Do Jumento
1 Mensagem
|Página 1 de 1
Do Jumento
SER DE ESQUERDA OU SER DE DIREITA? (2)
Confesso que às vezes me apetece ser de direita, aderir aos princípios da nossa direita, é que também sou sensível à lógica dos postulados marginalistas, um mercado com concorrência leal e perfeita, um mercado capaz de promover os mais dinâmicos e competentes, um mercado capaz de gerar um equilíbrio optimizado entre a oferta e a procura; com tal mercado a mão de obra seria melhor remunerada, o preço do dinheiro descia e os produtos seriam mais baratos, em suma, seríamos todos um pouco mais ricos.
Sendo de esquerda não fui inquinado, como muita da nossa direita, pelo comodismo do condicionamento industrial ou por outras fórmulas proteccionistas que serviram de estrume a muitos dos nossos grupos e sectores empresariais. A economia só tem a ganhar com uma liberalização que sirva a promoção dos mais competitivos, dos mais capazes, dos que favorecem actividades económicas que vingam pela qualificação e inovação tecnológica.
Mas será o nosso mercado um mercado de concorrência tão saudável? O que vejo é a competitividade ser eliminada pela corrupção, pelo compadrio, por entraves burocráticos do Estado, pelo favorecimento e toda uma série de males que fazem do nosso mercado a economia mais próxima do modelo da antiga URSS na sua fase mais decadente. E não compreendo porque é que a nossa direita elogia tanto um mercado que não existe.
Até concordo que uma empresa privada num mercado competitivo onde tivesse que inovar, procurar soluções para atingir níveis de eficiência mais elevados, obrigada a ter gestores competentes, seria mais capaz do que o Estado de corresponder às necessidades dos cidadãos; mas essas empresas quase não existem no nosso mercado, e muito menos em sectores que dependem do Estado, onde a regra é a corrupção e o compadrio. E lá tenho que voltar a ser de esquerda e suspeitar da privatização dos serviços públicos, e duvidar que num contexto de mercado os resultados sejam mais eficientes do que com recurso a uma gestão pública.
Este é o meu drama, sinto-me prisioneiro do ser de esquerda, pois mesmo quando quero ser de direita chego à conclusão de que em Portugal a forma mais genuína de ser de direita é precisamente ser de esquerda.
E já agora gostaria de dizer que não percebo porque é que algumas personalidades de direita que gostam de acusar a esquerda estatizante; é que exceptuando as empresas nacionalizadas (todas elas já privatizadas) tudo o que em Portugal significa intervenção do Estado na economia foi obra de direita, e os governos de direita estiveram longe de ser modelos de liberalismo.
Confesso que às vezes me apetece ser de direita, aderir aos princípios da nossa direita, é que também sou sensível à lógica dos postulados marginalistas, um mercado com concorrência leal e perfeita, um mercado capaz de promover os mais dinâmicos e competentes, um mercado capaz de gerar um equilíbrio optimizado entre a oferta e a procura; com tal mercado a mão de obra seria melhor remunerada, o preço do dinheiro descia e os produtos seriam mais baratos, em suma, seríamos todos um pouco mais ricos.
Sendo de esquerda não fui inquinado, como muita da nossa direita, pelo comodismo do condicionamento industrial ou por outras fórmulas proteccionistas que serviram de estrume a muitos dos nossos grupos e sectores empresariais. A economia só tem a ganhar com uma liberalização que sirva a promoção dos mais competitivos, dos mais capazes, dos que favorecem actividades económicas que vingam pela qualificação e inovação tecnológica.
Mas será o nosso mercado um mercado de concorrência tão saudável? O que vejo é a competitividade ser eliminada pela corrupção, pelo compadrio, por entraves burocráticos do Estado, pelo favorecimento e toda uma série de males que fazem do nosso mercado a economia mais próxima do modelo da antiga URSS na sua fase mais decadente. E não compreendo porque é que a nossa direita elogia tanto um mercado que não existe.
Até concordo que uma empresa privada num mercado competitivo onde tivesse que inovar, procurar soluções para atingir níveis de eficiência mais elevados, obrigada a ter gestores competentes, seria mais capaz do que o Estado de corresponder às necessidades dos cidadãos; mas essas empresas quase não existem no nosso mercado, e muito menos em sectores que dependem do Estado, onde a regra é a corrupção e o compadrio. E lá tenho que voltar a ser de esquerda e suspeitar da privatização dos serviços públicos, e duvidar que num contexto de mercado os resultados sejam mais eficientes do que com recurso a uma gestão pública.
Este é o meu drama, sinto-me prisioneiro do ser de esquerda, pois mesmo quando quero ser de direita chego à conclusão de que em Portugal a forma mais genuína de ser de direita é precisamente ser de esquerda.
E já agora gostaria de dizer que não percebo porque é que algumas personalidades de direita que gostam de acusar a esquerda estatizante; é que exceptuando as empresas nacionalizadas (todas elas já privatizadas) tudo o que em Portugal significa intervenção do Estado na economia foi obra de direita, e os governos de direita estiveram longe de ser modelos de liberalismo.
-
Visitante
1 Mensagem
|Página 1 de 1
Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: Nenhum utilizador registado e 17 visitantes