A bomba atómica do Money Management?!
Pois...
Tudo depende das variáveis do sistema.
Se por um lado realmente leva-nos mais rapidamente à ruina, quando estamos perante uma série de maus investimentos;
por outro, também nos leva a recuperar mais rapidamente das perdas, desde que tenhamos uma boa presença de bons investimentos ao longo do período analisado.
Poder-se-á dizer que tem um dinamismo maior.
No meu caso, limito-me a seguir uma percentagem de apostas vencedoras de cerca de 80%, numa odd (preço) correspondente a 65%, em termos médios. Isto significa que a cada investimento tenho uma yield expectável de 10-15%. Quanto mais vezes "rodar" o investimento melhor. Mais fiável se torna a realidade na aproximação ao modelo, e mais cash consigo, visto que o yield se vai multiplicando.
Ou seja, o sistema D'Alembert tem-me funcionado MUITO BEM, mas com as variáveis definidas por certas características que serão mais dificeis de obter num mercado de capitais (derivados...).
Esta a razão pela qual "pedia" para que o tema D'Alembert fosse inserido no tópico... para ver se alguém me ajudava a passar este sistema para os mercados... Penso que a dificuldade será obter um determinado evento/trade, que tenha uma percentagem de acerto de 80%...
Tudo depende das variáveis do sistema.
Se por um lado realmente leva-nos mais rapidamente à ruina, quando estamos perante uma série de maus investimentos;
por outro, também nos leva a recuperar mais rapidamente das perdas, desde que tenhamos uma boa presença de bons investimentos ao longo do período analisado.
Poder-se-á dizer que tem um dinamismo maior.
No meu caso, limito-me a seguir uma percentagem de apostas vencedoras de cerca de 80%, numa odd (preço) correspondente a 65%, em termos médios. Isto significa que a cada investimento tenho uma yield expectável de 10-15%. Quanto mais vezes "rodar" o investimento melhor. Mais fiável se torna a realidade na aproximação ao modelo, e mais cash consigo, visto que o yield se vai multiplicando.
Ou seja, o sistema D'Alembert tem-me funcionado MUITO BEM, mas com as variáveis definidas por certas características que serão mais dificeis de obter num mercado de capitais (derivados...).
Esta a razão pela qual "pedia" para que o tema D'Alembert fosse inserido no tópico... para ver se alguém me ajudava a passar este sistema para os mercados... Penso que a dificuldade será obter um determinado evento/trade, que tenha uma percentagem de acerto de 80%...

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Re
Amigo Bateman:
Se bem percebi, trata-se de uma variante mais próxima de uma estratégia do tipo martingale.
O problema intrigante que vejo à partida, embora ainda não tenha simulado as virtudes do sistema, é porque motivo se vai subindo e descendo de nível á medida que se vai progredindo em séries em que se registam perdas pelo meio. Não será que dessa forma as consequências são idênticas a um sistema martingale com um valor de aposta médio a rondar perto do nível 2, com consequências de risco de ruína até um pouco superiores às do sistema martingale original? Isto é, exemplificando, se um trader tiver um capital limitado à partida, em vez de se sujeitar por exemplo a 8 sequências de trades negativas que o eliminem dos palcos dos mercados, neste sistema d'Alembert bastaria menos 7 ou 6 sequências negativas, consoante partisse do nível 2 ou 3, para ser riscado do mapa!
Como ponto positivo para já, o que pressuponho é que, antes de fazer face à tal sequência demolidora que, embora de probabilidade reduzida, o meterá mais cedo ou mais tarde fora de jogo, quanto maior o seu capital de partida maiores as hipóteses de sobreviver mais tempo, é que os lucros arrecadados até isso acontecer serão superiores à forma original de apostas situadas apenas ao nível 1.
Isto é, a conclusão a que chego é que o risco de ruína do método d'Alembert em relação ao martingale original é directamente proporcional à relação de lucros entretanto acumulados entre os 2 sistemas.
Não sei se estou a ver bem o filme, mas se vires aqui alguma objecção, fico à espera de um comentário que possa contrariar esta conclusão prévia.
Abraço.
Cem
Se bem percebi, trata-se de uma variante mais próxima de uma estratégia do tipo martingale.
O problema intrigante que vejo à partida, embora ainda não tenha simulado as virtudes do sistema, é porque motivo se vai subindo e descendo de nível á medida que se vai progredindo em séries em que se registam perdas pelo meio. Não será que dessa forma as consequências são idênticas a um sistema martingale com um valor de aposta médio a rondar perto do nível 2, com consequências de risco de ruína até um pouco superiores às do sistema martingale original? Isto é, exemplificando, se um trader tiver um capital limitado à partida, em vez de se sujeitar por exemplo a 8 sequências de trades negativas que o eliminem dos palcos dos mercados, neste sistema d'Alembert bastaria menos 7 ou 6 sequências negativas, consoante partisse do nível 2 ou 3, para ser riscado do mapa!
Como ponto positivo para já, o que pressuponho é que, antes de fazer face à tal sequência demolidora que, embora de probabilidade reduzida, o meterá mais cedo ou mais tarde fora de jogo, quanto maior o seu capital de partida maiores as hipóteses de sobreviver mais tempo, é que os lucros arrecadados até isso acontecer serão superiores à forma original de apostas situadas apenas ao nível 1.
Isto é, a conclusão a que chego é que o risco de ruína do método d'Alembert em relação ao martingale original é directamente proporcional à relação de lucros entretanto acumulados entre os 2 sistemas.
Não sei se estou a ver bem o filme, mas se vires aqui alguma objecção, fico à espera de um comentário que possa contrariar esta conclusão prévia.
Abraço.
Cem
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Humm....
A estratégia D'Alembert consiste, tal como Martingale ou AntiMartingale, em definir o próximo investimento em função do resultado obtido no último investimento.
Então:
Iniciando com 1 contrato....
Falha o primeiro investimento, dobra para 2 contratos. Falha o segundo investimento (com 2 contratos) dobra para 4 contratos. Se acerta o terceiro investimento, não volta a 1 contrato, mas sim para 2 contratos. É tipo "harmonica". Fica um género de uma árvore binomial (daquelas dos calculos de valor de um warrant/opção).
De modo inverso, se acerta o primeiro investimento, mantém com apenas 1 contrato para o próximo investimento. Só aumenta um nível cada vez que falha um investimento, e ao acertar novamente, em vez de voltar a 1 contrato (nível inicial) limita-se a baixar um nível.
Nível 1: 1 contrato
Nível 2: 2 contratos
Nível 3: 4 contratos
Nível 4: 8 contratos
....
Em termos de industria de apostas, e respectivos apostadores profissionais, faz-se ainda outra coisa, que é limitar o máximo de contratos (obviamente que não se chamam contratos no caso especifico dos apostadores), por exemplo ao nível 4... e esse nível 4 ser equivalente a 10% do Bank total em determinado momento.
Ou seja, o raciocinio faz-se até ao nível 4... e a partir daí, só se baixa de nível, visto que funciona como um limite (mas isto já é uma pequena variação do próprio sistema D'Alembert).
Assim, e sucintamente, faz-se uma gestão "agressiva", tentando aproveitar a "mão quente", sempre dentro de aproximadamente 10% do bank/carteira total. Isto é, limitando-se a um determinado "nível", nunca estamos no "mercado" com mais de 10% do nosso cash...
Penso que dá para ter uma ideia...
A estratégia D'Alembert consiste, tal como Martingale ou AntiMartingale, em definir o próximo investimento em função do resultado obtido no último investimento.
Então:
Iniciando com 1 contrato....
Falha o primeiro investimento, dobra para 2 contratos. Falha o segundo investimento (com 2 contratos) dobra para 4 contratos. Se acerta o terceiro investimento, não volta a 1 contrato, mas sim para 2 contratos. É tipo "harmonica". Fica um género de uma árvore binomial (daquelas dos calculos de valor de um warrant/opção).
De modo inverso, se acerta o primeiro investimento, mantém com apenas 1 contrato para o próximo investimento. Só aumenta um nível cada vez que falha um investimento, e ao acertar novamente, em vez de voltar a 1 contrato (nível inicial) limita-se a baixar um nível.
Nível 1: 1 contrato
Nível 2: 2 contratos
Nível 3: 4 contratos
Nível 4: 8 contratos
....
Em termos de industria de apostas, e respectivos apostadores profissionais, faz-se ainda outra coisa, que é limitar o máximo de contratos (obviamente que não se chamam contratos no caso especifico dos apostadores), por exemplo ao nível 4... e esse nível 4 ser equivalente a 10% do Bank total em determinado momento.
Ou seja, o raciocinio faz-se até ao nível 4... e a partir daí, só se baixa de nível, visto que funciona como um limite (mas isto já é uma pequena variação do próprio sistema D'Alembert).
Assim, e sucintamente, faz-se uma gestão "agressiva", tentando aproveitar a "mão quente", sempre dentro de aproximadamente 10% do bank/carteira total. Isto é, limitando-se a um determinado "nível", nunca estamos no "mercado" com mais de 10% do nosso cash...
Penso que dá para ter uma ideia...

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Re
Antes de concluir a minha exposição ficam umas breves respostas aos colegas de forum que resolveram intervir:
- Amigo JJS:
Até corei com tanto elogio que não mereço!
Vou fazendo o possível por ir partilhando "receitas" sobre formas de podermos conseguir aumentar o pecúlio que todos tentamos obter.
Estes foruns da Bolsa são excelentes oportunidades para irmos aprendendo muito sobre estratégias e novas ideias a aplicar no mercado.
Pelo menos na parte que me toca fiz muita da minha aprendizagem e formação sobre trading baseada em matéria interessante que li por este tipo de sites já que o meu ramo é a Engenharia e não a Economia.
- Amigo Bateman:
Confesso a minha ignorância na ligação entre o d'Alembert e o money management, mas fiquei curioso e fui pesquisar o que havia na net a esse respeito. Até agora não descobri ainda ligações práticas, há muita informação sobre cálculo diferencial mas se por acaso o amigo Bateman tiver algum hyperlink interessante relativo a esta temática eu ficar-lhe-ia muito grato pois poderei aprender mais alguma coisa certamente interessante e útil para eventualmente juntar às estratégias pré-feitas que vou aplicando no dia-a-dia em termos de money management
- Amigo Fernando/Hari:
Tudo bem contigo? A nossa Académica lá se safou! Estive recentemente em Coimbra aí num campeonato de xadrez no fim de semana antes da Queima das Fitas, algo que já não fazia em torneios oficiais há mais de 20 anos, para testar a força actual porque estava farto de perder contra o computador. Só fiz 3 em 6 mas com um ELO médio dos adversários na casa dos 2050, enfim, já não foi mau de todo!
Quanto às questões que colocaste, no geral concordo contigo: nas estratégias martingale vais subindo as apostas após sequências perdedoras até obteres um ganho global limitado e tens sempre o risco de haver sequências de um número de perdas consecutivas de tal ordem que te impeça de continuar face ao capital limitado de qualquer trader; nas estratégias antimartingale apostas em princípio uma percentagem fixa relativa ao capital disponível, se aumentares o capital apostas mais e se perderes capital passas a apostar menos, evitando assim teoricamente o risco de ruína.
Vai aparecendo mais vezes.
Abraços a todos, bons negócios e o meu obrigado,
Cem
- Amigo JJS:
Até corei com tanto elogio que não mereço!
Vou fazendo o possível por ir partilhando "receitas" sobre formas de podermos conseguir aumentar o pecúlio que todos tentamos obter.
Estes foruns da Bolsa são excelentes oportunidades para irmos aprendendo muito sobre estratégias e novas ideias a aplicar no mercado.
Pelo menos na parte que me toca fiz muita da minha aprendizagem e formação sobre trading baseada em matéria interessante que li por este tipo de sites já que o meu ramo é a Engenharia e não a Economia.
- Amigo Bateman:
Confesso a minha ignorância na ligação entre o d'Alembert e o money management, mas fiquei curioso e fui pesquisar o que havia na net a esse respeito. Até agora não descobri ainda ligações práticas, há muita informação sobre cálculo diferencial mas se por acaso o amigo Bateman tiver algum hyperlink interessante relativo a esta temática eu ficar-lhe-ia muito grato pois poderei aprender mais alguma coisa certamente interessante e útil para eventualmente juntar às estratégias pré-feitas que vou aplicando no dia-a-dia em termos de money management
- Amigo Fernando/Hari:
Tudo bem contigo? A nossa Académica lá se safou! Estive recentemente em Coimbra aí num campeonato de xadrez no fim de semana antes da Queima das Fitas, algo que já não fazia em torneios oficiais há mais de 20 anos, para testar a força actual porque estava farto de perder contra o computador. Só fiz 3 em 6 mas com um ELO médio dos adversários na casa dos 2050, enfim, já não foi mau de todo!
Quanto às questões que colocaste, no geral concordo contigo: nas estratégias martingale vais subindo as apostas após sequências perdedoras até obteres um ganho global limitado e tens sempre o risco de haver sequências de um número de perdas consecutivas de tal ordem que te impeça de continuar face ao capital limitado de qualquer trader; nas estratégias antimartingale apostas em princípio uma percentagem fixa relativa ao capital disponível, se aumentares o capital apostas mais e se perderes capital passas a apostar menos, evitando assim teoricamente o risco de ruína.
Vai aparecendo mais vezes.
Abraços a todos, bons negócios e o meu obrigado,
Cem
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martingale e antimartingale
Caro Cem,
É sempre um prazer ler os teus posts.
Se bem entendi, chamas antimartingale a tomar a posição contrária àquela que designas por martingale, i.e., quem faz martingale vai dobrando as apostas quando perde; quem faz antimartingale vai dobrando quando ganha e volta ao início (a apostar apenas 1) quando perde, tendo inicialmente estabelecido um certo número de ganhos sucessivos para parar e arrecadar o ganho. A vantagem é que só perde 1 de cada vez (enquanto que com o martingale perde 2^n-1 na n-ésima vez) e, portanto, parece ser menos arriscado.
De facto, fazendo as contas com uma paragem ao fim de 2 ganhos sucessivos vê-se que o antimartingale conduz a um valor médio mais vantajoso.
Exemplificando:
Probabilidade de ganhar 1 = 0,5+c
Probabilidade de perder 1 = 0,5-c
O martingale dá 3 hipóteses:
Ganha à primeira: lucro de 1 com prob=0,5+c
perde à primeira e ganha à segunda: lucro de 1 com prob=0,25-c^2
perde à primeira e à segunda: perda de 3 com prob=0,25-c+c^2
lucro médio=0,5+c+0,25-c^2-3(0,25-c+c^2)=4c(1-c)
O antimartingale dá as 3 hipóteses opostas:
Perde à primeira: perda de 1 com prob=0,5-c
ganha à primeira e perde à segunda: perda de 1 com prob=0,25-c^2
ganha à primeira e à segunda: lucro de 3 com prob=0,25+c+c^2
lucro médio=-(0,5-c)-(0,25-c^2)+3(0,25+c+c^2)=4c(1+c)
Este lucro médio é superior ao do martingale.
É isto? Claro que, para o caso geral, as contas seriam mais elaboradas, mas a conclusão deve ser idêntica.
Fico a aguargar a continuação.
Um abraço
Hari (FdA)
É sempre um prazer ler os teus posts.
Se bem entendi, chamas antimartingale a tomar a posição contrária àquela que designas por martingale, i.e., quem faz martingale vai dobrando as apostas quando perde; quem faz antimartingale vai dobrando quando ganha e volta ao início (a apostar apenas 1) quando perde, tendo inicialmente estabelecido um certo número de ganhos sucessivos para parar e arrecadar o ganho. A vantagem é que só perde 1 de cada vez (enquanto que com o martingale perde 2^n-1 na n-ésima vez) e, portanto, parece ser menos arriscado.
De facto, fazendo as contas com uma paragem ao fim de 2 ganhos sucessivos vê-se que o antimartingale conduz a um valor médio mais vantajoso.
Exemplificando:
Probabilidade de ganhar 1 = 0,5+c
Probabilidade de perder 1 = 0,5-c
O martingale dá 3 hipóteses:
Ganha à primeira: lucro de 1 com prob=0,5+c
perde à primeira e ganha à segunda: lucro de 1 com prob=0,25-c^2
perde à primeira e à segunda: perda de 3 com prob=0,25-c+c^2
lucro médio=0,5+c+0,25-c^2-3(0,25-c+c^2)=4c(1-c)
O antimartingale dá as 3 hipóteses opostas:
Perde à primeira: perda de 1 com prob=0,5-c
ganha à primeira e perde à segunda: perda de 1 com prob=0,25-c^2
ganha à primeira e à segunda: lucro de 3 com prob=0,25+c+c^2
lucro médio=-(0,5-c)-(0,25-c^2)+3(0,25+c+c^2)=4c(1+c)
Este lucro médio é superior ao do martingale.
É isto? Claro que, para o caso geral, as contas seriam mais elaboradas, mas a conclusão deve ser idêntica.
Fico a aguargar a continuação.
Um abraço
Hari (FdA)
Pena é que ainda não tenha sido mencionada a "D'Alembert Approach", que é uma variação de Martingale.
Sendo obviamente outro tema a comparação de investimentos em bolsa, com investimentos em apostas (ou mesmo o poker), devo dizer que Martingale a D'Alembert são grandes temas de debate no mundo mais "financeiro" da industria das apostas.
Daí parte do meu acrescido interesse....
...continuando ansioso, a aguardar...
Sendo obviamente outro tema a comparação de investimentos em bolsa, com investimentos em apostas (ou mesmo o poker), devo dizer que Martingale a D'Alembert são grandes temas de debate no mundo mais "financeiro" da industria das apostas.
Daí parte do meu acrescido interesse....

...continuando ansioso, a aguardar...

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- Registado: 6/11/2002 16:28
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Caro Cem, o meu obrigado. Mais uma vez insuperável na generosidade da partilha de conhecimentos, através de artigos extremamente interessantes, de grande sabedoria, e com certeza, extremamente úteis para todos nós. É delicioso seguir todos os seus artigos e crescer cada vez mais neste universo dos mercados de capitais. A minha experiência é reduzida mas sei que o seu contributo mudará para sempre, pela positiva, as minhas possibilidades de sucesso. O verdadeiro Mestre!
Abraço!
ps: aguardo anciosamente o próximo artigo sobre este tema!
Abraço!
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Re
Amigo LTCM:
Respondendo à sua questão que foca um ponto importante, qual o capital adequado para nos abalançarmos a sério nos mercados de derivados, diria o seguinte:
- Conforme referi todos estes conceitos dizem respeito a produtos preferencialmente alavancados ou com alavancagens superiores a 1.
Incluem-se também nesta classe os activos em que a esmagadora maioria aposta: as acções e nestas dou o exemplo de contas margem de por exemplo alavancagens a dobrar, isto é, várias corretoras autorizam os seus clientes a apostar neste caso até ao dobro do capital disponível na sua carteira cobrando em contrapartida uma taxa de juro ao capital utilizado que vai para além do seu balanço disponível em cada sessão.
- O problema das contas normais de acções, no caso das consideradas pequenas ou sub-capitalizadas, é que demoram anos ou uma eternidade de tempo a subir para os patamares mínimos desejáveis para passar àquilo a que chamo a 1ª Divisão do trading: os mercados de derivados, onde se constroem as grandes fortunas baseadas na verdadeira especulação dos mercados.
Em contrapartida estas contas normais de acções gozam de um risco de ruína ou falência muito baixo, dificilmente viriam algum dia a valer zero, ao contrário do que se passa com as contas de derivados.
Concordo integralmente com o nosso amigo K, são uma excelente escola de iniciação ao trading.
Isto levanta à partida uma certa frustração para quem gostaria de seguir estratégias de money management minimamente eficazes e com um mínimo de capital que lhe permita ao fim de alguns meses, desde que disponha de um método de trading adequado e performante, começar a construir uma base crescente de contratos ou acções para acrescentar à base inicial da sua carteira.
- Existem na Euronext contratos de futuros destinados a activos exclusivamente portugueses e que se poderiam encaixar na órbita dos custos de margens acessíveis a contas inferiores a 20.000 € : índice PSI-20 onde cada ponto vale 1 Euro e cerca de meia dúzia de acções conhecidas da nossa praça, onde a cada contrato correspondem 100 acções.
O problema, apesar do custo baratucho da gestão de margem de cada contrato, encontra-se na falta de liquidez gritante destes produtos. O spread entre comprador e vendedor é de tal forma elevado que não compensa o risco de entrar nestes produtos. Desaconselho vivamente esta possibilidade.
- De qualquer forma o raciocínio para uma conta normal de acções é totalmente semelhante ao que indiquei para o exemplo dos futuros sobre o Euro Stoxx, mas aqui as opções são relativamente simples. Se possuirem um sistema de trading que calcule uma verba de risco de alavancagem superior a 1, dever-se-á simplesmente aplicar a totalidade do capital para comprar o lote de acções em causa. Simples demais! Se o sistema de trading der venda, vende-se e ficamos sossegados até os mercados acalmarem. Dito desta forma parece simples mas a realidade é que não tenho outra forma de explicar como fazer!
Abraço e boa sorte.
Cem
Respondendo à sua questão que foca um ponto importante, qual o capital adequado para nos abalançarmos a sério nos mercados de derivados, diria o seguinte:
- Conforme referi todos estes conceitos dizem respeito a produtos preferencialmente alavancados ou com alavancagens superiores a 1.
Incluem-se também nesta classe os activos em que a esmagadora maioria aposta: as acções e nestas dou o exemplo de contas margem de por exemplo alavancagens a dobrar, isto é, várias corretoras autorizam os seus clientes a apostar neste caso até ao dobro do capital disponível na sua carteira cobrando em contrapartida uma taxa de juro ao capital utilizado que vai para além do seu balanço disponível em cada sessão.
- O problema das contas normais de acções, no caso das consideradas pequenas ou sub-capitalizadas, é que demoram anos ou uma eternidade de tempo a subir para os patamares mínimos desejáveis para passar àquilo a que chamo a 1ª Divisão do trading: os mercados de derivados, onde se constroem as grandes fortunas baseadas na verdadeira especulação dos mercados.
Em contrapartida estas contas normais de acções gozam de um risco de ruína ou falência muito baixo, dificilmente viriam algum dia a valer zero, ao contrário do que se passa com as contas de derivados.
Concordo integralmente com o nosso amigo K, são uma excelente escola de iniciação ao trading.
Isto levanta à partida uma certa frustração para quem gostaria de seguir estratégias de money management minimamente eficazes e com um mínimo de capital que lhe permita ao fim de alguns meses, desde que disponha de um método de trading adequado e performante, começar a construir uma base crescente de contratos ou acções para acrescentar à base inicial da sua carteira.
- Existem na Euronext contratos de futuros destinados a activos exclusivamente portugueses e que se poderiam encaixar na órbita dos custos de margens acessíveis a contas inferiores a 20.000 € : índice PSI-20 onde cada ponto vale 1 Euro e cerca de meia dúzia de acções conhecidas da nossa praça, onde a cada contrato correspondem 100 acções.
O problema, apesar do custo baratucho da gestão de margem de cada contrato, encontra-se na falta de liquidez gritante destes produtos. O spread entre comprador e vendedor é de tal forma elevado que não compensa o risco de entrar nestes produtos. Desaconselho vivamente esta possibilidade.
- De qualquer forma o raciocínio para uma conta normal de acções é totalmente semelhante ao que indiquei para o exemplo dos futuros sobre o Euro Stoxx, mas aqui as opções são relativamente simples. Se possuirem um sistema de trading que calcule uma verba de risco de alavancagem superior a 1, dever-se-á simplesmente aplicar a totalidade do capital para comprar o lote de acções em causa. Simples demais! Se o sistema de trading der venda, vende-se e ficamos sossegados até os mercados acalmarem. Dito desta forma parece simples mas a realidade é que não tenho outra forma de explicar como fazer!
Abraço e boa sorte.
Cem
- Mensagens: 715
- Registado: 18/4/2003 1:58
Caro Cem ao ler o seu texto assaltou-me uma dúvida. Então e o pessoal que não usa produtos alavancados? Tal como acções ou outros instrumentos derivados com alavancagem igual ou inferior a 1. Pergunto isso porque me recordo de o K. dizer: que os instrumentos derivados sem alavancagem, ou melhor ainda com alavancagem inferior a 1, eram o melhor produto financeiro para um “aspirante” a trader se iniciar nos mercados.
Existe alguma fórmula matemática que permita dosear o posicionamento de uma carteira não alavancada de forma óptima?
Ou seja no exemplo que o Cem deu – no mínimo 25.000, 00 – como é que se faz a determinação do peso unitário de cada posição em relação ao total da carteira em cada momento, quanto é que se coloca em cada posição no mercado?
Antecipadamente grato e por favor continue com os seus excelentes artigos didácticos.
Bons negócios
LTCM
Existe alguma fórmula matemática que permita dosear o posicionamento de uma carteira não alavancada de forma óptima?
Ou seja no exemplo que o Cem deu – no mínimo 25.000, 00 – como é que se faz a determinação do peso unitário de cada posição em relação ao total da carteira em cada momento, quanto é que se coloca em cada posição no mercado?
Antecipadamente grato e por favor continue com os seus excelentes artigos didácticos.
Bons negócios
LTCM
Cont.
Mais uma vez os meus agradecimentos aos comentários simpáticos a este pequeno artigo sobre novas vias de aceleração sobre os lucros exponenciais controlados no trading.
O tema é tão fascinante que muitas vezes é quase negligenciável dispor de sistemas de trading considerados excelentes ou medianamente bons.
Aqui há poucos meses atrás recebi uma interessante mensagem de um amigo de muitos anos que conheci nestas lides dos fóruns e dos quais entretanto se afastou por completo, outro adepto incondicional do uso de sistemas de trading de performance devidamente testada e comprovada, que me enviou a sua recente grande arma para a qual me pedia que não divulgasse as regras de compra e venda.
Segundo ele afirmava, eu não ponho nem pus em causa porque pude confirmar a sua real efectividade num pequeno teste cruzado, aquele novo método tinha-lhe feito subir o seu capital de negociação de 30.000 € para 110.000 € em pouco mais de 1 ano de negociação nos mercados, exclusivamente usando sempre 2 contratos de futuros sobre o DAX, alternando posições longas com neutras.
Trata-se de um excelente sistema com um rácio lucros / perdas muito bom, quase de 3,2 para 1 para uma m,édia de cerca de 20 negócios por ano por activo, realizado nos testes de backtesting e que a realidade do trading comprovou ser bastante lucrativo.
Pois sabem o que eu lhe disse? Que, ao contrário do que esse meu amigo pensava, não lhe dava quaisquer tipo de parabéns! Ele tinha acabado de perder a oportunidade da vida dele por não usar um sistema efectivo de money management que lhe teria permitido passar o seu capital inicial de 30.000 € para cerca de 760.000 € , em vez dos 110.000 € finais, por ter mantido sempre o mesmo número de contratos fixado à partida!
Mais tarde justificou-se dizendo que achava que essa história do money management era mais uma curiosidade de debate matemático do que um assunto que o deveria interessar porque esses assuntos envolviam uma disciplina não era o seu forte nem o interessavam verdadeiramente. Que pena!
O exemplo anteriormente apresentado noutra mensagem com as moedas e prémios saídos em cada jogada não simulam o trading real mas dão uma ideia parecida.
Queria desde já frisar que quando me refiro ao trading de produtos alavancados me estou a referir a mercados básicos do tipo derivados, futuros e opções, ou similares em que se transaccionam apenas contratos ou certificados ou acções de um mesmo activo.
Seria demasiado presunçoso da minha parte vir aqui confundir as pessoas falando em carteiras de risco diversificado com activos não correlacionados, embora goste de ressalvar que a esmagadora maioria das carteiras na prática, incluindo a minha, resida exactamente em estratégias “mix” em activos de natureza diversa em que quanto maior é o módulo de não correlação dos componentes da carteira maior é o risco global assumido, podendo eventualmente também acrescentar que quanto menor é a volatilidade histórica maior é a apetência para alavancar o activo em causa. Este tipo de assuntos poderá ficar para outra oportunidade a abordar um dia mais tarde.
De facto no trading dos mercados reais não se conseguem obter valores de lucros e perdas constantes e controladas como gostaríamos.
Desagradáveis surpresas resultantes de gaps nos mercados por vezes obrigam à ocorrência de trades com perdas que ultrapassam os valores dos stops estabelecidos à partida.
Os lucros são normalmente muito discrepantes, dependendo muito dos métodos empregues.
Habitualmente num sistema tradicional com trailing stops que acompanham o sentido de uma tendência, tanto podemos ter lucros médios a rondar por exemplo 2% do valor da entrada na posição como até por exemplo lucros superiores a 50%, a discrepância desta variância é enorme, dependendo muito do estilo de trading adoptado por cada um.
Mas afinal como deve ser empregue o money management? Desde que altura? Que tipo de activos? Em que situações específicas e como?
Estas são perguntas com fácil resposta: o money management deve ser empregue por todos aqueles que estão dispostos a correr riscos elevados, tendo consciência permanente desses riscos, que conheçam a fundo a performance histórica do método de trading que vão empregar, desde que retorne em média, num conjunto de trades aleatórias, um resultado expectável positivo.
Deve ser empregue por aqueles que querem acelerar no menor período de tempo possível os seus lucros para patamares quase inimagináveis mas tem um pequeno senão: deverá ter como condição de partida um capital de trading superior a cerca de 25.000 €, sei que esta condição estará longe de agradar à maioria mas mais tarde explicarei porquê.
O money management é aplicável a qualquer activo que permita ser alavancado nos mercados (contas margem em acções, futuros, opções, warrants, CFDs, etc) de qualquer natureza (câmbios, commodities, acções, obrigações, etc) e a melhor altura de começar a aplicar regras de money management deveria ter sido desde …ontem!
Quanto à melhor forma de calcular o número de acções ou posições a determinado valor da carteira, já lá iremos!
Para adoptar o número de posições optimizadas ao método de trading a empregar temos de ter consciência que quanto mais a conta é alavancada, maior será também o risco. Quanto maior o risco, maior será igualmente a possibilidade de vir a ocorrer aquilo que ninguém quer: a falência ou risco de ruína.
O cuidado permanente a ter em adoptar um método qualquer de alavancagem de uma conta deve ter sempre em conta este cutelo da falência que temos de ter consciência que se encontra tanto mais perto da nossa cabeça quanto maior a alavancagem a imprimir à carteira!
Usar stops em contas alavancadas, sempre! Mas por vezes, como já expliquei anteriormente, são eles próprios insuficientes. Ocorrências inesperadas de carácter excepcional provocam por vezes spikes exagerados nos movimentos de determinados activos em qualquer dos sentidos. Mesmo sendo acontecimentos muito raros, serão contudo suficientes para arrasar com a carteira de milhares de participantes nos mercados e provocarem crises de proporções inimagináveis, veja-se a Grande Depressão que se seguiu à crise do crash da Bolsa em Wall Street em 1929 que se fez sentir pelo mundo inteiro durante quase meia dúzia de anos.
É por isso que é preciso estimar para todas as classes de activos qual o valor imaginado para cenários do tipo catastrófico e termos consciência que esse cenário também pode vir a suceder connosco!
A defesa do capital tem de ser sempre o nosso objectivo número um, muito mais do que os lucros que gostaríamos de um dia vir a obter, só teremos este capital uma vez na vida e recuperá-lo aos níveis actuais para muitos de nós poderá ser tarde demais, depende da idade de cada um e da vontade de retomar esta actividade depois de um descalabro traumático.
Essas catástrofes que nos poderão ou não vir a afectar ocorrerão com maior probabilidade quanto maior for o período que iremos dedicar ao trading, ao período em que iremos sujeitar a nossa carteira ao risco dum vendaval desse tipo.
Daí não chegar o cálculo de valores extremos extraídos do passado porque a variância nos mercados é extremamente aleatória. Quando dizemos que o drawdown a atingir por um determinado activo pode atingir em 3 anos cerca de 12% num contrato não alavancado, provavelmente estaremos a falar em cerca de 30% num período mais alargado de 20 anos.
Poderão não se dar conta a maioria dos traders nesta altura, mas está comprovado que um rombo no seu capital em qualquer altura do seu período de trading superior a 50%, passando por exemplo um capital de 16.000 € para menos de 8.000 €, provoca um efeito psicológico devastador que o poderá levar a abandonar em definitivo esta actividade!
Não chega portanto a ser necessário levar uma pessoa à falência para o fazer levar-se a retirar deste mundo louco da especulação dos mercados.
Um valor relativamente equilibrado estimado para drawdown máximo a ser atingido por uma conta de trading ao longo de um período alargado de vários anos de trading é universalmente um patamar a rondar os 30%.
Infelizmente este valor do drawdown máximo admissível acaba por prevalecer quando queremos fixar a alavancagem de determinda conta, em especial quando nos restringimos aos mercados Bolsistas.
Alavancagens cujas performances dos sistemas de trading poderiam atingir as 8 ou mesmo as 10 unidades multiplicativas através dos critérios do “Optimal f” ou fracção óptima que são a base da corrente do método de money management mais utilizado pelos profissionais do trading, o método chamado fixo fraccional, a ser adoptadas na prática acabariam por ser um verdadeiro suicídio para quem quisesse manter em risco determinada carteira por mais de 5 ou 6 anos de actividade em mercados de futuros.
Por experiência própria e pelo conhecimento que vamos adquirindo pelo contacto que vamos mantendo com muita gente ligada ao ramo, chega-se à conclusão que a alavancagem média adoptada por muitos dos traders nesta actividade ronda normalmente um valor entre os 3 aos 5. Isto significa que quem se dedica ao trading do DAX, onde cada ponto em futuros vale 25 Euros, para se dedicar a sério a esta actividade, necessita de ter um capital à partida entre 7600x25/5 = 38.000 Euros a 7600x25/3 = 63.000 Euros para se poder encaixar no trading de apenas 1 contrato de futuros do DAX.
Menos do que isto para um indivíduo se iniciar neste tipo de mercados é uma autêntica roleta russa onde um trader poderá estar morto à nascença, sem o saber, se quer entrar neste mundo incrível do roller-coaster em que ganhos e perdas se desenrolam a velocidades desenfreadas.
Suponham um trader que possui um sistema de trading que tem um histórico de resultados com as seguintes características e um capital de partida de 50.000 Euros que pretende dedicar-se exclusivamente ao trading dos futuros do Euro Stoxx 50, que valem 10 euros por cada ponto do índice e que possuem uma margem de negociação fixada pela corretora de 3.750 € por contrato:
- Taxa de sucesso do sistema (relação entre trades positivas e total das trades): 42%
- Média do lucro líquido de cada negócio positivo: 3,28%
- Média do prejuízo líquido de cada negócio negativo: 1,76%
- Risco médio inicial de cada trade: 2,5%
Para verificar que quantidade de capital pode ser colocado em risco numa única trade sobre o FESX, este trader pode fazer uma verificação de diversos critérios comparativos:
1) Supondo que o FESX se encontra nos 4450 pontos e que o stop de venda protectivo a introduzir deverá ser colocado nos 4410 pontos, sabemos que o trader não pretende perder em cada negócio mais do que 2,5% de todo o seu capital disponível. Logo, estaria disposto a perder neste negócio o limite de:
0,025 x 50.000 € = 1.250 €
Ou seja, se o seu stop fosse atingido, o risco de perda num único contrato seria de:
(4450-4410) x 10 = 400 € / contrato
Logo, poderia arriscar na trade:
1250 € / 400 € / contrato = 3 contratos
2) Se não fosse estabelecido um valor limite de perda por cada negócio, este trader poderia no limite negociar:
50.000 € / 3.750 € = 13 contratos
Isto era o limite máximo de contratos que poderia usar, mas só um maluco colocaria em jogo a totalidade do seu capital arriscando-se a perder tudo em pouco tempo no caso de ocorrência de algumas perdas consecutivas. Qual seria então o capital óptimo adequado a alocar a esta trade, repito, se não fixar um risco de perda isolado por negócio à partida?
Se atentarem no exemplo que dei atrás acerca da performance a longo prazo de um método de negociação da moeda e do prémio dos respectivos ganhos e perdas, este trader poderia da mesma forma verificar, para este método específico de negociação com as suas probabilidades intrínsecas médias de sucesso, que a percentagem óptima do seu capital total a colocar em risco deveria ser dado pelo cálculo do critério de Kelly ou do “Optimal f”:
W - (1-W) / R
Substituindo,
0,42–(1-0,42)/(3,28/1,76) = 11%
Ou seja, para optimizar o seu capital a longo prazo, este trader deveria usar apenas neste negócio:
0,11 x 50.000 € / 3.750 € / contrato = 1,4 contratos = 1 contrato
3) Drawdown da conta máximo de 30%:
Encaixa-se no cálculo do ponto 1) em que a perda máxima estabelecida foi de 2,5% por negócio, inferior portanto a estes 30% que, a ocorrerem, seria num cenário de crash fora do controlo do trader numa situação de gap gigantesco numa abertura violenta de pânico através de um movimento de descida do mercado, portanto contra a sua posição de compra de posições.
A probabilidade deste acontecimento é difícil de calcular mas pode ser estimada de forma aproximada recorrendo a 2 factores de avaliação: ao histórico passado e a um período de tempo idêntico ao que o trader pretende negociar. O drawdown não resulta apenas de um movimento violento do mercado contra as nossas posições mas quase sempre, em regra geral, resulta do somatório de trades sucessivas em que as perdedoras são a nota dominante, contrariando a performance rotineira de uma curva de capital ascendente.
Conclusão) Conjugando neste exemplo simples as verificações do número máximo de contratos através da perda máxima admissível por trade e da performance histórica deste sistema de trading, rentável mas pouco satisfatório em termos da relação de confiança de resultados a longo prazo, o número máximo de posições a negociar aconselhável para este trader seria apenas de 1 único contrato, estando portanto com uma alavancagem inferior a 1 no âmbito da sua carteira:
( 1 x 4.450 x 10 ) / 50.000 = 0,9
Alavancagens iguais ou inferiores a 1 são já patamares de risco baixos e vagarosos, exactamente ao mesmo nível do trading de acções sem margem.
Para arranque inicial da alavancagem de uma trade estarei assim de acordo com a maioria dos grandes autores no que respeita aos critérios de verificação da posição inicial, ao menor de qualquer um dos seguintes valores:
- Obedecer a um limite de perdas limitadas por negócio.
- Não ultrapassar o critério da fracção óptima, baseada no princípio das estratégias de jogo antimartingale, tendo em conta a performance passada do sistema de trading. O problema da minha divergência daqui para a frente prende-se com a continuidade do seguimento destas correntes do money management similares aos métodos baseados neste princípio, como sejam os do tipo fixo fraccional.
- Obedecer a limites de segurança plausíveis de drawdowns violentos, embora o passado não signifique que num futuro próximo estejamos a salvo de ocorrências de carácter e extensão ainda mais assustadoras.
Não deixa de ser um bom exemplo o que se passou num dos finais dos anos 80 no campeonato do mundo de traders profissionais ocorrido de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro do ano completo, onde Larry Williams usando exclusivamente o método de Kelly na alavancagem dos seus activos de futuros baseados em índices accionistas, commodities, bonds e câmbios transformou 10.000 $USD reais da sua conta inicial obrigatória em 1.100.000 $USD.
Segundo explica por palavras o próprio Larry Williams, esta sua conta, após a competição terminar, veio alguns meses depois a sofrer um drawdown monumental de quase 70%! Nessa altura ele não tinha consciência que a limitação da conta a colocar em risco deveria ter em conta as quedas possíveis bruscas descontroladas de capital que eram impossíveis de segurar através dos stops de protecção. Conclusão: teve mesmo muita sorte em ter competido com sucesso através de uma estratégia de overtrading durante o campeonato, sem o saber na altura.
Vemos assim que o método fixo fraccional, cujos princípios foram apresentados pela primeira vez por Ralph Vince à comunidade do trading é hoje consensualmente considerado o sistema base de money management, utilizado pela grande maioria dos traders profissionais e por inúmeros gestores de fundos.
Para muitos dos que procuram soluções para o crescimento do seu capital de trading, fixando como ponto de partida o conjunto dos 3 critérios atrás considerados, pode ser uma boa base de partida que também subscrevo para imprimir o ritmo de alavancagem considerado adequado.
A partir deste ponto inicial uma subida ou uma descida de capital significativos podem-se traduzir na alteração do número de contratos ou acções colocados em risco por forma a manter sempre que possível inalterado o coeficiente de alavancagem, este é o grande princípio do método fixo fraccional do money management aqui considerado.
Se até aqui concordo com as grandes linhas gerais desta metodologia, já o seu controlo de acompanhamento futuro começa a levantar algumas reservas porque poderia ser melhorado.
Como?
Vejamos, na prática este método de gestão do capital, apesar de conter muitas das respostas para o caminho de uma conta se tornar numa super-conta, sofre de alguns contratempos pouco simpáticos, sendo o principal a chamada alavancagem assimétrica.
De facto o maior problema com o método fixo fraccional reside na altura em que o número de contratos ainda é baixo, o que provavelmente sucede com mais de 95% das contas de trading, isto é, quando o capital de trading disponível se encontra abaixo de um patamar de 25.000 € ou 30.000 €.
Apostar com este nível de capital em mais de 1 contrato de futuros correntes é deveras arrojado e resulta quase sempre num triste fracasso ou num retorno traumatizante de enormes prejuízos quando o mercado se resolver virar contra a posição do trader em causa algures durante o período em risco.
Existe por vezes estabelecida no mercado, independentemente do sistema de trading utilizado, a opinião de que se deve apostar um contrato de futuros de um determinado índice bolsista por cada 15.000 € de capital disponível ou ganho.
Se determinado indivíduo tinha à partida por exemplo uma conta inicial de 10.000 € e resolveu começar a apostar 1 contrato de futuros e chegou aos 15.000 € e aí resolveu passar para 2 contratos, pode-lhe suceder que um movimento contrário com metade da amplitude do seu ganho o leve de novo ao ponto de partida: 10.000 € + 5.000 € - 2 x 2.500 € = 10.000 € .
Agora teria de recomeçar novamente uma tarefa árdua, em que investiu muito do seu tempo e dinheiro, para se dar conta que uma desvalorização de cerca de metade do mercado em relação à valorização que o levou a um ponto elevado era suficiente para o colocar de novo no ponto de partida.
Passar esta barreira de poucos contratos para um número considerado aceitável, sensivelmente superior a 10, é realmente uma tarefa extenuante e extremamente difícil. Eu sou testemunha particular deste fenómeno, em que demorei uns bons anos a ultrapassar esta barreira, apesar de saber que possuía boas armas como sistemas de trading de boas performances históricas.
Só mais tarde me dei conta de pequenos detalhes que poderia ter acrescentado a esta estratégia pura do fixo fraccional e que poderiam ter evitado que ficasse alguns anos a fazer uma autêntica corrida repleta de obstáculos sucessivos para muitas vezes ter de retornar perto do ponto de partida. Felizmente
São tempos que já lá vão, agora os verbos chamam-se voar e esperar!
Esse detalhe ou acrescento chama-se piramidagem controlada e combina conceitos da estratégia de jogo antimartingale com uma estratégia do tipo martingale!
Cem
(Continua)
O tema é tão fascinante que muitas vezes é quase negligenciável dispor de sistemas de trading considerados excelentes ou medianamente bons.
Aqui há poucos meses atrás recebi uma interessante mensagem de um amigo de muitos anos que conheci nestas lides dos fóruns e dos quais entretanto se afastou por completo, outro adepto incondicional do uso de sistemas de trading de performance devidamente testada e comprovada, que me enviou a sua recente grande arma para a qual me pedia que não divulgasse as regras de compra e venda.
Segundo ele afirmava, eu não ponho nem pus em causa porque pude confirmar a sua real efectividade num pequeno teste cruzado, aquele novo método tinha-lhe feito subir o seu capital de negociação de 30.000 € para 110.000 € em pouco mais de 1 ano de negociação nos mercados, exclusivamente usando sempre 2 contratos de futuros sobre o DAX, alternando posições longas com neutras.
Trata-se de um excelente sistema com um rácio lucros / perdas muito bom, quase de 3,2 para 1 para uma m,édia de cerca de 20 negócios por ano por activo, realizado nos testes de backtesting e que a realidade do trading comprovou ser bastante lucrativo.
Pois sabem o que eu lhe disse? Que, ao contrário do que esse meu amigo pensava, não lhe dava quaisquer tipo de parabéns! Ele tinha acabado de perder a oportunidade da vida dele por não usar um sistema efectivo de money management que lhe teria permitido passar o seu capital inicial de 30.000 € para cerca de 760.000 € , em vez dos 110.000 € finais, por ter mantido sempre o mesmo número de contratos fixado à partida!
Mais tarde justificou-se dizendo que achava que essa história do money management era mais uma curiosidade de debate matemático do que um assunto que o deveria interessar porque esses assuntos envolviam uma disciplina não era o seu forte nem o interessavam verdadeiramente. Que pena!
O exemplo anteriormente apresentado noutra mensagem com as moedas e prémios saídos em cada jogada não simulam o trading real mas dão uma ideia parecida.
Queria desde já frisar que quando me refiro ao trading de produtos alavancados me estou a referir a mercados básicos do tipo derivados, futuros e opções, ou similares em que se transaccionam apenas contratos ou certificados ou acções de um mesmo activo.
Seria demasiado presunçoso da minha parte vir aqui confundir as pessoas falando em carteiras de risco diversificado com activos não correlacionados, embora goste de ressalvar que a esmagadora maioria das carteiras na prática, incluindo a minha, resida exactamente em estratégias “mix” em activos de natureza diversa em que quanto maior é o módulo de não correlação dos componentes da carteira maior é o risco global assumido, podendo eventualmente também acrescentar que quanto menor é a volatilidade histórica maior é a apetência para alavancar o activo em causa. Este tipo de assuntos poderá ficar para outra oportunidade a abordar um dia mais tarde.
De facto no trading dos mercados reais não se conseguem obter valores de lucros e perdas constantes e controladas como gostaríamos.
Desagradáveis surpresas resultantes de gaps nos mercados por vezes obrigam à ocorrência de trades com perdas que ultrapassam os valores dos stops estabelecidos à partida.
Os lucros são normalmente muito discrepantes, dependendo muito dos métodos empregues.
Habitualmente num sistema tradicional com trailing stops que acompanham o sentido de uma tendência, tanto podemos ter lucros médios a rondar por exemplo 2% do valor da entrada na posição como até por exemplo lucros superiores a 50%, a discrepância desta variância é enorme, dependendo muito do estilo de trading adoptado por cada um.
Mas afinal como deve ser empregue o money management? Desde que altura? Que tipo de activos? Em que situações específicas e como?
Estas são perguntas com fácil resposta: o money management deve ser empregue por todos aqueles que estão dispostos a correr riscos elevados, tendo consciência permanente desses riscos, que conheçam a fundo a performance histórica do método de trading que vão empregar, desde que retorne em média, num conjunto de trades aleatórias, um resultado expectável positivo.
Deve ser empregue por aqueles que querem acelerar no menor período de tempo possível os seus lucros para patamares quase inimagináveis mas tem um pequeno senão: deverá ter como condição de partida um capital de trading superior a cerca de 25.000 €, sei que esta condição estará longe de agradar à maioria mas mais tarde explicarei porquê.
O money management é aplicável a qualquer activo que permita ser alavancado nos mercados (contas margem em acções, futuros, opções, warrants, CFDs, etc) de qualquer natureza (câmbios, commodities, acções, obrigações, etc) e a melhor altura de começar a aplicar regras de money management deveria ter sido desde …ontem!
Quanto à melhor forma de calcular o número de acções ou posições a determinado valor da carteira, já lá iremos!
Para adoptar o número de posições optimizadas ao método de trading a empregar temos de ter consciência que quanto mais a conta é alavancada, maior será também o risco. Quanto maior o risco, maior será igualmente a possibilidade de vir a ocorrer aquilo que ninguém quer: a falência ou risco de ruína.
O cuidado permanente a ter em adoptar um método qualquer de alavancagem de uma conta deve ter sempre em conta este cutelo da falência que temos de ter consciência que se encontra tanto mais perto da nossa cabeça quanto maior a alavancagem a imprimir à carteira!
Usar stops em contas alavancadas, sempre! Mas por vezes, como já expliquei anteriormente, são eles próprios insuficientes. Ocorrências inesperadas de carácter excepcional provocam por vezes spikes exagerados nos movimentos de determinados activos em qualquer dos sentidos. Mesmo sendo acontecimentos muito raros, serão contudo suficientes para arrasar com a carteira de milhares de participantes nos mercados e provocarem crises de proporções inimagináveis, veja-se a Grande Depressão que se seguiu à crise do crash da Bolsa em Wall Street em 1929 que se fez sentir pelo mundo inteiro durante quase meia dúzia de anos.
É por isso que é preciso estimar para todas as classes de activos qual o valor imaginado para cenários do tipo catastrófico e termos consciência que esse cenário também pode vir a suceder connosco!
A defesa do capital tem de ser sempre o nosso objectivo número um, muito mais do que os lucros que gostaríamos de um dia vir a obter, só teremos este capital uma vez na vida e recuperá-lo aos níveis actuais para muitos de nós poderá ser tarde demais, depende da idade de cada um e da vontade de retomar esta actividade depois de um descalabro traumático.
Essas catástrofes que nos poderão ou não vir a afectar ocorrerão com maior probabilidade quanto maior for o período que iremos dedicar ao trading, ao período em que iremos sujeitar a nossa carteira ao risco dum vendaval desse tipo.
Daí não chegar o cálculo de valores extremos extraídos do passado porque a variância nos mercados é extremamente aleatória. Quando dizemos que o drawdown a atingir por um determinado activo pode atingir em 3 anos cerca de 12% num contrato não alavancado, provavelmente estaremos a falar em cerca de 30% num período mais alargado de 20 anos.
Poderão não se dar conta a maioria dos traders nesta altura, mas está comprovado que um rombo no seu capital em qualquer altura do seu período de trading superior a 50%, passando por exemplo um capital de 16.000 € para menos de 8.000 €, provoca um efeito psicológico devastador que o poderá levar a abandonar em definitivo esta actividade!
Não chega portanto a ser necessário levar uma pessoa à falência para o fazer levar-se a retirar deste mundo louco da especulação dos mercados.
Um valor relativamente equilibrado estimado para drawdown máximo a ser atingido por uma conta de trading ao longo de um período alargado de vários anos de trading é universalmente um patamar a rondar os 30%.
Infelizmente este valor do drawdown máximo admissível acaba por prevalecer quando queremos fixar a alavancagem de determinda conta, em especial quando nos restringimos aos mercados Bolsistas.
Alavancagens cujas performances dos sistemas de trading poderiam atingir as 8 ou mesmo as 10 unidades multiplicativas através dos critérios do “Optimal f” ou fracção óptima que são a base da corrente do método de money management mais utilizado pelos profissionais do trading, o método chamado fixo fraccional, a ser adoptadas na prática acabariam por ser um verdadeiro suicídio para quem quisesse manter em risco determinada carteira por mais de 5 ou 6 anos de actividade em mercados de futuros.
Por experiência própria e pelo conhecimento que vamos adquirindo pelo contacto que vamos mantendo com muita gente ligada ao ramo, chega-se à conclusão que a alavancagem média adoptada por muitos dos traders nesta actividade ronda normalmente um valor entre os 3 aos 5. Isto significa que quem se dedica ao trading do DAX, onde cada ponto em futuros vale 25 Euros, para se dedicar a sério a esta actividade, necessita de ter um capital à partida entre 7600x25/5 = 38.000 Euros a 7600x25/3 = 63.000 Euros para se poder encaixar no trading de apenas 1 contrato de futuros do DAX.
Menos do que isto para um indivíduo se iniciar neste tipo de mercados é uma autêntica roleta russa onde um trader poderá estar morto à nascença, sem o saber, se quer entrar neste mundo incrível do roller-coaster em que ganhos e perdas se desenrolam a velocidades desenfreadas.
Suponham um trader que possui um sistema de trading que tem um histórico de resultados com as seguintes características e um capital de partida de 50.000 Euros que pretende dedicar-se exclusivamente ao trading dos futuros do Euro Stoxx 50, que valem 10 euros por cada ponto do índice e que possuem uma margem de negociação fixada pela corretora de 3.750 € por contrato:
- Taxa de sucesso do sistema (relação entre trades positivas e total das trades): 42%
- Média do lucro líquido de cada negócio positivo: 3,28%
- Média do prejuízo líquido de cada negócio negativo: 1,76%
- Risco médio inicial de cada trade: 2,5%
Para verificar que quantidade de capital pode ser colocado em risco numa única trade sobre o FESX, este trader pode fazer uma verificação de diversos critérios comparativos:
1) Supondo que o FESX se encontra nos 4450 pontos e que o stop de venda protectivo a introduzir deverá ser colocado nos 4410 pontos, sabemos que o trader não pretende perder em cada negócio mais do que 2,5% de todo o seu capital disponível. Logo, estaria disposto a perder neste negócio o limite de:
0,025 x 50.000 € = 1.250 €
Ou seja, se o seu stop fosse atingido, o risco de perda num único contrato seria de:
(4450-4410) x 10 = 400 € / contrato
Logo, poderia arriscar na trade:
1250 € / 400 € / contrato = 3 contratos
2) Se não fosse estabelecido um valor limite de perda por cada negócio, este trader poderia no limite negociar:
50.000 € / 3.750 € = 13 contratos
Isto era o limite máximo de contratos que poderia usar, mas só um maluco colocaria em jogo a totalidade do seu capital arriscando-se a perder tudo em pouco tempo no caso de ocorrência de algumas perdas consecutivas. Qual seria então o capital óptimo adequado a alocar a esta trade, repito, se não fixar um risco de perda isolado por negócio à partida?
Se atentarem no exemplo que dei atrás acerca da performance a longo prazo de um método de negociação da moeda e do prémio dos respectivos ganhos e perdas, este trader poderia da mesma forma verificar, para este método específico de negociação com as suas probabilidades intrínsecas médias de sucesso, que a percentagem óptima do seu capital total a colocar em risco deveria ser dado pelo cálculo do critério de Kelly ou do “Optimal f”:
W - (1-W) / R
Substituindo,
0,42–(1-0,42)/(3,28/1,76) = 11%
Ou seja, para optimizar o seu capital a longo prazo, este trader deveria usar apenas neste negócio:
0,11 x 50.000 € / 3.750 € / contrato = 1,4 contratos = 1 contrato
3) Drawdown da conta máximo de 30%:
Encaixa-se no cálculo do ponto 1) em que a perda máxima estabelecida foi de 2,5% por negócio, inferior portanto a estes 30% que, a ocorrerem, seria num cenário de crash fora do controlo do trader numa situação de gap gigantesco numa abertura violenta de pânico através de um movimento de descida do mercado, portanto contra a sua posição de compra de posições.
A probabilidade deste acontecimento é difícil de calcular mas pode ser estimada de forma aproximada recorrendo a 2 factores de avaliação: ao histórico passado e a um período de tempo idêntico ao que o trader pretende negociar. O drawdown não resulta apenas de um movimento violento do mercado contra as nossas posições mas quase sempre, em regra geral, resulta do somatório de trades sucessivas em que as perdedoras são a nota dominante, contrariando a performance rotineira de uma curva de capital ascendente.
Conclusão) Conjugando neste exemplo simples as verificações do número máximo de contratos através da perda máxima admissível por trade e da performance histórica deste sistema de trading, rentável mas pouco satisfatório em termos da relação de confiança de resultados a longo prazo, o número máximo de posições a negociar aconselhável para este trader seria apenas de 1 único contrato, estando portanto com uma alavancagem inferior a 1 no âmbito da sua carteira:
( 1 x 4.450 x 10 ) / 50.000 = 0,9
Alavancagens iguais ou inferiores a 1 são já patamares de risco baixos e vagarosos, exactamente ao mesmo nível do trading de acções sem margem.
Para arranque inicial da alavancagem de uma trade estarei assim de acordo com a maioria dos grandes autores no que respeita aos critérios de verificação da posição inicial, ao menor de qualquer um dos seguintes valores:
- Obedecer a um limite de perdas limitadas por negócio.
- Não ultrapassar o critério da fracção óptima, baseada no princípio das estratégias de jogo antimartingale, tendo em conta a performance passada do sistema de trading. O problema da minha divergência daqui para a frente prende-se com a continuidade do seguimento destas correntes do money management similares aos métodos baseados neste princípio, como sejam os do tipo fixo fraccional.
- Obedecer a limites de segurança plausíveis de drawdowns violentos, embora o passado não signifique que num futuro próximo estejamos a salvo de ocorrências de carácter e extensão ainda mais assustadoras.
Não deixa de ser um bom exemplo o que se passou num dos finais dos anos 80 no campeonato do mundo de traders profissionais ocorrido de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro do ano completo, onde Larry Williams usando exclusivamente o método de Kelly na alavancagem dos seus activos de futuros baseados em índices accionistas, commodities, bonds e câmbios transformou 10.000 $USD reais da sua conta inicial obrigatória em 1.100.000 $USD.
Segundo explica por palavras o próprio Larry Williams, esta sua conta, após a competição terminar, veio alguns meses depois a sofrer um drawdown monumental de quase 70%! Nessa altura ele não tinha consciência que a limitação da conta a colocar em risco deveria ter em conta as quedas possíveis bruscas descontroladas de capital que eram impossíveis de segurar através dos stops de protecção. Conclusão: teve mesmo muita sorte em ter competido com sucesso através de uma estratégia de overtrading durante o campeonato, sem o saber na altura.
Vemos assim que o método fixo fraccional, cujos princípios foram apresentados pela primeira vez por Ralph Vince à comunidade do trading é hoje consensualmente considerado o sistema base de money management, utilizado pela grande maioria dos traders profissionais e por inúmeros gestores de fundos.
Para muitos dos que procuram soluções para o crescimento do seu capital de trading, fixando como ponto de partida o conjunto dos 3 critérios atrás considerados, pode ser uma boa base de partida que também subscrevo para imprimir o ritmo de alavancagem considerado adequado.
A partir deste ponto inicial uma subida ou uma descida de capital significativos podem-se traduzir na alteração do número de contratos ou acções colocados em risco por forma a manter sempre que possível inalterado o coeficiente de alavancagem, este é o grande princípio do método fixo fraccional do money management aqui considerado.
Se até aqui concordo com as grandes linhas gerais desta metodologia, já o seu controlo de acompanhamento futuro começa a levantar algumas reservas porque poderia ser melhorado.
Como?
Vejamos, na prática este método de gestão do capital, apesar de conter muitas das respostas para o caminho de uma conta se tornar numa super-conta, sofre de alguns contratempos pouco simpáticos, sendo o principal a chamada alavancagem assimétrica.
De facto o maior problema com o método fixo fraccional reside na altura em que o número de contratos ainda é baixo, o que provavelmente sucede com mais de 95% das contas de trading, isto é, quando o capital de trading disponível se encontra abaixo de um patamar de 25.000 € ou 30.000 €.
Apostar com este nível de capital em mais de 1 contrato de futuros correntes é deveras arrojado e resulta quase sempre num triste fracasso ou num retorno traumatizante de enormes prejuízos quando o mercado se resolver virar contra a posição do trader em causa algures durante o período em risco.
Existe por vezes estabelecida no mercado, independentemente do sistema de trading utilizado, a opinião de que se deve apostar um contrato de futuros de um determinado índice bolsista por cada 15.000 € de capital disponível ou ganho.
Se determinado indivíduo tinha à partida por exemplo uma conta inicial de 10.000 € e resolveu começar a apostar 1 contrato de futuros e chegou aos 15.000 € e aí resolveu passar para 2 contratos, pode-lhe suceder que um movimento contrário com metade da amplitude do seu ganho o leve de novo ao ponto de partida: 10.000 € + 5.000 € - 2 x 2.500 € = 10.000 € .
Agora teria de recomeçar novamente uma tarefa árdua, em que investiu muito do seu tempo e dinheiro, para se dar conta que uma desvalorização de cerca de metade do mercado em relação à valorização que o levou a um ponto elevado era suficiente para o colocar de novo no ponto de partida.
Passar esta barreira de poucos contratos para um número considerado aceitável, sensivelmente superior a 10, é realmente uma tarefa extenuante e extremamente difícil. Eu sou testemunha particular deste fenómeno, em que demorei uns bons anos a ultrapassar esta barreira, apesar de saber que possuía boas armas como sistemas de trading de boas performances históricas.
Só mais tarde me dei conta de pequenos detalhes que poderia ter acrescentado a esta estratégia pura do fixo fraccional e que poderiam ter evitado que ficasse alguns anos a fazer uma autêntica corrida repleta de obstáculos sucessivos para muitas vezes ter de retornar perto do ponto de partida. Felizmente
São tempos que já lá vão, agora os verbos chamam-se voar e esperar!
Esse detalhe ou acrescento chama-se piramidagem controlada e combina conceitos da estratégia de jogo antimartingale com uma estratégia do tipo martingale!
Cem
(Continua)
- Mensagens: 715
- Registado: 18/4/2003 1:58
Cem escreveu:
Concordo e acrescento que o Casino sai sempre a ganhar porque as probabilidades não são de 50%/50%, dado que existe ainda o "0" e o "00" que não sendo nem vermelho nem pretos, se saírem implica a perca do valor apostado.
Relativamente aos Futuros de que sou adepto, deparo-me com apenas a existência de Stops nos Futuros sobre o DAX, daí apenas negociar este índice.
Sobre o PSI ou acções do PSI, está fora de hipótese devido à falta de liquidez.
Nunca deixo posições abertas em futuros de um dia para o outro, porque os riscos inerentes são enormes, contudo seria útil que se pudesse deixar ordens stop GTC (para sempre).
Quanto ao Money Management e ao doseamento das alavancagens é realmente um tema fascinante que felizmente o Cem nos trouxe. Espero ler e aprender algo que me deixa muito interessado.
Uma estratégia do tipo martingale foi das primeiras técnicas usadas há mais de 100 anos por frequentadores profissionais dos casinos que não era mais do que a recolha de uma espécie de salário diário. Um indivíduo que dispusesse de quantidades de dinheiro ilimitado tinha sempre garantido um pequeno ganho diário com a seguinte estratégia: jogava por exemplo 10 $ USD no par ou ímpar da roleta. Se ganhasse recebia os seus 10 $USD do valor da aposta mais o prémio de mais 10 $USD igual ao da aposta e ía-se embora, o dia de jogo estava terminado.
No dia seguinte voltava à mesma aposta na roleta, outra vez apostando 10 $USD. Se perdesse à primeira jogada, voltava a jogar novamente mas desta vez dobrava o valor da aposta para 20 $USD. Se perdesse à segunda jogada voltava a tentar novamente dobrando o valor da aposta anterior, ou seja, 40 $USD à 3ª tentativa. Se ganhasse desta vez, a sessão de jogo diário estava terminada novamente. Resultado do dia: perda de 10 $USD + 20 $USD = 30 $USD e ganho de 40 $USD, o que perfaz um saldo de lucro de $10 USD.
Penso que todos perceberam a técnica. Só que isto tem um handicap para o jogador, é que toda a gente tem um valor de dinheiro limitado disponível para jogar. Se esse jogador hipotético tivesse 1000 $USD disponíveis das suas posses para jogar poder-se-ia dar o caso possível de, após ter 7 perdas consecutivas, já não ter possibilidades de dobrar o valor para a aposta seguinte! Isso pode acontecer em precisamente perto de 1 dia em cada 100 que se desloque à roleta para jogar. Logo, é uma estratégia condenada para os que jogam com grande frequência.
Concordo e acrescento que o Casino sai sempre a ganhar porque as probabilidades não são de 50%/50%, dado que existe ainda o "0" e o "00" que não sendo nem vermelho nem pretos, se saírem implica a perca do valor apostado.
Relativamente aos Futuros de que sou adepto, deparo-me com apenas a existência de Stops nos Futuros sobre o DAX, daí apenas negociar este índice.
Sobre o PSI ou acções do PSI, está fora de hipótese devido à falta de liquidez.
Nunca deixo posições abertas em futuros de um dia para o outro, porque os riscos inerentes são enormes, contudo seria útil que se pudesse deixar ordens stop GTC (para sempre).
Quanto ao Money Management e ao doseamento das alavancagens é realmente um tema fascinante que felizmente o Cem nos trouxe. Espero ler e aprender algo que me deixa muito interessado.
“Eu não sei onde o mercado vai estar amanhã ou dentro de uma semana, um mês ou um ano. Sei, no entanto, que se tivesse à escolha manter dinheiro em caixa ou em obrigações a 30 anos ou em ações, não hesitaria um segundo em escolher ações"
Warren Buffett
Bons negócios !!!
Warren Buffett
Bons negócios !!!
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Olá,
Em termos teoricos a formula de kelly é que irá maximizar a rendibilidade, a prática é que isto não funciona em termos lineares e constantes... a forma de dar a volta passará pela diversificação e por uma margem de segurança nas alavacagens(que será empirica pq o futuro é incerto).
Há uma post interessante relativamente ao anti martingale http://www.caldeiraodebolsa.com/forum/v ... sc&start=0
um abraço
Em termos teoricos a formula de kelly é que irá maximizar a rendibilidade, a prática é que isto não funciona em termos lineares e constantes... a forma de dar a volta passará pela diversificação e por uma margem de segurança nas alavacagens(que será empirica pq o futuro é incerto).
Há uma post interessante relativamente ao anti martingale http://www.caldeiraodebolsa.com/forum/v ... sc&start=0
um abraço
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Eu por mim, posso dizer que utilizo um nível de risco constante em termos percentuais de 4%, o que significa que é uma estratégia antimartingale
Interessantíssimo este tópico, razão porque vale a pena puxa-lo para cima e esperar que o Cem continue a sua lição..
Bons negócios a todos,
Pedro

Interessantíssimo este tópico, razão porque vale a pena puxa-lo para cima e esperar que o Cem continue a sua lição..

Bons negócios a todos,
Pedro
Um jogo de probabilidades através do reconhecimento de padrões....
Position sizing it´s not the most important thing, it´s the only thing!
Position sizing it´s not the most important thing, it´s the only thing!
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Re: Cont.
Cem Escreveu:A fórmula de Kelly é dada por:
Percentagem optimizada = W – (1-W) / R
Em que:
W = Percentagem de sucesso de cada jogada
R = Média do rácio de ganhos / perdas
No caso concreto do problema apresentado, W=0,5 e R=2, teríamos:
% = 0,5 – (1-0,5) / 2 = 0,25 = 25%
Se vos dissessem que afinal a expectativa de lucros vai aumentar mais porque afinal após cada jogada ganha receberiam a triplicar o valor de cada aposta, aplicando a mesma fórmula a percentagem óptima de capital a adoptar em cada aposta passaria para:
% = 0,5 – (1-0,5) / 3 = 33%
Ou seja, quanto maior é a expectativa de retornos de um determinado jogo, leia-se sistema de trading, em que a relação entre ganhos e perdas simulados ao longo do tempo aumenta, pode-se alavancar mais o valor da aposta para se obter a prazo um lucro superior.
Mas há um limite para isto tudo no mundo do trading real e esse factor limitativo chama-se drawdown admissível!
Cem
(Continua)
Fiz precisamente o mesmo cálculo, usando a fórmula de Kelly, quando falei do tema de money management no meu blog.
De qualquer maneira a conclusão à qual cheguei é que teremos sempre de usar uma fracção da % que obtemos nessa fórmula, uma vez que existe obviamente alguma altura em que teremos 5/7 negócios perdedores consecutivos.
Nunca cheguei a um valor exacto de fracção a aplicar ao resultado que obtemos com a fórmula de Kelly, mas por mais bons que sejam os resultados entre ganhos/perdas num sistema de trading, a % óptima nunca seria acima de 10%.
Cumps
Boas CEM,
Por acaso não estava a pensar em que fosse o metodo de kelly de que estivesse a falar
Apesar de não fazer investimentos alavancados nos mercados financeiros, faço apostas e procuro valor pelas bolsas desportivas e este método de kelly é claramente o método mais eficaz para quem tenha um bom sistema de calculo de estimativas na procura do valor, pois optimisa o retorno, visto que sempre que é efectuado um novo investimento, pelo metodo de kelly é calculada a % optima a investir de acordo com a banca.
Já agora o meu modelo de money managment tem como base uma % fixa do meu banco(tipicamente 2 a 3% por aposta), sendo ajustado á medida que o banco vai crescendo, tipo o banco aumenta 20%>aumento o meu stake em 20%.
Tou curioso em saber qual será a % optima a que irá chegar, mas penso que deverá ser inferior a 10% (claro que a % depende do sucesso do sistema, pois é dificil ter um sistema com 50% de ganhos).
Por acaso não estava a pensar em que fosse o metodo de kelly de que estivesse a falar

Apesar de não fazer investimentos alavancados nos mercados financeiros, faço apostas e procuro valor pelas bolsas desportivas e este método de kelly é claramente o método mais eficaz para quem tenha um bom sistema de calculo de estimativas na procura do valor, pois optimisa o retorno, visto que sempre que é efectuado um novo investimento, pelo metodo de kelly é calculada a % optima a investir de acordo com a banca.
Já agora o meu modelo de money managment tem como base uma % fixa do meu banco(tipicamente 2 a 3% por aposta), sendo ajustado á medida que o banco vai crescendo, tipo o banco aumenta 20%>aumento o meu stake em 20%.
Tou curioso em saber qual será a % optima a que irá chegar, mas penso que deverá ser inferior a 10% (claro que a % depende do sucesso do sistema, pois é dificil ter um sistema com 50% de ganhos).
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- Registado: 5/11/2002 10:56
Muito interessante Cem, fico a aguardar mais "post's", com esperança que não seja preciso fazer cálculos infinitos e complicadíssimos, para se obter e utilizar uma fórmula de MM que seja apelativa.
Abraço
LTCM
P.S. Amigo Rics, duplicar o capital de 2 em 2 anos é fenomenal. Os meus sinceros parabéns!!
Abraço
LTCM
P.S. Amigo Rics, duplicar o capital de 2 em 2 anos é fenomenal. Os meus sinceros parabéns!!
Cont.
Obrigado pelas vossas intervenções.
Este tema do money management acaba realmente por ser o de tratamento mais complicado para os que se dedicam a sério ao trading pela simples razão de que não há consensos claros estabelecidos nesta área.
Uma coisa é certa: só faz no entanto sentido aplicar regras de money management a métodos ou sistemas de trading que retornem lucros no longo prazo, a curva de capital tem de estar com uma pendente de regressão linear claramente virada para cima.
Voltando de novo ao assunto, antes de me embrenhar nas conclusões do que pretendo dizer, é bom esclarecer estas grandes 2 correntes da estratégia da alavancagem a imprimir a cada negócio.
Quando se diz que os métodos de estratégia martingale não são apropriados para o trading, basta atentar no exemplo abaixo para se entender o que pretendo dizer.
Uma estratégia do tipo martingale foi das primeiras técnicas usadas há mais de 100 anos por frequentadores profissionais dos casinos que não era mais do que a recolha de uma espécie de salário diário. Um indivíduo que dispusesse de quantidades de dinheiro ilimitado tinha sempre garantido um pequeno ganho diário com a seguinte estratégia: jogava por exemplo 10 $ USD no par ou ímpar da roleta. Se ganhasse recebia os seus 10 $USD do valor da aposta mais o prémio de mais 10 $USD igual ao da aposta e ía-se embora, o dia de jogo estava terminado.
No dia seguinte voltava à mesma aposta na roleta, outra vez apostando 10 $USD. Se perdesse à primeira jogada, voltava a jogar novamente mas desta vez dobrava o valor da aposta para 20 $USD. Se perdesse à segunda jogada voltava a tentar novamente dobrando o valor da aposta anterior, ou seja, 40 $USD à 3ª tentativa. Se ganhasse desta vez, a sessão de jogo diário estava terminada novamente. Resultado do dia: perda de 10 $USD + 20 $USD = 30 $USD e ganho de 40 $USD, o que perfaz um saldo de lucro de $10 USD.
Penso que todos perceberam a técnica. Só que isto tem um handicap para o jogador, é que toda a gente tem um valor de dinheiro limitado disponível para jogar. Se esse jogador hipotético tivesse 1000 $USD disponíveis das suas posses para jogar poder-se-ia dar o caso possível de, após ter 7 perdas consecutivas, já não ter possibilidades de dobrar o valor para a aposta seguinte! Isso pode acontecer em precisamente perto de 1 dia em cada 100 que se desloque à roleta para jogar. Logo, é uma estratégia condenada para os que jogam com grande frequência.
Nos mercados de derivados a similitude poderia ser assumida para uma estratégia do tipo martingale para um indivíduo que tivesse um sistema de trading que retorne por exemplo a seguinte performance: por cada 2 negócios que faz, num ganha em média 150 Euros e noutro perde em média 100 Euros. Estabeleceu como objectivo o de ganhar pelo menos 100 Euros por dia!
Pois para este indivíduo que possui um sistema ganhador a longo prazo e um capital inicial de por exemplo 10000 Euros, arrisca-se a poder perder todo o seu capital se adoptar esta estratégia do tipo martingale.
Inicia este fulano o dia a apostar 1 contrato de futuros. Se ganhar à primeira tentativa os seus 150 Euros de valor médio em uma única aposta, só volta a apostar no dia seguinte. Se perder à primeira o valor expectável de 100 Euros, volta a tentar a sorte mas desta vez com 2 contratos, já que apenas com 1 contrato, em caso de ganhar, só chegaria ao fim do dia com um valor médio de 150-100 = 50 Euros de lucro. Ou seja, apostaria sempre um número de contratos, após cada perda, que lhe dessem no saldo global do dia um ganho igual ou acima dos 100 Euros.
A situação de perdas sucessivas deste trader em determinada altura levá-lo-ia à mesma situação de haver um determinado dia em que todo o seu capital disponível era insuficiente para cobrir as perdas seguidas entretanto havidas para trás no decurso da sessão.
Conclusão óbvia: mais cedo ou mais tarde deverá ocorrer uma situação expectável de falência, mesmo possuindo um sistema de trading com retornos positivos, quem diria?!
A corrente dominante tem-se centrado assim na teoria das estratégias de jogo do tipo antimartingale: a aposta deve ser proporcional ao capital disponível, aumentando quando o capital aumenta ou diminuindo quando o capital diminui e o seu valor deve ser tanto maior quanto mais performante for o método ou o sistema de trading escolhido, para acelerar as hipóteses de ganho para o mesmo horizonte temporal futuro.
Para tentar obter o maior retorno possível a prazo um dos conceitos estatísticos mais utilizados no início foi o do “Optimal f” ou do critério de Kelly.
Para explicar melhor este conceito nada melhor que atentarem no exemplo abaixo exposto.
Suponham que têm um capital inicial para jogar de 1000 Euros e vos davam a seguintes regras:
1) Escolham jogar uma moeda para par ou ímpar.
2) Podem fixar à partida a percentagem fixa que quiserem do capital em saldo disponível para fazer 100 jogadas seguidas.
3) Por cada jogada perdida, perdem o valor do capital apostado.
4) Por cada jogada ganha, ganham o dobro do valor apostado.
Objectivo) Que percentagem escolheriam entre 0 a 100% para no final das 100 jogadas obterem o retorno máximo possível?
Suponham, no exemplo apresentado, que determinada pessoa escolhia por exemplo 40% do capital para cada aposta e que perdia na primeira jogada, ganhava na segunda e na terceira e perdia na quarta e na quinta.
A evolução do seu saldo em capital nas 5 jogadas teria sido: 1000-400 = 600 € após a primeira jogada, 600+2x240 = 1080 € na segunda jogada, 1080+2x432 = 1944 € na terceira jogada, 1944-778 = 1166 € na quarta jogada e finalmente 1166-466 = 700 € no final da quinta jogada.
Para se obter o melhor resultado ao fim das 100 jogas, em termos estatísticos, o jogador tem de procurar saber qual a percentagem a escolher que lhe iria dar o maior lucro esperado no final. Obviamente que se usarem 100%, por absurdo, na primeira jogada que perderem perdem tudo! É como nos futuros, só um maluco ou ignorante vai usar todo o seu capital no valor da margem para rebentar em pouco tempo todo o dinheiro disponível para o trading! Usando 0% de percentagem inicial é o mesmo que não jogarem, continuam no fim do jogo com o mesmo capital inicial.
Portanto a solução está algures entre os 2 extremos. Que valor? Pode ser calculado?
A solução do problema seria, no caso acima exposto, recorrer à fórmula de Kelly para se obter a percentagem optimizada de 25% para o sistema de jogo apresentado.
A fórmula de Kelly é dada por:
Percentagem optimizada = W – (1-W) / R
Em que:
W = Percentagem de sucesso de cada jogada
R = Média do rácio de ganhos / perdas
No caso concreto do problema apresentado, W=0,5 e R=2, teríamos:
% = 0,5 – (1-0,5) / 2 = 0,25 = 25%
Se vos dissessem que afinal a expectativa de lucros vai aumentar mais porque afinal após cada jogada ganha receberiam a triplicar o valor de cada aposta, aplicando a mesma fórmula a percentagem óptima de capital a adoptar em cada aposta passaria para:
% = 0,5 – (1-0,5) / 3 = 33%
Ou seja, quanto maior é a expectativa de retornos de um determinado jogo, leia-se sistema de trading, em que a relação entre ganhos e perdas simulados ao longo do tempo aumenta, pode-se alavancar mais o valor da aposta para se obter a prazo um lucro superior.
Mas há um limite para isto tudo no mundo do trading real e esse factor limitativo chama-se drawdown admissível!
Cem
(Continua)
Este tema do money management acaba realmente por ser o de tratamento mais complicado para os que se dedicam a sério ao trading pela simples razão de que não há consensos claros estabelecidos nesta área.
Uma coisa é certa: só faz no entanto sentido aplicar regras de money management a métodos ou sistemas de trading que retornem lucros no longo prazo, a curva de capital tem de estar com uma pendente de regressão linear claramente virada para cima.
Voltando de novo ao assunto, antes de me embrenhar nas conclusões do que pretendo dizer, é bom esclarecer estas grandes 2 correntes da estratégia da alavancagem a imprimir a cada negócio.
Quando se diz que os métodos de estratégia martingale não são apropriados para o trading, basta atentar no exemplo abaixo para se entender o que pretendo dizer.
Uma estratégia do tipo martingale foi das primeiras técnicas usadas há mais de 100 anos por frequentadores profissionais dos casinos que não era mais do que a recolha de uma espécie de salário diário. Um indivíduo que dispusesse de quantidades de dinheiro ilimitado tinha sempre garantido um pequeno ganho diário com a seguinte estratégia: jogava por exemplo 10 $ USD no par ou ímpar da roleta. Se ganhasse recebia os seus 10 $USD do valor da aposta mais o prémio de mais 10 $USD igual ao da aposta e ía-se embora, o dia de jogo estava terminado.
No dia seguinte voltava à mesma aposta na roleta, outra vez apostando 10 $USD. Se perdesse à primeira jogada, voltava a jogar novamente mas desta vez dobrava o valor da aposta para 20 $USD. Se perdesse à segunda jogada voltava a tentar novamente dobrando o valor da aposta anterior, ou seja, 40 $USD à 3ª tentativa. Se ganhasse desta vez, a sessão de jogo diário estava terminada novamente. Resultado do dia: perda de 10 $USD + 20 $USD = 30 $USD e ganho de 40 $USD, o que perfaz um saldo de lucro de $10 USD.
Penso que todos perceberam a técnica. Só que isto tem um handicap para o jogador, é que toda a gente tem um valor de dinheiro limitado disponível para jogar. Se esse jogador hipotético tivesse 1000 $USD disponíveis das suas posses para jogar poder-se-ia dar o caso possível de, após ter 7 perdas consecutivas, já não ter possibilidades de dobrar o valor para a aposta seguinte! Isso pode acontecer em precisamente perto de 1 dia em cada 100 que se desloque à roleta para jogar. Logo, é uma estratégia condenada para os que jogam com grande frequência.
Nos mercados de derivados a similitude poderia ser assumida para uma estratégia do tipo martingale para um indivíduo que tivesse um sistema de trading que retorne por exemplo a seguinte performance: por cada 2 negócios que faz, num ganha em média 150 Euros e noutro perde em média 100 Euros. Estabeleceu como objectivo o de ganhar pelo menos 100 Euros por dia!
Pois para este indivíduo que possui um sistema ganhador a longo prazo e um capital inicial de por exemplo 10000 Euros, arrisca-se a poder perder todo o seu capital se adoptar esta estratégia do tipo martingale.
Inicia este fulano o dia a apostar 1 contrato de futuros. Se ganhar à primeira tentativa os seus 150 Euros de valor médio em uma única aposta, só volta a apostar no dia seguinte. Se perder à primeira o valor expectável de 100 Euros, volta a tentar a sorte mas desta vez com 2 contratos, já que apenas com 1 contrato, em caso de ganhar, só chegaria ao fim do dia com um valor médio de 150-100 = 50 Euros de lucro. Ou seja, apostaria sempre um número de contratos, após cada perda, que lhe dessem no saldo global do dia um ganho igual ou acima dos 100 Euros.
A situação de perdas sucessivas deste trader em determinada altura levá-lo-ia à mesma situação de haver um determinado dia em que todo o seu capital disponível era insuficiente para cobrir as perdas seguidas entretanto havidas para trás no decurso da sessão.
Conclusão óbvia: mais cedo ou mais tarde deverá ocorrer uma situação expectável de falência, mesmo possuindo um sistema de trading com retornos positivos, quem diria?!
A corrente dominante tem-se centrado assim na teoria das estratégias de jogo do tipo antimartingale: a aposta deve ser proporcional ao capital disponível, aumentando quando o capital aumenta ou diminuindo quando o capital diminui e o seu valor deve ser tanto maior quanto mais performante for o método ou o sistema de trading escolhido, para acelerar as hipóteses de ganho para o mesmo horizonte temporal futuro.
Para tentar obter o maior retorno possível a prazo um dos conceitos estatísticos mais utilizados no início foi o do “Optimal f” ou do critério de Kelly.
Para explicar melhor este conceito nada melhor que atentarem no exemplo abaixo exposto.
Suponham que têm um capital inicial para jogar de 1000 Euros e vos davam a seguintes regras:
1) Escolham jogar uma moeda para par ou ímpar.
2) Podem fixar à partida a percentagem fixa que quiserem do capital em saldo disponível para fazer 100 jogadas seguidas.
3) Por cada jogada perdida, perdem o valor do capital apostado.
4) Por cada jogada ganha, ganham o dobro do valor apostado.
Objectivo) Que percentagem escolheriam entre 0 a 100% para no final das 100 jogadas obterem o retorno máximo possível?
Suponham, no exemplo apresentado, que determinada pessoa escolhia por exemplo 40% do capital para cada aposta e que perdia na primeira jogada, ganhava na segunda e na terceira e perdia na quarta e na quinta.
A evolução do seu saldo em capital nas 5 jogadas teria sido: 1000-400 = 600 € após a primeira jogada, 600+2x240 = 1080 € na segunda jogada, 1080+2x432 = 1944 € na terceira jogada, 1944-778 = 1166 € na quarta jogada e finalmente 1166-466 = 700 € no final da quinta jogada.
Para se obter o melhor resultado ao fim das 100 jogas, em termos estatísticos, o jogador tem de procurar saber qual a percentagem a escolher que lhe iria dar o maior lucro esperado no final. Obviamente que se usarem 100%, por absurdo, na primeira jogada que perderem perdem tudo! É como nos futuros, só um maluco ou ignorante vai usar todo o seu capital no valor da margem para rebentar em pouco tempo todo o dinheiro disponível para o trading! Usando 0% de percentagem inicial é o mesmo que não jogarem, continuam no fim do jogo com o mesmo capital inicial.
Portanto a solução está algures entre os 2 extremos. Que valor? Pode ser calculado?
A solução do problema seria, no caso acima exposto, recorrer à fórmula de Kelly para se obter a percentagem optimizada de 25% para o sistema de jogo apresentado.
A fórmula de Kelly é dada por:
Percentagem optimizada = W – (1-W) / R
Em que:
W = Percentagem de sucesso de cada jogada
R = Média do rácio de ganhos / perdas
No caso concreto do problema apresentado, W=0,5 e R=2, teríamos:
% = 0,5 – (1-0,5) / 2 = 0,25 = 25%
Se vos dissessem que afinal a expectativa de lucros vai aumentar mais porque afinal após cada jogada ganha receberiam a triplicar o valor de cada aposta, aplicando a mesma fórmula a percentagem óptima de capital a adoptar em cada aposta passaria para:
% = 0,5 – (1-0,5) / 3 = 33%
Ou seja, quanto maior é a expectativa de retornos de um determinado jogo, leia-se sistema de trading, em que a relação entre ganhos e perdas simulados ao longo do tempo aumenta, pode-se alavancar mais o valor da aposta para se obter a prazo um lucro superior.
Mas há um limite para isto tudo no mundo do trading real e esse factor limitativo chama-se drawdown admissível!
Cem
(Continua)
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O Money Management é uma discussão muito interessante e, da sua aplicação, tanto pode resultar um sistema medíocre com resultados aceitáveis, como um sistema fantástico com resultados medíocres...
Negoceio (em parceria com um amigo), astravés de sistemas mecânicos, exclusivamente contratos de futuros sobre índices: DAX, EuroStoxx50, FTSE, SPI/ASX, RUT, Nikkei, etc, etc.
E, depois de muita leitura sobre o tema, passando por fórmulas complexas e de pouca aplicação prática, estacionamos em um par de fórmulas simples próprias, que têm em conta alguns factores: máximo drawdown histórico resultante de backtesting do sistema para cerca de 10 anos, máxima perda aceitável, alocação do capital pelos diversos contratos, etc.
No caso particular, a alavancagem normal situa-se entre 5 e 7, dependendo do momentum do mercado, da alocação do capital pelos diversos contratos a cada momento, e de mais alguns parâmetros.
Até à data, e volvidos quase 3 anos com históricos reais, o drawdown tem-se mantido aceitável e os retornos estão praticamente no nosso objectivo (duplicação bianual). Obviamente que estamos num período de subida de mercado, mas os testes históricos mostram que o método usado resultará em mossas suportáveis em diversas condições de mercado. Aliás, em condições de bear-market, é expectável um aumento dos retornos, com uma ligeira degradação do drawdown (tal deve-se ao facto da maior volatilidade destes períodos, potenciada pelo sentimento dominante - medo - ser mais forte que aquando do sentimento dominante em bull markets - euforia).
Negoceio (em parceria com um amigo), astravés de sistemas mecânicos, exclusivamente contratos de futuros sobre índices: DAX, EuroStoxx50, FTSE, SPI/ASX, RUT, Nikkei, etc, etc.
E, depois de muita leitura sobre o tema, passando por fórmulas complexas e de pouca aplicação prática, estacionamos em um par de fórmulas simples próprias, que têm em conta alguns factores: máximo drawdown histórico resultante de backtesting do sistema para cerca de 10 anos, máxima perda aceitável, alocação do capital pelos diversos contratos, etc.
No caso particular, a alavancagem normal situa-se entre 5 e 7, dependendo do momentum do mercado, da alocação do capital pelos diversos contratos a cada momento, e de mais alguns parâmetros.
Até à data, e volvidos quase 3 anos com históricos reais, o drawdown tem-se mantido aceitável e os retornos estão praticamente no nosso objectivo (duplicação bianual). Obviamente que estamos num período de subida de mercado, mas os testes históricos mostram que o método usado resultará em mossas suportáveis em diversas condições de mercado. Aliás, em condições de bear-market, é expectável um aumento dos retornos, com uma ligeira degradação do drawdown (tal deve-se ao facto da maior volatilidade destes períodos, potenciada pelo sentimento dominante - medo - ser mais forte que aquando do sentimento dominante em bull markets - euforia).
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(Marco e Ulisses)
(voçês já ouviram falar duma invenção fantástica que é o telemovèl???
pareçe-me que foi a 1ª vez que vi um dialogo entre administradores...sempre imaginei que quando falassem entre vós se fechassem em catacumbas á prova de som, para poder "morder" á vontade aqui no pessoal)
Abraços aos dois
(não posso mandar beijos que a esposa do Marco pode estar a ver...)
Esta é a vantagem da ambição:
Podes não chegar á Lua
Mas tiraste os pés do chão...
Podes não chegar á Lua
Mas tiraste os pés do chão...
Eu sei. O que eu estava a dizer é que não é preciso uma variação tão grande (naturalmente se se usar alavancagens superiores).
FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
Marco, mas o Cem fala dessa percentagem a propósito daquilo que escreveu "A alavancagem tem necessariamente um limite prático no campo dos mercados accionistas. Quem deixa posições de futuros abertas de um dia para o outro não se pode dar ao luxo de usar alavancagens superiores a 4. "
Um abraço,
Ulisses
Um abraço,
Ulisses
Gustavo, num índice não mas em acções individuais já deve ter ocorrido numa data delas...
De qq das formas não é preciso tanto para falir uma conta em Futuros.

De qq das formas não é preciso tanto para falir uma conta em Futuros.
FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
"um crash na abertura da sessão seguinte superior a 25% seria o suficiente para atirar este trader à falência instantânea: fecho automático das suas posições e ainda ficava a dever dinheiro na conta de futuros! É possível suceder este cenário durante a nossa actividade de trading ao longo de, digamos, uns 20 anos? Resposta: sim, é muito provável que tal possa ocorrer!"
Cem isto já aconteceu em algum indice Europeu ou dos USA?Obrigado
Cem isto já aconteceu em algum indice Europeu ou dos USA?Obrigado
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