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Caldeirão da Bolsa

AmLat - resumo da semana

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Old Trader » 5/4/2003 1:00

Não perco NUNCA estas crónicas semanais. Muito bom e com um estilo que gosto muito.
Abraços
Quem se lembra do crash de 87? E da 1ª OPV da PT? E da Marconi?
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AmLat - resumo da semana

por djovarius » 4/4/2003 21:58

Olá, tudo bem? Espero que todos tenham tido uma semana bem lucrativa, no meio da guerra do Golfo e da apreensão geral sobre a pneumonia asiática, a qual ainda não deve ter chegado a esta parte do mundo. Ainda não se sabe se esse é o mal de que padece a jornalista inglesa que veio aqui a SP para o Grande Prémio de F1, os testes iniciais não foram conclusivos.
Por falar em Fórmula 1, é um privilégio poder escrever estas linhas apenas a 1,5 quilómetro da pista de Interlagos, deliciando-me com o magnífico som dos bólides. :lol:

Quanto aos mercados, tal como o “resumo da semana” tinha deixado no ar, a percepção de que as coisas não só terão feito um “bottom” mas já estarão mesmo a melhorar por estas bandas, provocou a manutenção da euforia contida, mas consistente.
No Brasil, a melhoria é evidente. O superavit comercial atingiu no 1º trimestre de 2003 a fabulosa cifra de 3,7 mil milhões de dólares, prevendo-se que o ano possa fechar pelos 16 mil milhões. Foi o melhor número desde 1994 relativamente aos primeiros trimestres. Há camiões carregados de soja que chegam a esperar dois dias para descarregar a mercadoria no porto de Santos. Por outro lado, o superavit orçamental segue elevado, permitindo a liquidação da dívida pública que vai vencendo. Tudo isto levou à quebra do chamado risco – país, que desde Outubro passado só desce, passando dos 2.443 para menos de 1.000 pontos. Com isto, as obrigações do Tesouro, quer em reais quer em dólares valorizam-se fortemente. O título de 8% com vencimento em 2014, já valorizou este ano mais de 7%. O seu yield, que andou pelos 25% já caiu para menos de 13% e deve cair mais ainda. Hoje, pelo sexto dia consecutivo, o Real valorizou-se face ao dólar, elevando a valorização para 9% desde o início do ano. Foi também a melhor semana de 2003 para o Real. Nestas condições, a Banca internacional voltou a emprestar dinheiro em condições favoráveis às empresas locais, as quais também voltaram a se financiar no mercado internacional de capitais. É o caso do Bradesco, maior banco privado do país, que vendeu no exterior obrigações a 5% no valor de US$ 250 milhões, operação bem sucedida, segundo os analistas, porque atraiu investidores que procuram rendimentos mais elevados do que os títulos norte-americanos. O Banco vai ainda vender 50 milhões de Euros em outra emissão obrigacionista. Este sucesso ajudou mais ainda o Real, hoje. O Governo já afirma que a moeda está a um bom nível para conter a inflação sem prejudicar o forte sector exportador. O PIB de 2003 deverá crescer 2,2% contra a estimativa inicial de 2,8%, redução já esperada e atribuída à crise internacional. A Bolsa de São Paulo não foge à euforia. Hoje, só o Bradesco está em destaque por óbvias razões, o índice Bovespa nem se mexe muito, mas no resto da semana, as coisas correram bem. Ainda há pouco tempo, o índice lutava para não baixar dos 10.000 pontos, mas deu um salto de 20% para a nova barreira: 12.000 pontos. Acredita-se que poderá testar em breve os 13 mil e assim quebrar o máximo em 365 dias. Claro está, se a tal guerra longínqua ajudar...
Curiosamente, a melhor Bolsa do mundo para investidores externos, no decorrer do 1º trimestre, foi a de Buenos Aires, sinal de que eles, sempre antecipando melhorias, já notam a luz ao fundo do túnel. Não esqueçamos, porém, que a Argentina viverá este mês um conturbado processo eleitoral.
Nem tudo são rosas no continente. O Uruguay, que propôs uma operação de “swap” da dívida pública, vai apresentar na próxima semana propósitos bem claros: trocar a dívida emitida por novos títulos com prazos maiores e sobretudo juros menores. Uma intenção que poderá ter contornos de obrigatoriedade, o que levou já a que muitos investidores dissessem com todas as letras – vem aí mais um calote latino-americano. Nem a Venezuela iria tão longe, dizem alguns. Também, com o restabelecimento das exportações de petróleo, sobretudo para os Estados Unidos, as contas públicas do país liderado pelo controverso Hugo Chávez tendem para a estabilização. No entanto, o risco de calote não está totalmente afastado. É melhor esperar para ver.
O Chile tem outro problema. A inflação está difícil de controlar devido ao aumento dos combustíveis, a Economia estava boa, mas arrisca-se a piorar caso o Banco Central tenha que ser agressivo em relação à taxa de juro. Este problema já afectou o México, que pode crescer menos do que o esperado. O presidente Fox avisou que a crise nos Estados Unidos já afecta a economia local. Há uma ligação forte entre estes vizinhos, um assunto a ter em atenção.
Apesar de tudo, há um optimismo generalizado de que o continente vai recuperar com força e melhor ainda, se a guerra no Iraque terminar depressa e os EUA voltarem a crescer, os países do continente estão em condições para pisar no acelerador. De todo o modo, registe-se, os mercados da região, para o bem e para o mal, estão a reagir a notícias locais e não tanto sobre questões de guerra.

Palavra final para a Ahold: os Holandeses querem limpar dívidas, vendendo unidades suas na América Latina por cerca de 500 a 600 milhões de Euros. Outras empresas, incluindo portuguesas, já fizeram o mesmo. Não podendo vender as jóias da coroa, vendem os negócios na região. A Ahold estará, como outras, a quebrar o princípio sagrado de “comprar baixo e vender alto”. Quem comprar agora, acredito, vai esfregar as mãos de contente... o mercado tem mesmo requintes de crueldade. :twisted:
Perante isto, não posso deixar de admirar a Sonae, que apesar do passivo, vai acreditando neste mercado e nos melhores dias que, certamente virão.

Ficam os câmbios médios indicativos do Real – hoje, sexta-feira e do BOVESPA (números prov.)

IBOVESPA – 12.030 pts – o índice subiu 5 % na semana
US$ 1 = R$ 3,22 – o dólar desceu 4 % na semana
€ 1 = R$ 3,45 – o Euro desceu 4,5 % na semana

Obs.) Para quem está a chegar ao Brasil, de férias ou negócios, o câmbio turismo aponta para um valor de R$ 3,33 aprox.

Um grande abraço, bom fds

djovarius
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