Medidas fortes num Governo fraco
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Um poema que recebi há pouco num mail:
A NAU CATRINETA
(reinado PSL)
Lá vem a Nau Catrineta
Que tem muito que contar
São Paulo Portas à Proa
Santanás a comandar
Ouvi agora senhores
uma história de pasmar
D. Bagão conta o pilim
D. Morais trata das velas
D. Guedes limpa com VIM
tachos pratos e panelas
D. Pereira na enfermaria
conta pensos e emplastros
E o D. António Mexia
põe vaselina nos mastros
Seis dias idos de Outubro
mais uma bronca estalava
deixando esta Nau ao rubro
tal o caldo que entornava
Foi tamanha a confusão
na Nau de El-Rei instalada
que mais parecia o Bulhão
às cinco da madrugada
Mas que tinha acontecido
dentro da barca real?
o que é que teria havido
p'ra tão grande cagaçal?
Tinha sido D. Rebelo
a pôr um ponto final
na conversa de carmelo
em casa do Amaral
Logo a notícia correu
veloz que nem uma bala
toda a barcaça tremeu
ao vê-lo fazer a mala
Calaram o D. Marcelo!
já voltaram os censores
derrubemos seu castelo
às armas pois, meus senhores!
E logo ali assaltaram
o armeiro real
trazendo o que encontraram
desde a pistola ao punhal
Puseram olhares fatais
gritaram todos ao monte:
matai os novos Cabrais
Viva a Maria da Fonte!
D.Santanás ao escutar
o granel que se instalava
acordou a resmungar
sem saber que se passava
Que raio de cagarim
vem a ser este afinal?
quem ousa acordar assim
o Capitão General?
Comenta um seu acessor
um beto mal encarado:
sabei que há bronca, senhor
e D. Gomes é culpado
Agarrou no seu punhal
p'ra esgrimir com D. Rebelo,
que é espadachim real...
fiou sem couro e cabelo
D. Santanás percebendo
o que se estava passando
tratou logo de correr
para a ponte de comando
E com a tal voz de santinho
que todo o mundo enganava
pigarreando fininho,
disse à plebe que escutava:
Marujos da Catrineta
juro-vos eu, meus senhores
que quem inventou a treta
do regresso dos censores
não mais fez do que enganar-vos
e ao manobrar-vos assim
o que fez foi de vós parvos
para atingir outro fim
E ao falar apontava
para um canto do porão
D. Rebelo rebolava
a rir no meio do chão
Falando com os seus botões
dizia assim bem baixinho:
caíram que nem morcões
qual rato vendo o toucinho
Vão dar cabo do canastro
ao triste do Capitão
vão pendurá-lo no mastro
a trinta metros do chão
O mais que pode ao descer
é voltar a ter Lisboa
porque assim que El-Rei morrer
só eu é que agarro a coroa
Vede lá como ganhei
em beleza esta batalha
não tarda serei o rei
de toda esta escumalha
A NAU CATRINETA
(reinado PSL)
Lá vem a Nau Catrineta
Que tem muito que contar
São Paulo Portas à Proa
Santanás a comandar
Ouvi agora senhores
uma história de pasmar
D. Bagão conta o pilim
D. Morais trata das velas
D. Guedes limpa com VIM
tachos pratos e panelas
D. Pereira na enfermaria
conta pensos e emplastros
E o D. António Mexia
põe vaselina nos mastros
Seis dias idos de Outubro
mais uma bronca estalava
deixando esta Nau ao rubro
tal o caldo que entornava
Foi tamanha a confusão
na Nau de El-Rei instalada
que mais parecia o Bulhão
às cinco da madrugada
Mas que tinha acontecido
dentro da barca real?
o que é que teria havido
p'ra tão grande cagaçal?
Tinha sido D. Rebelo
a pôr um ponto final
na conversa de carmelo
em casa do Amaral
Logo a notícia correu
veloz que nem uma bala
toda a barcaça tremeu
ao vê-lo fazer a mala
Calaram o D. Marcelo!
já voltaram os censores
derrubemos seu castelo
às armas pois, meus senhores!
E logo ali assaltaram
o armeiro real
trazendo o que encontraram
desde a pistola ao punhal
Puseram olhares fatais
gritaram todos ao monte:
matai os novos Cabrais
Viva a Maria da Fonte!
D.Santanás ao escutar
o granel que se instalava
acordou a resmungar
sem saber que se passava
Que raio de cagarim
vem a ser este afinal?
quem ousa acordar assim
o Capitão General?
Comenta um seu acessor
um beto mal encarado:
sabei que há bronca, senhor
e D. Gomes é culpado
Agarrou no seu punhal
p'ra esgrimir com D. Rebelo,
que é espadachim real...
fiou sem couro e cabelo
D. Santanás percebendo
o que se estava passando
tratou logo de correr
para a ponte de comando
E com a tal voz de santinho
que todo o mundo enganava
pigarreando fininho,
disse à plebe que escutava:
Marujos da Catrineta
juro-vos eu, meus senhores
que quem inventou a treta
do regresso dos censores
não mais fez do que enganar-vos
e ao manobrar-vos assim
o que fez foi de vós parvos
para atingir outro fim
E ao falar apontava
para um canto do porão
D. Rebelo rebolava
a rir no meio do chão
Falando com os seus botões
dizia assim bem baixinho:
caíram que nem morcões
qual rato vendo o toucinho
Vão dar cabo do canastro
ao triste do Capitão
vão pendurá-lo no mastro
a trinta metros do chão
O mais que pode ao descer
é voltar a ter Lisboa
porque assim que El-Rei morrer
só eu é que agarro a coroa
Vede lá como ganhei
em beleza esta batalha
não tarda serei o rei
de toda esta escumalha
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Visitante
A forma como este "iluminado" ministro desvaloriza o esforço que muitos milhares de PORTUGUESES, que não são os ricalhaços que ele imagina, fizeram em constituir os CPH e os PPR/E ainda há-de sair caro à economia portuguesa. Este ministro não se dá conta que os verdadeiros ricos têm formas muito mais rentáveis de rentabilizar as suas fortunas no pais e no estrangeiro do que preocupar-se com CPHs e PPR/E. Agora a classe média cada vez mais baixa, que ele pretende destruir e desencentivar a poupar com as míseras taxas de depósito a prazo dos bancos vai continuar a ser o bombo da festa e das experiências destes "iluminados" ministros.
-
Visitante
Medidas fortes num Governo fraco
Bagão Félix agarrou todos os contribuintes, perfilou-os por ordem, do mais rico ao mais pobre, e separou-os em dez grupos de igual dimensão. Por fim, simulou a sua política fiscal a cada grupo, aplicou-lhes as medidas previstas e obteve as seguintes conclusões:
a) nos sete decis mais baixos, nove em cada dez contribuintes eram beneficiados; b) nos restantes grupos, dos contribuintes mais favorecidos, só um em cada três era penalizado.
Feliz da vida, o ministro das Finanças pensou para si próprio: «tenho um grande Orçamento». Afinal de contas, baixava impostos a quase todos à custa de muito poucos. Mantinha o défice abaixo dos 3%. Enfim, um grande brilharete...
O problema é que, ao olhar para trás, onde antes estava uma fila ordenada agora era um caos instalado: os prejudicados agitavam-se furiosos e os beneficiados nem se tinham percebido o que lhes estava a acontecer.
É isto que acontecerá no IRS. O ministro vai desembolsar milhões para aumentar a progressividade do imposto. E, para quem beneficia, isso traduz-se nuns cêntimos diários, que nem chegam para a bica da manhã.
Que fique bem claro que isto não justifica uma recriminação. As famílias não vão sentir, de facto, o corte de impostos. É sinal de que, no Terreiro do Paço, não se perdeu completamente a noção da responsabilidade fiscal. Confirma-se, portanto, o que é e o que não é Bagão Félix. É responsável. Não é mágico.
E isto, ao contrário de todas as expectativas, desloca o centro de gravidade do Orçamento. Do IRS para o IRC.
No imposto pago pelas famílias, o fim dos benefícios nos PPR, ou nas contas-habitação, é justo do ponto de vista social e é neutro do ponto de vista macroeconómico. O tal ataque à classe média existe. Mas os pobres também existem e o país não tem recursos para a todos acudir. Ponto final parágrafo.
O centro desloca-se para os impostos pagos pelas empresas porque, com surpresa, é aí que o OE 2005 ameaça provocar um terramoto.
Há quinze anos que trabalho, do ponto de vista jornalístico, orçamentos de Estado. E Bagão Félix é o nono ministro das Finanças deste período. Nenhum deles, ministro e orçamento, tinha até hoje ido tão longe, tão fundo e de forma tão vasta no combate à fraude e à evasão fiscal.
A introdução de uma espécie de «taxa mínima» de 15% no IRC, a quebra do sigilo bancário sem aviso prévio, as restrições mais apertadas às operações nos off-shores são medidas violentíssimas.
Cada uma, por si, podia derrubar um ministro. A grande dificuldade de análise a este Orçamento é perceber se existe Governo para o defender.
Bagão Félix nem sequer contornou o problema e, na apresentação pública das suas prioridades para 2005, afirmou: «percebo que para algumas pessoas não seja bom que o ministro das Finanças seja oriundo do sistema financeiro; mas eu sou».
Todos sabemos de onde Bagão Félix vem. Ninguém é capaz de prever é onde fica. O ministro não é um elefante numa loja de porcelana. É uma porcelana no meio de elefantes.
Sérgio Figueiredo in Jornal de Negócios online
18/10/2004
a) nos sete decis mais baixos, nove em cada dez contribuintes eram beneficiados; b) nos restantes grupos, dos contribuintes mais favorecidos, só um em cada três era penalizado.
Feliz da vida, o ministro das Finanças pensou para si próprio: «tenho um grande Orçamento». Afinal de contas, baixava impostos a quase todos à custa de muito poucos. Mantinha o défice abaixo dos 3%. Enfim, um grande brilharete...
O problema é que, ao olhar para trás, onde antes estava uma fila ordenada agora era um caos instalado: os prejudicados agitavam-se furiosos e os beneficiados nem se tinham percebido o que lhes estava a acontecer.
É isto que acontecerá no IRS. O ministro vai desembolsar milhões para aumentar a progressividade do imposto. E, para quem beneficia, isso traduz-se nuns cêntimos diários, que nem chegam para a bica da manhã.
Que fique bem claro que isto não justifica uma recriminação. As famílias não vão sentir, de facto, o corte de impostos. É sinal de que, no Terreiro do Paço, não se perdeu completamente a noção da responsabilidade fiscal. Confirma-se, portanto, o que é e o que não é Bagão Félix. É responsável. Não é mágico.
E isto, ao contrário de todas as expectativas, desloca o centro de gravidade do Orçamento. Do IRS para o IRC.
No imposto pago pelas famílias, o fim dos benefícios nos PPR, ou nas contas-habitação, é justo do ponto de vista social e é neutro do ponto de vista macroeconómico. O tal ataque à classe média existe. Mas os pobres também existem e o país não tem recursos para a todos acudir. Ponto final parágrafo.
O centro desloca-se para os impostos pagos pelas empresas porque, com surpresa, é aí que o OE 2005 ameaça provocar um terramoto.
Há quinze anos que trabalho, do ponto de vista jornalístico, orçamentos de Estado. E Bagão Félix é o nono ministro das Finanças deste período. Nenhum deles, ministro e orçamento, tinha até hoje ido tão longe, tão fundo e de forma tão vasta no combate à fraude e à evasão fiscal.
A introdução de uma espécie de «taxa mínima» de 15% no IRC, a quebra do sigilo bancário sem aviso prévio, as restrições mais apertadas às operações nos off-shores são medidas violentíssimas.
Cada uma, por si, podia derrubar um ministro. A grande dificuldade de análise a este Orçamento é perceber se existe Governo para o defender.
Bagão Félix nem sequer contornou o problema e, na apresentação pública das suas prioridades para 2005, afirmou: «percebo que para algumas pessoas não seja bom que o ministro das Finanças seja oriundo do sistema financeiro; mas eu sou».
Todos sabemos de onde Bagão Félix vem. Ninguém é capaz de prever é onde fica. O ministro não é um elefante numa loja de porcelana. É uma porcelana no meio de elefantes.
Sérgio Figueiredo in Jornal de Negócios online
18/10/2004
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