Governo quer criar novo tribunal de respostas rápidas

[djovarius]

tudo bem, afinal quem não é visitante aqui

Essa é uma dúvida para a qual ninguém tem resposta, quer dizer, o próximo Conselho de chefes de Estado e de Governo pode ser complicado... e depois, depende do evoluir da guerra.

Acho que as incertezas, no momento, estão a viajar dos EUA para a UE...

um abraço (e que tal o ambiente aí no Texas?)

dj

[nunofaustino]

O visitante era eu... as vezes esqueco-me de fazer log in...
Concordo com varios dos seus pontos (se imaginarmos que o dolar e um produto comercial e que agora vai ter um concorrente "a altura" e de esperar que o seu preco desca...).
O ponto que eu queria fazer com aquelas questoes era qual sera o impacto desta crise entre os membros da UE... (eu ainda acho q a UE nao esta pronta para alargar as suas fronteiras a leste, pois a ligacao entre os actuais membros ainda e muito instavel.)
Basicamente, a minha duvida reside na forca politica que a UE fica depois deste conflito... e qual o futuro da UE depois deste braco de ferro entre UK/Espanha Vs. Franca/Alemanha...
Um abraco
Nunofaustino

[djovarius]

Visitante - essas divisões no seio da UE são a prova que uma moeda tem mais força quando emitida por uma entidade política viável como eu disse antes !! Porque os objectivos dos países da UE não são homogéneos. Aquilo que os EUA fazem no mundo é o que a Alemanha faz na UE em menor escala.... os Americanos alimentam o comércio externo de quem lhes compra dívida (pronto, isto dava pano para mangas, mas dá para entender); já o negócio dos Alemães, como disse, não é muito diferente, alimentam com "ajudas comunitárias" os novos integrantes da UE para ampliarem o seu espaço económico, em geral... foi assim com Espanha, Grécia e Portugal (também com a reunificação alemã, mas aí é mais complexo) e também será assim com o alargamento a leste...

Dwer,
Esse texto é brasileiro, não me lembro do nome do articulista, mas deu que falar há algum tempo por aqui. O que ele diz só reforça a minha "teoria" da aceitação! Seja um Árabe milionário ou um traficante de armas, que moeda preferem? A de uma potência que pode e faz o que bem entende para defender os seus interesses, enquanto os Franceses, impávidos vão dizer adeus ao negócio do Iraque. Quem vai acreditar numa moeda comum a países que não se entendem? Bom, eu repito que isso não vai impedir no futuro grandes subidas e também quedas do dólar, etc...
Mas ele exagera num ponto porque ele é um conhecido anti-americano:
Na América Latina e na Ásia, por exemplo, o dólar é Rei e senhor... e o Ouro também de certa forma, independentemente da cotação... na Russia, acredito que o Euro se imponha rapidamente como moeda de reserva !!
E nós sabemos bem que o Saddam fez aquele swap, porque ele não tem nada a perder. O destino dele estava traçado desde a nacionalização do petróleo... só que foi útil entretanto... o tempo passou... quando da outra guerra por causa do Koweit, eles não acabaram com ele... depois o Bush(pai) arrependeu-se... enfim, era agora ou nunca

off-topic - tal como muitos aqui, fechei uma posição SPX a 870, entalada desde Janeiro. Adivinhei o ponto, mas sofri muito até agora...

Abraços a todos
dj

[Dwer]

Transcrevo aqui uma opinião de um (penso) jornalista / analista brasileiro.
Vê o que achas disto.

Abraço,

"Segundo W. Clark, do jornal "Indy Time", o temor do Federal Reserve (Banco Central americano) é de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), nas suas transacções internacionais, abandone o padrão dólar e adopte definitivamente o euro.

O Iraque fez esta mudança em Novembro de 2000 - quando o euro valia cerca de US$ 0,80 - e escapou ileso da depreciação do dólar frente à moeda europeia (o dólar caiu 15% em relação ao euro em 2002).

Esta informação, se analisada por aqueles que conhecem os problemas estruturais do sistema de Breton Woods e as actuais limitações energéticas dos norte-americanos, coloca em dúvida a hegemonia do dólar no mundo e explica a razão pela qual a administração Bush quer, desesperadamente, um regime servil na história da Mesopotâmia.

Se o presidente norte-americano tiver sucesso, o Iraque voltará ao padrão dólar, não correndo o risco de servir de modelo alternativo para outros países dependentes como o Brasil. É por esta razão que o governo norte-americano, ao mesmo tempo, espera também vetar qualquer movimento mais vasto da OPEP em direcção ao euro.

Por isso, essa informação é tratada quase como um segredo de Estado, pois governos dependentes como o nosso, que apostaram tudo no modelo neoliberal, iriam para o fundo do poço junto com seus chefes norte-americanos.

Isso porque os países consumidores de petróleo teriam de despejar dólares das reservas dos seus bancos centrais - actualmente submetidos ao FMI e substitui-los por euros. O dólar entraria em crash com uma desvalorização da ordem de 20% a 40% e as consequências, em termos de colapso da divisas e inflação maciça, podem ser imaginadas.

Pense-se em algo como a crise Argentina em escala planetária, por exemplo.

Na verdade, o que permeia toda essa discussão é a chamada "crise dos combustíveis fósseis". O físico e pensador Batista Vidal lembra que "as reservas de petróleo estão extremamente concentradas em poucos pontos do planeta, pois o total descoberto no mundo está situado em vinte campos supergigantes".

Assim, na óptica do Primeiro Mundo, se os actuais países em desenvolvimento realmente se desenvolvessem, o Mundo teria ou que descobrir meia dúzia de campos super ou o petróleo acabaria em 10 ou 15anos.Por isso, o sistema de poder financeiro mundial, subjugado pelo padrão dólar, está completamente desacreditado, falido. Os bancos estão caindo aos pedaços em todos os países ditos desenvolvidos, principalmente nos Estados unidos e Japão. Prevê-se um colapso a qualquer momento. Agora o que sustenta isso? Devido à ocupação militar no Oriente Médio - ampliada a partir da crise do petróleo da década de 70 -, mesmo com o deficit público monstruoso dos EUA,o dólar inflacionado compra artificialmente o petróleo, base de toda a economia americana e ocidental.

Portanto, Sadam selou o seu destino quando, em fins de 2000, decidiu mudar para o euro. A partir daquele momento, uma outra Guerra do Golfo tornava-se um imperativo para Bush Jr.. Ou seja, o que está em jogo não é nem o carácter texano caricato de Bush, nem uma questão de segurança nacional norte-americana, mas a continuidade da falácia do dólar. E esta informação é censurada pela imprensa norte-americana e suas vassalas tupiniquins, bem como pela administração Bush, pois pode potencialmente reduzir a confiança dos investidores e dos consumidores, criar pressão política para formação de uma nova política energética que gradualmente nos afaste do petróleo do Oriente Médio e da órbita anglo-americana e fazer com que projectos como o Pró-Álcool mostrem a sua força".

Por isto é que a Alemanha, defensora ferrenha do Euro, é terminantemente contra a guerra e por isto é que a Inglaterra, que não adoptou o Euro em seu país é a favor da guerra..."

[Visitante]

esta crise entre Alemanha/Franca Vs. Espanha/Inglaterra nao vai ter influencia para o proprio futuro da UE e do Euro? Estas divisoes vao ser faceis de tratar? Duvido....

[Patrícia M.]

Brigada pelo esclarecimento Djovarius.

Jinhos,
Tixa

[djovarius]

Um abraço também, Croll

Tixa: não, não é para concluir isso, de modo algum.
O dólar tem uma função de moeda de reserva, isso conta, com ou sem défices, recessão, etc...
O valor do dólar vem do facto de ser ACEITE mundialmente.
O Árabe quer ter dólares, o Russo, aqui na América Latina, na Ásia. É como o Ouro. Pergunta bem o Warren Buffett: o Ouro serve para quê? O Ouro tem valor porque é aceite e desejado por muitos.
O caso particular do dólar demonstra que os povos querem ter um valor fiducidário ligado à potência militar e política do mundo. Isso confere o valor. Quando o Euro for tudo isso, sobretudo uma nova "reserve currency", então ficará numa boa posição. Vou até lembrar que muitos portugueses compraram marcos alemães quando começou a II Guerra Mundial. Porquê, se a economia alemã nem era um colosso e estava configurada para a guerra?
Pois bem, todos anteciparam uma vitória de Hitler e o marco como moeda de reserva - ficariam ricos com os marcos.
Só que tudo acabou como sabemos e muitas latas de lixo do país foram inundadas de marcos, que serviram para as criançinhas brincarem...
Atenção, eu até acho que o Euro se vai valorizar muito mais do que agora, mas isso não invalida a argumentação. Está lá no texto porquê.

Beijinhos tixa
tchau

[C]

Por este excelente e didáctico artigo!
Abraço
croll

[djovarius]

Old Trader,

Obrigado pelo apoio. Eu também gosto das suas intervenções. Vê-se logo que mantém a postura de quem já anda nisto há bastante tempo...

Visitante,

Esta subida do dólar nos últimos dias faz parte daquilo que chamei a bolha temporal de muitos traders. No curto prazo, as notícias da guerra contam, mas não definirão tendências como acredito que veremos daqui a algum tempo. Eu disse que as flutuações do petróleo afectariam a cotação do dólar. Se ele fosse a 80 dólares como muitos diziam, a cotação deste subiria por arrasto, mas se o crude vier a 20 dólares, os mercados explodem de alegria e isso beneficia o dólar.
Quanto ao Secretário Snow, ele pode fazer pouco e de facto tem feito bem em não tentar intervir. Afinal, eu volto a perguntar: o que era a política de dólar forte do Rubin? Alguém sabe? É essa má informação que provoca certos movimentos e certas "bolhas".
No fundo, talvez ele saiba como é irrelevante no longo prazo "dizer" que quer um dólar forte.
Quanto à China e à Europa, não há jogo nenhum. A China tem o seu Yuan "agarrado" ao USD - cotação fixa administrativamente. Para eles, o dólar fraco, significa yuan fraco, o que se pode levar a um (melhor ainda) bom desempenho comercial com o resto do mundo.
A zona Euro neste período 2000 - 2002 quando o Euro saltou de 0,82 a 1,10 foi responsável por fortes repatriações de investimentos nos EUA, só isso, que por si é importante conjugando com a mão forte da China - HK que têm brutais reservas de USD. O seu controlo ou utilização têm influência marcante sobre o USD.
O resto, Iraques, Coreias, são histórias da carochinha pra malta tentar ganhar uns pips a mais no Forex...

[Patrícia M.]

Posso concluir que o Djovarius acha que a moeda do futuro vai ser o euro? E que daqui a uns anos vai ser mais fácil aceitar-se euros num país qualquer do mundo que dólares?

Jinhos,
Tixa

[Old Trader]

Muito interessante Djovarius. Dou-lhe os meus parabéns pelo excelente artigo e pelas suas crónicas sempre interessantes. Não perco uma!
Abraços

[Visitante]

A queda de c.p. do euro face ao dollar foi em simultâneo com a recuperação das bolsas e a queda do petróleo e do ouro.

Agora discernir o q é q provoca o q é muito difícil. Qual a posição de Snow? há quem diga que, tal como o seu antecessor, este gosta de confundir os mercados quanto ao valor do dollar (facto verificável pelas intervenções junto dos media do mesmo)

Ainda não percebi o jogo dos chinas e da europa, mas confesso que não tive tempo para ler detalhadamente, podes resumir ?

[djovarius]

Olá a todos,

Tal como muitos dos participantes do Caldeirão (como o nosso JAS) gosto de polémica e de a lançar.
Esta é sobre o movimento do dólar, que nos últimos tempos tem sido muito badalado. Sem querer, vi-me numa discussão, num Fórum estrangeiro, sobre o assunto, onde várias pessoas estavam de acordo. A posição, que está longe de ser consensual pelo mundo fora é mais ou menos como se segue:

A maioria dos traders vivem a sua própria bolha temporal - os seus sistemas estão configurados para esse tempo - mas algumas vezes os traders observam bem as tendências e seguem-nas, embora com cautela, tentando detectar se as correcções da tendência são isso mesmo, correcções ou passam a ser inversões - os loucos tentam dar explicações para certos fenómenos, enquanto homens esclarecidos nunca tentam - vide explicações em certa imprensa para certos movimentos - portanto se se prestar atenção a certa malta, temos que descernir se as suas conclusões se baseiam na realidade e não em certos mitos que atormentam os mercados como sucedeu na última grande bolha do mercado accionista, por exemplo.
O que se passa hoje no FOREX pode bem ser visto à mesma luz de tantos outros mercados. Não esqueçamos, porém, que o mundo mudou bastante desde Bretton Woods e o papel do USD mudou bastante e vai continuar assim, pelo que subidas e descidas e dólar forte ou fraco continuam a ser questões muito relativas (note-se que o dólar forte do ex-secretário Rubin nunca se aproximou sequer dos níveis atingidos em 1985).

Agora que os analistas / economistas continuam por todo o lado a justificar como base para a queda do USD, a guerra no Iraque, o défice orçamental e o défice em conta corrente dos EUA - temos que manter presente algumas coisinhas - a maioria desse pessoal não quer entender como o mundo cambial mudou de 1971 a 1974 (Nixon, Saddam e OPEP na história). O USD ou outro papel moeda, a partir do momento em que se transformou "oficiosamente" em moeda de Reserva, criou um novo mundo no FOREX, que jamais apareceria se se mantivesse o sistema rigido de um objecto como Reserva (seja ele o Ouro, ou conchas ou qualquer coisa) - lembremo-nos sempre também que para qualquer nação, dinheiro estrangeiro é Reserva e não "dinheiro". Há hoje dois itens que são mais influentes para o USD do que os expostos hoje em dia pelos comentadores:
1 - Os efeitos causados pelo maior detentor estrangeiro de USD, a moeda reserva (são China-HK), ainda por cima uma potência comercial que utiliza um câmbio fixo "peg" face ao dólar, portanto sem flutuações, o qual restringe a convertibilidade / disponibilidade (chamo-lhe controlo) da moeda;
2 - E a recente introdução do Euro o qual viola um príncipio aceite, que diz que toda a moeda é uma criação "política", sendo portanto emitida por uma entidade política viável (a zona Euro ou mesmo a União Europeia ainda não consegue ser grande coisa, como se vê nos momentos de crise).

Quanto à guerra ou não-guerra, contribui pouco para as flutuações do USD, a não ser no curto prazo - o verdadeiro impacto depende do que suceder com o petróleo, sendo ele sempre positivo para o dólar (crude mais caro requer mais dólares para a compra; ou crude mais barato tem um efeito positivo nos mercados de capitais. Vendo a coisa numa perspectiva monetária, o FED não monetizou o elevado preço do petróleo, se o tivesse feito a inflação daí resultante obrigaria os outros grandes a seguir o mesmo caminho ou sofrer um crescimento económico mais lento.
O défice do orçamento federal dos EUA só indirectamente e em pequena escala pode afectar a cotação do dólar - a dívida do Governo é uma forma de dinheiro, a não ser quando é detida pelos estrangeiros - tornou-se basicamente um item de exportação, o qual pode, ou não, ser comprado pelos não-residentes. Um déficit geralmente é melhor do que um superavit (o tamanho conta, claro, mas isso não interessa neste ponto) e o efeito das taxas de juro em ambos são relativizadas às fontes que causam o défice ou o superavit (existe também uma distorção orçamental causada pelo "juro" ao SSA pelas obrigações emitidas à segurança social).

Agora o factor balança de transacções currentes é o que importa no caso da função da moeda de Reserva - alguém se lembra do mito da "J-curve", lá atrás nos anos oitenta? - bom, o novo mito dos mercados é o de que os Estados Unidos precisam de atrair investimentos médios diários da ordem dos 1.500 milhões de dólares vindos do exterior para financiar o actual défice. PORQUÊ? O que acontece se não o conseguir?
No tempo em que o Ouro podia ser "exigido" como contraparte de pagamento (ou Ouro convertido em dólares), isso seria um problema para os Americanos, de modo que Nixon fechou a janela do Ouro e no ano seguinte, por acaso, Saddam nacionaliza o petróleo e logo por azar, seguiu-se a guerra Israelo-Árabe e assim a OPEP causou a crise de 1973 como todos sabem. O USD perdeu valor à medida que o FED monetizou esses aumentos de preços e o preço do Ouro disparou (bolha) à medida que muitos previam o desbaratar do valor do "cash" e respectiva perda de função (péssima informação). Nos anos oitenta, o dólar recuperava e atingia o valor mais alto de sempre, sendo que todos previam o fim da indústria americana por esse motivo (de novo má informação), num ambiente de elevado défice da balança comercial e na de transacções correntes. Todos sabem do declínio que se seguiu, entre 1985 e 1995, no valor do USD, salvo pela política de dólar forte do Secretário Rubin (aparentemente uma boa política, mas o que era exactamente? - de novo, má informação). E nem vale a pena justificar flutuações da moeda com o défice orçamental crescente, já que na primeira metade dos "oitentas", o USD fortaleceu-se como nunca à medida que o duplo défice crescia. Consideremos, sim, que o FED criaria e criará mais moeda, se necessário, para pagamento aos não-residentes, quer estes tenham obrigações do Tesouro ou contas correntes nos Bancos, pelo que 1.500 milhões de USD por dia (pior cenário) não são grande coisa, a não ser na psicologia dos mercados. Há que considerar que a economia dos "States" é uma economia de serviços (mesmo com os perigos que isso acarreta) pelo que o défice comercial com o exterior é o equivalente a um autêntico "outsourcing" utilizando melhor os recursos disponíveis (vantagem comparativa, economicamente falando) - este "outsourcing" é um problema para moedas "non-reserve", mas é o mais eficaz para os EUA - sendo finalmente de questionar se o comércio internacional vai se expandir mais ainda (os EUA poderiam acabar com o défice comercial, reduzindo brutalmente as importações e ampliando as exportações, mas isso só "pedinchando" aos parceiros comerciais).

Terminando de uma forma simplista, o movimento de queda de curto prazo do USD (bolha ou fim da mesma?) ao longo do último ano gerou-se sim em função da reutilização do dólar por parte da China (mão forte) e em função da repatriação de recursos por conta da incipiente conjuntura da zona Euro (mão fraca) - meus amigos, seja o que for que suceda, não se deixem contaminar pela má informação dos "media", jogada por analistas, comentadores, especialistas tentando explicar coisas que não entendem...

Um abraço
dj