Dividendos: Ajustar ou Não Ajustar?... Eis a questão!
9 mensagens
|Página 1 de 1
Olá Marco
Obrigado pelo excelente artigo sobre os dividendos
Sendo eu, até á data, um dos que normalmente efectuava o acerto dos dividendos, creio que o deixarei de efectuar depois das excelentes justificações colocadas por ti.
Não há duvida que o acerto do dividendo vai adulterar o histórico do gráfico, embora passe a existir um Gap irreal.
Uma das razões que me levavam a efectuar o acerto era precisamente, a existência de Gap e a possivel confusão entre os Gap reais e os irreais.
Também concordo que a nivel de indicadores , em poucas sessões, os parâmetros normalizam.
Tb reconheço que a consulta do histórico de cotações, após o acerto, com valores esquesitos tb não seriam muito fidedignos.
Á cerca de 1 ano fui um dos que não acabei por ceder ao teu artigo colocado no antigo BI, mas perante justificações tão bem fundamentadas vou alterar a minha posição anterior.
Abração e vai pensando no próximo artigo
:lol ou no bacalhau
TRSM



Sendo eu, até á data, um dos que normalmente efectuava o acerto dos dividendos, creio que o deixarei de efectuar depois das excelentes justificações colocadas por ti.
Não há duvida que o acerto do dividendo vai adulterar o histórico do gráfico, embora passe a existir um Gap irreal.
Uma das razões que me levavam a efectuar o acerto era precisamente, a existência de Gap e a possivel confusão entre os Gap reais e os irreais.
Também concordo que a nivel de indicadores , em poucas sessões, os parâmetros normalizam.
Tb reconheço que a consulta do histórico de cotações, após o acerto, com valores esquesitos tb não seriam muito fidedignos.
Á cerca de 1 ano fui um dos que não acabei por ceder ao teu artigo colocado no antigo BI, mas perante justificações tão bem fundamentadas vou alterar a minha posição anterior.
Abração e vai pensando no próximo artigo






TRSM
- Mensagens: 23939
- Registado: 5/11/2002 11:30
- Localização: 4
Caro Filipe, não concordo. Aliás, como referi no texto, se fizer o ajuste, a informação do próprio dividendo <b>desaparece</b> do gráfico. Se não efectuar o ajuste irá ficar presente no gráfico um <b>gap</b> anual claramente diferente que lhe permite tirar precisamente a conclusão que pretende. É precisamente se retirar o <b>gap</b> do gráfico que essa informação desaparece (passa a ver uma linha contínua em ambos os gráficos e ficará a ignorar em termos históricos qual delas distribui um dividendo superior... para isso terá que ir consultar informação passada, efectuar uma pesquisa... porq do gráfico isso foi retirado).
De resto, existem outras vantagens em não retirar, como apresentei no artigo, enquanto que as vantagens de retirar são passageiras (estando relacionado com indicadores temporais). Muito menos temporais são as referências horizontais que pode perdurar anos. Com o ajuste perdem-se.
De qq das formas volto a sublinhar, o ciclo desaparece completamente se efectuar a correcção. Se não efectuar a correcção é que ele permanecerá lá. Inclusivamente pode comparar a relação real de valor da cotação antes e depois do desconto do dividendo e por exemplo analisar se o mercado antecipou ou não o valor do dividendo, se o descontou nas últimas sessões ou não, etc... Tudo isso se tornará invisível se efectuar o ajuste porque o dividendo em si foi retirado do gráfico com esse ajuste (note-se que o ajuste consiste em retirar o valor do dividendo a todo o histórico anterior ao dia de ex-dividendos, como se a empresa <b>não tivesse distribuído dividendo nenhum</b> nesse dia).
De resto, existem outras vantagens em não retirar, como apresentei no artigo, enquanto que as vantagens de retirar são passageiras (estando relacionado com indicadores temporais). Muito menos temporais são as referências horizontais que pode perdurar anos. Com o ajuste perdem-se.
De qq das formas volto a sublinhar, o ciclo desaparece completamente se efectuar a correcção. Se não efectuar a correcção é que ele permanecerá lá. Inclusivamente pode comparar a relação real de valor da cotação antes e depois do desconto do dividendo e por exemplo analisar se o mercado antecipou ou não o valor do dividendo, se o descontou nas últimas sessões ou não, etc... Tudo isso se tornará invisível se efectuar o ajuste porque o dividendo em si foi retirado do gráfico com esse ajuste (note-se que o ajuste consiste em retirar o valor do dividendo a todo o histórico anterior ao dia de ex-dividendos, como se a empresa <b>não tivesse distribuído dividendo nenhum</b> nesse dia).
FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
atenção, o que escrevi em cima não é pacífico.
como é normal, todas as resistências, suporte, etc...., têm de ser novamente ajustados, o que por vezes é dificil sobretudo nos suportes horizontais que coincidem com valores certos, al«guns deles foram inicialmente níveis psicológicos, como por exemplo os 1,5 euros da EDP.
um abraço, filipe
como é normal, todas as resistências, suporte, etc...., têm de ser novamente ajustados, o que por vezes é dificil sobretudo nos suportes horizontais que coincidem com valores certos, al«guns deles foram inicialmente níveis psicológicos, como por exemplo os 1,5 euros da EDP.
um abraço, filipe
The trend is your friend
- Mensagens: 302
- Registado: 5/11/2002 10:35
- Localização: Parede
sem ser especialista em AT, penso que se devia fazer se a correcção ao pagamento de dividendos, pois se imaginarmos por exemplo duas empresas do mesmo sector com uma performance gráfica semelhante ao longo dos últimos anos.
Se a primeira pagar Dividendos de 10 centimos e a segunda de 1 euro, o interesse de um investidor na segunda empresa deverá ser muito maior do que na primeira.
Se não se fizer nenhum ajustamento, em termos gráficos vemos apenas que uma delas tem uma quebra superior na altura do ano que se paga o dividendo e depois recupera ligeiramente durante o ano, na perspectiva de que vai pagar um dividendo superior à outra.
Em AT, este ciclo pode não ser facilmente vizivel, o que não acontecia se tivesse sido feito um ajustamento pós dividendos.
um abraço, filipe
Se a primeira pagar Dividendos de 10 centimos e a segunda de 1 euro, o interesse de um investidor na segunda empresa deverá ser muito maior do que na primeira.
Se não se fizer nenhum ajustamento, em termos gráficos vemos apenas que uma delas tem uma quebra superior na altura do ano que se paga o dividendo e depois recupera ligeiramente durante o ano, na perspectiva de que vai pagar um dividendo superior à outra.
Em AT, este ciclo pode não ser facilmente vizivel, o que não acontecia se tivesse sido feito um ajustamento pós dividendos.
um abraço, filipe
The trend is your friend
- Mensagens: 302
- Registado: 5/11/2002 10:35
- Localização: Parede
os dividendos
Eu costumo insistir muito em que a AT é tanto mais válida quando maior for a liquidez dio título...
Mas o "sumo", ou seja as indicações, que podemos tirar de uma AT tornam-se mais úteis se conhecermos bem o título em questão.
Ainda há poucos dias um conhecido frequentador deste Fórum me dizia que só utilizava as AT's, sem querer saber de notícias ou rumores, e que as fazia a qualquer título do mundo...
Pois bem, fazer pode, retirar conclusões acertadas é que pode ser mais difícil se não conseguir identificar as razões que motivaram determinadas variações bruscas de um título. E nesse caso estará, por exemplo, o chamado "gap dos dividendos"...
Arrisca-se a vir afirmar que o título vai fechar o gap, ou que vai cair porque rompeu uma linha de tendência, etc, etc.
Identicamente poderá, uns meses mais tarde, ir buscar esse ponto do dia dos dividendos para traçar uma qualquer linha de suporte.
Portantoacho que na generalidade e ao longo do ano, concordando com o Marco, não se justifica fazer a correcção desde que se tenha o cuidado de não interpretar mal essa zona da distribuição dos dividendos.
Na análise pontual do periodo da distribuição dos dividendos acho que é mais acertado fazer a correcção pois o gráfico torna-se muito mais legível.
Poderá haver 2 factores a ter em conta embora, em geral, só valha a pena corrigir um:
- uma subida do título na expectativa dos dividendos que pode ser diluída ao longo dos últimos meses, e nem sequer ser perceptível, ou que pode ser concentrada nos dias que o antecedem (o que é raro);
- o gap da distribuição de dividendos igual ao valor destes.
JAS
Mas o "sumo", ou seja as indicações, que podemos tirar de uma AT tornam-se mais úteis se conhecermos bem o título em questão.
Ainda há poucos dias um conhecido frequentador deste Fórum me dizia que só utilizava as AT's, sem querer saber de notícias ou rumores, e que as fazia a qualquer título do mundo...
Pois bem, fazer pode, retirar conclusões acertadas é que pode ser mais difícil se não conseguir identificar as razões que motivaram determinadas variações bruscas de um título. E nesse caso estará, por exemplo, o chamado "gap dos dividendos"...
Arrisca-se a vir afirmar que o título vai fechar o gap, ou que vai cair porque rompeu uma linha de tendência, etc, etc.
Identicamente poderá, uns meses mais tarde, ir buscar esse ponto do dia dos dividendos para traçar uma qualquer linha de suporte.
Portantoacho que na generalidade e ao longo do ano, concordando com o Marco, não se justifica fazer a correcção desde que se tenha o cuidado de não interpretar mal essa zona da distribuição dos dividendos.
Na análise pontual do periodo da distribuição dos dividendos acho que é mais acertado fazer a correcção pois o gráfico torna-se muito mais legível.
Poderá haver 2 factores a ter em conta embora, em geral, só valha a pena corrigir um:
- uma subida do título na expectativa dos dividendos que pode ser diluída ao longo dos últimos meses, e nem sequer ser perceptível, ou que pode ser concentrada nos dias que o antecedem (o que é raro);
- o gap da distribuição de dividendos igual ao valor destes.
JAS
Eu não sei se ficou claro neste artigo pois retirei algumas partes ao original que no contexto actual não fazem sentido, mas a minha opção é claramente não efectuar qualquer ajuste. No entanto, existem razões (de carácter passageiro) que justificam um ajuste, principalmente em mercados muito líquidos em que os indicadores (principalmente osciladores) sejam bastante fiáveis.
FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
(restantes anexos)
- Anexos
-
- bes-20020609a.gif (11.55 KiB) Visualizado 933 vezes
-
- sem-20020609a.gif (12.54 KiB) Visualizado 929 vezes
FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
Dividendos: Ajustar ou Não Ajustar?... Eis a questão!
<i>Aproveitando a sugestão do TRSM dada a semana passada na sequência do artigo sobre linhas de tendência, coloco esta semana um artigo sobre dividendos da minha autoria que escrevi há cerca de um ano atrás. O que veio a calhar porque esta semana não tive o tempo habitual para dedicar à escrita de um artigo escrito de raíz. De resto, não tenho muito a acrescentar ao que escrevi na altura. Sublinho no entanto que este foi escrito unicamente com base em critérios de Análise Técnica e ignorando os aspectos que dizem respeito aos Fundamentais... Tem por base portanto, a utilização do gráfico como ferramenta da Análise Técnica.</i>
Na realidade, ao efectuarmos o ajuste, e para o qual existem justificações, estamos a eliminar do gráfico e de forma permanente e irreversível, parte da importante informação que este nos fornece do ponto de vista da Análise Técnica. Do ponto de vista dessa mesma Análise Técnica, existem ainda algumas desvantagens, embora passageiras e/ou ultrapassáveis. No entanto, são o suficiente para que seja de facto aceitável que se efectue o ajuste, opção que eu respeito.
No primeiro dia de ex-dividendo, ou seja, na primeira sessão em que a compra da acção deixa de dar direito aos dividendos, o título habitualmente abre com o desconto relativo ao dividendo que vai ser distribuído. Esse ajuste, efectuado pelo mercado, é óbvio: imaginemos que o primeiro dia de ex-dividendos é uma quarta-feira e que no fecho da terça-feira o título valeria 4,32 euros; imaginemos ainda que o título irá ser alvo da distribuição de um dividendo de 10 centimos; será pois natural que o investidor que está disponível para pagar, no fecho da sessão de terça-feira os 4,32 euros, na abertura de quarta esteja disponível para pagar apenas 4,22 euros pois nessa altura já não tem direito ao referido dividendo. Na terça, a acção dá direito a um dividendo, na quarta não dá. Logo, a acção em si perdeu valor - o valor do dividendo - e o mercado reflecte esse facto, por norma. O que obviamente se reflectirá no gráfico da cotação.
Para o investidor que tenha o título em carteira, não existe qualquer perda de valor uma vez que ele recebe o dividendo. Mas para o investidor que esteja a pensar comprar acções desse título, obviamente existe uma perda de valor de um dia para o outro. Então, temos um dilema. Por um lado, o <i>gap</i> que surge no gráfico representa o que se passou no mercado e como o mercado avaliou em cada dia cada acção individualmente e como a distribuição do dividendo afecta o valor que o potencial comprador/vendedor do título está disponível a pagar/receber por cada acção desse título. Por outro lado, não poderemos considerar esse desvio como sendo normal, ou intrínseco à tendência do título: para o investidor que detenha o título não existe qualquer perda de valor (estou obviamente a ignorar o pormenor dos impostos e comissões cobradas sobre os dividendos recebidos). O desvio que sofrem os indicadores técnicos e médias-móveis nos dias seguintes não poderá ser considerado normal, de igual modo.
Justifica-se portanto um ajuste no gráfico, do ponto de vista da Análise Técnica, para que o comportamento das médias-móveis, da tendência natural do título, ou dos indicadores técnicos, não sejam afectados pela «anomalia» introduzida pelo desconto do dividendo. Efectuar o ajuste elimina todos estes problemas. Parece correcto, portanto. E é uma opção perfeitamente aceitável e justificável.
Existe algum problema com esta opção? É claro que existe! E é por existir que se justifica que se possa optar por não efectuar o ajuste no gráfico.
O problema é que o comportamento do título no mercado tem muito de psicológico, nomeadamente no que se refere ao comportamento face a suportes e resistências, em particular as horizontais. Se no exemplo que antes forneci, o título há semanas, meses, ou anos, se debatesse com uma resistência a 4,45 euros, o normal seria que esses 4,45 euros continuassem a representar uma barreira para o título apesar do desconto do dividendo. E a prática demonstra que é isso mesmo que ocorre e não só com referências horizontais mas até com Linhas de Tendência não horizontais, o que é mais curioso.
O problema dos indicadores e das médias-móveis é naturalmente ultrapassado porque estes só entram com um determinado número de sessões e mesmo antes de esse <i>range</i> ter terminado já não se notará diferenças assinaláveis: fará uma diferença substancial um RSI a 32 ou a 34? Ao final de uma semana, a leitura do RSI, referido a título de exemplo, já deverá ser muito próxima quer se opte pelo ajuste ou não. Não me parece problemático não poder confiar no RSI durante uma semana, se a alternativa for a de perder importantes referencias do título para todo o sempre, caso se opte pelo ajuste.
Mas existe ainda outra informação interessante que se perde, ou pelo menos ficará menos acessível, caso se opte pelo ajuste: é obviamente a informação referente ao próprio dividendo. O analista que opte por não efectuar o ajuste, pode, por simples inspecção do seu gráfico, analisar a evolução tanto do dividendo como do comportamento do título face ao dividendo, antes e após a distribuição do dividendo (por exemplo, terá o título subido o valor correspodente ao dividendo nas últimas sessões antes do ex-dividendo? Se sim, tal será bem perceptível num gráfico sem ajuste). Já o analista que opte por efectuar o ajuste, não o poderá fazer por simples inspecção do gráfico porque simplesmente apagou essa informação de gráfico. Ou seja, se pretender efectuar essa análise terá que efectuar um trabalho de pesquisa mais laboroso, socorrer-se de uma tabela de dividendos com valores e respectivas datas e tentar «reconstruir» o que se passou quando se não tivesse efectuado o ajuste teria essa informação automaticamente disponível no gráfico.
Resumindo, é evidente que nenhuma das opções é a ideal. Talvez o ideal fosse o analista dispôr de dois gráficos, um ajustado e outro não ajustado, sendo o ajustado mais útil nas primeiras sessões após o desconto do dividendo na cotação e o não ajustado mais importante no longo prazo.
Mesmo que se opte pelo não ajuste, o gráfico terá todo o seu significado preservado, surgindo muito provavelmente um gap que não mais do que representa a diferença de valor que o comprador/vendedor se disponibiliza a pagar/receber num e noutro dia. Uma diferença abrupta, porque de um dia para o outro a acção em si perdeu um valor identificável (o valor aproximado do divedendo) embora o investidor que detenha essas acções não perca necessariamente valor (continua a deter sensivelmente o mesmo capital, apesar das acções terem desvalorizado, porque o que cada acção desvalorizou, recebeu-o ele em <i>cash</i>). Essa desvalorização de cada acção aparece traduzido no gráfico como um <i>gap</i> e nada tem de absurdo. Até porque cada acção continua a representar a mesma percentagem do total da empresa em questão, no que difere de situações distintas como um aumento de capital ou um <i>stock-split.</i>
Quanto ao <i>gap</i> em si, não cria qualquer problema porque não existe qualquer lei que nos diga que um gap tem de ser obrigatoriamente preenchido. Pessoalmente, e esta é outra questão controversa, creio que os <i>gaps</i> são naturalmente preenchidos pela evolução semi-aleatória (ou pela componente aleatória) da evolução da cotação. Mas nada obriga a que tal aconteça. Por outro lado, não será difícil ao analista que opta por não efectuar o ajuste, identificar o <i>gap</i> como sendo relativo ao dividendo uma vez que o analista, sabendo o que faz e sendo conhecedor da <b>sua própria opção</b>, pelo mês em que o <i>gap</i> surge no gráfico rapidamente deduz que se tratou de um <i>gap</i> correspondente ao desconto de um dividendo (em todo o caso pode optar por assinalá-lo no gráfico e aí não terá qualquer dúvida).
Deixo-vos agora com diversos gráficos de títulos da nossa praça para vossa análise, em períodos que sofreram na cotação de um desconto do dividendo (assinalado pela elipse lilaz) e onde se poderá verificar que suportes, resistências e até linhas de tendência não horizontais, mantiveram-se nos mesmos níveis não tendo perdido o seu significado apesar do desconto do dividendo. Os gráficos serão acompanhados de breves comentários, apesar de serem bastante evidentes os seus significados:
<center><i>ver gráfico anexo</i></center>
<b>BANIF:</b> Alvo de um dividendo bruto de 0,30 euros (ex-dividendo a 16 de Abril).
Entre Outubro e Dezembro o título negociou num <i>trading-range</i> com suporte a 5,30 euros e resistência a 5,65 euros. Em finais de Dezembro acaba por quebrar a resistência de forma algo violenta e vem testar de novo os 5,65 euros já como suporte no dia 1 de Fevereiro último. Em Abril dá-se a distribuição do dividendo e o título corrige. Durante o mês de Abril, apesar da correcção devida ao dividendo (e note-se que se trata de um <i>dividend yield</i> relativamente elevado, aproximadamente 5%) os 5,65 euros continuam a funcionar como suporte. Acabam por ser quebrados no início de Maio e o título volta a entrar no antigo <i>range</i>. E ainda lá se mantém, com os 5,30 euros a suportarem por enquanto o título.
<center><i>ver gráfico anexo</i></center>
<b>BCP:</b> Alvo de um dividendo bruto de 0,15 euros (ex-dividendo a 10 de Abril).
Este exemplo já foi discutido no Fórum. É um exemplo interessante porque não só os 3,65 euros continuam a funcionar como suporte e os 3,82 euros como zona de suporte/resistência, como ainda a LT descendente que vem de Novembro continua perfeitamente válida tendo sido testada sem sucesso já depois do desconto do dividendo. Negociou todo o mesmo de Maio dentro do <i>range</i> que serviu de consolidação em Fevereiro e ainda lá se mantém.
<center><i>ver gráfico anexo</i></center>
<b>COFINA:</b> Alvo de um dividendo bruto de 0,03 euros (ex-dividendo a 22 de Maio).
Em Março os 2,45 euros ofereciam resistência ao título e este negociou durante quase um mês no <i>trading-range</i> com suporte a 2,35 euros e resistência a 2.45. Efectuou um falso <i>break-out</i> com <i>gap-up</i> na abertura seguinte, inclusivamente, durante o mês de Abril. Voltou a entrar no <i>range</i> e repetiu a proeza em Maio. Em ambos os casos, os 2,45 euros suportaram o <i>break-out</i> mas por poucas sessões. Entretanto deu-se o desconto do dividendo. Na Cofina, o <i>range</i> 2,35 - 2,45 euros continua perfeitamente válido, apesar do dividendo. Aproveito para referir que este título acabou por realizar um duplo-topo cujo suporte é o mesmo (os 2,35 euros). A quebra dos 2,35 euros em baixa não só quebraria o <i>range</i> como completaria uma figura de inversão (um duplo topo cujo suporte é quebrado em baixa).
<center><i>ver gráfico anexo</i></center>
<b>BES:</b> Alvo de um dividendo bruto de 0,376 euros (ex-dividendo a 9 de Abril).
<i>Nota: Sofreu ajuste por aumento de capital.</i>
Aqui temos os 11,70 euros a funcionarem diversas vezes, tanto antes como após o dividendo, como suporte e resistência: Em Novembro e Fevereiro, como resistência. Em Março são quebrados em alta e testados já como suporte (e já após o dividendo). Acabam por ser quebrados e violentamente no início do mês de Maio. Nesta altura debate-se ainda com os mesmos 11,70 euros, agora novamente como resistência.
<center><i>ver gráfico anexo</i></center>
<b>SEMAPA:</b> Alvo de um dividendo bruto de 0,10 euros (ex-dividendo a 22 de Abril).
Mais um título para terminar esta série de exemplos mais do que suficiente: temos um suporte a 4,25 euros testado diversas vezes antes do dividendo e uma vez após o dividendo. Temos ainda um duplo topo apontando para uma resistência a 5,09 euros e um segundo nível de resistência nos 4,80 euros. A coerência antes e após o dividendo é assinalável.
Mais exemplos poderiam ser apresentados, mas é curioso que coloquei aqui praticamente todos os títulos que «deram tempo» para que importantes níveis de suporte e resistência ou linhas de tendência fossem testados. A maior parte dos que não coloquei são títulos que foram alvo de desconto de dividendo muito recentemente e esta análise ainda não poderia ser feita. De qualquer das formas creio que não há necessidade de ser mais exaustivo. A clareza e evidência dos exemplos apontados são mais do que suficientes.
Espero que após este artigo todos compreendam que existem razões do ponto de vista da Análise Técnica quer para efectuar o ajuste quer para não efectuar e cada um deve ponderar acerca das vantagens e desvantagens de cada uma das opção e tomar a sua decisão.
Na realidade, ao efectuarmos o ajuste, e para o qual existem justificações, estamos a eliminar do gráfico e de forma permanente e irreversível, parte da importante informação que este nos fornece do ponto de vista da Análise Técnica. Do ponto de vista dessa mesma Análise Técnica, existem ainda algumas desvantagens, embora passageiras e/ou ultrapassáveis. No entanto, são o suficiente para que seja de facto aceitável que se efectue o ajuste, opção que eu respeito.
No primeiro dia de ex-dividendo, ou seja, na primeira sessão em que a compra da acção deixa de dar direito aos dividendos, o título habitualmente abre com o desconto relativo ao dividendo que vai ser distribuído. Esse ajuste, efectuado pelo mercado, é óbvio: imaginemos que o primeiro dia de ex-dividendos é uma quarta-feira e que no fecho da terça-feira o título valeria 4,32 euros; imaginemos ainda que o título irá ser alvo da distribuição de um dividendo de 10 centimos; será pois natural que o investidor que está disponível para pagar, no fecho da sessão de terça-feira os 4,32 euros, na abertura de quarta esteja disponível para pagar apenas 4,22 euros pois nessa altura já não tem direito ao referido dividendo. Na terça, a acção dá direito a um dividendo, na quarta não dá. Logo, a acção em si perdeu valor - o valor do dividendo - e o mercado reflecte esse facto, por norma. O que obviamente se reflectirá no gráfico da cotação.
Para o investidor que tenha o título em carteira, não existe qualquer perda de valor uma vez que ele recebe o dividendo. Mas para o investidor que esteja a pensar comprar acções desse título, obviamente existe uma perda de valor de um dia para o outro. Então, temos um dilema. Por um lado, o <i>gap</i> que surge no gráfico representa o que se passou no mercado e como o mercado avaliou em cada dia cada acção individualmente e como a distribuição do dividendo afecta o valor que o potencial comprador/vendedor do título está disponível a pagar/receber por cada acção desse título. Por outro lado, não poderemos considerar esse desvio como sendo normal, ou intrínseco à tendência do título: para o investidor que detenha o título não existe qualquer perda de valor (estou obviamente a ignorar o pormenor dos impostos e comissões cobradas sobre os dividendos recebidos). O desvio que sofrem os indicadores técnicos e médias-móveis nos dias seguintes não poderá ser considerado normal, de igual modo.
Justifica-se portanto um ajuste no gráfico, do ponto de vista da Análise Técnica, para que o comportamento das médias-móveis, da tendência natural do título, ou dos indicadores técnicos, não sejam afectados pela «anomalia» introduzida pelo desconto do dividendo. Efectuar o ajuste elimina todos estes problemas. Parece correcto, portanto. E é uma opção perfeitamente aceitável e justificável.
Existe algum problema com esta opção? É claro que existe! E é por existir que se justifica que se possa optar por não efectuar o ajuste no gráfico.
O problema é que o comportamento do título no mercado tem muito de psicológico, nomeadamente no que se refere ao comportamento face a suportes e resistências, em particular as horizontais. Se no exemplo que antes forneci, o título há semanas, meses, ou anos, se debatesse com uma resistência a 4,45 euros, o normal seria que esses 4,45 euros continuassem a representar uma barreira para o título apesar do desconto do dividendo. E a prática demonstra que é isso mesmo que ocorre e não só com referências horizontais mas até com Linhas de Tendência não horizontais, o que é mais curioso.
O problema dos indicadores e das médias-móveis é naturalmente ultrapassado porque estes só entram com um determinado número de sessões e mesmo antes de esse <i>range</i> ter terminado já não se notará diferenças assinaláveis: fará uma diferença substancial um RSI a 32 ou a 34? Ao final de uma semana, a leitura do RSI, referido a título de exemplo, já deverá ser muito próxima quer se opte pelo ajuste ou não. Não me parece problemático não poder confiar no RSI durante uma semana, se a alternativa for a de perder importantes referencias do título para todo o sempre, caso se opte pelo ajuste.
Mas existe ainda outra informação interessante que se perde, ou pelo menos ficará menos acessível, caso se opte pelo ajuste: é obviamente a informação referente ao próprio dividendo. O analista que opte por não efectuar o ajuste, pode, por simples inspecção do seu gráfico, analisar a evolução tanto do dividendo como do comportamento do título face ao dividendo, antes e após a distribuição do dividendo (por exemplo, terá o título subido o valor correspodente ao dividendo nas últimas sessões antes do ex-dividendo? Se sim, tal será bem perceptível num gráfico sem ajuste). Já o analista que opte por efectuar o ajuste, não o poderá fazer por simples inspecção do gráfico porque simplesmente apagou essa informação de gráfico. Ou seja, se pretender efectuar essa análise terá que efectuar um trabalho de pesquisa mais laboroso, socorrer-se de uma tabela de dividendos com valores e respectivas datas e tentar «reconstruir» o que se passou quando se não tivesse efectuado o ajuste teria essa informação automaticamente disponível no gráfico.
Resumindo, é evidente que nenhuma das opções é a ideal. Talvez o ideal fosse o analista dispôr de dois gráficos, um ajustado e outro não ajustado, sendo o ajustado mais útil nas primeiras sessões após o desconto do dividendo na cotação e o não ajustado mais importante no longo prazo.
Mesmo que se opte pelo não ajuste, o gráfico terá todo o seu significado preservado, surgindo muito provavelmente um gap que não mais do que representa a diferença de valor que o comprador/vendedor se disponibiliza a pagar/receber num e noutro dia. Uma diferença abrupta, porque de um dia para o outro a acção em si perdeu um valor identificável (o valor aproximado do divedendo) embora o investidor que detenha essas acções não perca necessariamente valor (continua a deter sensivelmente o mesmo capital, apesar das acções terem desvalorizado, porque o que cada acção desvalorizou, recebeu-o ele em <i>cash</i>). Essa desvalorização de cada acção aparece traduzido no gráfico como um <i>gap</i> e nada tem de absurdo. Até porque cada acção continua a representar a mesma percentagem do total da empresa em questão, no que difere de situações distintas como um aumento de capital ou um <i>stock-split.</i>
Quanto ao <i>gap</i> em si, não cria qualquer problema porque não existe qualquer lei que nos diga que um gap tem de ser obrigatoriamente preenchido. Pessoalmente, e esta é outra questão controversa, creio que os <i>gaps</i> são naturalmente preenchidos pela evolução semi-aleatória (ou pela componente aleatória) da evolução da cotação. Mas nada obriga a que tal aconteça. Por outro lado, não será difícil ao analista que opta por não efectuar o ajuste, identificar o <i>gap</i> como sendo relativo ao dividendo uma vez que o analista, sabendo o que faz e sendo conhecedor da <b>sua própria opção</b>, pelo mês em que o <i>gap</i> surge no gráfico rapidamente deduz que se tratou de um <i>gap</i> correspondente ao desconto de um dividendo (em todo o caso pode optar por assinalá-lo no gráfico e aí não terá qualquer dúvida).
Deixo-vos agora com diversos gráficos de títulos da nossa praça para vossa análise, em períodos que sofreram na cotação de um desconto do dividendo (assinalado pela elipse lilaz) e onde se poderá verificar que suportes, resistências e até linhas de tendência não horizontais, mantiveram-se nos mesmos níveis não tendo perdido o seu significado apesar do desconto do dividendo. Os gráficos serão acompanhados de breves comentários, apesar de serem bastante evidentes os seus significados:
<center><i>ver gráfico anexo</i></center>
<b>BANIF:</b> Alvo de um dividendo bruto de 0,30 euros (ex-dividendo a 16 de Abril).
Entre Outubro e Dezembro o título negociou num <i>trading-range</i> com suporte a 5,30 euros e resistência a 5,65 euros. Em finais de Dezembro acaba por quebrar a resistência de forma algo violenta e vem testar de novo os 5,65 euros já como suporte no dia 1 de Fevereiro último. Em Abril dá-se a distribuição do dividendo e o título corrige. Durante o mês de Abril, apesar da correcção devida ao dividendo (e note-se que se trata de um <i>dividend yield</i> relativamente elevado, aproximadamente 5%) os 5,65 euros continuam a funcionar como suporte. Acabam por ser quebrados no início de Maio e o título volta a entrar no antigo <i>range</i>. E ainda lá se mantém, com os 5,30 euros a suportarem por enquanto o título.
<center><i>ver gráfico anexo</i></center>
<b>BCP:</b> Alvo de um dividendo bruto de 0,15 euros (ex-dividendo a 10 de Abril).
Este exemplo já foi discutido no Fórum. É um exemplo interessante porque não só os 3,65 euros continuam a funcionar como suporte e os 3,82 euros como zona de suporte/resistência, como ainda a LT descendente que vem de Novembro continua perfeitamente válida tendo sido testada sem sucesso já depois do desconto do dividendo. Negociou todo o mesmo de Maio dentro do <i>range</i> que serviu de consolidação em Fevereiro e ainda lá se mantém.
<center><i>ver gráfico anexo</i></center>
<b>COFINA:</b> Alvo de um dividendo bruto de 0,03 euros (ex-dividendo a 22 de Maio).
Em Março os 2,45 euros ofereciam resistência ao título e este negociou durante quase um mês no <i>trading-range</i> com suporte a 2,35 euros e resistência a 2.45. Efectuou um falso <i>break-out</i> com <i>gap-up</i> na abertura seguinte, inclusivamente, durante o mês de Abril. Voltou a entrar no <i>range</i> e repetiu a proeza em Maio. Em ambos os casos, os 2,45 euros suportaram o <i>break-out</i> mas por poucas sessões. Entretanto deu-se o desconto do dividendo. Na Cofina, o <i>range</i> 2,35 - 2,45 euros continua perfeitamente válido, apesar do dividendo. Aproveito para referir que este título acabou por realizar um duplo-topo cujo suporte é o mesmo (os 2,35 euros). A quebra dos 2,35 euros em baixa não só quebraria o <i>range</i> como completaria uma figura de inversão (um duplo topo cujo suporte é quebrado em baixa).
<center><i>ver gráfico anexo</i></center>
<b>BES:</b> Alvo de um dividendo bruto de 0,376 euros (ex-dividendo a 9 de Abril).
<i>Nota: Sofreu ajuste por aumento de capital.</i>
Aqui temos os 11,70 euros a funcionarem diversas vezes, tanto antes como após o dividendo, como suporte e resistência: Em Novembro e Fevereiro, como resistência. Em Março são quebrados em alta e testados já como suporte (e já após o dividendo). Acabam por ser quebrados e violentamente no início do mês de Maio. Nesta altura debate-se ainda com os mesmos 11,70 euros, agora novamente como resistência.
<center><i>ver gráfico anexo</i></center>
<b>SEMAPA:</b> Alvo de um dividendo bruto de 0,10 euros (ex-dividendo a 22 de Abril).
Mais um título para terminar esta série de exemplos mais do que suficiente: temos um suporte a 4,25 euros testado diversas vezes antes do dividendo e uma vez após o dividendo. Temos ainda um duplo topo apontando para uma resistência a 5,09 euros e um segundo nível de resistência nos 4,80 euros. A coerência antes e após o dividendo é assinalável.
Mais exemplos poderiam ser apresentados, mas é curioso que coloquei aqui praticamente todos os títulos que «deram tempo» para que importantes níveis de suporte e resistência ou linhas de tendência fossem testados. A maior parte dos que não coloquei são títulos que foram alvo de desconto de dividendo muito recentemente e esta análise ainda não poderia ser feita. De qualquer das formas creio que não há necessidade de ser mais exaustivo. A clareza e evidência dos exemplos apontados são mais do que suficientes.
Espero que após este artigo todos compreendam que existem razões do ponto de vista da Análise Técnica quer para efectuar o ajuste quer para não efectuar e cada um deve ponderar acerca das vantagens e desvantagens de cada uma das opção e tomar a sua decisão.
- Anexos
-
- bnf-20020609a.gif (12.08 KiB) Visualizado 951 vezes
-
- bcp-20020609a.gif (10.9 KiB) Visualizado 949 vezes
-
- cfn-20020609a.gif (12.9 KiB) Visualizado 957 vezes
FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
9 mensagens
|Página 1 de 1
Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: aaugustobb_69, Bar38, Bing [Bot], Google [Bot], IX Hispana, m-m, malakas, Manchini888, Mr.Warrior, MR32, OCTAMA, Phil2014, Pmart 1, Shimazaki_2, smog63, Tiago2006 e 228 visitantes