O meu amigo morreu
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apenas uma breve...
....Nota de solidariedade Para com a miss bolsa(extendo a Ulisses). Queria apenas dár-lhe uma palavra amiga de conforto. Infelizmente perdi o ano passado um grande amigo e sei o que é a perda de um amigo. E esta palavra vale por si, não intressa se é virtual ou não...é amigo!
cumps
Scuba
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Fear blind us the opportunity, greed blind us the danger!
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Há dias assim, que nos levam a pensar o óbvio: que a vida é tão frágil, tão frágil, que nos obriga a ser fortes.
Tocou-me muito a forma como vocês se expressaram; a Bolsa, o dinheiro, é tudo tão importante...até ao dia.
Há que levar na desportiva..até ao dia.
Há que pensar que, acima de tudo, somos seres humanos -- e temos um inultrapassável dever de fazermos o mundo melhor e mais solidário, mais feliz, mais pacífico.
Um abraço
Tocou-me muito a forma como vocês se expressaram; a Bolsa, o dinheiro, é tudo tão importante...até ao dia.
Há que levar na desportiva..até ao dia.
Há que pensar que, acima de tudo, somos seres humanos -- e temos um inultrapassável dever de fazermos o mundo melhor e mais solidário, mais feliz, mais pacífico.
Um abraço
Sandokan, o tigre da Malásia
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Olá Miss Bolsa!
Num momento de tristeza para si, relembro também essa angustia do Ulisses, no fatidico dia 11 de Setembro. E ansiedade dele na partilha connosco desse momento tão pessoal, e que a Miss infelizmente repete....
Relembro também, e com saudade os primordios do antigo fórum em que a Miss Bolsa (agora tão afastada) a par da Mariana B, foram das primeiras Rosas, num tão vasto jardim.
Cump
Patdav
Num momento de tristeza para si, relembro também essa angustia do Ulisses, no fatidico dia 11 de Setembro. E ansiedade dele na partilha connosco desse momento tão pessoal, e que a Miss infelizmente repete....
Relembro também, e com saudade os primordios do antigo fórum em que a Miss Bolsa (agora tão afastada) a par da Mariana B, foram das primeiras Rosas, num tão vasto jardim.
Cump
Patdav
..........................
Miss,
É bom ver-te novamente por aqui, infelizmente por uma triste razão.
Emocionei-me por teres ido buscar um texto meu que me diz muito para exprimires aquilo que sentes neste momento. É nestas alturas que nos perguntamos: Mas porque é que eu não fui ter com ele, pelo menos uma vez? Não é?
Quanto à tua sugestão, ponderei colocar esse texto lá na secção dos artigos intemporais, mas como era um pouco deslocado da bolsa, optei por não o colocar. Mas talvez reconsidere essa posição.
Beijinhos e força!
Ulisses
É bom ver-te novamente por aqui, infelizmente por uma triste razão.
Emocionei-me por teres ido buscar um texto meu que me diz muito para exprimires aquilo que sentes neste momento. É nestas alturas que nos perguntamos: Mas porque é que eu não fui ter com ele, pelo menos uma vez? Não é?
Quanto à tua sugestão, ponderei colocar esse texto lá na secção dos artigos intemporais, mas como era um pouco deslocado da bolsa, optei por não o colocar. Mas talvez reconsidere essa posição.
Beijinhos e força!
Ulisses
O meu amigo morreu
Ontem morreu um amigo meu. Era o que se costuma chamar de um amigo virtual pois nunca o tinha visto, apesar de falarmos todos os dias. Queria escrever algo bonito em sua memória para lhe vir aqui prestar homenagem no caldeirão mas não consegui. Peço desculpa ao Ulisses mas acho que a melhor homenagem que lhe posso fazer é copiar para aqui o texto que o Ulisses escreveu na SIC a propósito do 11 de Setembro e da morte do seu amigo também virtual.
"11 de Setembro de 2001
Passam 30 minutos do meio dia quando a janela do MSN pisca no meu computador. Do outro lado do Atlântico, Bill escreve a mesma frase com que me cumprimenta todos os dias: “Hi Portuguese guy!”.
Conheci Bill Meehan, “head trader” da corretora norte-americana Cantor Fitzgerald, através da troca de alguns mais sobre bolsa em 2000. Desde aí, as conversas sucederam-se e, mesmo sem nunca nos termos conhecido pessoalmente, uma Amizade forte tinha crescido.
Interrompo a minha conversa com ele para ir almoçar. A televisão está desligada e vou dando uma espreitadela ao computador pelo canto do olho, para ir controlando as cotações na nossa bolsa. O mercado está a ressaltar e eu tenho muitas posições longas abertas no nosso mercado, pelo que não posso perder de vista as cotações.
O mercado está calmo mas, de repente, uma onda de vendas assola a nossa bolsa. Foi brusco demais para ser normal. Salto da cadeira, dirijo-me ao computador e as vendas continuam. Algo aconteceu, pensei eu. Rapidamente encontro na internet a informação que um avião chocou contra uma das torres gémeas.
Ligo a televisão e os noticiários já estão a dar imagens do “acidente”. “Bem... os mercados apanharam um susto com o acidente mas rapidamente recuperam”, penso eu para os meus botões.
Vou continuando a seguir as imagens televisivas e a controlar as cotações que, pouco a pouco, vão recuperando quando, em directo, vejo um outro avião embater na outra torre. De imediato, a hipótese de atentado transforma-se em certeza para mim.
Sem hesitar, ligo para a corretora onde negoceio, na qual trabalha a minha irmã e mando vender todos os meus contratos no mercado de futuros. Do outro lado da linha, a minha irmã diz que é uma maluqueira vender tudo pois iria entregar os meus contratos muito abaixo do preço do mercado à vista.
“Vende de qualquer maneira!”, grito eu perante a renitência dela em o fazer. É a primeira vez na vida que grito com a minha irmã. Não gostei da sensação. Mais logo, tenho que lhe pedir desculpa.
No entanto, uma sensação de alívio apodera-se de mim. Estou fora deste inferno e consegui sair sem grandes perdas. Estava tão embrenhado no ritmo do mercado que só agora começo a pensar na enorme tragédia humana que aconteceu.
De repente, paro para pensar uns instantes e lembro-me que o Bill trabalha numa das torres do World Trade Center. Salto de imediato para o teclado do meu computador e na janelinha que estava aberta com o seu nome pergunto-lhe se ele está lá. Nenhuma resposta obtenho. Repito incessantemente a mesma frase quase como se quisesse chamar por ele no meio daquele inferno. Nenhuma palavra vinha do lado de lá.
“Em que andar estará ele?. Será que conseguiu fugir do inferno de chamas em que se transformaram as duas torres? “ Perguntas às quais não consigo obter resposta e que não param de ecoar na minha cabeça. De um momento para o outro, os números e os mercados deixaram de ter qualquer importância.
Ao fim da tarde, o site www.realmoney.com, no qual o Bill colaborava com os seus excelentes artigos, informa que Bill Meehan se encontrava no 105º andar da torre Norte do World Trade Center no momento do embate do primeiro avião e que se encontra desaparecido.
Era esta a notícia que eu mais temia. Estando ele nos últimos andares da torre Norte, teria sido impossível ele ter escapado com vida depois do primeiro embate. Bill morreu.
É a primeira vez que perco um Amigo que nunca vi. Mas nem o facto de nunca ter visto o seu sorriso, nunca o ter olhado nos olhos, o tornavam menos próximo de mim. Uma das coisas que aprendi com ele é que a distância só existe quando nós queremos e quando deixamos que as palavras se calem.
O Bill era uma pessoa especial. Como são especiais todos aqueles que nos são próximos. Nem o facto de ser um dos mais respeitados analistas americanos lhe retirava a simplicidade e a disponibilidade para trocar opiniões com quem o contactava. Foi assim que o conheci. Foi assim na última conversa que tivemos.
Não vos posso falar do sorriso dele. Não vos posso falar do olhar dele. Mas posso-vos dizer que tinha um coração do tamanho do mundo.
Começo a escrever a análise diária na Sic Online. Será, sem dúvida, o dia em que menos vontade tenho de escrever. O texto termina assim: “Alguém no cimo do mundo, no topo da sua carreira, de um momento para o outro perde a vida. Se hoje perdeu muito dinheiro nos mercados, lembre-se das coisas que o fazem feliz. Lembre-se daqueles que são verdadeiramente importantes para si. Há coisas na vida que não têm preço. Há dias em que falar de bolsa devia ser proibido. “
Hoje, tal como há um ano atrás, não me apetece falar de bolsa. Tenho saudades tuas Bill, onde quer que estejas... "
Ulisses, acho que no local aqui do caldeirão onde tens alguns dos teus artigos intemporais também devias incluir este pois é também intemporal e um daqueles textos que ninguém esquece.
Deus te guarde, Rui!
Beijinhos,
Miss Bolsa
"11 de Setembro de 2001
Passam 30 minutos do meio dia quando a janela do MSN pisca no meu computador. Do outro lado do Atlântico, Bill escreve a mesma frase com que me cumprimenta todos os dias: “Hi Portuguese guy!”.
Conheci Bill Meehan, “head trader” da corretora norte-americana Cantor Fitzgerald, através da troca de alguns mais sobre bolsa em 2000. Desde aí, as conversas sucederam-se e, mesmo sem nunca nos termos conhecido pessoalmente, uma Amizade forte tinha crescido.
Interrompo a minha conversa com ele para ir almoçar. A televisão está desligada e vou dando uma espreitadela ao computador pelo canto do olho, para ir controlando as cotações na nossa bolsa. O mercado está a ressaltar e eu tenho muitas posições longas abertas no nosso mercado, pelo que não posso perder de vista as cotações.
O mercado está calmo mas, de repente, uma onda de vendas assola a nossa bolsa. Foi brusco demais para ser normal. Salto da cadeira, dirijo-me ao computador e as vendas continuam. Algo aconteceu, pensei eu. Rapidamente encontro na internet a informação que um avião chocou contra uma das torres gémeas.
Ligo a televisão e os noticiários já estão a dar imagens do “acidente”. “Bem... os mercados apanharam um susto com o acidente mas rapidamente recuperam”, penso eu para os meus botões.
Vou continuando a seguir as imagens televisivas e a controlar as cotações que, pouco a pouco, vão recuperando quando, em directo, vejo um outro avião embater na outra torre. De imediato, a hipótese de atentado transforma-se em certeza para mim.
Sem hesitar, ligo para a corretora onde negoceio, na qual trabalha a minha irmã e mando vender todos os meus contratos no mercado de futuros. Do outro lado da linha, a minha irmã diz que é uma maluqueira vender tudo pois iria entregar os meus contratos muito abaixo do preço do mercado à vista.
“Vende de qualquer maneira!”, grito eu perante a renitência dela em o fazer. É a primeira vez na vida que grito com a minha irmã. Não gostei da sensação. Mais logo, tenho que lhe pedir desculpa.
No entanto, uma sensação de alívio apodera-se de mim. Estou fora deste inferno e consegui sair sem grandes perdas. Estava tão embrenhado no ritmo do mercado que só agora começo a pensar na enorme tragédia humana que aconteceu.
De repente, paro para pensar uns instantes e lembro-me que o Bill trabalha numa das torres do World Trade Center. Salto de imediato para o teclado do meu computador e na janelinha que estava aberta com o seu nome pergunto-lhe se ele está lá. Nenhuma resposta obtenho. Repito incessantemente a mesma frase quase como se quisesse chamar por ele no meio daquele inferno. Nenhuma palavra vinha do lado de lá.
“Em que andar estará ele?. Será que conseguiu fugir do inferno de chamas em que se transformaram as duas torres? “ Perguntas às quais não consigo obter resposta e que não param de ecoar na minha cabeça. De um momento para o outro, os números e os mercados deixaram de ter qualquer importância.
Ao fim da tarde, o site www.realmoney.com, no qual o Bill colaborava com os seus excelentes artigos, informa que Bill Meehan se encontrava no 105º andar da torre Norte do World Trade Center no momento do embate do primeiro avião e que se encontra desaparecido.
Era esta a notícia que eu mais temia. Estando ele nos últimos andares da torre Norte, teria sido impossível ele ter escapado com vida depois do primeiro embate. Bill morreu.
É a primeira vez que perco um Amigo que nunca vi. Mas nem o facto de nunca ter visto o seu sorriso, nunca o ter olhado nos olhos, o tornavam menos próximo de mim. Uma das coisas que aprendi com ele é que a distância só existe quando nós queremos e quando deixamos que as palavras se calem.
O Bill era uma pessoa especial. Como são especiais todos aqueles que nos são próximos. Nem o facto de ser um dos mais respeitados analistas americanos lhe retirava a simplicidade e a disponibilidade para trocar opiniões com quem o contactava. Foi assim que o conheci. Foi assim na última conversa que tivemos.
Não vos posso falar do sorriso dele. Não vos posso falar do olhar dele. Mas posso-vos dizer que tinha um coração do tamanho do mundo.
Começo a escrever a análise diária na Sic Online. Será, sem dúvida, o dia em que menos vontade tenho de escrever. O texto termina assim: “Alguém no cimo do mundo, no topo da sua carreira, de um momento para o outro perde a vida. Se hoje perdeu muito dinheiro nos mercados, lembre-se das coisas que o fazem feliz. Lembre-se daqueles que são verdadeiramente importantes para si. Há coisas na vida que não têm preço. Há dias em que falar de bolsa devia ser proibido. “
Hoje, tal como há um ano atrás, não me apetece falar de bolsa. Tenho saudades tuas Bill, onde quer que estejas... "
Ulisses, acho que no local aqui do caldeirão onde tens alguns dos teus artigos intemporais também devias incluir este pois é também intemporal e um daqueles textos que ninguém esquece.
Deus te guarde, Rui!
Beijinhos,
Miss Bolsa
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- Registado: 7/11/2002 18:42
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