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Caldeirão da Bolsa

EUR/USD - o Forex e a meteorologia

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por djovarius » 3/5/2004 14:29

Boa tarde a todos,

Obrigado pelas vossas palavras de incentivo como sempre sensibilizam, naturalmente !!

É sim. Feriado no Japão hoje e amanhã. Hoje também no Reino Unido, compensando o facto do 1 de Maio ter sido no fim de semana. É o chamado Bank Holiday.

Daí que nem estive a acompanhar os mercados hoje de manhã, pois nada de especial aconteceu, pouco há dizer.

O excelente gráfico do Semprefrio mostra-nos uma realidade que é preciso ter em atenção.
Para que o Euro ganhe força, terá que cruzar em alta o ponto pivot da semana, caso contrário ainda poderá testar novamente a MME 250 dias, afinal está ali a pouco mais de 100 pips da cotação actual.

Animação nos mercados em geral, Fx em particular: certamente voltará já a partir de amanhã com a ajuda do FED.

Atenção: hoje já poderá haver mexidas graças aos números dos gastos com a Construção nos EUA e sobretudo com o ISM da indústria. Tudo para daqui a pouco às nossas 15 horas.

Um abraço a todos

djovarius
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
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DJ

por Visitante » 3/5/2004 14:02

dia 3,4 e 5 é feriado no Japão?...
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Gráfico artístico

por Dark » 3/5/2004 11:53

Semprefrio,

A veia plástica surtiu efeito.

O gráfico está "divinal"

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por semprefrio » 3/5/2004 11:49

Bom dia.

Dj, uma grande análise de fundo reforçada com uma visão impar dos mercados e do que os move. :)

Registo, por um lado, a redução da alavancagem por parte do smart money, o corte de posições longas, o profit taking ...

Por outro lado, a continuação do carry trade, o regresso do interesse vendedor no USD ...

E, finalmente, a chave: o descambar numa volatilidade que pode revelar-se extremamente prejudicial, no caso de não serem tomadas as precauções necessárias.

Também já tenho o guarda-chuva. :mrgreen:

Centrando-me apenas no aspecto técnico, continua a parecer-me que ainda não se deu o rompimento do padrão dos últimos tempos que possa levar o EUR a uma valorização perante o USD. Tento passar esta ideia com o próximo gráfico diário, um pouco mais "artístico" do que o costume. :wink:


Abraço,
semprefrio
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por vm » 3/5/2004 9:30

Lindo Dj,
fiquei maravilhado com esta analise. Se há coisas boas na internet, estas analises são uma dessas coisas, simples, objectivo e eficaz.
É um prazer ler todas as segundas as análises que faz. Mais uma vez, o meu obrigado por partilhar o seu estudo e conhecimento deste duro mercado.
Cmp,
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Caro Djovarius

por Dark » 3/5/2004 1:06

Mais uma vez parabéns pela análise !

Vou seguir o seu conselho e tratar de ter por perto a gabardina e o guarda-chuva :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: !

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EUR/USD - o Forex e a meteorologia

por djovarius » 3/5/2004 0:50

Saudações especiais a todos os amigos, uma boa semana e mês, bons negócios sempre.

A semana que passou mostrou-nos já a dificuldade pela qual passa o USD para manter as subidas. Esta semana vamos falar do porquê, das situações que concorrem para essa situação. Como tínhamos afirmado, não haveria qualquer garantia de que se tratava do fim deste pequeno ciclo favorável, mas o espaço favorável ao dólar começava a ficar esgotado, após cerca de três meses de um ciclo contra a tendência dominante desde há mais de dois anos.
Como sabemos, os mercados não trabalham com eventos do passado ou do presente. Trabalham com percepções sobre o futuro, quer se trate de 10 semanas ou de 10 meses ou outro prazo qualquer. Um futuro mais ou menos próximo. Como não se pode prever o futuro ou como a evolução das expectativas sobre o mesmo está permanentemente em mutação, os mercados ajustam-se sempre consoante essa evolução. O Forex não só não é diferente dos restantes mercados, como é, por excelência, um mercado dependente de expectativas relativas a vários factores, cujo peso relativo também sofre alterações, aumentando o grau de dificuldade da previsão.
Não é de admirar, pois, a comparação que se faz entre o mercado cambial e o boletim meteorológico. Em ambos já é possível traçar uma previsão coerente, com base em observações do passado ao presente, correntes e tendências dominantes. Mas em ambos, apesar de ser possível um grau de acerto total ou parcial de uma previsão, ainda nos oferecem surpresas. A outra semelhança vem do timing. Quantas vezes a previsão de chuva é anunciada para uma segunda-feira, acabando por chegar logo antes, estragando o fim de semana!!??
Do mesmo modo, é possível prever para os próximos tempos “chuva” no forex. Quando chegará, ainda não se sabe ao certo, mas por via das dúvidas, devemos proteger-nos. Esta chuva de que falamos, nada mais é do que uma certa volatilidade desconcertante. Não a dos “daytraders”, essa é bem recebida, mas a que afecta quem toma posições mais consistentes. O tal yo-yo ou um zig-zig. Já os nossos amigos Chineses alertavam para o ano do macaco. Um ano de grandes movimentos nos mercados. A avaliar pelos últimos, 1992 e 1980, no que diz respeito ao Forex, acertaram e bem. Muito movimento sem uma tendência dominante nesses anos, pautando apenas a tendência dos tempos que se seguiriam.

A questão que se coloca é: o que vai levar a tais mexidas, depois de movimentos tão claros? O que é que mudou ou estará ainda a mudar?
Não que existissem grandes mudanças, apenas algum do “smart money” está, de momento, a “desavalancar” posições nos principais mercados. É uma mistura de sentimentos, sim, mas sobretudo de sentido de preservação dos lucros. Após 18 meses de ganhos “longos”, é especialmente prudente tirar lucros da mesa, especialmente para quem tem posições alavancadas. A Reserva Federal dos EUA alimentou esse jogo. Aliás, alimenta-o desde 1998. Após a crise Russa e a “debacle” da LTCM, o FED assustou-se com a possibilidade de desordem e caos nos mercados financeiros fruto de uma possível falta de liquidez, devido a rápidas desvalorizações de activos financeiros. Desde meados desse ano, a liquidez medida pelos agregados monetários clássicos aumentava. Estava em ebulição a bolha do crédito. Criava-se um ambiente favorável ao dinheiro barato e à especulação. Ao mesmo, crescia o investimento em capacidade produtiva. As Economias prometiam um novo milénio de pujança e facilidade para todos. O Nasdaq era levado ao delírio. O FED julgava-se agora capaz de enfrentar crises financeiras fora de portas. Era só evitar a deflação e manter o crescimento do crédito. Mas ao mesmo tempo, assustado com as proporções do “monstro”, decidiu elevar os juros básicos até à Primavera de 2000. Não foi o FED que provocou a recessão que se seguiria. Ela era inevitável após um forte ciclo de crescimento e de excessos a vários níveis. Quando o FED inverteu o jogo, em 2001, era tarde demais – é o que se chama andar “atrás da curva”, ou seja, desfasado com os eventos. Começava o perigo da deflação: ela já tinha tomado conta das Bolsas e da maioria dos mercados financeiros. O USD ainda estava forte. Era ainda um refugio, não no sentido do risco, mas no sentido em que é melhor ter “cash” disponível para o próximo período de compras. Foi o que aconteceu em Outubro de 2002. Os operadores viam o FED aumentar a liquidez enquanto baixava os juros para níveis inimagináveis. Estava pronto o “palco” para uma nova inflação dos activos. Neste caso, manter o USD era um péssimo negócio. O resto da história, todos sabemos. Compensou estar longo em praticamente todos os activos de todos os mercados do planeta. Compensou amplamente estar curto em dólares norte-americanos. Com dinheiro tão barato e a promessa “oficiosa” de assim continuar, a especulação voraz achou por bem alavancar investimentos, sobretudo nos mercados de renda fixa, dívida pública ou mesmo a de alta risco.
Para o Forex, as implicações passaram por uma fuga ao dólar. Afinal, para investir na Europa é preciso comprar Euro, não é verdade? O mesmo se aplica aos mercados emergentes. Ou nem é preciso investir em nenhum outro activo. Para um detentor de USD, basta abrir posições noutras moedas e gozar o diferencial dos juros, não é verdade, senhor oráculo Buffett ? Aqui, vale uma referência ao que ele disse este fim de semana, afirmando que reforçou as suas posições curtas na moeda americana. Estas são as notícias que podem levar alguma confusão. Ele não está a sugerir que se venda dólares agora, como muitos farão devido a estas notícias. Ele disse o que fez, mas não disse QUANDO fez. Afinal, para ele, investidor de longo prazo, este investimento surge na convicção de que o USD iria cair ao longo dos anos seguintes. Uma antecipação às multidões que lhe valeu fortunas. Se começou a investir em 2002, como afirmou um dia, é de crer que qualquer subida significativa do USD tenha sido aproveitada para aumentar a sua exposição. Um dia, ele vai considerar o dólar novamente barato. Nesse dia, ele venderá aquilo que comprou. Mas nós só saberemos disso muito depois.

Voltando ao nosso tema: com a comunidade especulativa toda de acordo e do mesmo lado do mercado, haverá sempre quem pense, e bem, que tal é inviável. Nesse caso, mesmo sem haver qualquer pressa para reduzir posições, há quem espere apenas a ignição necessária para fazê-lo.
Ora, esta premissa de que vamos voltar a um ciclo altista de juros nos EUA, foi suficiente para, desde Janeiro/Fevereiro, levar a um corte de posições longas. Finalmente, os tubarões deixaram de estar todos do mesmo lado dos mercados.
Uns, continuam a aproveitar quedas para comprar e compor as suas posições. Estes defendem que o “carry trade” não vai acabar. Para eles, o FED quer evitar a todo custo deflação dos activos. Mais, não quer comprometer a boa recuperação económica que está aí. Para o FED, o crescimento potencial dos EUA situa-se agora acima dos 4% ao ano, graças aos ganhos da produtividade e à grande quantidade de capacidade instalada, herança dos anos noventa. Além disso, há todo um excesso de crédito, público e privado, que poderia entrar em descalabro se os juros voltassem a níveis reais neutros (agora estão negativos). O FED, de acordo com esta corrente pensamento, vai aumentar os juros lentamente e de uma forma ténue, sempre “atrás da curva”, o que é propositado, servindo o objectivo do crescimento e do emprego. Para tal, há que manter a liquidez a níveis elevados, esperando que a Economia se mantenha aquecida e que o crédito continue a crescer. Para estes investidores/especuladores, o USD voltará a cair, enquanto os activos mais procurados no quadro de uma recuperação global retomarão a sua tendência natural de alta. A Economia não vai “explodir” em alta, mas vai manter-se em grande forma na maioria das regiões do Planeta.
Outros são claramente mais conservadores. Por essa razão, estão a reduzir posições mais alavancadas e especulativas, vendendo agora as divisas “high-yield”, ao mesmo tempo que vão saindo da renda fixa e variável. Estão ainda a vender as “commodities” mais valorizadas ao longo dos últimos 18 meses (excepto o petróleo, mas valha a verdade, não há razão nenhuma para “shortar” o crude). Foram estes que levaram à recente valorização do USD. É o caso clássico do regresso do dinheiro a casa. E esse regresso começa sempre diminuindo posições nos mercados de maior risco. Por isso, Bovespas, Reais e outros que tais, estão altamente pressionados em baixa, situação que vem desde Janeiro.
Estes tubarões acreditam que o novo ciclo de aperto que o FED vai levar a cabo, será o suficiente para lhes causar prejuízos. A acreditar na actual curva de rendimentos, a renda fixa está em apuros. Mas não só. Apesar de uma Economia em óptima recuperação, as empresas norte-americanas não vão conseguir manter os actuais níveis de crescimento de lucros, os quais já estão descontados pelo mercado. Nesse caso, muitos também trocaram futuros S&P por “cash”. Por osmose, todos os mercados congéneres sofrem, permitindo o regresso a casa de mais liquidez. Finalmente, deram atenção à China, que parece agora desejar um lento arrefecimento da sua espantosa Economia. Aqui, sentir-se-ia uma diminuição da procura de “commodities”, mais uma razão para guardar parte dos lucros recentes. Mais uma para valorizar o USD, naturalmente.

Como vemos, já há um conflito entre “grandes”. Já começou e poderá acompanhar-nos ao longo dos próximos meses. A volatilidade será a nossa “chuva” inesperada, obrigando-nos a “sair à rua” sempre protegidos e bem preparados.
À margem das correntes de pensamento que vimos acima, há ainda algo que não devemos perder de vista: se a inflação disparar sem que o FED reaja em conformidade, poderá haver um caos nos mercados e um descalabro do USD. Também deverá haver quem trabalhe em cima desta perspectiva, mas ainda não é um cenário minimamente visível...

Para o mercado cambial, à medida que o USD atingiu resistências importantes, após uma interessante recuperação dos mínimos, houve uma perda de espaço para mais subidas, como foi dito na semana passada. Para que não haja confusões, há que referir que o USD ainda poderá ir mais longe, mas o interesse vendedor voltou, o que significa mais dificuldades para a divisa norte-americana nos próximos tempos. É um fogo cruzado entre touros e ursos. Afinal, não é disso mesmo que se faz o mercado ?

Esta semana será marcada pelo confronto das correntes de que falámos acima, mas com bias ligeiramente negativo para o USD, pelo menos assim se apresenta a “meteorologia” do Forex. Temos o FED no dia 4 a avisar-nos do que aí vem e na sexta-feira mais dados do desemprego nos EUA. Desta vez é bom que não seja só crescimento à conta do trabalho temporário, caso contrário o mercado pode mesmo mandar o USD às urtigas...
A propósito, esta segunda-feira alguns mercados como o de Londres compensam o feriado do 1 de Maio, pelo facto de ter sido um sábado. Sempre diminui o volume e o interesse do Forex...
Quanto aos gráficos, se é verdade que o semanal mostra a evidência da tendência pró-USD, o diário já nos dá uma ideia da possível inversão. Também do ponto de vista técnica, há um fogo cruzado. Se o Euro voltar a subir a subir esta semana, fica em boa situação técnica, caso contrário, não terá muito suporte no futuro próximo. Mas ainda há a favor do Euro aquela barreira na MME 250 dias !!

E o nosso ciclo semanal normal fica em:
1.18 - 1.2170, sendo o ponto pivot 1.2050
O ciclo alargado está em:
1.1750 - 1.2220 (mais volátil)

Atenção a esta pequena actualização,

Resistências: 1.2010 / 1.2050 / 1.2080 / 1.2130 / 1.2170 / 1.22 / 1.2220
Suportes: 1.1960 / 1.1930 / 1.19 / 1.1850 / 1.1820 (MME 250) / 1.18 / 1.1760-50

Quanto às posições abertas do Euro no IMM, contratos de futuros em Chicago, temos aqui um quase empate que suporta a teoria das duas correntes distintas de pensamento.

Longos / Curtos
Large Speculators 16% 11%
Small Speculators 35% 32%
Industry Hedgers 49% 57%



E ficamos assim, tudo de bom para todos

Um grande abraço

djovarius
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