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Caldeirão da Bolsa

AmLat - Resumo da semana

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

AmLat - Resumo da semana

por djovarius » 7/3/2003 21:54

Olá, tudo bem? Vamos ao que realmente importa. Espero que todos tenham feito os melhores negócios possíveis no meio de um ambiente tão complexo.
Aqui, terminou mais um Carnaval, talvez dos mais fantásticos dos últimos anos e que, para lá da diversão e alegria, trouxe muitas divisas ao Brasil, graças aos milhões de turistas que acorreram às mais diversas praias do Sul ao Nordeste. Uma nota também para o crescente turismo ambiental na região do Amazonas, com a presença de muitos europeus. 8-)
Assim, tivemos uma semana muito parada, com quase nada a dizer. Curiosamente, uma semana com alegria tanto nos blocos de Carnaval como nos mercados financeiros que pareceram esquecer o Iraque e os outros problemas do primeiro mundo. Nem informações dando conta de que o Citigroup reduziu no 4º tri – 2002 empréstimos e investimentos no país, num montante de US$ 600 milhões, serviram para desmoralizar. É que o futuro é que conta para os mercados e finalmente há indicadores a melhorar e que causaram o aumento da recomendação dos títulos do Brasil por parte da Banca internacional. Vale lembrar que o FMI passou aqui o Carnaval. A folia deve ter sido boa. Ao sair, a delegação afirmou que o Fundo está muito satisfeito com as medidas do Governo. O país parece seguir o rumo adequado. O Brasil ainda nem decidiu se vai sacar os 4,6 mil milhões de dólares colocados à disposição. Seja como for, é mais uma garantia para os investidores nacionais e estrangeiros.
A ajudar à festa, confirma-se uma safra recorde de grãos (o Brasil deve ultrapassar os EUA como principal exportador mundial de soja), um saldo recorde da balança comercial no primeiro bimestre (já passa de 2 mil milhões de dólares) do ano e também recordes nas remessas dos emigrantes ou mesmo excelentes receitas do Turismo.
A verdade é que o risco-país, medido pelo banco J. P. Morgan caiu para os 1.100 pontos (chegou a andar pelos dois mil pontos há apenas 6 meses), os títulos da dívida brasileira valorizaram-se tanto em Nova York como em São Paulo e a Bovespa subiu com forte volume, enquanto as praças do hemisfério norte caíam mais uma vez. Com isto tudo, o Real está agora com uma valorização “year to date” face ao dólar de cerca de 1%. Isto deverá animar, caso se confirme ao longo dos meses seguintes, as empresas estrangeiras no país, penalizadas por fortes quedas do Real. Hoje mesmo, a Modelo-Continente apresentava resultados que comprovavam que os lucros em Real caíram menos de 1%, mas convertidos em Euros representaram em quebra superior a 20%. Ainda assim, é uma empresa que está, aos poucos, a ganhar a aposta feita prosseguindo a sua expansão.
Do que foi dito acima, uma nota ainda sobre o comércio externo. Os negócios entre Brasil e Argentina estão a aumentar, o que sinaliza que, após uma queda de 12% do PIB Argentino em 2002, este país estará já a encetar uma ligeira recuperação, podendo sair este ano da recessão crónica. De resto, o Merval, índice da Bolsa portenha, é o que está a ter melhor desempenho no mundo em 2003, só ultrapassado pela famosa... é isso, adivinharam mesmo, Bolsa de Bagdad !!!
Mas a grande “bronca” na Argentina foi a decisão do Tribunal Supremo em redólarizar as contas de uma das províncias, decisão que pode ser utilizada pelos mais de 380.000 depositantes de Bancos Argentinos caso faça jurisprudência, o que não é garantido. Recorde-se que quando um peso valia um dólar, a população podia manter contas em dólares no país, as quais ficaram “encurraladas” na sequência da crise de 2001. Ao receberem o seu dinheiro de volta, os depositantes receberam apenas 1,4 pesos por dólar, quando no mercado esses pesos já valiam muito menos, acarretando em enormes perdas. Se se confirmar a ilegalidade da actuação do Governo central, este teria que devolver o dinheiro perdido, causando forte instabilidade financeira. Só a Banca perderia cerca de 10 mil milhões de dólares, com destaque para unidades dos grupos BSCH e BBVA, ambos espanhóis. Estes papéis não foram muito afectados em Madrid porque já andavam em terreno negativo, tendência que apenas se agravou por estes dias.
O governo Argentino poderá ter uma solução: dar aos depositantes uma série de obrigações do Tesouro, salvando as contas públicas, mas enfurecendo a população novamente.

Nota final para uma reflexão, para a qual convido o Fórum: porque é que Portugal não aproveita o que tem? Hoje em dia, os produtos e serviços portugueses são apreciados e até o nosso querido pastel de Belém está a ser globalizado... só que pelos outros. Porque será que o que é tradicional e nosso muitas vezes não é conhecido o suficiente, apesar de muito apreciado? Aceitam-se reflexões.
Esta minha conversa não é inocente, deriva da introdução do gostoso pastel no menu de doces de uma famosa rede de “fast-food” Paulistana... a surpresa é ainda maior porque a rede Habib`s é de imigrantes Árabes, é especializada em pratos Árabes. Pelo pastel de nata, cobra apenas cerca de R$ 0,79 ou € 0,24 :shock:
Se isto não é a globalização, então o que será !?


Ficam os câmbios médios indicativos do Real – hoje, sexta-feira e do BOVESPA (números prov.)

IBOVESPA – 10.710 pts – o índice subiu 4,8% na semana
US$ 1 = R$ 3,49 – o dólar desceu 2% na semana (perda face ao Real de 1% em 2003)
€ 1 = R$ 3,84 – o Euro ficou estável
Obs.) Para quem está a chegar ao Brasil, de férias ou negócios, o câmbio turismo aponta para um valor de R$ 3,74 aprox.

Até mais a todos

Abraços calorosos
djovarius
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
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