro e na entrada de fundos comunitários». Na gravidade da crise, termina o consenso entre os economistas ouvidos.

Economistas divergem na política a seguir pelo Governo
As diferenças começam na interpretação dos sinais da doença. Teodora Cardoso afirma que «o défice externo continua a ser, apesar de tudo, a minha menor preocupação. É um sintoma da perda de competitividade, e só nesse sentido não pode ser desprezado, mas a situação não é comparável à dos anos 80, quando o FMI interveio».

Daí a desvalorização que faz dos recentes alertas lançados por aquela instituição, relativamente aos riscos no sector financeiro. Os alertas «parecem-me um exagero», diz a economista, no que é secundada por Silva Lopes e Miguel Beleza, ambos garantindo que os dados de que dispõem estão longe de sugerir que o sistema esteja sob «ameaça».

A voz discordante, aqui, é a de Vítor Bento. Reconhecendo que é perigoso falar deste tipo de riscos - «os riscos podem ser ampliados pela sua própria enunciação» -, o economista afirma, contudo, que eles «são reais». Ao alertar para eles, «o FMI cumpriu o seu papel».

E é por considerar o endividamento externo a grande vulnerabilidade da economia portuguesa, reflectindo uma progressão insustentável do endividamento das famílias e das empresas, que Vítor Bento desaconselha qualquer veleidade de estímulo à economia vindo da política orçamental.

«Não há margem de manobra» e, mesmo que houvesse, «limitar-se-ia a aumentar o já elevado nível de endividamento da economia, contribuindo justamente para o agravamento das vulnerabilidades» que estão a tornar a crise interna bem mais aguda do que justificaria o ambiente internacional adverso.

Na abordagem da política orçamental, Vítor Bento coincide com Miguel Beleza, para quem, «qualquer hesitação da ministra das Finanças em relação ao rumo até agora traçado, seria um perigoso retrocesso.

Não se pode dar ouvidos aos cantos de sereia dos que começam a sugerir que o que é adequado para a economia é inflacionar». No limite, Miguel Beleza admite que o défice deve deixar acomodar a perda de receita forçada pelo fraco nível de actividade económica. Mas é forçoso impedir que sobre o país volte a cair a «má reputação» do rótulo de economia em défice excessivo.

Silva Lopes e Teodora Cardoso pautam as suas observações à condução das Finanças Públicas por um tom completamente diferente. Para Silva Lopes, na actual conjuntura «seria absurdo cumprir o Programa de Estabilidade e Crescimento».

Teodora Cardoso vai mais longe: «a política orçamental do Governo é totalmente errada, porque insiste em aderir a um Pacto [de Estabilidade e Crescimento] moribundo». Seria preferível «não ligar muito ao défice, aumentar o investimento público e baixar mesmo os impostos».

Só a má situação da economia merece o pleno do consenso entre os economistas. Quanto aos riscos que representa o desequilíbrio externo, mero reflexo do desequilíbrio financeiro das famílias, empresas e Estado, os economistas diferem.

Como divergem nas recomendações que fazem para a orientação da política orçamental, o último instrumento que restou a Portugal para afinar a conjuntura, depois da entrada no euro.

Por Jorge Campos Costa e Eva Gaspar




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