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Caldeirão da Bolsa

YUKOS e os meandros do regime Russo

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por JCS » 22/7/2004 12:19

Yukos pode abrir falência dentro de três semanas



"A Yukos, a maior exportadora petrolífera russa, anunciou hoje que pode falir dentro de três semanas, depois de ter anunciado a intenção de venda da maior unidade produtora da empresa e do governo ter congelado as contas, para pagar a dívida fiscal de 3,4 mil milhões de dólares (2,77 milhões de euros).

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Sara Antunes



A Yukos, a maior exportadora petrolífera russa, anunciou hoje que pode falir dentro de três semanas, depois de ter anunciado a intenção de venda da maior unidade produtora da empresa e do governo ter congelado as contas, para pagar a dívida fiscal de 3,4 mil milhões de dólares (2,77 milhões de euros).

As acções da Yukos caíram 14% depois do presidente executivo, Steven Theede, anunciar que a empresa pode falir a meio de Agosto. O governo russo congelou as contas da companhia petrolífera onde tinham 900 milhões de dólares (733,77 milhões de euros), valor que corresponde a um mês de receitas da Yukos.

«Estamos a tentar entender o que podemos oferecer», disse Theede, citado pela Bloomberg, acrescentando que a Yukos não entende o que o governo quer.

A investigação sobre a Yukos já dura há um ano e os seus maiores accionistas perceberam o risco crescente, levando os investidores a retirarem mil milhões de dólares do país. Os preços do petróleo aumentaram com a preocupação de redução do fornecimento da Rússia, o segundo maior fornecedor de petróleo, a seguir à Arábia Saudita.

O «brent» com entrega em Setembro avançava 0,83%, para 37,47 dólares, impulsionado pela preocupação de corte de fornecimento da Rússia, se a Yukos abrir falência no próximo mês."




Quando saí de casa de manhã as acções da Yukos caíam já 15% (segundo a Bloomberg).

Na minha opinião toda esta novela deve-se a uma vingança de Putin contra Khodorkovsky (porque este financiou a oposição de Putin). Se fosse unicamente para liquidar uma divida fiscal haveriam inumeras maneiras de o fazer até porque seria do interesse de todos uma negociação (ainda para mais é uma empresa que cria milhares de postos de trabalho num país com um desemprego avassalador, logo é uma empresa que interessaria ao estado manter). Não a este estado...
A Russia continua igual, "por duas ou três pessoas" exterminam-se empresas lucrativas e pior que tudo afugenta-se o investimento mundial. Pior é impossivel. Como referi, são os "meandros" do regime Russo que calculo que não mudará nas próximas décadas...

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sera q fecha?

por vmerck » 22/7/2004 10:10

10:37 La petrolera Yukos se desploma un 8,33% en la Bolsa de Moscú, después de que su consejero delegado, Steven Theede, haya dicho que la compañía podría quedarse sin efectivo a mediados de agosto. Theede explica que aproximadamente la mitad de los ingresos de la firma están yendo a las cuentas que el Gobierno tiene intervenidas. Así, el directivo ha asegurado que declararse en bancarrota puede ser una opción para salvar la empresa.
 
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a coisa esta preta...

por vmerck » 21/7/2004 11:53

12:46 La petrolera Yukos cede un 11% en la Bolsa de Moscú, después de que el ministro de Justicia de Rusia asegurara ayer que el Estado ruso la obligará a vender la unidad de producción de Siberia para hacer frente a los impuestos de 3.400 millones de dólares que debe al Estado. La unidad, Yuganskneftegaz, aporta el 60% de la producción de la firma, lo que supone un millón de barriles diario. El Gobierno ruso podría venderla por alrededor de 1.750 millones de dólares, muy por debajo de los 20.000 millones que vale según Goldman Sachs.
 
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YUKOS e os meandros do regime Russo

por JCS » 21/6/2004 18:18

O Futuro Incerto da YUKOS

Andrew Jack


"As acções da Yukos, a conturbada petrolífera russa, caíram 14% esta segunda-feira, perante os receios dos investidores numa eventual falência, e contribuíram para que o mercado accionista russo registasse os valores mais baixos deste ano.

No fecho da sessão, as acções tinham perdido 8%, ficando nos 6,20 dólares - o valor mais baixo em 30 meses -, na sequência de relatórios que avançavam que a Yukos poderia diluir a participação dos accionistas emitindo novas acções, sendo tomada, em parte, pelo Estado russo ou decretando falência. Consequentemente, o índice de referência da bolsa russa - o RTS - caiu mais de 4%. A queda ocorreu antes do início, esta quarta-feira, do julgamento de Mikhail Khodorkovsky, antigo director executivo da Yukos e principal accionista, e do seu sócio Platon Lebedev, acusados de fraude e evasão fiscal de dois mil milhões de dólares.

A Yukos enfrenta, ainda, um recurso, esta sexta-feira, relacionado com um caso de 3,4 mil milhões de dólares adicionais de impostos referentes a 2000, que só não incorrerá em insolvência se o tribunal permitir à empresa a alienação dos seus activos.

Os gestores da Yukos declaram ter apresentado diferentes propostas ao Governo para liquidar a dívida, entre as quais a emissão de novas acções, a contracção de empréstimos adicionais ou a venda de activos para poder cobrir os 800 milhões de dólares disponíveis. É muito possível que a Menatep, através da qual Khodorkovsky e sócios controlam a Yukos, entregue parte das suas acções ao Governo para pagar os impostos estipulados judicialmente. A justiça russa decidiu que a empresa não pode alienar activos, facto que pode levar à diluição da participação de 44% da Menatep e abrir caminho a uma maior participação do governo ou à possibilidade de venda a um outro grupo.

Lealdade à prova
Sasha, gestor local da Tomskneft, subsidiária do grupo petrolífero Yukos, está no seu gabinete escassamente decorado: numa das paredes, um retrato de Vladimir Putin e noutra a marca de outro retrato, entretanto retirado, de Mikhail Khodorkovsky, antigo director executivo, cujo julgamento por fraude teve início esta quarta-feira. “O responsável pela segurança ordenou-me que tirasse o quadro, pois Khodorkovsky já não faz parte do grupo”, afirma Sasha.

O seu gesto é a prova das mudanças registadas e das futuras alterações na Yukos: a lealdade desenvolvida sob a batuta de Khodorkovsky - que primou por uma liderança agressiva e transformou a Yukos numa das maiores e mais rentáveis empresas russas - está, hoje, profundamente dividida. Mais, está à beira de mudar de mãos ou, na pior das hipóteses, de declarar falência, devido ao rol de investigações desencadeadas pelas autoridades russas neste último ano.

A Yukos foi construída e consolidada por um homem ansioso e apressado, ao ponto de, em poucos anos, se ter tornado no homem mais rico da Rússia, com uma fortuna avaliada em 10 mil milhões de dólares. Aqui chegado, passou a ser observado de perto por Vladimir Putin, antigo agente secreto, incumbido de reafirmar o poder e a autoridade estatal. O desenrolar dos acontecimentos era previsível e Putin limitou-se a levar a cabo a única missão que se impunha: reduzir Khodorkovsky e seus pares à insignificância. A Yukos não era, porém, a única empresa na mira. A prova disso são os diferentes processos legais em curso - alguns dos quais verão o seu desfecho nas próximas semanas -, que serão acompanhados de perto pelos investidores, financeiros e líderes empresariais, para poder antever se a Yukos poderá, ou não, sobreviver e, a acontecer, qual a sua configuração. Esta quarta-feira, Khodorkovsky e o seu sócio Lebedev foram a julgamento, acusados de fraude e evasão fiscal no valor de mil milhões de dólares, e poderão ser condenados a uma pena de 10 anos. Mais, a justiça russa irá pronunciar-se, esta sexta-feira, sobre o facto da Yukos não ter honrado o pagamento de 2,77 mil milhões de euros de impostos cobrados em tribunal, em 2000.

Os veredictos das próximas semanas ajudarão a perceber como se irá desenvolver a actividade comercial e empresarial na Rússia, como irá evoluir o sector petrolífero nacional e qual é, afinal, a verdadeira essência do regime Putin. “Muitos receiam um “final infeliz””, comenta Stephen O’Sullivan da United Financial Group, uma corretora de Moscovo. “Os nossos clientes estão preocupados e muito desconfiados”, acrescenta.

Os ataques das autoridades russas têm-se centrado na figura de Khodorkosvsky - que se encontra detido desde Outubro - e na dos seus sócios da Menatep, a subsidiária do grupo através da qual controla a Yukos. E é graças a esse vínculo que o futuro da Menatep também é pouco prometedor.

Os primeiros dez anos
Na cidade de Tomsk, na Sibéria, Sergei Shimkevich, presidente da Tomskneft, recusa-se a empolar a situação. Admite, contudo, que passa grande parte do seu tempo a responder a inquéritos e investigações de fiscais das Finanças regionais, do Ministério Público e de técnicos do ministério do Ambiente. “O pessoal da empresa está preocupado. Estamos todos, aliás, e queremos saber o que vai acontecer”. A actual crise já apagou da memória os festejos do 10º aniversário da Yukos, há apenas 14 meses. Alexander Voloshin, o então porta-voz da presidência, leu numa festa, mesmo defronte do Kremlin, uma mensagem de felicitações de Vladimir Putin, a um público que incluía parte da elite política russa. Esta relação cordial já viu, porém, melhores dias. Khodorkovsky assumiu o controlo da Yukos numa das privatizações mais contestadas nos anos 90, altura em que tiveram lugar alguns dos negócios mais obscuros do país. A partir daí, tirou partido das lacunas do sistema legal russo para proceder a novas aquisições e pressionar os accionistas minoritários. Em 1998, aproveitou os baixos preços do petróleo, não honrou os compromissos bancários, ignorou facturas e adiou o mais possível o pagamento de salários e de impostos para que o grupo crescesse.

Quando os preços do petróleo começaram a subir, Khodorkovsky cumpriu os seus compromissos. Manteve a empresa cotada em bolsa, contratou consultores e funcionários estrangeiros, distribuiu lucros pelos accionistas minoritários e empenhou-se numa maior transparência, revelando, as suas ‘holdings’ secretas e as dos seus parceiros da Menatep. A empresa tornou-se na “pérola” bolsista, na aposta forte dos bancos estrangeiros e passou a ser cortejada por multinacionais petrolíferas, interessadas na compra de acções estratégicas. Entretanto, selou a fusão com o principal concorrente, a Sibneft, absorvendo um terço da produção nacional e assumindo o controlo dos oleodutos de ligação ao porto de Murmansk, no noroeste do país, e à China, no sudeste.

Um alvo vulnerável
A realidade provou ser volátil - Khodorkovsky não só é o maior accionista da Yukos como a sua principal ameaça. O facto de ter tirado partido das brechas do sistema legal russo, fez dele - como de outros líderes empresariais - um alvo vulnerável. Mais, transformou-o num alvo preferencial de perseguição selectiva, a partir do momento em que terminou o estado de graça com as autoridades russas. Foi o que aconteceu quando o seu poder financeiro e político começou a ensombrar Vladimir Putin. Khodorkovsky lançou-se numa aguerrida batalha contra a política do governo, fazendo uso de subornos e bloqueando, em última instância, a aprovação de leis fiscais no parlamento. “Um dos seus correligionários disse: “Mudem a lei ou o Governo cai””, declara um parlamentar.

Depois da sua detenção, em Outubro do ano passado, ficou bem claro o quanto a empresa dependia do seu CEO. “Khodorkovsky é um excelente profissional, mas a sua hierarquia é muito fraca”, afiança um conselheiro da Yukos, lamentando a descoordenação e as decisões contraditórias tomadas agora.

Khodorkovsky tem tentado orquestrar a sua defesa a partir da prisão, embora dependa da informação que lhe é facultada - e da fiel execução das suas ordens - por quatro advogados, o único contacto que lhe é permitido com o exterior. A crise instalou-se e já provocou graves cisões na Menatep.

Com a escalada dos preços do petróleo, alguns analistas especularam que a fragilidade financeira da Yukos poderia levar a um revés nas políticas de gestão da Menatep, ou mesmo a um regresso ao mau governo das sociedades característico dos anos 90, dando a ideia de que se quer salvar dinheiro antes do colapso iminente. Pode ser uma das razões que levou a justiça a bloquear qualquer tentativa de venda de activos.

Bruce Misamore, um norte-americano que assumiu a direcção financeira da Yukos a convite de Khodorkovsky, classifica as acusações de “perfeito absurdo”. No entanto, verifica-se, na prática, uma total ausência de coordenação entre o conselho de administração da Menatep e os responsáveis máximos pela gestão da empresa.

O facto do conselho de administração da Yukos incluir advogados norte-americanos ciosos do seu bom-nome na cena internacional, fez com que se adoptasse uma linha de acção mais moderada e cautelosa, marcada pelo respeito para com os seus accionistas maioritários e minoritários. Além disso, são quem mais defende a fusão com a rival Sibneft.

Hoje em dia, porém, nem directores nem executivos de topo têm o controlo total da situação. Mais, perderam qualquer influência sobre a Sibneft quando esta devia estar totalmente integrada logo no início do ano e não conseguiram, até ao momento, interpor uma acção legal mais agressiva contra Abramovich para defender a sua posição. “Somos um grupo forte, mas sem Khodorkovsky não há estratégia”, assevera Roman Khomenko, vice-presidente executivo do departamento de vendas a retalho da Yukos. “É uma situação sustentável durante um ano, mas em breve levará à estagnação”.

A Yukos terá começado a desmoronar-se por dentro, mas tem vindo a ser cada vez mais atacada de fora. Os seus rivais comerciais estão de olho numa possível absorção da mesma e, caso isso não seja possível, estão atentos a uma venda dos actuais activos da empresa, de modo a poderem controlar os futuros campos de gás e petrolíferos que a Yukos planeou adquirir.

As autoridades mostravam-se prudentes até há pouco, com o próprio Putin a minorar a relevância dos termos das licenças petrolíferas da empresa. Mas, à medida que a situação se vai deteriorando, a Yukos deu consigo a travar uma batalha perdida no que toca à sua factura fiscal, relativa ao ano de 2000, e a tentar corresponder às exigências nos anos subsequentes. A sua sede e os seus escritórios regionais recebem regularmente a visita da polícia e de inspectores.

Apesar de haver quem minore os avisos de declaração de falência, como uma estratégia alarmista de defesa dos riscos estratégicos da Yukos, esta possibilidade está a incomodar os investidores e os homens de negócios, que tentam ver este conflito como um ajustamento pessoal de contas entre as autoridades e Khodorkovsky, sem grandes repercussões. Desde a prisão de Khodorkovsky que acreditaram que se tratou de um incidente isolado, relacionado com o seu desafio aberto a Putin e à sua tentativa de se libertar da influência estatal. Mas só Putin sabe quais as suas motivações pessoais para uma campanha que poderia não ter tido lugar sem a sua aprovação política.

A Yukos manchou a reputação política de Putin no estrangeiro e dado o ambiente de desconfiança mútua entre as autoridades e a equipa de Khodorkovsky, parece difícil imaginar qual o tipo de acordo possível para uma mudança na tutela da Yukos. A mão de Putin pode parecer muito mais forte, mas Khodorkovsky pode não ter jogado ainda a sua última cartada. "


Cumprimentos

JCS
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