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Caldeirão da Bolsa

EUR/USD - acabou o medo da deflação??

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Comentador » 18/5/2004 0:42

Djovarius,

Agradeço-lhe a atenção. Foram realmente mais 10 dias de férias repartidas, felizmente muito agradáveis. Como estou com pouco tempo livre, por agora abrigo-me neste seu tópico mas estou disponível para, mais tarde, levantar outros assuntos para discussão. É bom saber que existem pessoas como o djovarius que actuam de forma construtiva, didáctica (mesmo para quem julga que percebe “disto”), cordata e calma (que é o que deve ser, mesmo para quem dá respostas catedráticas).

Vou só tocar no tema do petróleo para dizer que, sem prejuízo das razões conhecidas para a sua subida e que já foram acima referidas, existe um factor geoestratégico que está a ter influência especial. Como sabem, a Arábia Saudita sempre teve ao longo dos anos um importante papel estabilizador de preços (embora servindo os seus próprios interesses, naturalmente). Isto acontece porque aquele país, para além de ter a maior produção e as mais extensas reservas, dispõe de cerca de 60% da capacidade de produção diária adicional de todo o mundo. Deste modo, os receios de mais perturbação na Arábia Saudita são graves e poderão atrapalhar o processo “normal” de formação de preços.

Por agora, não tenho tempo para mais.

Um abraço

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por djovarius » 17/5/2004 21:15

Que segunda-feira !!! Regressou o nervosismo aos mercados (talvez nunca tenha acabado) por todo o mundo.
Desta feita, para um mau começo de semana, instabilidade geo-política e em dose dupla.
Por isso, tivemos algo diferente: as acções em queda (Wally é território de risco) e as obrigações em alta (protecção) em vez de ambas subirem ou ambas descerem como tem sido visto nos últimos tempos.

Só o que não mudou: petróleo cada vez mais perto dos máximos intraday (42 USD) e uma volatilidade de nota. Andou em 41.85, recuou aos 41 e terminuot nos 41.55 USD !!
Assim o dólar sofreu a bom sofrer. Perdeu muito terreno, sobretudo para o CHF (refúgio) mas também para as restantes divisas de primeiro escalão.
Já esperava uma viagem a 1.2050 mas nunca pelos motivos acima e muito menos a esta velocidade - um movimento que se tornou impulsivo. Passou 1.1960 e logo foi a 1.205x - fez um duplo topo no intraday - recuou e entrou em lateralização devido ao estado de sobrecompra.
Curiosa foi a recuperação do USD/JPY - a moeda nipónica está com um bias de baixa, hoje mais visível face às moedas europeias. De resto, nem o Cable esteve com a mesma força demonstrada pelo Euro.

No EUR/USD, temos agora 1.2050 e 1.2130 como fortes obstáculos e do lado de baixo há 1.1950/60 para travar quedas.

O que mais dizer deste começo de semana?
Pouco mais do que salientar o nervosismo do mercado, sensível ao telejornal.
Este mercado não nos vai facilitar a vida um segundo que seja...

Um abraço

dj
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por djovarius » 17/5/2004 16:59

E por ver o EUR/USD em cima de 1.20 ...

Trago aqui o gráfico Ichimoku, no qual se vê que esse valor bate em cima das linhas KS e TS (suporte e tendência), pelo que abaixo deste valor, o bias continuará a ser de baixa, enquanto acima destas linhas, teremos mais força do lado dos euro bulls.

Fica o gráfico, que ainda é do fecho de sexta-feira.

Um abraço

dj
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por djovarius » 17/5/2004 15:13

Mais uma vez obrigado, neste caso ao semprefrio.
Agora um mea culpa. Há pouco não tinha reparado no regresso do Comentador. Espero que as férias tenham sido boas !!

Espero contar com novos artigos para que possamos reatar os nossos debates sempre interessantes, onde não se corre o risco de ouvir "bocas" foleiras !!

Quanto à questão do petróleo, repito: os recursos naturais não duram para sempre.
A maioria das commodities andou em preços tão baixos ao longo destes anos, que não justificavam investimentos em torno da sua exploração.
No caso do petróleo, é maior o problema da refinação do que o da extracção.
Ainda assim, o consumo mundial aumentou - isso é estrutural. Se assim não for, mau sinal - é sinal de recessão global ou de um bloco regional.
Junte-se a isto uma componente especulativa muito forte e temos o quadro actual.
Parte dessa componente especulativa poderá ser esvaziada por uns tempos, mas a base da análise é a mesma.
Os "activos duros" estão em alta. Os metais de base e as "energias" estão à frente do "ranking" !! Contra factos não há argumentos.
É um pouco diferente dos metais preciosos, os quais oscilam ao sabor do Forex (92% de correlação Ouro/USD) !!

Mais um abraço

djovarius
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ainda sobre o petroleo

por .gonzaga » 17/5/2004 14:30

Talvez esteja a ser chato em falar de petroleo num post sobre o eur/usd, mas parece-me haver uma ligaçao entre os dois universos

Entao, segundo o Ming : o petroleo anda alto(chamo a isto B) por razoes fisicas, ao seja devido á diminuiçao das reservas do mesmo. Chamo a este factor - A

Conclusao que se deduz : Se A, entao B
Mas A, ja se verifica há decadas. No entanto B nao se verifica há decadas.
A minha conclusao é que B(petroleo alto) nao depende so de A.

Outra conclusao : Se A, entao B
Mantendo A, mantem-se B
Isto quer dizer que o petroleo nao vai baixar como defende o Ming.

Eu digo que ele talvez va baixar, ou pela especulaçao acalmar ou pela situaçao no medio oriente estabilizar...
.gonzaga
 

por semprefrio » 17/5/2004 14:30

Boa tarde a todos. :)

Dj, possivelmente uma das tuas melhores análises IMHO.

No que diz respeito ao Eurusd, também já estive mais longe de acreditar num cenário de lateralização para os próximos meses. Se acontecer só espero que se confirme uma "lateralização de amplitude larga", uma vez que sempre será menos má para a negocição de curto prazo (excluindo daytrading) do que uma lateralização de alguns meses limitada a uma amplitude estreita.

Quanto à questão do petróleo, a realidade é que as reservas de petróleo conhecidas têm uma duração limitada. Por outro lado, as novas reservas têm, geralmente, uma característica em comum: apesar da evolução tecnológica, são cada vez mais difíceis de explorar. Pela conjunção destas duas razões, têm que se encontrar alternativas energéticas credíveis e sustentáveis.

Se é verdade que isto já começou a ser feito, não é menos verdade que esta é uma transição que não se faz de um dia para o outro. E é neste desiquilíbrio que residem os maiores riscos para os próximos anos.

A dependência económica do petróleo continua a ser um facto, pelo que o preço do petróleo, quer se queira ou não, continua a ter o poder de "minar" o crescimento económico global. Talvez daqui a uns anos já não seja assim, mas por enquanto é!!

Um abraço,
semprefrio

P.S. É incrível como alguns visitantes, em particular alguns olheiros, se mantém na sombra à espera de uma oportunidazita para vir aqui despejar as suas frustações. Uma sugestão à administração: que tal a criação de um espaço de acompanhamento psicológico para alguns desses personagens? Claro que seria um serviço premium!! :mrgreen:
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por djovarius » 17/5/2004 13:16

Ora muito boa tarde !!

Estive fora durante 3 horas, mas parece-me que o tópico causou celeuma. Não estava à espera, pois não disse hoje nem mais nem menos do que tenho vindo a defender ao longo dos últimos tempos.
Portanto, aceitam-se sempre críticas. Porém, gostaria sempre que a discussão tivesse sempre uma argumentação. Não vim a tempo de ler posts eventualmente apagados, mas paciência. As atitudes ficam com quem as tem.

Agora vamos por partes:
Caro Ming: houve uma pequena confusão, certamente devido à maneira como me expressei. Eu não disse que o petróleo estava em alta por causa dos atentados. Eu disse que o petróleo tinha atingido aquele preço por causa disso. O mesmo aconteceu com o USD.
À medida que as coisas acalmam, os preços vão regressando aos patamares anteriores, ou perto, como sempre sucede.
Mas as subidas do petróleo, concordo, são alimentadas por n factores, como defendi no tópico da semana passada, que está, como todos, no Caldeirão.
Em relação à questão da deflação, o medo de que falo é sobretudo o medo da deflação dos activos e nunca do índice de preços ao consumidor. E o FED ainda trabalha com a possibilidade de ocorrer uma das duas, senão não abriria a torneira da liquidez.

Ao anti-olheiro: eu não tenho uma opinião formada sobre a PT. Neste momento e isso já estava escrito num tópico recente do Ulisses sobre o assunto, que actualizei na sexta-feira, o PSI-20 ainda não desafiou a MME 200 dias, pelo que poderá acontecer, tal como já aconteceu com outros índices.

De resto, obrigado pelas palavras de apoio de todos.

Uma nota sobre os mercados em geral: posso estar redondamente enganado, mas a subida do Euro, no dia de hoje, poderá estar a servir para alguns operadores venderem papéis europeus a um nível um pouco melhor.
De toda a maneira, a bola estará novamente do lado de Wall Street.

Um abraço a todos

djovarius
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por Ulisses Pereira » 17/5/2004 12:31

Anti-olheiro, uma coisa é uma crítica construtiva. Outra coisa são críticas com intuito meramente destrutivo. Essas não têm lugar no Caldeirão.

Um abraço,
Ulisses
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por Ming » 17/5/2004 12:30

gonzaga:
Isto para dizer que o Ming parece-me muito concentrado num so factor(o ultimo)...Seria muito simples se assim fosse, mas nao é


Essa afirmação só pode resultar do desconhecimento completo do que tenho vindo a defender!

Pelo contrário, o que eu tenho dito é que a razão para a subida do petróleo se deve quase exclusivamente à impossibilidade de aumentar a oferta (numa conjuntura em que cada vez há menos reservas de petróleo) e de assim responder à procura desenfreada deste recurso esgotável (e já bem próximo de esgotado).
Ou seja, as razões para esta subida não são conjunturais, nem são de natureza económica ou política, mas sim de natureza física, e insolúveis.
Podemos assistir a oscilações ao longo da subida do petróleo. Eu até estou algo surpreendido (e algo assustado... :shock: ) por não terem já surgido retracções momentâneas. Mas o rumo a prazo é só um, a subida...
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por anti-olheiro » 17/5/2004 12:28

amigo dj que acha da evolução da portugal telecom para as proximas semanas? estava a pensar entrar a estes niveis mas estoiu com receio. dj ou dark ou outro amigo caldeireiro
anti-olheiro
 

por anti-olheiro » 17/5/2004 12:25

eu queria responder ao ultimo post do intitulado "olheiro" mas desapareceu. alguma razão? ele apenas estava a criticar o djovarius e não o caldeirao nem a administração.
parabens dj. força! estão todos contigo!

(não levem a mal e olhem para esta frase como um piada bem intencionada: será o nosso amigo dj um funcionário pago do caldeiraõ? pois bem merecia!
anti-olheiro
 

o petroleo

por .gonzaga » 17/5/2004 12:19

Para mim o petroleo esta a estes niveis pelo somatorio do seguinte (outras variaveis podem entrar neste conjunto mas agora nao me lembro delas, ou nao as conheço):

- Situaçao instavel(cada vez) mais no iraque e medio oriente
- Aumento da procura real, atraves da China e oriente
- As reservas vao diminuindo
- A opep nao aumenta a produçao
- Especulaçao, que cria uma trend altista que por sua vez reinforça a trend (reflexividade)

Isto para dizer que o Ming parece-me muito concentrado num so factor(o ultimo)...Seria muito simples se assim fosse, mas nao é
.gonzaga
 

por Dark » 17/5/2004 12:18

Caro Olheiro,

Toda e qualquer opinião, desde que fundamentada, dever ser respeitada, quer se concorde ou não.

Quanto a criticar só para dizer que "a opinião dos outros não vale nada", não me parece uma atitude construtiva; mas eu deixo-lhe aqui um desafio:

Que tal deixar aqui a sua análise (sobre a mesma matéria obviamente) de forma a que leitores incultos como eu, possam proceder por comparação de ideias e conceitos ?

Teríamos todos a ganhar e mantinha-se o bom espírito do Caldeirão ...

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por Visitante » 17/5/2004 12:18

Um Ser humano ao mais baixo nivel

Encoberto pelo anonimato, vão longe os tempos da ditadura, mas aí o oculto,era por uma boa causa, o combate aos cretinos ditadores



Xiu
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por Anti-olheiro » 17/5/2004 12:16

Temos de saber dar os parabéns quando eles tÊm razão para existir. de facto o dj é um excelente analista.pode ser de facto um pouco maçudo mas no entanto não deixa de deitar cá para fora tudo o que a sua inteligencia sugere. dj continua. embora fique sempre pela metade não deixo de ler muito por alto.
Anti-olheiro
 

Djo, Parabéns!

por Comentador » 17/5/2004 12:05

Caro amigo djovarius,

Cheguei agora de férias mas não quero deixar de lhe dizer que em termos de conteúdo e alcance prático, a sua análise deta semana está verdadeiramente excelente. Penso que, no entanto, será necessário, com calma, explicar as várias nuances do que ficou expresso para a correcta compreensão de muita gente
eventualmente menos habilitada.

Estou em crer que este tópico será, por vários motivos, o mais lido e participado de sempre.

E eu não faltarei à chamada, porque haverá muita coisa a dizer.

Um abraço

Comentador
 
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Djo....acredito....

por Scubawarrior » 17/5/2004 11:52

....que teremos novo ataque ao euro, o qu epenso é que será ataque a estes valores, e não abaixo, mas vamos ver.


quanto ao petróleo, tenho de concordar com o Ming, as raazões par aa subida do preço estao espelhadas no evoluir sustentadíssimko da cotação nos mercados internacionais. Podemos ter corrécções rápidas do movimento de alta sustentada.


abraço aos dois
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por Ming » 17/5/2004 10:54

Djo:

Sabemos que o petróleo disparou até 41.74 na sequência do atentado no Iraque (já havia o outro na Turquia)

Errado!
O que é que será preciso para as pessoas perceberem que as subidas do petróleo não se devem a pequenas razões conjunturais desse tipo? :roll:

Quanto ao título do tópico, o fim das preocupações com a deflação, acho que tambem é preciso ser um pouco superficial (e isto não é uma acusação ao Djovarius, que não está a defender, pelo menos explicitamente, essa posição) para alguma vez ter visto isso como um risco.
Neste monento, seria preciso ser simplesmente estúpido para continuar a ver isso como um risco...

(Poderia colocar aquí links para discussões de há meses atrás, neste forum, sobre o assunto, mas acho que não vale a pena...)
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por djovarius » 17/5/2004 10:31

Será que acabou, Scuba.

Bem, eu próprio, nesta análise defendi um rebound no EUR/USD até 1.2050 !! Podia dizer que já aconteceu, mas este é o tipo de movimento que não me diz muito, porque é apenas um reflexo do medo.
Sabemos que o petróleo disparou até 41.74 na sequência do atentado no Iraque (já havia o outro na Turquia) e com o Franco Suíço se valorizou brutalmente.
Recorde-se que o USD/CHF andava por 1.30 e hoje já veio abaixo de 1.2750 !!

Assim, posições longas em USD viram muitos stops a serem disparados.

Acredito agora num contra ataque do USD ao longo da semana.
Mas também sei que tenho de concordar. Estamos cada vez mais perto da retoma da tendência. Neste caso, as commodities voltarão a subir.
Outro detalhe: quando o agregado monetário M3 dispara, não só o USD cai, também o Ouro sobe, bem como o índice S&P 500 - mas num mercado que vive com os nervos à flor da pele, o comportamento pode ser um pouco diferente do que este.

Veremos com todo o interesse

Abraço

djovarius
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Acabou-se....

por Scubawarrior » 17/5/2004 9:49

...o retest ás antigas zonas de suporte, voltamos á tendência de longo prazo.


Target: 1,30 até final de julho e 1,45 até dezembro.


É apenas uma breve opinião, há muito que não me pronunciava qt a forex, e consedero oportuna esta altura de regresso ás origens por parte das principais tendencias dos mercados cambiais, internacionais e de matérias primas.


abraço

Fundamento: trend de longo prazo, follow the trend
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por djovarius » 17/5/2004 9:47

Bom dia a todos !!

Esta segunda-feira não podia ter começado pior para os mercados !!
Ontem à noite ainda dei conta do atentado na Turquia. Hoje já temos um problema grave no Iraque, com a morte de um dos altos dirigentes do futuro governo, após um atentado.

Assim, o USD caiu e os mercados em geral voltaram ao nervosismo. Veremos o que acontece nas próximas horas. Destaque também para o crude, ainda mais sensível a atentados.
A acompanhar tudo com atenção.

Amigo Dark: um abraço e obrigado maus uma vez.

até já
dj
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por Dark » 17/5/2004 7:23

Apesar da hora tardia :wink: a análise é excelente.

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EUR/USD - acabou o medo da deflação??

por djovarius » 17/5/2004 2:37

Saudações a todos e uma boa semana !!

Desde o 1º trimestre do corrente ano, a grande preocupação que tem assolado o Forex começou a ser a questão da política monetária norte-americana. Como sabemos, a Reserva Federal optou, ao longo dos últimos 20 meses, por uma política verdadeiramente expansionista, a que hoje se chama com toda a justiça de “reinflação”. Com a Economia em recessão e os mercados accionistas em forte queda (2002) não havia alternativa que não fosse a do aumento da cedência de liquidez num quadro de juros extremamente baixos, ao ponto de se ter atingido nos Estados Unidos uma situação de juros reais negativos. A situação era clara: a má performance micro e macro económica deixava no ar o perigo de se cair numa situação análoga à do Japão na década de noventa – era o medo da deflação. O próprio FED tinha publicado documentação sobre as causas e consequências da deflação Japonesa e os caminhos a seguir para evitá-la nos EUA.
A deflação começara já a manifestar-se perigosamente, no que aos activos financeiros dizia respeito (fim dos anos de bolha em Wall Street), ameaçando espalhar-se pela Economia – o índice de preços ao consumidor seguia em queda. Daí a comparação com o Japão e a reacção de Alan Greenspan e seus pares.
Foi assim que assistimos a um extraordinário esforço de combate a essa situação. Com as consequências que todos sabemos. A liquidez expressa em dólares norte-americanos (USD) atingiu níveis inéditos, expressos através do agregado monetário M3, bem como através de todo um sistema de securitização de débitos, rapidamente transformados em títulos de mercado – alguns bem alavancados.
Como ficou bem patente desde Março/Abril de 2003, o USD, como produto, obedecia às leis do mercado – a sua abundância (oferta) acabaria por levá-lo à desvalorização. Se é verdade que ela já ocorria desde o início de 2002, devido à preocupação relativa ao duplo défice nos EUA num quadro ainda recessivo e de queda nos juros, acabou por intensificar esse movimento, devido ao excesso de liquidez. O resto é História, não restando dúvida de que, salvo pontuais correcções, o movimento de queda do dólar norte-americano foi generalista. Recordemos: tudo o que é expresso nesta divisa subiu – acções, títulos de renda fixa, commodities (com maior força) e divisas estrangeiras, influenciando as subidas dos mercados por todo o mundo. Até os mercados emergentes beneficiaram em ampla escala desta “fuga” generalizada do USD como “valor”, procurando renda (yield) da melhor maneira possível. Foram os meses do “carry trade”, com o apoio quase explícito da Reserva Federal, que até agora insistiu na acomodação da política monetária de forma a afastar de vez todo e qualquer risco deflacionista.
Somente desde Janeiro/Fevereiro deste ano, foi visível uma mudança no sentimento dos mercados. Tamanha acomodação financeira acabou por trazer resultados positivos para a retoma económica norte-americana e global (crescimento nos EUA, Ásia, menor na Europa). Porém, os exageros chegaram e as dúvidas também.
Os mercados Obrigacionistas atingiram valores impressionantes. Os mercados accionistas voltaram a atingir valorizações demasiado elevadas. Mas o problema seria o “rally” da maioria das “commodities”. A maioria dos metais e produtos energéticos atingiu valores (em USD) que não se verificavam desde há mais de 20 anos. Pior, colocaram a descoberto a falta de investimento na exploração de muitos deles, mercê de anos consecutivos de preços deprimidos. Hoje já se pode afirmar que, num quadro de crescimento global, os preços elevados vieram para ficar.
Aqui, é bom abrir parênteses para deixar uma breve impressão sobre o assunto do momento: a alta do preço do petróleo. Este é um activo muito especulativo, é a “commoditie” mais transaccionada, portanto mais especulativa. Ao contrário do Ouro e dos restantes metais preciosos, não tem uma correlação com os movimentos de alta ou baixa do USD. O petróleo sobe devido a problemas geo-políticos, sobe devido ao aumento da procura (a China chega a pagar ágio sobre o preço de mercado), mas também sobe pela acção dos especuladores no mercado de futuros.
Como sabemos, no mercado cambial, não foi diferente. O USD perdeu em toda a linha. Perdeu terreno até para as moedas de países em crise sistémica. Face ao Euro, perdeu 40% em dois anos, por exemplo.
Os exageros estenderam-se por todo o mundo: hoje fala-se abertamente numa nova bolha – a do crédito. Esta subsidia muitas outras como a do ramo imobiliário.
De tudo o que foi dito, só a Europa não sentiu claramente os efeitos deste regresso aos tempos de expansão e crescimento.
Mas as dúvidas sobre a manutenção deste “status quo” vieram.
Para isso bastaram alguns dados económicos de grande relevo nos EUA. E eles mostraram que, finalmente, a inflação estava de volta. A produção industrial, a Construção, o comércio e os serviços apresentaram bons números. Finalmente, o número de desempregados diminui, ainda que muitos dos postos de trabalho sejam temporários.
Conclusão do mercado: os juros vão voltar a subir nos EUA, mais cedo do que era esperado há apenas seis meses. Aliando essa nova percepção, ao exagero das quedas do dólar, deu-se uma inversão da tendência de queda desta divisa, tendo recuperado algum do terreno perdido, ao mesmo tempo que os mercados de renda fixa começavam a reflectir as futuras subidas de juros, afectando ainda o mercado accionista e esvaziando os activos que mais tinham ganho nos meses anteriores.

É, então, a altura para a pergunta chave: acabou de vez o perigo de deflação, seja nos EUA ou em qualquer outra parte do mundo?
Não haverá o perigo de uma fuga aos activos, causando o contrário do habitual nos últimos tempos? Seria o caso de uma deflação dos “paper assets” compatível com a contínua inflação dos “hard assets”?
É à luz deste quadro de sérias dúvidas que se insere o actual nervosismo dos mercados. Temos visto uma recuperação dos USD naquilo que se pode interpretar como “flight to quality”. É que havendo um aumento dos juros nos EUA ao longo dos próximos meses (ainda que lento), esta divisa volta a oferecer uma rentabilidade semelhante à oferecida por algumas das divisas que tinham servido como refúgio até então. E com menor risco nalguns casos. Mas acreditamos que há uma precipitação, patente no novo sentimento do mercado: o FED não deverá dar nenhum passo em falso. Os juros subirão, mas sem pôr em causa a sustentabilidade da retoma da Economia. É patente que o mercado trabalha hoje com a possibilidade do FED “estragar” tudo.
E é aqui que temos que chamar a atenção para um ponto: a extrema liquidez em USD ainda não acabou. Antes pelo contrário, enquanto o mercado faz “subir” os juros de longo prazo, o agregado monetário M3, que havia estagnado no último trimestre de 2003, sobe no presente ano a um ritmo estonteante, ou mais de 12% (anualizados), sugerindo que a Reserva Federal está a preparar-se para responder a uma eventual deflação dos activos.
Neste caso, como existe um desfasamento entre a variação deste agregado monetário e a evolução do mercado cambial (3 a 6 meses), é legítimo dizer-se que a estagnação a que aludimos, no último trimestre de 2003, fez-se sentir ao longo dos primeiros meses de 2004 – oferecendo alguma força ao dólar. Se a história fizer algum sentido, poderemos antever um regresso (não iminente) às quedas da moeda norte-americana.
Na realidade, elas poderão acontecer, mesmo que o FED aumente os juros. Já em 1994 foi assim. Descontado esse efeito pelos mercados após os primeiros dois aumentos de juros, o dólar voltaria a cair. E hoje, se pensarmos na amplitude e no tempo que já leva a actual recuperação do USD, podemos acreditar que o espaço para maiores subidas do USD está quase esgotado. Poderemos ainda, nos próximos meses, andar num movimento de sobe e desce sem uma tendência demasiado definida, devido às forças em conflito nos mercados. Mas, passado esse efeito, a tendência de queda do USD deverá retornar à medida que o mercado voltar a tomar em consideração outros factores. Destes, falaremos numa ocasião mais apropriada à medida que nos surjam no horizonte.
No presente, nada sugere a queda iminente do dólar. O seu espaço de subida, ainda que muito mais reduzido, não está de todo acabado. Todavia, o cenário de uma lateralização numa larga amplitude começa a parecer viável.

Assim, está na hora de olharmos um pouco para a semana que está no seu início.

No EUR/USD, após uma semana absolutamente neutra, em que mais uma vez os mínimos não foram quebrados, espera-se uma reacção em alta, com um novo teste à casa de 1.2050 !! Recorde-se que o interesse vendedor de médio prazo surge a partir desses valores de cotação. É a guerra entre bulls e bears ao rubro.
O suporte na MME 250 dias em 1.1830 nunca foi quebrado com significado. Cada vez ganha mais relevo o valor dos mínimos do ano (1.1760). Só se este valor for quebrado em baixa, poderemos acreditar, honestamente, numa tentativa de regresso à casa de 1.15xx !!
Pelo contrário, se a cotação não ultrapassar os mínimos recentes, tal será muito bullish para o Euro que tem obstáculos maiores em 1.2170 e 1.2330 e depois em 1.2550 !
Mas para já, muita atenção à média móvel exponencial de 21 dias, hoje em 1.1952 ! Está em zona de resistência, sendo o único obstáculo antes de 1.2080 – MME 55 dias.
Atenção ao gráfico semanal: começa a semana favorável ao Euro, mas o RSI-14 já está perto do sempre importante valor de “sobrecompra”.


E o nosso ciclo semanal normal fica em:
1.17 - 1.21, sendo o ponto pivot 1.19
O ciclo alargado está em:
1.1640 - 1.2180 (mais volátil)

Atenção a esta pequena actualização,

Resistências: 1.19 / 1.1930 / 1.1960 / 1.2010-20 / 1.2050 / 1.2080 / 1.2130 / 1.2170-80
Suportes: 1.1880 / 1.1850 / 1.183x(MME 250) / 1.18 / 1.1760-50 / 1.1720 / 1.1680

Quanto às posições abertas do Euro no IMM, contratos de futuros em Chicago, poucas mexidas, embora haja um leve aumento de posições longas por parte dos especuladores. Sempre se pode fazer uma leitura em termos de futuro, não ?

Longos / Curtos
Large Speculators 18% 09%
Small Speculators 34% 29%
Industry Hedgers 48% 62%


Para já, resta desejar a todos os amigos(as) uma excelente semana e bons negócios

Um abraço

djovarius
Anexos
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Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
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