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Caldeirão da Bolsa

Análise técnica EUR/USD

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Touro » 5/3/2003 22:08

Hoje mesmo, o euro cotou acima da linha de resistência do rectângulo de consolidação de que fala o Cook; julgo que fez um máximo de 1,10 dólares por euro.
A ver vamos se esta ruptura é para valer.
Já agora, Learner, queria dar-lhe os parabéns pelo trabalho e dizer-lhe que com o Murphy está bem servido em termos de AT, para mim é a «bíblia».
Quanto ao convencimento dos meios académicos, desejo-lhe boa sorte e faço minhas as palavras da Pata-Hari, dê-nos depois o feedback.
Cumprimentos,
Touro
 
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AT EUR/USD

por Learner » 5/3/2003 21:05

Caro Cook,

Muito obrigado pela tua achega.
Eu sou principiante nestas coisas, e achei muito interessante o cenário que traçaste para uma quebra de uma zona de consolidação. Vou tentar encontrar alguma bibliografia que indique isso, para ficar suportado. Em termos práticos, vou passar já a estar atento a esse padrão, que desconhecia.

Grande abraço

Learner
 
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mais uma achega

por Kooc » 5/3/2003 13:51

segundo uma teoria de consolidações, durante uma tendencia (vamos falar de ascendente), se a cotação entrar numa zona de consolidação, esta dá-se normalmente a meio do movimento. Então podemos apontar um target, prolongando na direcção da tendência a mesma distancia para cima em relação ao último "fundo" significativo. Esta consolidação dá-se a meio da tendência quer de preços, quer de tempo. Há segundo a teoria 70% de probabilidades de isso acontecer. Temos é sempre que esperar pela quebra do canal e naturalmente essa quebra tem que ser no sentida da tendencia anterior.

Aplica essa teori ao teu gráfico anual de março 2002 a março 2003 :wink:

cumps
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por Pata-Hari » 5/3/2003 13:36

Claro, queremos ver! e eu tenho curiosidade em conhecer o feedback do prof. no que diz respeito à AT também, hehehhe.
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por Pata-Hari » 5/3/2003 13:34

Claro, queremos ver! e eu tenho curiosidade em conhecer o feedback do prof. no que diz respeito à AT também, hehehhe.
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Obrigado pelas palavras de apoio...

por Learner » 5/3/2003 13:31

...mas julgo que devo esclarecer que, embora seja um trabalho acadámico, ainda não é tese (quem sabe para o ano...); faz parte da avaliação curricular da cadeira de Conjuntura e Previsão Orçamental do MBA da Escola de Gestão do Porto (ministrada pelo Prof. Daniel Bessa), além de que é um trabalho de grupo.
Quanto a discussão, vai ter, mas será "à porta fechada".

De qualquer forma, terei todo o gosto em enviar cópia do trabalho depois de concluído para quem tiver curiosidade (na próxima semana).

Grande abraço

Learner
 
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Boa Learner e Boa sorte!!

por Scubawarrior » 5/3/2003 11:33

Repito sobretudo o que se disse quanto á A.T. Até nos meios profissionais em alguns casos é mal vista.
scuba


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por Flying Turtle » 5/3/2003 10:48

Caro Learner

Só agora li o teu trabalho, partilhando das opiniões do Ulisses e da Pata, pelo que me escuso de as repetir. Parabéns, para além de concordar com a análise, está na minha opinião perfeito do ponto de vista formal académico :wink:

Eu também estou envolvido numa situação semelhante, estando neste momento a fazer os retoques finais na minha tese de mestrado (cuja versão provisória foi apressentada em Janeiro de 2002... :roll: ), para discussão dentro de cerca de 2 meses pelo que, quanto mais não seja por este motivo, me sinto particularmente solidário contigo :)

Quanto à preocupação sobre se os meios académicos gostam ou não de AT, eu acho que um trabalho bem sustentado e bem apresentado do ponto de vista formal dá, no mínimo, lugar a uma discussão viva, interessante e enriquecedora quando chega a hora da verdade. E nenhum Júri bem formado deixará de valorizar tal facto - na verdade ou os trabalhos de investigação permitem avançar no conhecimento ou não servem para nada senão para conseguir mais um título académico - pois não existe verdadeiro avanço sem forte discussão :lol:

Permito-me sugerir um cuidado apenas: A utilização, até à (possível) exaustão, de referências bibliográficas académicas. Eles detestam quando usamos maioritariamente referências de fora do seu "meio"... :twisted:

Força Learner, vai em frente - depois avisa quando for a discussão pública, se puder vou assistir! :mrgreen:

Um abraço
FT
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Análise técnica EUR/USD

por Learner » 5/3/2003 10:15

Caros colegas,

Antes de mais, obrigado pelas respostas e pelas palavras amáveis do Ulisses e Pata, que deixam-me já numa posição muito mais confortável quanto ao trabalho.

Agradeço muito particularmente à maeinvestidora, que deixou observações muito construtivas. Vou tentar responder qual foi a minha perspectiva nos pontos que referiste:

- Julgo que podemos traçar a linha de tendência descendente que foi quebrada em 1, pois para que essa linha seja válida basta que una pelo menos três máximos; no entanto, tens toda a razão quando te referes a uma outra linha que poderia ser traçada e que seria quebrada no início do 3º trimestre 2001, assim como julgo que ainda poderia haver outra menos inclinada que seria quebrada no 1º trim.2002 (já agora, se alguém puder opinar quanto a isto, julgo que é mesmo normal que as linhas de tendância, quer descendente, quer ascendente, serem quebradas e possibilitem a formção de mais uma ou duas linhas de tendência menos inclinadas, mas com a mesma direcção, antes de a tendência ser invertida);

- Na situação em que te referes à inexistência de suportes quando a acção está a fazer mínimos, também concordo, mas no caso em apreço (julgo que querias dizer ponto 2 do gráfico LP), a acção tinha feito um mínimo um mês antes e depois subiu um pouco; logo, esse mínimo passou a ser suporte. Quando esse mínimo foi ultrapassado - ponto 2 do gráfico, a cotação ficou então novamente sem suportes porque estava a fazer novos mínimos. Vou revêr o texto com mais atenção para que este ponto fique mais claro. Muito obrigado.

Quanto à situação do meio académico não gostar de análises técnicas... Estou esperançoso que pelo menos desperte a atenção.

Grande abraço

Learner
 
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Também vou opinar...

por maeinvestidora » 4/3/2003 13:19

...embora não tenha grandes conhecimentos de análise técnica...

Assim, na minha opinião, a linha de tendência descendente de longo prazo passaria nos pontos de máximo no princípio de 1999 (máximo histórico), no máximo do terceiro trimestre de 1999 (que é o primeiro ponto a partir do qual desenhaste a linha de tendência descendente) e o máximo registado no primeiro trimestre de 2001.

Desta forma, esta linha de tendência só seria quebrada no terceiro trimestre de 2001. Só faço este comentário porque creio que estq linha de tendência descendente ganha mais significado do que aquela que desenhaste e que não passa no máximo histórico...

Um outro comentário que faria é que o ponto 1 do gráfico de longo prazo não me parece ser um suporte no período desde o início da série até ao primeiro trimestre de 2000. Isto porque se tratavam de mínimos históricos na altura...A propósito, já tive uma troca de posts com o Ulisses sobre o caso da EDP, em que ele afirma que numa situação de mínimos históricos não há suportes.

Ficam os comentários, venham as críticas ao meu contributo, se bem que hoje há-de estar muita gente a festejar o Carnaval, ou a dormir porque a festa de ontem à noite foi da rija(!).

Até já!
Lar, doce lar, ou o gosto amargo das tarefas domésticas!
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por Pata-Hari » 4/3/2003 9:37

Também achei muito engraçado o trabalho, Learner. Além disso até bate certo com o que eu acho do ponto de vista técnico, logo nem tenho comentários quanto à tua leitura. Fico com muita curiosidade quanto aos argumentos económicos que utilizas e qual a perspectiva de médio prazo que escolhes. Não dá para nos dares umas luzes? poderia ser um tópicos gerais, não era necessário ires ao detalhe. The big picture argumentativa.

E finalmente faço o mesmo comentário que o Ulisses.... se o paper é para apresentar num meio académico... cuidado com isso, lol, eles têm ainda a tendência para se rirem MUITO da AT........ apesar de haver já quem faça research em areas que se ligaram no futuro à AT, o main stream continua a achar que AT é um disparate pegado. Curiosamente, nos bancos a formação do pessoal ligado aos mercados já passa por AT.
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por Ulisses Pereira » 4/3/2003 3:44

Learner,

Acho que está óptimo. Mas prepara-te... o meio académico, em geral, odeia análise técnica e falam dela como se fosse bruxaria! :shock:

Um abraço e parabéns!
Ulisses
"Acreditar é possuir antes de ter..."

Ulisses Pereira

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Análise técnica EUR/USD

por Learner » 4/3/2003 3:34

Caros colegas,

Nô âmbito de um trabalho académico que tem como objectivo determinar perspectivas de evolução do câmbio EUR/USD no prazo de 3 meses, 1 ano e 3 anos, não resisti a escrever um ponto sobre análise técnica.

Achei que seria interessante colocar esse ponto aqui no fórum, se não fosse por outra razão, pelo menos é uma boa forma de o testar, uma vez que os frequentadores do caldeirão estão ao melhor nível do que se faz em termos de análise técnica, e assim ainda estou a tempo de o rectificar. hehehe.

Em baixo encontram então o ponto do trabalho que foca a análise técnica; à parte este ponto, o trabalho foca essencialmente fundamentais macroeconómicos. Neste momento a restante parte do trabalho ainda está em curso; se alguém tiver curiosidade em receber uma cópia integral do trabalho depois deste estar concluído, p.f. envie-me um mail p/ scmarques@clix.pt, que terei todo o gosto em enviar.

Grande abraço e desde já agradeço os vossos comentários (p.f. sejam incisivos).

Bom carnaval!

Learner
_________________


Principais determinantes para a evolução das taxas de câmbio no curto prazo

Introdução ao curto prazo

Como veremos mais adiante, as teorias fundamentais que normalmente são aplicadas em estimativas de evolução de taxas de taxas de câmbio têm aplicação sobretudo na determinação de orientações para o médio e longo prazo. No curto prazo, a sua aplicação não é normalmente assertiva, dada a significativa volatilidade que habitualmente está associada ao comportamento das taxas de câmbio nesse horizonte temporal, e que compara com uma variação muito menos significativa de todos os determinantes macroeconómicos que suportam as teorias fundamentais. De acordo com um estudo levado a cabo por Yin-Wong Cheung junto de operadores do mercado cambial, apenas 3% dos inquiridos pensam que os fundamentais macroeconómicos têm reflexo na evolução da taxa de câmbio numa perspectiva intradiária, enquanto que numa perspectiva de 6 meses, 57,8% dos inquiridos reconhecem esse reflexo.
Uma vez que o nosso objectivo com este estudo é também o de trabalhar um pouco no curto prazo, apresentando uma estimativa de evolução da taxa de câmbio EUR/USD para um prazo de três meses, iremos utilizar para esse efeito metodologias que em nossa opinião são mais adequadas para uma estimativa com esse intervalo, reconhecendo, porém, que em três meses já poderá existir algum impacto decorrente de alterações em condicionantes macroeconómicos, v.g. das taxas de juro, e a percepção que o mercado tem da sua evolução futura. Neste contexto, privilegiamos uma abordagem na perspectiva da análise técnica para auxiliar a estimar a taxa de câmbio para daqui a três meses, a qual deverá ser considerada conjuntamente com o que veremos mais adiante no ponto dedicado à paridade das taxas de juro.

2.2. Análise técnica

De acordo com John J. Murphy , a análise técnica visa “o estudo dos movimentos do mercado, usando principalmente gráficos, com o propósito de prever as tendências de preço futuras”. Ainda de acordo com John J. Murphy , a análise dos gráficos pode ser usada isoladamente ou em conjunto com análise fundamental, podendo ser útil para auxiliar a determinar pontos de entrada ou de saída, mesmo que tenha por base de trabalho a implementação de uma estratégia com uma abordagem predominantemente fundamental; assim, a análise dos gráficos poderá ser uma ferramenta muito valiosa, pois, como veremos mais adiante, normalmente as valorizações (preços-alvo) determinadas pela análise fundamental não são respeitadas pelo mercado, sendo normalmente bastante ultrapassadas, quer no sentido ascendente, quer descendente, o que eventualmente pode levar o investidor que se baseie apenas na análise fundamental a perder as melhores oportunidades de compra ou de venda.
A este propósito salientamos ainda um estudo desenvolvido por Gehrig e Menkhoff em 2002 , desenvolvido junto de dealers do mercado cambial e de gestores de fundos, que incluiu a identificação do peso que cada um confere nas suas decisões de investimento à análise técnica, tendo concluído que 41,4% das decisões tomadas pelos dealers do mercado cambial e 37% das tomadas pelos gestores de fundos eram baseadas em análise técnica, sendo portanto evidente a importância que esta toma no dia-a-dia dos mercados.
Numa perspectiva de três meses, que é o objectivo mais curto a que nos propomos, devemos concentrar as nossas atenções em linhas muito simples e de significado importante no gráfico em análise, pois tendências de muito curto prazo poderão não ter significado para a nossa necessidade; desta forma, vamos ter interesse em identificar as principais linhas de tendência reveladas pelo gráfico, pontos que parecem não deixar a cotação cair (linhas de suporte) ou avançar mais (linhas de resistência), e, principalmente, zonas de inversão de tendência. Antes de avançarmos com a análise técnica propriamente dita, vamos em primeiro lugar esclarecer alguns destes conceitos.
Principalmente numa perspectiva de curto prazo, o trader deve tentar identificar tendências, uma vez que não podendo ele influenciar sozinho o caminho a seguir pelo mercado, será pela identificação e pelo acompanhamento da tendência que ele poderá obter o máximo proveito das suas posições; desta perspectiva nasceu uma das mais antigas e conhecidas expressões entre traders: “The trend is your friend”; curioso será também avaliar a posição de Larry Williams, um trader contemporâneo e estudioso dos mercados, quanto a esta matéria: “A short-term trader has one objective; to catch the current trend of the market. That’s it. That’s all you should try to do” . Numa perspectiva de análise, o problema coloca-se da mesma forma, o analista ou o utilizador da informação, deve compreender o pensamento dos intervenientes no mercado, de forma a conseguir transparecer para as suas análises o pensamento em que se baseiam muitos dos negócios, numa tentativa de conseguir antecipar os próximos movimentos.
Comecemos então por tratar das linhas de tendência, que podem ser ascendentes ou descendentes; por simplificação, vamos expor a formação de linhas descendentes, sendo que tudo o que for dito aplica-se de forma exactamente inversa à linhas de tendência ascendentes. Assim, uma linha de tendência descendente é uma recta que une diversos pontos máximos de cotação, num mínimo de três para ter significado técnico, durante um período de descida de cotação; esta linha tem duas funções essenciais: fornecer pistas ao analista de quais os níveis máximos que a cotação poderá atingir ao desenhar movimentos de correcção naturais num período de descida continuada, e identificar possíveis pontos de inversão de tendência por quebra da mesma linha pela cotação . Face ao afirmado, podemos concluir que numa tendência de descida quer os mínimos quer os máximos de cada movimento vão sendo cada vez mais baixos, e que numa tendência de subida se verifica exactamente o inverso.

Imagem

Os outros conceitos importantes que iremos utilizar são os de suporte e de resistência. Sendo certo que as cotações se movem, formando uma série de picos e de fundos (máximos e mínimos de cada movimento), e que a direcção desse pontos é que determina qual a tendência em que nos encontramos, podemos chamar a cada um dos picos resistência, uma vez que a cotação ao chegar a esse ponto parou a sua subida, e a cada um dos fundos suporte, uma vez que a cotação ao chegar a esse ponto parou de descer (ainda que temporariamente). Estes conceitos são importantes porque nos ajudam a perceber melhor qual a tendência em que nos encontramos e ajudam-nos a determinar pontos de entrada e de saída do activo em causa.
Quando estamos perante uma tendência definida, seja ela descendente ou ascendente, e a cotação quebra a sua anterior resistência ou suporte (conforme a tendência seja de subida ou de descida, respectivamente), temos uma confirmação de continuação da tendência em curso (momento evidenciado nos gráficos abaixo com “1”); se, por outro lado, essa quebra acontecer numa direcção contrária à da tendência em curso (por exemplo, se numa tendência de subida se verificar a quebra de um ponto de suporte), estaremos perante um sinal de inversão de tendência (momento evidenciado nos gráficos abaixo com “2”). Adicionalmente, salientamos que é muito comum que a cotação volte a fazer um máximo exactamente na sua anterior resistência ou um mínimo no seu anterior suporte; quando isso acontece, esses pontos demonstram mais força, uma vez que indicam que nesses valores existe uma luta acesa entre compradores e vendedores, sem que tenha havido um sinal de que a tendência iria inverter. Quando a cotação tenta ultrapassar um suporte ou uma resistência várias vezes sem o conseguir, e depois consegue, normalmente dá origem a um movimento de inversão com mais força. Salientamos ainda que é muito comum que um ponto que anteriormente funcionava como resistência passe a funcionar como suporte e vice-versa (momento evidenciado nos gráficos abaixo com “3”);.

Imagem

Vejamos então o gráfico da taxa de câmbio EUR/USD de longo prazo, para o período 1999-2002.

Imagem

Neste gráfico podemos observar fundamental três fases de evolução da cotação:

Fase 1 – De 1999 ao quarto trimestre de 2000
Desde 1 de Janeiro de 1999, data em que iniciou a sua vida, o EUR praticamente iniciou de imediato um ciclo de descida face ao USD (de facto, o valor máximo foi atingido em 5 de Janeiro de 1999, em que a cotação EUR/USD atingiu 1,179), sendo possível identificar uma linha de tendência descendente de longo prazo, assinalada no gráfico a verde, que se formou até final de 2000, altura em que foi quebrada em alta.
Esta tendência de baixa durou até perto do final de 2000, altura em que a linha de tendência foi quebrada (momento identificado no gráfico com “1”). Quando acontece uma quebra de uma linha de tendência o analista terá diversas dúvidas, a primeira das quais é saber se a quebra foi efectiva ou falsa, ou seja, se a tendência de descida terminou mesmo, ou se, pelo contrário, vai continuar. De acordo com John J. Murphy , existem três critérios que ao longo do tempo foram sendo aceites como válidos para confirmar esta quebra, de acordo com a situação em análise: uma quebra com evolução de 1% face ao valor de quebra, de 3% face ao valor de quebra, ou então manter-se do outro lado da linha de tendência depois da quebra durante dois dias consecutivos. Em virtude da duração desta linha, parece-nos que neste caso seria prudente confirmar a quebra da tendência com uma subida de 3% acima do ponto de quebra, o que veio a suceder neste caso particular. Depois de registada a quebra, verificou-se uma subida muito acentuada num curto espaço de tempo logo no início de 2001, o que seria de alguma forma esperado do ponto de vista técnico considerando que a linha de tendência que foi quebrada tinha uma duração significativa (superior a um ano). Confirmada a quebra, havia que concluir se significou ou não um início de uma nova tendência de longo prazo, o que se verificou não ter acontecido quando logo no início de 2001 falhou em ultrapassar a anterior cotação máxima (atingida em meados do segundo semestre de 2000), ficando assim aberto o caminho para o desenvolvimento de um novo padrão, o que se veio a confirmar.
Salientamos que durante esta fase foi atingida a cotação mínima do EUR face ao USD, de 0,8252, em 26 de Outubro de 2000.

Fase 2 – De 2001 ao segundo trimestre de 2002
Como verificamos, a quebra da linha de tendência descendente de longo prazo ocorreu no final de 2000, abrindo portas à formação de um novo padrão técnico. De facto, o novo padrão tinha iniciado a sua formação um pouco antes, mais exactamente no primeiro semestre de 2000, quando a cotação desceu abaixo da linha azul superior (momento identificado no gráfico com”2”), que foi traçada a partir do anterior mínimo que a cotação tinha feito; a cotação subiu depois um pouco até ao valor dessa linha, mas não a ultrapassando mais. Este comportamento define a passagem a resistência de um ponto que anteriormente era suporte. No final do segundo semestre de 2000 a cotação recuperou, voltando a testar a linha traçada a azul, e que já havíamos identificado como resistência, tendo novamente voltado a falhar a tentativa de a ultrapassar e confirmando assim a dificuldade que a cotação tinha em subir acima desse valor.
No início de 2001, ao falhar novamente a quebra dessa linha de resistência (nem sequer a atingindo), após a subida forte que já descrevemos, e que sucedeu à quebra da linha de tendência descendente de longo prazo, verificou-se que a cotação não parecia ter força para continuar a subir e iniciar assim uma nova tendência de longo prazo, desta vez ascendente. A queda do EUR que se seguiu, e que durou até final do primeiro semestre de 2001, veio mostrar que o USD também não tinha força para deixar a cotação cair mais, não conseguindo atingir um novo mínimo face à cotação atingida em Junho de 2001, e permitindo assim traçar a linha azul inferior, identificando um importante ponto de suporte para o EUR.
Este canal, que poderemos denominar de “lateralização”, constituído pelas duas linhas azuis, manteve-se intacto, sem que houvesse sinais de que a cotação tinha força ou fraqueza suficiente para quebrar uma das linhas, até cerca de final do segundo semestre de 2002, altura em que, depois de uma fortíssima subida que se iniciou em cerca de 0,87 no início do segundo semestre de 2002, passou a linha de resistência que havíamos identificado no sentido ascendente sem que esta fornecesse qualquer resistência (momento assinalado no gráfico com “3”). No entanto, logo a seguir à quebra, deu-se um fenómeno inverso ao que descrevemos mais atrás, passando a linha que anteriormente identificamos como resistência a ser um ponto de suporte, uma vez que depois de a cotação a ter ultrapassado, nunca mais desceu abaixo dela, apesar de ter cotado mesmo em cima dela durante mais de três meses, reforçando ainda mais a força deste suporte, em que se concentraram certamente muitos vendedores e compradores do mercado cambial.

Fase 3 – De Julho de 2002 até Fevereiro de 2003
Tal como aconteceu na fase anterior, também o padrão que caracteriza a terceira fase iniciou a sua formação um pouco antes, no final do primeiro trimestre de 2002, momento em que a cotação atingiu o seu mínimo antes de começar a subir. A confirmação técnica que se iniciou uma nova fase, desta feita de subida para o EUR, chegou quando a linha de resistência foi quebrada, passando, como já descrevemos, a ser um ponto de suporte muito importante.
Tecnicamente, é habitual estimar um objectivo de cotação quando existe uma quebra de um canal como o que identificamos na fase anterior, sendo que esse objectivo corresponde a uma subida da cotação para lá da anterior linha de resistência com uma valor idêntico ao da amplitude do canal; foi esse ponto que assinalamos no gráfico com uma linha roxa tracejada, muito perto de 1,10, e que, curiosamente, praticamente já foi atingido.
Entretanto, esta tendência de subida permitiu traçar uma nova linha de tendência, desta vez ascendente. Até que esta linha seja quebrada, tecnicamente a tendência de evolução da cotação EUR/USD no médio prazo é ascendente, e é essa a tendência que deve ser tida em conta. Para ficarmos com uma visão mais pormenorizada do que aconteceu tecnicamente nesta terceira fase, atentemos no seguinte gráfico de cotação do câmbio EUR/USD nos últimos doze meses.

Imagem

O gráfico anual reflecte a já identificada tendência ascendente de longo prazo, aqui delimitada pela linha laranja. Podemos verificar que dentro desta tendência de longo prazo desenvolveram-se duas tendências de curto prazo também ascendentes muito mais acentuadas, identificadas a azul claro, e que tiveram uma duração aproximada de três meses.
A quebra da primeira linha (momento assinalado com “1” no gráfico) deu origem a uma zona de lateralização, formando-se claramente uma linha de suporte e outra de resistência dentro das quais se moveu a cotação durante quase meio ano (a linha de suporte aqui referida corresponde também à linha de resistência/suporte que identificamos na análise do gráfico de longo prazo), tendo finalmente quebrado a linha de resistência em Dezembro de 2002 (momento assinalado com “2” no gráfico). A existência de zonas de lateralização dentro de uma tendência ascendente (ou descendente) de longo prazo é perfeitamente habitual, e não significa qualquer inversão de tendência até que sejam atingidos novos mínimos; se, pelo contrário, a linha de resistência for quebrada atingindo a cotação novos máximos, obtemos a confirmação de continuação da tendência, correspondendo este cenário exactamente ao sucedido em Dezembro de 2002.
A segunda linha de tendência ascendente de curto prazo foi quebrada já em Fevereiro de 2003, sendo que neste último mês não se formou ainda uma nova tendência definida; no entanto, a hipótese que se levanta com maior probabilidade é a formação de uma nova zona de lateralização, assinalada no gráfico com duas linhas azul escuro, correpondentes respectivamente a um suporte e a uma resistência. Se atentarmos no comportamento do gráfico, verificamos que a zona assinalada com B está a seguir um comportamento idêntico ao já seguido na zona A, embora num espaço de tempo mais curto, pelo que ainda não existe qualquer sinal de inversão de tendência no curto prazo, o que acontecerá se a linha inferior (a de suporte) for quebrada em baixa. Se o padrão identificado em B seguir caminho idêntico ao que sucedeu em A, poderemos ter uma cotação acima do anterior máximo (1,091, atingido em 5 de Fevereiro) num espaço de tempo relativamente curto; a suceder esse cenário, fica tecnicamente aberto o caminho para a cotação continuar a sua trajectória ascendente.
Concluindo, do ponto de vista técnico estamos neste momento dentro de uma tendência ascendente de longo prazo, que só será colocada em causa se a linha assinalada no gráfico a laranja, e que se encontra neste momento na zona de 1,03, for quebrada em baixa (em 28 de Fevereiro, data de referência para o fecho deste relatório, o fixing EUR/USD do BCE foi de 1,0782). Numa perspectiva de curto prazo, estamos dentro de uma zona de lateralização, com uma linha de suporte bem definida na zona de 1,071; até que esta linha seja quebrada, não existe qualquer sinal de inversão de tendência, mesmo no curto prazo.
 
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