Petróleo sob pressão após ataque dos EUA ao Irão

[nunofaustino]

O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, admitiu hoje, pela primeira vez, que os EUA poderão vir a administrar o Iraque, na sequência de uma intervenção militar, ao afirmar que Washington está a analisar como irá gerir o sector petrolífero do país num cenário de ocupação militar.

Numa entrevista concedida a vários jornais norte-americanos — a ser divulgada amanhã, mas de que alguns excertos foram revelados hoje pelo Departamento de Estado —, o chefe da diplomacia americana adiantou que a Administração Bush está a estudar diferentes modelos de gestão do sector petrolífero iraquiano, caso as Forças Armadas invadam o país.

"Se formos a potência ocupante, isso será em benefício do povo iraquiano", sublinhou Powell. "Como vamos gerir o sector [petrolífero]? Qual a melhor forma de o fazer? Estamos a estudar diferentes modelos. Mas uma coisa eu posso garantir é que vamos administrá-lo em benefício do povo iraquiano. Essa é a obrigação legal que uma potência ocupante terá de ter", explicou.

"O petróleo pertence ao povo iraquiano. A forma como ele será usado, como os fundos gerados pelo petróleo serão novamente injectados na economia iraquiana, deve ser feita de acordo com o direito internacional", acrescentou.

Muitos dos que se opõem a uma intervenção armada contra o Iraque, afirmam que os motivos que levam os EUA a querer derrubar Saddam se prendem com o desejo de controlar as reservas de petróleo do país, as segundas maiores do mundo depois das da Arábia Saudita.

Questionado sobre o tempo que poderá durar essa ocupação militar, o chefe da diplomacia norte-americana recusou-se a especular. "Não existe qualquer vontade de que as Forças Armadas norte-americanas se mantenham no controlo ou governem um país por mais tempo do que aquele que for necessário para garantir que exista uma forma de governo apropriada para substituir a ocupação militar inicial", afirmou.

Há já algumas semanas que os principais jornais norte-americanos noticiam que a Administração norte-americana pondera criar uma administração militar transitória no Iraque, na sequência de uma invasão e eventual derrube do regime de Saddam Hussein.

Apesar dessa possibilidade não ser, até agora, oficialmente referida, o Presidente norte-americano, George W. Bush, afirmou várias vezes — antes do Conselho de Segurança aprovar a última resolução sobre o desarmamento iraquiano — que o regime iraquiano deve ser derrubado.

Apesar de Washington ter reafirmado que não vai agir à margem das Nações Unidas e o Conselho de Segurança aguardar ainda o primeiro relatório dos inspectores, os EUA estão a concentrar tropas e equipamentos no Médio Oriente. Hoje, responsáveis militares adiantaram que os EUA e o Reino Unido vão lançar na segunda quinzena de Fevereiro uma intervenção militar contra o Iraque, não esperando pelo aval da ONU.

Durante a entrevista, Powell aproveitou para criticar as posições assumidas pelos responsáveis políticos franceses e alemães — dois dos países que criticam qualquer tipo de acção unilateral contra o Iraque — afirmando que as suas declarações prejudicam os esforços internacionais para desarmar o regime iraquiano.
(in publico.pt)