Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
A retirada russa de Kherson, além de tornar mais longínquo o sonho russo de cortar o acesso ucraniano ao Mar Negro e de unir territorialmente a Transnístria à Crimeia, ridiculariza, não só a "anexação" russa de Kherson e o respetivo referendo efetuado para esse efeito, como também as "anexações" de Zaporizhia, Lugansk e Dontesk e os referendos feitos com vista a essas "anexações".
Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
Claro que têm, ao Bomba Suja !!! Retiraram Civis
falaram dessa bomba...estou muito cético
Pelos acontecimentos, os Russos(Governo) são imorais, como se diz estão-se nas tintas a, matar a carneir_agem






pois, "quem nao sabe, é como quem, nao lê!"
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Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
MarcoAntonio Escreveu:Agora isto:
(bom, na verdade estas declarações até terão sido antes do anúncio de Shoigu)Russia 'ready to negotiate with Ukraine'
While Russia has insisted for some time that it is keen to enter into negotiations with Ukraine, the news of its imminent withdrawal from Kherson casts the more recent statements in a different - and potentially more significant - light.
"The Russian Federation is ready to negotiate with Ukraine, taking into account the realities that are developing at the moment," Maria Zakharova, a spokeswoman for the Russian Foreign Ministry said.
This statement was made shortly before Russian generals said forces would be retreating from Kherson, a city that Vladimir Putin had annexed only five weeks ago.
Nevertheless, although scepticism will remain around Ms Zakharova's latest comments, there is at least the possibility that they reflect a more genuine willingness from Moscow to bring its catastrophic invasion to an end.
Whether an agreement can be reached with Kyiv, however, remains very much open to doubt.
Sky News
A única coisa que parece clara é que a Ucrânia está na mó de cima e paulatinamente tem recuperado terreno enquanto a Rússia, faça o que faça (e já tentaram uma série de coisas) não consegue inverter este estado de coisas.
Os ucranianos já recuperaram 50% do terreno perdido desde Fevereiro.
Neste momento, estão num movimento ofensivo, enquanto os russos tentam segurar essa as suas posições. Até à primavera os russos não vão ter capacidade ofensiva, é impossível, e mesmo nessa altura vai ser difícil.
Os russos não querem negociar, pois não têm nada para oferecer.
O inverno vai colocar a guerra em banho maria.
Resta saber se a Europa resiste.
Pedro
Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão








Pois ! Interesses, há muitos ; já estão no:-" Apaga a luz quando saires " Miséria e oportunismo


Dizem que, Soldados Russos, estão a vestir roupas civis e continuam, armados !?! Julgo que será uma maneira de deserção, misturados com os Civis, julgo !!!



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Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
Agora isto:
(bom, na verdade estas declarações até terão sido antes do anúncio de Shoigu)
Sky News
A única coisa que parece clara é que a Ucrânia está na mó de cima e paulatinamente tem recuperado terreno enquanto a Rússia, faça o que faça (e já tentaram uma série de coisas) não consegue inverter este estado de coisas.
(bom, na verdade estas declarações até terão sido antes do anúncio de Shoigu)
Russia 'ready to negotiate with Ukraine'
While Russia has insisted for some time that it is keen to enter into negotiations with Ukraine, the news of its imminent withdrawal from Kherson casts the more recent statements in a different - and potentially more significant - light.
"The Russian Federation is ready to negotiate with Ukraine, taking into account the realities that are developing at the moment," Maria Zakharova, a spokeswoman for the Russian Foreign Ministry said.
This statement was made shortly before Russian generals said forces would be retreating from Kherson, a city that Vladimir Putin had annexed only five weeks ago.
Nevertheless, although scepticism will remain around Ms Zakharova's latest comments, there is at least the possibility that they reflect a more genuine willingness from Moscow to bring its catastrophic invasion to an end.
Whether an agreement can be reached with Kyiv, however, remains very much open to doubt.
Sky News
A única coisa que parece clara é que a Ucrânia está na mó de cima e paulatinamente tem recuperado terreno enquanto a Rússia, faça o que faça (e já tentaram uma série de coisas) não consegue inverter este estado de coisas.
FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
Rússia anuncia retirada da cidade de Kherson
As forças armadas russas vão retirar-se da cidade ucraniana de Kherson, na região com o mesmo nome, anexada ilegalmente por Moscovo em setembro, decidiu hoje o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, segundo a agência de notícias TASS.
https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/r ... de-kherson
A retirada dos russos de Kherson não é patética. O que é patético são os referendos organizados em Kherson, Zaporizhia, Lugansk e Donetsk. Então a Rússia organiza um referendo em Kherson para "anexar" Kherson e depois retira de Kherson? Isso não pode deixar de ser visto como uma humilhação para os russos!!!
Depois disto, as "anexações" ditadas pelos russos em resultado dos referidos referendos ainda têm alguma "credibilidade"?

As forças armadas russas vão retirar-se da cidade ucraniana de Kherson, na região com o mesmo nome, anexada ilegalmente por Moscovo em setembro, decidiu hoje o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, segundo a agência de notícias TASS.
https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/r ... de-kherson
A retirada dos russos de Kherson não é patética. O que é patético são os referendos organizados em Kherson, Zaporizhia, Lugansk e Donetsk. Então a Rússia organiza um referendo em Kherson para "anexar" Kherson e depois retira de Kherson? Isso não pode deixar de ser visto como uma humilhação para os russos!!!
Depois disto, as "anexações" ditadas pelos russos em resultado dos referidos referendos ainda têm alguma "credibilidade"?



Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
PMP69 Escreveu:
Os russos andam à semanas a montar as defesas a leste do Dniepre.
Pedro
Várias linhas defensivas a leste do Dniepre como não fizeram em mais lado nenhum, com tal empenho que só se aplica quando há certeza de que vai ser a linha da frente. Com ou sem luta, com ou sem inundação, os Russos estão há muito certos de que Kherson é para perder.
Não acredito muito que os russos sejam estúpidos ao ponto de retirarem de Kherson e rebentarem com a barragem de Kakhovka pois ficavam sem água na Crimeia, de qualquer forma é uma possibilidade em aberto.
Um abraço,
Carrancho
Carrancho
Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
MarcoAntonio Escreveu:Tem havido alguma especulação que se trata de um logro, com o objectivo de atrair os ucranianos para um combate na cidade que seria extremamente desgastante para os ucranianos.Russia orders troops to withdraw from Kherson
Russian Defence Minister Sergei Shoigu has ordered his troops to withdraw from the west bank of the Dnipro River in the face of Ukrainian attacks near the southern city of Kherson.
In televised comments, the general said it was no longer possible to supply Kherson city and proposed taking up defensive lines on the eastern bank of the river.
He claimed it was safer for troops to leave because Ukraine was planning to flood the city, but did not provide evidence.
The announcement marked one of Russia's most significant retreats and a potential turning point in the war, now nearing the end of its ninth month.
Sky News
Com este anúncio televisionado, a coisa parece-me pender mais para o lado de se tratar de uma retirada real.
Continuo a achar que a única saida realista para isto é uma negociação com concessões de ambos os lados. Não estou convencido é que estejam reunidas condições suficientes para isso acontecer em qualquer um dos lados.
Era um suicídio tentar defender a cidade de Kherson, pois não têm capacidade para abastecer as forças a oeste do Dniepre.
Não me parece que consigam fazer uma retirada, pois não têm capacidade para retirar as forças a oeste do Dniepre (pontes destruídas, engenharia militar incapaz e rio ao alance da artilharia ucraniana), se os ucranianos quiserem, só efectuando uma rotura de combate, e com elevadas perdas, provavelmente para ambos os lados.
Os russos andam à semanas a montar as defesas a leste do Dniepre.
https://www.forte.jor.br/2022/11/07/russos-criam-linha-de-defesa-profundamente-escalonada-na-margem-leste-do-dnipro-em-kherson-oblast/
Marco, não me parece que este conflito consiga ser resolvido na mesa de negociações. Mais, seria um erro repetir Finlandia 1940.
Pedro
Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
Tem havido alguma especulação que se trata de um logro, com o objectivo de atrair os ucranianos para um combate na cidade que seria extremamente desgastante para estes.
Sky News
Com este anúncio televisionado, a coisa parece-me pender mais para o lado de se tratar de uma retirada real.
Continuo a achar que a única saida realista para isto é uma negociação com concessões de ambos os lados. Não estou convencido é que estejam reunidas condições suficientes para isso acontecer em qualquer um dos lados.
Russia orders troops to withdraw from Kherson
Russian Defence Minister Sergei Shoigu has ordered his troops to withdraw from the west bank of the Dnipro River in the face of Ukrainian attacks near the southern city of Kherson.
In televised comments, the general said it was no longer possible to supply Kherson city and proposed taking up defensive lines on the eastern bank of the river.
He claimed it was safer for troops to leave because Ukraine was planning to flood the city, but did not provide evidence.
The announcement marked one of Russia's most significant retreats and a potential turning point in the war, now nearing the end of its ninth month.
Sky News
Com este anúncio televisionado, a coisa parece-me pender mais para o lado de se tratar de uma retirada real.
Continuo a achar que a única saida realista para isto é uma negociação com concessões de ambos os lados. Não estou convencido é que estejam reunidas condições suficientes para isso acontecer em qualquer um dos lados.
FLOP - Fundamental Laws Of Profit
1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
rg7803 Escreveu:quase 80k acho muitas baixas, mas estou como tu, mesmo que seja metade já é um numero brutal
aliás do lado dos ukras não deve ser muito diferente...
Acho que os números ucranianos só devemos saber no final, mas acredito que sejam elevados, principalmente no início, antes de terem o poder de artilharia que têm hoje.
Para se ter uma ideia, em 10 anos no Afeganistão, os russos perderam cerca de 15.000 homens.
Basicamente, hoje os russos são a chamada "carne para canhão", mal equipados, mal preparados, cadeia de comando ineficaz ou inexistente, falta de moral .......
Em 8 meses as forças Aerotransportadas (VDV) perderam quase 1/3 dos seus efectivos, e grande parte na tentativa de tomada de Kiev.
Estudo interessante.
https://www.forte.jor.br/2022/11/09/artilharia-guerra-na-ucrania-so-encontra-paralelo-na-segunda-guerra-mundial/
Pedro
Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
quase 80k acho muitas baixas, mas estou como tu, mesmo que seja metade já é um numero brutal
aliás do lado dos ukras não deve ser muito diferente...
aliás do lado dos ukras não deve ser muito diferente...
“Buy high, sell higher...”.
Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
Mesmo que sejam metade, em 8 meses é assustador, principalmente para um dos maiores exércitos do mundo.
https://www.mil.gov.ua/en/news/2022/11/08/the-total-combat-losses-of-the-enemy-from-24-02-to-08-11/
Pedro
https://www.mil.gov.ua/en/news/2022/11/08/the-total-combat-losses-of-the-enemy-from-24-02-to-08-11/
Pedro
Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
Opcard Escreveu:mais_um Escreveu:PMP69 Escreveu:
Penso que anda em testes operacionais.
Pedro
https://news.usni.org/2022/10/12/inside ... tress-test
Obrigado Pedro e Mais um .
Deixamos de saber fazer centrais nucleares deixamos de saber fazer porta aviões tudo tem atrasos brutais , razões a melhor transmissão do saber é entre mais velhos para os mais novos .
Recordo-me que este projecto começou pouco depois do ano 2000 ? E estariam operacional por 2015 se não estou em erro , a outra geração de porta aviões será dos anos 70 , deixaram morrer todos os engenheiros .
Que me desculpem mas foi a falta de urinóis que mais me interessou no projecto na nova geração de porta aviões , como irá ter de 10 a 15% de tripulantes femininos .
Nos EUA os lobbies têm um poder muito grande na indústria de armamento, acrescentado o poder político e "guerrilhas" entre as chefias dos vários ramos das Forças Armadas.
Muito resumidamente, eles lançam um concurso para a construção de um equipamento militar, depois selecionam 2 ou mais empresas para apresentar proposta, e por fim escolhem uma, mas esta escolha nunca é pacifica, pois os lobbies e o poder militar/político tem grande peso.
Muitas vezes, durante a construção, os que representam os interesses preteridos, tentam suspender e/ou minar a sua construção.
Em tempo vi num canal de cabo a história do A-10 Thunderbolt II da Fairchild Republic, que representa bem essas diversas movimentações. Foi um projecto que nasceu com muitos anticorpos, que sofreu alguns acidentes, que esteve suspenso, praticamente enterrado ...... e hoje é considerado o melhor avião de ataque já construído.
Pedro
Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
mais_um Escreveu:PMP69 Escreveu:
Penso que anda em testes operacionais.
Pedro
https://news.usni.org/2022/10/12/inside ... tress-test
Obrigado Pedro e Mais um .
Deixamos de saber fazer centrais nucleares deixamos de saber fazer porta aviões tudo tem atrasos brutais , razões a melhor transmissão do saber é entre mais velhos para os mais novos .
Recordo-me que este projecto começou pouco depois do ano 2000 ? E estariam operacional por 2015 se não estou em erro , a outra geração de porta aviões será dos anos 70 , deixaram morrer todos os engenheiros .
Que me desculpem mas foi a falta de urinóis que mais me interessou no projecto na nova geração de porta aviões , como irá ter de 10 a 15% de tripulantes femininos .
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Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
PMP69 Escreveu:
Penso que anda em testes operacionais.
Pedro
https://news.usni.org/2022/10/12/inside ... tress-test
"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas no que respeita ao universo ainda não tenho a certeza" Einstein
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
Umas pequenas curiosidades.
Um porta aviões é dos sitios mais perigosos para se estar, especialmente o convés de voo.
Os EUA usam camisolas de cor diferente, para diferenciar as tarefas. Por exemplo, cor vermelha encarregues pelo manuseamento das bombas/mísseis, amarela encarregues pelo deslocamento dos aviões no convés, branca pessoal médico e de controlo de tarefas.....
Os aviões na fase de aterragem, põem os motores em potência máxima, pois caso falhem os cabos de retenção, têm potência para voltar a descolar.
Os pilotos da marinha francesas fazem o treino em porta aviões americanos, pois têm sistemas de catapulta e de retenção semelhantes ao Charles de Gaulle.
Pedro
Um porta aviões é dos sitios mais perigosos para se estar, especialmente o convés de voo.
Os EUA usam camisolas de cor diferente, para diferenciar as tarefas. Por exemplo, cor vermelha encarregues pelo manuseamento das bombas/mísseis, amarela encarregues pelo deslocamento dos aviões no convés, branca pessoal médico e de controlo de tarefas.....
Os aviões na fase de aterragem, põem os motores em potência máxima, pois caso falhem os cabos de retenção, têm potência para voltar a descolar.
Os pilotos da marinha francesas fazem o treino em porta aviões americanos, pois têm sistemas de catapulta e de retenção semelhantes ao Charles de Gaulle.
Pedro
Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
Opcard Escreveu:Por onde anda USS Gerald R. Ford o primeiro e único por agora porta aviões da nova geração que tem capacidade para se defender de mísseis hiper sónicos , mesmo não tendo urinóis.
Penso que anda em testes operacionais.
Pedro
Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
Por onde anda USS Gerald R. Ford o primeiro e único por agora porta aviões da nova geração que tem capacidade para se defender de mísseis hiper sónicos , mesmo não tendo urinóis.
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Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
PMP69 Escreveu:BearManBull Escreveu:PMP69 Escreveu:Quem conhece a história da Rússia, principalmente dos últimos 20 anos e em especial dos últimos 8 meses, acha que o Putin quer negociar algo? Que está disposto a abrir mão da Crimeia e dos Oblast de Kherson, Zaporíjia, Lugansk e Donetsk?
Agora tem as mãos atadas. Como é que vai negociar para ceder território russo (da perspectiva legal dos russos)?
Se não tivesse anexado podia negociar Lugansk e Donetsk e deixar Kherson, Zaporíjia teria uma vitoria.
No ocidente também está tudo saturado com a guerra, até porque com recessão e inflação grande parte dos donos do poder perdem cada vez mais margem de manobra junto das populações, isso é uma consequência natural inevitável que quanto mais se prolongue a guerra pior.
Concordo contigo, daí ter dito na altura da anexação, que a Rússia tinha passado uma linha sem retorno.
Quanto ao resto, também concordo, mas o Ocidente e principalmente os EUA têm um problema enorme em mãos, pois sabem que o desfecho da Ucrânia vai influenciar o que se vai passar no futuro próximo em Taiwan e na Coreia.
Mais do que a Ucrânia, o receio dos EUA está no mar do Japão e da China, tanto que o Carrier Strike Group 5 tem navegado por esses lados.
https://www.navy.mil/Press-Office/News-Stories/Article/3183664/ronald-reagan-carrier-strike-group-operates-with-japan-and-republic-of-korea/
Pedro
Agora foi a vez do USS Key West.
Os EUA desconfiam que a Coreia do Norte vai efectuar, brevemente um teste nuclear.
https://www.cpf.navy.mil/Newsroom/News/Article/3206660/key-west-visits-republic-of-korea-during-indo-pacific-deployment/
Pedro
Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
Guerra na Ucrânia traz 200 mil milhões de lucros a petrolíferas dos EUA
As empresas do ramo do petróleo e gás dos Estados Unidos (EUA) arrecadaram mais de 200 mil milhões de lucros no segundo e terceiro trimestres de 2022, à boleia da crise energética e do disparo dos preços no seguimento da invasão militar da Ucrânia, em fevereiro.
As contas foram feitas pela S&P Global Commodity Insights para o Financial Times e mostram que estes foram os melhores seis meses de sempre para o setor, com 2022 a caminhar a passos largos para ser um ano de resultados históricos.
Novamente salta à vista quem beneficia com a guerra.
Também se vê que a destruição do acesso à energia promovida pelo movimentos verdes globais está a ter os resultados esperados.
“It is not the strongest of the species that survives, nor the most intelligent, but rather the one most adaptable to change.”
― Leon C. Megginson
― Leon C. Megginson
Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
"Ex-funcionário russo que ligou Putin prevê seus próximos movimentos"
"Boris Bondarev, que trabalhou como funcionário russo avançando nas metas de política externa de Vladimir Putin por anos antes de renunciar por causa da guerra na Ucrânia, discute os objetivos de Putin e se ele usará uma arma nuclear na Ucrânia"
Tradutor :
Boris Bondarev: "A força de Putin e seu regime são superestimados"
Depois de jogar a toalha por causa da guerra na Ucrânia, o ex-diplomata russo na ONU em Genebra vive atualmente na Suíça. Em entrevista à CNN, Boris Bondarev avalia o risco de um ataque nuclear.
"Nunca tive tanta vergonha do meu país como em 24 de fevereiro deste ano": é com essas palavras que Boris Bondarev selou sua saída do Ministério das Relações Exteriores da Rússia em 23 de maio.
O homem de Moscou na ONU em Genebra está entre os poucos diplomatas russos que se opuseram à guerra na Ucrânia. Desde então, Bondarew continuou a viver na Suíça: em setembro, foi-lhe concedido um direito de residência temporário.
Em seu programa "Fareed Zakaria GPS", o jornalista da CNN Fareed Zakaria o apresenta como "um dos mais altos funcionários públicos que renunciou por causa da guerra". Ao serviço do Estado há 20 anos, o russo é, portanto, hoje, um interlocutor muito procurado.
Ninguém se atreve a dizer a verdade
O apresentador retorna pela primeira vez a uma publicação de Bondarev na revista americana “Foreign Affairs”. Intitulado “As causas do mau comportamento russo”, este texto explica que a elite está cada vez mais distante da realidade. Como chegamos aqui ?
“Em primeiro lugar, a situação é resultado da evolução do estado russo”, responde Bondarev da Suíça.
Tudo isso vem tomando forma “há 20 anos ou mais”, explica o russo. “O Kremlin está cada vez mais isolado. E é muito perigoso, porque as pessoas que trabalham para o governo recebem informações erradas de seus colegas e tomam suas decisões com base nesses cálculos errôneos e nessas mentiras”.
Isso levou à guerra na Ucrânia, continua o ex-diplomata.
Zakaria então pede esclarecimentos: Isso também significa que, com essa não-cultura da comunicação, as más notícias não chegam ao topo? "Está muito próximo da verdade", confirma Bondarev.
“A liderança russa está do lado perdedor”
“Se você quer reportar determinada informação a altas autoridades, ao comando militar ou ao governo, tem que vendê-la da maneira mais agradável possível”, explica. “E, claro, você não quer incomodar seus chefes e o governo. Caso contrário, isso destrói suas perspectivas de carreira.”
O que está escondido por trás da fábula da "bomba suja" que Kyiv quer explodir de acordo com Vladimir Putin? “Acho que a liderança russa está do lado perdedor. Eles tentam se adaptar a essa nova realidade e se ajustar. Parece bastante caótico, pois não há estratégia por trás disso. O Kremlin está apenas procurando maneiras de sair dessa situação bloqueada e muito perigosa”.
As armas nucleares táticas também poderiam ser um meio de escolha, como sugere Putin?
“Não acho que essas ameaças sejam particularmente reais agora. Os ucranianos podem vencer esta guerra”
É possível uma paz negociada?
Para Bondarev, no entanto, a dissuasão é essencial: "as ameaças não serão realizadas enquanto Putin receber o sinal da comunidade internacional de que qualquer uso de armas nucleares terá as consequências mais graves para a Rússia e para ele pessoalmente".
Resta a questão de como o conflito pode terminar: é possível uma paz negociada?
“As partes têm prioridades e objetivos muito diferentes e às vezes contraditórios nessas negociações”, retruca o ex-diplomata. "Por enquanto, não vejo perspectiva de nenhuma negociação real."
Bondarev conclui: “Não acho que Putin esteja pronto para uma guerra duradoura: sua força e seu regime são atualmente um pouco superestimados. Na Rússia, por exemplo, vemos muita confusão em torno da mobilização. Há um certo grau de preocupação e rejeição na população”.
Segundo ele, a Ucrânia está em condições de derrotar o exército russo. Mas isso só é possível se o Ocidente continuar a apoiar Kyiv, acrescentou. "Eu acho que eles podem ganhar esta guerra."
https://www.bluewin.ch/fr/infos/international/boris-bondarev-la-force-de-poutine-et-son-regime-sont-surestimes-1441055.html
Abraço,
Pepe
Querer é poder.
Pepe
Querer é poder.
Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
Leio várias vezes que o Putin não está a atingir os objectivos desejados, mas discordo um pouco desta visão!
Em alguns pontos, é verdade... militarmente ele parece estar a fracassar... e economicamente parece estar a vacilar...
Mas por outro lado está a ganhar no terreno da criação de um mundo bipolar e mais afastado dos USA, melhorando as suas relações com a China e estreitando laços com outros países de "liberdades" duvidosas, mas que têm uma peso na economia mundial.
Em termos imediatos, isto não é bom para a Rússia, mas a longo prazo poderá ser benéfico se o comunismo se mantiver vivo e com liberdades restritas. Nesse sentido, uma grande parte do mundo poderá continuar a manter os seus regimes comunistas e ditadores e fazer negócios com a Rússia evitando assim a concorrência dos USA em energia, armamento, alimentos, etc.
Em relação aos objectivos russos, creio que ter mais ou menos umas centenas de km, não fará grande diferença, no entanto diminuir a influência ocidental nos países comunistas tenderá a ser visto como uma grande vitória russa (embora isso seja mau para todo o mundo)....
Em alguns pontos, é verdade... militarmente ele parece estar a fracassar... e economicamente parece estar a vacilar...
Mas por outro lado está a ganhar no terreno da criação de um mundo bipolar e mais afastado dos USA, melhorando as suas relações com a China e estreitando laços com outros países de "liberdades" duvidosas, mas que têm uma peso na economia mundial.
Em termos imediatos, isto não é bom para a Rússia, mas a longo prazo poderá ser benéfico se o comunismo se mantiver vivo e com liberdades restritas. Nesse sentido, uma grande parte do mundo poderá continuar a manter os seus regimes comunistas e ditadores e fazer negócios com a Rússia evitando assim a concorrência dos USA em energia, armamento, alimentos, etc.
Em relação aos objectivos russos, creio que ter mais ou menos umas centenas de km, não fará grande diferença, no entanto diminuir a influência ocidental nos países comunistas tenderá a ser visto como uma grande vitória russa (embora isso seja mau para todo o mundo)....
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Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
Hoje no jornal de Negócios há um artigo de Robert Skidelsky - Economista interessante .
O trágico legado de Gorbachev
Ironicamente, Gorbachev tornou-se célebre no Ocidente por concretizar algo que nunca propôs fazer: provocar o fim da União Soviética. Gorbachev recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1990, mas era considerado um traidor pela vasta maioria dos russos.
Mikhail Gorbachev, o último líder da União Soviética, foi sepultado no início de setembro no Cemitério Novodevichy, em Moscovo, junto da sua mulher Raisa e perto do antigo dirigente soviético Nikita Khrushchev. Sem grandes surpresas, o Presidente russo, Vladimir Putin, esteve ausente do funeral. Afinal, Novodevichy é o local de “descanso final” para onde são enviados todos os líderes soviéticos “fracassados”.
O desprezo de Putin fez-me lembrar uma conversa que tive há duas décadas durante um passeio noturno na Praça Vermelha. Num ato de impulso, dirigi-me ao oficial do exército que guardava o túmulo de Lenine e perguntei-lhe que personalidades estavam sepultadas na Necrópole da Muralha do Kremlin, logo atrás do mausoléu de Lenine. O soldado ofereceu-se para me acompanhar, e foi então que observei uma série de sepulturas e mausoléus de antigos líderes soviéticos: de Estaline a Leonid Brezhnev, Alexei Kosygin e Yuri Andropov. O último estava por ocupar. “É para Gorbachev, calculo?”, perguntei. “Não, o lugar dele é em Washington”, respondeu-me o oficial.
Ironicamente, Gorbachev tornou-se célebre no Ocidente por concretizar algo que nunca propôs fazer: provocar o fim da União Soviética. Gorbachev recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1990, mas era considerado um traidor pela vasta maioria dos russos. Numa tentativa falhada para regressar à vida política, candidatou-se às eleições presidenciais russas de 1996, alcançando apenas 0,5% dos votos.
Gorbachev continua a ser uma figura mal-amada na Rússia. Segundo um inquérito de 2012 do instituto estatal VTSIOM (Russian Public Opinion Research Center), Gorbachev era o mais impopular de todos os líderes russos. Uma sondagem de 2021 revelou que mais de 70% da população da Rússia acredita que, aos comandos de Gorbachev, o país seguiu um rumo errado. Os críticos mais duros detestam-no, consideram que desmantelou o poderio soviético; os liberais desprezam-no, defendem que Gorbachev ficou “preso” ao ideal impossível de reformar o regime comunista.
Conheci Gorbachev no início dos anos 2000, quando participei em reuniões do World Political Forum, o “think tank” que o antigo líder fundou em Turim. A organização foi concebida para, supostamente, promover a democracia e os direitos humanos. Mas, na prática, os seus eventos traduziam-se em reminiscências nostálgicas, em que Gorbachev falava sobre “aquilo que poderia ter sido”. Era muitas vezes ladeado por outros antigos dirigentes da sua era, incluindo os ex-líderes polacos Wojciech Jaruzelski e Lech Wałęsa, o antigo primeiro-ministro da Hungria Gyula Horn, o diplomata russo Alexander Bessmertnykh e também por alguns académicos de esquerda.
A ideia de Gorbachev de uma “Terceira Via” entre socialismo e capitalismo seduziu o Ocidente durante um breve período de tempo, mas foi rapidamente silenciada pelo neoliberalismo triunfalista. Apesar de tudo, eu gostava e respeitava este líder estranhamente visionário da moribunda URSS, que recusou usar a força para resistir às mudanças.
Atualmente, a maioria dos cidadãos russos apontam Gorbachev e Boris Yeltsin como os precursores do infortúnio da Rússia. Putin, por outro lado, é amplamente agraciado como símbolo de ordem e prosperidade, como o homem que reivindicou o papel da liderança da Rússia no palco internacional. Em setembro, 60% dos russos afirmavam acreditar que o seu país está no rumo certo, mas sem dúvida que o resultado deste inquérito reflete também o controlo apertado de Putin sobre as notícias na televisão (a principal fonte de informação de grande parte dos cidadãos russos).
Para a maioria dos russos, Gorbachev deixou um legado de ingenuidade e de incompetência, senão mesmo de traição. De acordo com a narrativa dominante, Gorbachev permitiu a expansão da NATO até à Alemanha de Leste em 1990, tendo então por base uma promessa verbal do então secretário de Estado dos EUA, James Baker, de que a Aliança não se estenderia “nem um centímetro a mais para leste”. Nesta versão, Gorbachev renunciou ao controlo soviético sobre a Europa Central e Oriental sem exigir um compromisso por escrito.
Contudo, na realidade, Baker não estava em posição de fazer um compromisso formal, e Gorbachev sabia-o. Além disso, o líder soviético confirmou repetidamente, e durante muitos anos, que nunca foi feita uma promessa séria de que a NATO não se iria expandir para leste.
De qualquer forma, a verdade é que o controlo soviético sobre os seus satélites europeus se tornou insustentável depois da assinatura da Ata Final de Helsínquia em 1975. O acordo, assinado pelos Estados Unidos, Canadá e pela maior parte da Europa, incluiu compromissos para respeitar os direitos humanos, a liberdade de informação e de movimento. Aos poucos, os governos comunistas foram perdendo a capacidade para controlarem a sua população, culminando numa série de revoltas pacíficas que, em última análise, levaram à dissolução da União Soviética.
Ainda assim, há um fundo de verdade no mito da capitulação de Gorbachev. Afinal, a URSS não tinha sido derrotada no campo de batalha, como acontecera com a Alemanha e com o Japão em 1945, e a fabulosa máquina militar soviética permanecia intacta em 1990. Teoricamente, Gorbachev poderia ter usado tanques para reprimir as revoltas populares na Europa de Leste, como fizeram os seus predecessores na Alemanha de Leste em 1953, na
Hungria em 1956 e na Checoslováquia em 1968.
A recusa de Gorbachev de recorrer à violência para preservar o império soviético resultou numa derrota sem derramamento de sangue e num sentimento de humilhação entre os russos. Esta sensação de injúria alimentou a desconfiança em relação à NATO – sentimento que Putin viria a explorar para mobilizar o apoio popular à invasão da Ucrânia.
Outro equívoco comum é pensar que Gorbachev desmantelou um sistema económico que era eficiente. Na verdade, longe de ser cumprir a promessa de Khrushchev de “enterrar” o Ocidente economicamente, a economia soviética estava em declínio há décadas.
Gorbachev percebeu que a União Soviética não poderia acompanhar os Estados Unidos do ponto de vista militar e, simultaneamente, satisfazer as reivindicações dos cidadãos por padrões de vida mais elevados. Mas, ao mesmo tempo que rejeitava as políticas indutoras de estagnação da “era Brezhnev”, não tinha nada de coerente para oferecer em troca. Em vez de facilitar uma economia de mercado eficiente, o abandono apressado do sistema de planeamento central enriqueceu a corrupta classe administrativa das repúblicas soviéticas e conduziu ao ressurgimento do nacionalismo étnico.
Para mim, Gorbachev é uma figura trágica. Embora compreendesse de facto os desafios imensos que o comunismo soviético enfrentava, ele não tinha controlo sobre as forças que ajudou a desencadear. Nos anos 1980, a Rússia simplesmente não tinha recursos intelectuais, espirituais e políticos para ultrapassar os seus problemas estruturais. Mas, se é verdade que o império soviético foi extinto há 30 anos, muitas das disfunções que contribuíram para a sua extinção ameaçam agora arrastar o mundo inteiro.
Tradução: Lúcia Crespo
O trágico legado de Gorbachev
Ironicamente, Gorbachev tornou-se célebre no Ocidente por concretizar algo que nunca propôs fazer: provocar o fim da União Soviética. Gorbachev recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1990, mas era considerado um traidor pela vasta maioria dos russos.
Mikhail Gorbachev, o último líder da União Soviética, foi sepultado no início de setembro no Cemitério Novodevichy, em Moscovo, junto da sua mulher Raisa e perto do antigo dirigente soviético Nikita Khrushchev. Sem grandes surpresas, o Presidente russo, Vladimir Putin, esteve ausente do funeral. Afinal, Novodevichy é o local de “descanso final” para onde são enviados todos os líderes soviéticos “fracassados”.
O desprezo de Putin fez-me lembrar uma conversa que tive há duas décadas durante um passeio noturno na Praça Vermelha. Num ato de impulso, dirigi-me ao oficial do exército que guardava o túmulo de Lenine e perguntei-lhe que personalidades estavam sepultadas na Necrópole da Muralha do Kremlin, logo atrás do mausoléu de Lenine. O soldado ofereceu-se para me acompanhar, e foi então que observei uma série de sepulturas e mausoléus de antigos líderes soviéticos: de Estaline a Leonid Brezhnev, Alexei Kosygin e Yuri Andropov. O último estava por ocupar. “É para Gorbachev, calculo?”, perguntei. “Não, o lugar dele é em Washington”, respondeu-me o oficial.
Ironicamente, Gorbachev tornou-se célebre no Ocidente por concretizar algo que nunca propôs fazer: provocar o fim da União Soviética. Gorbachev recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1990, mas era considerado um traidor pela vasta maioria dos russos. Numa tentativa falhada para regressar à vida política, candidatou-se às eleições presidenciais russas de 1996, alcançando apenas 0,5% dos votos.
Gorbachev continua a ser uma figura mal-amada na Rússia. Segundo um inquérito de 2012 do instituto estatal VTSIOM (Russian Public Opinion Research Center), Gorbachev era o mais impopular de todos os líderes russos. Uma sondagem de 2021 revelou que mais de 70% da população da Rússia acredita que, aos comandos de Gorbachev, o país seguiu um rumo errado. Os críticos mais duros detestam-no, consideram que desmantelou o poderio soviético; os liberais desprezam-no, defendem que Gorbachev ficou “preso” ao ideal impossível de reformar o regime comunista.
Conheci Gorbachev no início dos anos 2000, quando participei em reuniões do World Political Forum, o “think tank” que o antigo líder fundou em Turim. A organização foi concebida para, supostamente, promover a democracia e os direitos humanos. Mas, na prática, os seus eventos traduziam-se em reminiscências nostálgicas, em que Gorbachev falava sobre “aquilo que poderia ter sido”. Era muitas vezes ladeado por outros antigos dirigentes da sua era, incluindo os ex-líderes polacos Wojciech Jaruzelski e Lech Wałęsa, o antigo primeiro-ministro da Hungria Gyula Horn, o diplomata russo Alexander Bessmertnykh e também por alguns académicos de esquerda.
A ideia de Gorbachev de uma “Terceira Via” entre socialismo e capitalismo seduziu o Ocidente durante um breve período de tempo, mas foi rapidamente silenciada pelo neoliberalismo triunfalista. Apesar de tudo, eu gostava e respeitava este líder estranhamente visionário da moribunda URSS, que recusou usar a força para resistir às mudanças.
Atualmente, a maioria dos cidadãos russos apontam Gorbachev e Boris Yeltsin como os precursores do infortúnio da Rússia. Putin, por outro lado, é amplamente agraciado como símbolo de ordem e prosperidade, como o homem que reivindicou o papel da liderança da Rússia no palco internacional. Em setembro, 60% dos russos afirmavam acreditar que o seu país está no rumo certo, mas sem dúvida que o resultado deste inquérito reflete também o controlo apertado de Putin sobre as notícias na televisão (a principal fonte de informação de grande parte dos cidadãos russos).
Para a maioria dos russos, Gorbachev deixou um legado de ingenuidade e de incompetência, senão mesmo de traição. De acordo com a narrativa dominante, Gorbachev permitiu a expansão da NATO até à Alemanha de Leste em 1990, tendo então por base uma promessa verbal do então secretário de Estado dos EUA, James Baker, de que a Aliança não se estenderia “nem um centímetro a mais para leste”. Nesta versão, Gorbachev renunciou ao controlo soviético sobre a Europa Central e Oriental sem exigir um compromisso por escrito.
Contudo, na realidade, Baker não estava em posição de fazer um compromisso formal, e Gorbachev sabia-o. Além disso, o líder soviético confirmou repetidamente, e durante muitos anos, que nunca foi feita uma promessa séria de que a NATO não se iria expandir para leste.
De qualquer forma, a verdade é que o controlo soviético sobre os seus satélites europeus se tornou insustentável depois da assinatura da Ata Final de Helsínquia em 1975. O acordo, assinado pelos Estados Unidos, Canadá e pela maior parte da Europa, incluiu compromissos para respeitar os direitos humanos, a liberdade de informação e de movimento. Aos poucos, os governos comunistas foram perdendo a capacidade para controlarem a sua população, culminando numa série de revoltas pacíficas que, em última análise, levaram à dissolução da União Soviética.
Ainda assim, há um fundo de verdade no mito da capitulação de Gorbachev. Afinal, a URSS não tinha sido derrotada no campo de batalha, como acontecera com a Alemanha e com o Japão em 1945, e a fabulosa máquina militar soviética permanecia intacta em 1990. Teoricamente, Gorbachev poderia ter usado tanques para reprimir as revoltas populares na Europa de Leste, como fizeram os seus predecessores na Alemanha de Leste em 1953, na
Hungria em 1956 e na Checoslováquia em 1968.
A recusa de Gorbachev de recorrer à violência para preservar o império soviético resultou numa derrota sem derramamento de sangue e num sentimento de humilhação entre os russos. Esta sensação de injúria alimentou a desconfiança em relação à NATO – sentimento que Putin viria a explorar para mobilizar o apoio popular à invasão da Ucrânia.
Outro equívoco comum é pensar que Gorbachev desmantelou um sistema económico que era eficiente. Na verdade, longe de ser cumprir a promessa de Khrushchev de “enterrar” o Ocidente economicamente, a economia soviética estava em declínio há décadas.
Gorbachev percebeu que a União Soviética não poderia acompanhar os Estados Unidos do ponto de vista militar e, simultaneamente, satisfazer as reivindicações dos cidadãos por padrões de vida mais elevados. Mas, ao mesmo tempo que rejeitava as políticas indutoras de estagnação da “era Brezhnev”, não tinha nada de coerente para oferecer em troca. Em vez de facilitar uma economia de mercado eficiente, o abandono apressado do sistema de planeamento central enriqueceu a corrupta classe administrativa das repúblicas soviéticas e conduziu ao ressurgimento do nacionalismo étnico.
Para mim, Gorbachev é uma figura trágica. Embora compreendesse de facto os desafios imensos que o comunismo soviético enfrentava, ele não tinha controlo sobre as forças que ajudou a desencadear. Nos anos 1980, a Rússia simplesmente não tinha recursos intelectuais, espirituais e políticos para ultrapassar os seus problemas estruturais. Mas, se é verdade que o império soviético foi extinto há 30 anos, muitas das disfunções que contribuíram para a sua extinção ameaçam agora arrastar o mundo inteiro.
Tradução: Lúcia Crespo
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Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
Putin tem usado de tudo, para tentar travar o avanço ucraniano, enquanto a natureza não o faz (inverno). O que não tem conseguido, pois apesar dos avanços mais lentos, os ucranianos continuam a avançar no leste e no sul.
A Ucrânia, enquanto tiver o apoio militar, logístico e de inteligência dos EUA, RU e Alemanha, vai continuar a ter vantagem no terreno, se perder um ou mais destes apoios, perde capacidade de continuar a contra-ofensiva, e provavelmente vai perder terreno.
Putin espera que a sua nova estratégia de destruir a rede eléctrica ucraniana, faça que o povo ucraniano capitule e aguarda igualmente que um inverno rigoroso provoque estragos na Europa.
Quanto às ameaças nucleares de Putin, parece-me que até hoje têm sido "bluff", e que tiveram o efeito contrário ao desejado.
No entanto, são Ramzan Kadyrov e Yevgeny Prigozhin que estão a suportar uma boa parte do esforço da guerra, e o seu poder está alicerçado nos seus homens, pelo que, se amanhã se se virem encurralados, não duvido que pressionem Putin a usar armas nucleares tácticas.
Pedro
A Ucrânia, enquanto tiver o apoio militar, logístico e de inteligência dos EUA, RU e Alemanha, vai continuar a ter vantagem no terreno, se perder um ou mais destes apoios, perde capacidade de continuar a contra-ofensiva, e provavelmente vai perder terreno.
Putin espera que a sua nova estratégia de destruir a rede eléctrica ucraniana, faça que o povo ucraniano capitule e aguarda igualmente que um inverno rigoroso provoque estragos na Europa.
Quanto às ameaças nucleares de Putin, parece-me que até hoje têm sido "bluff", e que tiveram o efeito contrário ao desejado.
No entanto, são Ramzan Kadyrov e Yevgeny Prigozhin que estão a suportar uma boa parte do esforço da guerra, e o seu poder está alicerçado nos seus homens, pelo que, se amanhã se se virem encurralados, não duvido que pressionem Putin a usar armas nucleares tácticas.
Pedro
Re: Ucrânia vs Rússia - Escalada de tensão
Ainda recentemente foi dito que por altos funcionários norte-americanos que líderes militares russos discutiram o uso de uma arma nuclear tática na Ucrânia.
Porque falam as lideranças russas em armas nucleares que dizem não quererem utilizar ?
Penso que tudo isto é uma estratégia para influenciar as opiniões públicas ocidentais meter medo , tenho amigos que me diziam porque arriscar uma guerra nuclear , também condicionar a ajuda ocidental dizendo que há um limite .
A imagem do poder militar da Rússia é motivo de gozo há 10 países no mundo
que não lhe dariam hipóteses , por isso eles tem de lembrar o seu arsenal nuclerar.
Porque falam as lideranças russas em armas nucleares que dizem não quererem utilizar ?
Penso que tudo isto é uma estratégia para influenciar as opiniões públicas ocidentais meter medo , tenho amigos que me diziam porque arriscar uma guerra nuclear , também condicionar a ajuda ocidental dizendo que há um limite .
A imagem do poder militar da Rússia é motivo de gozo há 10 países no mundo
que não lhe dariam hipóteses , por isso eles tem de lembrar o seu arsenal nuclerar.
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