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Caldeirão da Bolsa

Alguém comenta o futuro do Brasil?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por djovarius » 10/4/2003 18:43

Tixa,

claro que não é indiscrição. Mas vou responder por MP, por razões óbvias, tá bom?

jocas

dj
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por Patrícia M. » 10/4/2003 18:28

Djovarius, lê-lo é sempre um prazer. Sempre que leio uma mensagem sua fico curiosa em saber o que o levou até essas bandas. Questões profissionais? E se não for muita indiscrição, trabalha no meio financeiro?

Jinhos,
Tixa
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comentário estranho...

por djovarius » 10/4/2003 14:20

Amigo Mitrolas,

Não sei se me acompanha aqui às sextas-feiras, mas não importa para o caso. Confesso que me custam a ler comentários de imprensa, analistas de Bancos, etc... e de observar como é reduzida a visão de muitos.

Quando diz que pode o Governo Lula ser um novo Guterres, confesso que isso foi o que pensei em tempos, mas logo todos viram que não seria assim, até porque não há margem para uma política expansionista como foi essa. São as vantagens da UE. Aqui, é diferente, é ainda o reino do FMI. Aliás, tanto que não há margem para loucuras, que o Governo só vai aumentar os funcionários federais em 1%, bem abaixo da meta de inflação de 12%. Portanto, há aperto de cinto, mesmo.
Quanto à análise do BPI, manifesta um desconhecimento do que se passa no terreno. O povo está há muito acostumado com a ideia de crise séria e não houve um estado de graça, no verdadeiro sentido da palavra. As pessoas, mesmo as menos letradas, perceberam logo que Lula teria pouca margem de manobra no curto prazo e que o tempo dos sacrifícios vai continuar, doa a quem doer.
Quanto à base governista e às alianças... aí é que a análise é delirante...
o que os Partidos da oposição querem para entrar no governo são lugares... e o PMDB é uma serpente. Os deputados do PMDB de São Paulo e dos principais Estados estarão com Lula. Quanto aos radicais de esquerda, já levaram o aviso: ou portam-se bem, ou então....
Lembro que FHC nunca teve uma maioria estável. Não foi por isso que não cumpriu as exigências do FMI e dos investidores internacionais. E as empresas que aqui investem, sempre facturaram, sobretudo as que pensam no longo prazo. Pensemos na GM, VW, Bayer, e muitos etc... que estão aqui há dezenas de anos e já passaram por crises e mais crises. Foram-se embora? Claro que não. O mercado é bom, apesar de realmente ter problemas estruturais, aqui e ali, mas é um mercado bom para chegar e ficar... e isso é mais importante do que a pequena política dos Governos, do Congresso, dos corruptos, do crime...

Um abraço
djovarius
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Alguém comenta o futuro do Brasil?

por MITROLAS » 10/4/2003 13:32

Com tanto investimento estrangeiro e agora governado por um ex-sindicalista, começam agora as greves a cobrar as promessas eleitorais.
Espero que não aconteça como em Portugal com o Guterres, em que os primeiros anos era gastar à grande e à francesa. Daí não ter ocorrido, se bem me lembro uma única greve em todo o período de governação socialista!!!
O pior é que depois há que pagar pelos erros cometidos. :(

Deixo-vos aqui a análise do BPI à situação do Brasil:

"Os três meses do Executivo de Lula da Silva
Por Susana de Jesus Santos

Passaram os três primeiros meses do governo de Lula da Silva, período em que as dúvidas em relação à capacidade e sustentabilidade de um governo minoritário de esquerda deram lugar ao tradicional «estado de graça». Para tal muito terá contribuído o discurso mais conciliador de Lula, empenhado em avançar com reformas estruturais importantes e consentâneas com o funcionamento dos mercados.

De facto, este foi um período que se pautou por um clima de maior estabilidade económico-financeira. A atribuição da pasta das Finanças a A. Palocci revelou-se uma decisão sensata que gerou frutos positivos no campo económico. As dúvidas em relação ao incumprimento da dívida foram debeladas e os rollover têm vindo a ser efectuados com relativa facilidade.

Os receios de uma espiral de inflação no final do ano passado lentamente vão dando alguns sinais (ténues) de esbatimento e no campo fiscal foram dados sinais de disciplina e empenhamento. O FMI manifestou-se concordante com a política prosseguida pela equipa de Lula e mostra-se confiante quanto ao futuro. A moeda recuperou face ao dólar e o risco do país estreitou para níveis abaixo de 1000 pontos base. No panorama político, desenvolvem-se os esforços para assegurar a estabilidade de governação. As negociações com o PMDB, actualmente na oposição, decorrem de forma a garantir uma maior base de apoio no Congresso e fala-se mesmo numa restruturação do governo de forma a incluí-lo.

O benefício da dúvida atribuído a Lula da Silva e ao seu governo não deverá, no entanto, ser confundido com a efectiva capacidade do executivo em ultrapassar os desafios que se perspectivam nos próximos meses e que poderão alterar o equilíbrio estabelecido. A principal vulnerabilidade deste Governo reside na inexistência de uma base de apoio político suficientemente alargada que lhe permita a concretização das acções que vêm sendo anunciadas. De facto, o governo Brasileiro inclui na sua agenda reformas estruturais importantes e timings exigentes que sem dúvida conferem uma maior tranquilidade aos agentes económicos. No entanto, a inviabilidade dessas acções por falta de apoio político poderá acabar por descredibilizar a actuação do Governo.

A recente apresentação da proposta de alteração da Constituição por forma a viabilizar a autonomia do Banco Central constitui um bom exemplo das dificuldades reais com que este executivo se irá deparar. Se, por um lado, a necessidade de uma base de apoio alargada obriga à procura de apoio nos quadrantes mais à direita do espectro político Brasileiro; por outro lado, esse apoio obriga a cedências políticas que os próprios membros da coligação do governo não estão dispostos a aceitar. De facto, o discurso mais liberal de Lula, manifestado em campanha eleitoral e prosseguido no primeiro trimestre de governação, não parece ser acompanhado por todos os seus parceiros de partido. Por outro lado, os apoios estabelecidos entre a oposição afiguram-se precários.

As recentes negociações com o PMDB (que em teoria permitiria ao governo assegurar mais de 60% dos votos, fasquia necessária à aprovação de alterações à Constituição) desenvolvem-se lentamente, mas a não co-responsabilização do PMDB através da sua inclusão no governo deverá tornar o apoio muito vulnerável, sendo conhecidas as várias facções dentro do partido que discordam desta aliança.

Assim, existe a possibilidade de que, futuramente, as dificuldades de um consenso suficientemente alargado conduzam a uma estagnação da agenda do governo. De facto, não se apresentam muitas opções a Lula da Silva. A viragem para dentro do próprio partido, assumindo uma política mais orientada para as questões sociais e menos empenhada no rigor orçamental parece pouco provável. Esta alternativa não tornaria mais viável a votação das propostas apresentadas e apenas contribuiria para a total refuta dos mercados e organismos internacionais. Alternativamente, o governo irá continuar à procura de consensos que permitam avançar com as suas propostas. No entanto, esta alternativa conduzirá, possivelmente, à desvirtuação das propostas apresentadas, fruto de uma tentativa de conciliação de interesses muito divergentes. No limite, tudo isto poderá significar o adiamento sucessivo das propostas apresentadas. Note-se que o próprio programa de combate à fome, uma das principais bandeiras da campanha de Lula, tarda em ganhar ritmo. Espera-se que Lula apresente rapidamente uma solução viável que dissipe a possibilidade de um impasse político, que embora ainda não exista, é uma ameaça!

Por tudo isto, poderá dizer-se que o “estado de graça” do executivo de Lula da Silva terá chegado ao fim. À dificuldade em viabilizar um governo minoritário, alia-se a impopularidade das reformas propostas, provocando quedas nas sondagens de opinião. Surgem os primeiros sinais de descontentamento, com greves em alguns sectores da economia. E o descontentamento social reflecte também a crescente insegurança que surge da proliferação de focos de violência e crime organizado, por vezes associados a grupos considerados perto do PT, os quais as autoridades revelam dificuldade em controlar."
in www.de.iol.pt
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