O Jardim das Flores Azuis
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Fórum específico de poesia e histórias para fazer óó?
Que tal?
Literatura para crianças, momentos zen, salvem a floresta amazónica e o lince da serra da malcata,
ursinhos de peluche em franca camaradagem com suaves touros a saltar de nenúfar em nenúfar...histórias de encantar e contos de fadas?
Give me a break...podia ser o título do sub-fórum.
LOL
Curioso: What's the point?
Abraços,
Literatura para crianças, momentos zen, salvem a floresta amazónica e o lince da serra da malcata,
ursinhos de peluche em franca camaradagem com suaves touros a saltar de nenúfar em nenúfar...histórias de encantar e contos de fadas?
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Curioso: What's the point?
Abraços,
Abraço,
Dwer
There is a difference between knowing the path and walking the path
Dwer
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Uau!
Um Momento Zen como preparação para um fds prolongado?
Um Momento Zen como preparação para um fds prolongado?
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
Niccolò Machiavelli
http://www.facebook.com/atomez
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O Jardim das Flores Azuis






O Jardim das Flores Azuis fica sempre à esquina do arco-íris e prolonga-se até ao mar. Para lá entrar basta ser criança, ou é preciso saber que o terceiro raio de sol por entre os ramos das grandes árvores esconde, com o seu brilho, o caminho que leva ao lago prateado, o ponto de chegada dos cisnes, dos gansos e dos patos, que todos os anos percorrem muitos quilómetros para ali virem descansar, e onde centenas e centenas de peixes de todas as formas e cores se divertem, tentando apanhar-se uns aos outros.
Desde o início da Primavera, a azáfama era grande naqueles prados verdes, enfeitados por flores que pareciam querer desafiar o arco-íris, mas onde predominavam os miosótis, que davam o nome ao jardim.
As árvores agitavam-se, felizes, acompanhando a brisa que lhes penteava as folhas recentes.
A relva, orgulhosa da sua cor viva e fresca, tagarelava continuamente com os pequenos insectos que entre ela se movimentavam.
– Então, senhora gafanhota, como está? E a sua família? O seu marido?
A madame gafanhota fazia de conta que não era com ela, não dava troco a bisbilhoteiras, e dava mais um salto, aproveitando a manhã agradável que estava.
Olá, menina joaninha – insistia a relva – as suas pintas estão cada vez mais bonitas. Já arranjou namorado?
A joaninha corava, mas ninguém percebia, afinal, ela já era quase toda vermelha, e dizia qualquer coisa, muito envergonhada, afastando-se rapidamente, à procura de uma flor apetitosa.
De vez em quando, a relva tentava distrair uma abelha ou uma formiga que, sempre atarefadas, passavam velozmente em direcção a uma pétala ou a uma semente.
– Pst! Oh, menina! Menina! Venha aqui um bocadinho falar com a gente... Não vá já embora. O dia está tão bonito.
Na maior parte das vezes, também as abelhas e as formigas não lhe prestavam atenção. A relva tirava o seu alimento da terra onde estava plantada, enquanto elas andavam muito ocupadas a repor a despensa que tinha diminuído muito no inverno.
Por entre os arbustos, as aranhas refaziam as teias afectadas pelas fortes chuvas e pelos ventos irrequietos dos dias curtos que tinham ficado para trás.
Ocasionalmente, as andorinhas vinham até ao jardim, em grandes bandos animados e ágeis, que revoluteavam nos ares, em despique vocal com os pardais que, nas árvores, as olhavam um bocadinho invejosos.
As borboletas visitavam-se uma às outras, como se já não se vissem há muito tempo, e afinal estavam só a reconhecer uma amiga que, a última vez que tinha sido encontrada, era uma lagarta.
– Ai que linda que tu estás! – dizia uma, para o que tinha sido uma lagarta verde brilhante com uns anéis pretos e que, agora, era uma esplendorosa borboleta repleta de amarelos, castanhos e pretos.
– Tu também não estás nada mal! – respondia-lhe esta, gabando-lhe os azuis e os verdes que luziam nas suas asas.
Esquilos, lebres e coelhos punham os narizitos irrequietos fora dos buracos das árvores e das tocas no chão, indecisos sobre se chegara a hora para procurara uma noz, uma cenoura ou um pé de alface mais tenro, que desse para recuperar algumas das energias perdidas até aí.
Bom! Não punham todos. O coelho branco, como sempre, ainda não tinha aparecido. Era sempre o mais atrasado. O que ficava sempre mais um bocadinho no quentinho da toca, pois não era preciso, segundo ele, ir logo a correr para tudo. Com calma é que as coisas se faziam.
– O coelho branco já apareceu? – perguntavam as lebres, com grandes risadas, quase tão grandes como as suas enormes orelhas que, nervosamente, agitavam de um lado para o outro.
– Coelho branco! Coelho branco! – gritavam os esquilos, saltando de ramo para ramo – Acorda! Já é Primavera!
Mas o coelho branco não aparecia e eles depressa o ignoravam distraídos com todas as novidades que a estação trazia ano após ano.
E os dias iam passando, cada vez mais longos, com a normalidade a restabelecer-se rapidamente, até todos terem esquecido o frio e a neve que já eram, na verdade, coisas do passado.
A certa altura, quando o sol já começava a demorar-se sobre os ramos mais baixos das árvores, à espera que a lua lhe viesse fazer companhia no resto do dia que ainda havia para gastar, quando os ninhos se começavam a preparar para a chegada das primeiras crias do ano, era tempo de preparar o Jardim das Flores Azuis para a Páscoa, que se aproximava.
Era sempre uma festa muito bonita, com todas as crianças convidadas para passarem um tempo longe dos prédios, dos carros e da confusão que, normalmente, havia nas cidades.
Durante uns dias, os prados enchiam-se de risadas felizes, brincadeiras alegres e aventuras imprevistas. Havia a caça aos ovos de Páscoa, a procura dos chocolates, a descoberta dos bombons, a pesquisa dos rebuçados e muitas mais actividades em que todos, crianças, animais e plantas, queriam participar.
Aliás, quem organizava a festa eram todos os habitantes do. Sempre tinha sido e iria continuar a ser enquanto ele existisse, desde a esquina do arco-íris até ao mar.
Quando tudo estivesse pronto, já se sabia que o terceiro raio de sol por entre os ramos das grandes árvores começaria a chamar as crianças e a dar-lhes passagem até ao lago prateado, onde cisnes, gansos e patos as esperavam para as transportarem em segurança para o prado verde, enquanto os peixes – e os vermelhos eram os mais alegres, havendo um deles que, à noitinha, até cantava o fado (mas isso é outra história) – lhes davam as boas-vindas com grandes saltos fora de água, em piruetas que faziam todos soltarem gargalhadas.
E, de repente, todos ficavam muito ocupados. Os pássaros penduravam fios dourados nas árvores e nos arbustos, e parecia que as plantas eram iluminadas por milhares de sóis. Ao mesmo tempo, distribuíam os rebuçados que, nos seus papéis brilhantes, faziam iluminar ainda mais o dia.
As abelhas andavam num corrupio de flor em flor, espalhando pólen, fazendo as pétalas brilharem, acompanhando-o com bombons que davam ainda mais colorido às flores, como se isso fosse possível.
Os esquilos apanhavam as folhas velhas do chão e ajeitavam a relva, para esta se manter bonita e viçosa, deixando para trás, como que por acaso, alguns chocolates que deixavam a relva curiosa e a faziam desfazer-se em perguntas.
– Olá! O que és tu? O que estás aqui a fazer? Estás perdido? Não sabes falar? – era uma nunca mais acabar de perguntas que ela fazia, mas que os chocolates ignoravam para não serem encontrados antes de tempo.
As aranhas teciam lindas teias entre os ramos das árvores, que, com o orvalho da manhã, pareciam repletas de pérolas.
O coelho branco espalhava ovos de Páscoa pelo Jardim...
Esperem aí! Onde está o coelho branco?
De repente, foi o pânico no Jardim das Flores Azuis. Ninguém sabia onde estava o coelho branco e era ele que tinha de esconder os ovos pintados, que as crianças teriam de encontrar mais tarde.
Os pássaros começaram a voar em todas as direcções, chilreando muito nervosos, perguntando uns aos outros:
– Onde está o coelho branco? Onde está o coelho branco?
As abelhas esqueceram-se de espalhar o pólen e juntaram-se na colmeia zumbindo interrogações:
– Onde está o coelho branco? Onde está o coelho branco?
Os esquilos deitaram-se na relva, desanimados, roendo nervosamente umas bolotas, questionando:
– Onde está o coelho branco? Onde está o coelho branco?
As aranhas pararam de tecer as teias, ficando penduradas nos seus fios de seda, balançando ao sabor do vento, olhando umas para as outras, sem saberem onde estava o coelho branco.
Até os cisnes, os gansos e os patos vinham aflitos do lago prateado, agitados com tanta aflição, e também eles não sabiam onde estava o coelho branco.
O sol ficou, por momentos, muito triste e os seus raios já não incidiam nos ramos das grandes árvores, deixando de chamar pelas crianças e escondendo a entrada de todos os que se aproximassem.
Parecia que tudo estava perdido. A festa da Páscoa não seria a mesma sem os ovos pintados do coelho branco.
Quando já todos desanimavam, pensando que nenhuma criança viria ao Jardim das Flores Azuis, ouviu-se uma vozinha, no meio da relva, que era a única que não estava preocupada, e apareceu o coelho branco, bocejando, com um cesto em cada pata.
– Então? Já são horas de esconder os ovos? – perguntou estremunhado.
Todos os outros animais começaram a falar ao mesmo tempo e a ralhar-lhe.
Ele ficou envergonhado e desculpou-se:
– Adormeci e esqueci-me das horas...
Mas ainda não era tarde e todos voltaram às suas tarefas. Com todos a ajudar, os ovos foram escondidos pelo jardim, mas não muito, que era para ficarem mais fáceis de encontrar.
Quando as crianças chegaram, tudo estava pronto e lindíssimo e a festa da Páscoa foi, uma vez mais, um sucesso no Jardim das Flores Azuis.
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