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Caldeirão da Bolsa

A vida de Enno! (mais um artigo genial do jumento)

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Discussão interessante, esta...

por Pirata da Bolsa » 29/2/2004 4:30

Em primeiro lugar quero explicar porque só li este tópico hoje, sábado à noite, e a razão é esta: porque estive a trabalhar que nem um cão nos outros dias, e quando estou a trabalhar não tenho tempo livre para escrever nos fóruns, ao contrário de alguns... :mrgreen:
Em segundo lugar, eu percebo os dois lados da questão, talvez porque viva esse conflito. Sou um escravo dos tempos modernos, sei que sou, mas faço o que gosto. Foi o que escolhi para mim, embora preferisse fazê-lo noutro país. Sou mal pago, muito mal pago comparado com um qualquer cidadão com uma função semelhante na mesma empresa, num outro país comparável. Em suma, sinto-me discriminado por ser português, caso não o fosse ganhava fácilmente o triplo, com uma carga fiscal de certeza mais favorável, um sistema de protecção social credível e um custo de vida semelhante.
Passei 1/3 da minha vida a estudar e os outros 2/3 vou passar a trabalhar se tudo correr bem, se o coração aguentar as 4/5 horas de sono diárias, a quantidade de cafés e de maços de tabaco. Por vezes penso se valerá a pena e ainda não fui capaz de dar uma resposta. Acho que ninguém, que viva isto na pele (e não são poucos nos dias que correm) sabe dar uma resposta. É fácil para quem está de fora falar. Também ja fui trader por conta própria, sei o que é não ter responsabilidades, poder dizer: "hoje não negoceio mais" e simplesmente desligar tudo e sair sem ter que dar satisfações. Não tem nada a ver, acreditem.
Da Mckinsey não posso falar, mas posso falar das principais concorrentes. Tanto em consultoras, como em auditoras o máximo que estão a pagar aos novos recrutas são 1100€ líquidos. Esses valores de 2500€ parecem-me desajustados da realidade, como é óbvio, no entanto posso tentar tirar isso a limpo.
Essa história dos MBA também está desactualizada, hoje em dia são incentivados, desde que não interfiram com o desempenho profissional... (ou seja trabalhar as mesmas 10-12H no mínimo) :mrgreen: e não é qualquer um que vai para o INSEAD, viver às custas da Mckinsey. NO WAY!!
 
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comentário

por jotabil » 27/2/2004 11:48

Cara Parreca

É que já nem se discute a nossa felicidade possível.....já fizeram que apenas discutamos o instrumento de tortura...se tem mais ou menos nós para magoar.
Então esse MBA.....deve ser requintado de "estratégias" e reengenharias...cheio de equações áridas e pró competitividade. Deus meu!..Até a sigla impressiona de exclusividade.... e no entanto se olhares bem para os teus meninos....verás a tua ternura encher-se de contentamento quando eles percebem a demora meiga do teu gesto doce...
mas tens de deixá-los no infantário ou no jardim escola e perderás esses momentos. São os direitos da criança que os homens da corrente de oiro inventaram para calar a tua consciência. Tens de sair dessa letargia....todos os dias te enfiam um copo de adormecente...através dos jornais ...livros... ou televisão....para aceitares a normas com que eles vão construindo a tua mente....e o seu império.
Como diria Aquilino....:-Tem-te nas gâmbias mulher, perante essa corja de bigorrilhas.....e pensa um pouco nessa coisata.
Um beijinho de muita consideração.


cumps.
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por Pata-Hari » 27/2/2004 10:51

Ai, eu tinha jurado que não dizia mais nada, mas não resisto :oops: :oops: , perdãooooo!

A carreira da mckinsey passa pelo MBA, ou seja, entra-se e ao fim de dois anos quem quer continuar ma empresa, a progressão passa por se fazer o MBA (que é pago por eles). Quem nãoé admitido nos programas de MBA deixa portanto de ter lugar na empresa. Os MBAs são normalmente de dois anos, apesar da mckinsey estar cheissima de gente que opta por tirar apenas um ano e fazer o MBA no INSEAD (que é umas das fontes comparativamente importantes de alunos e um dos maiores "recrutadores" da mesma escola). Além do mais o MBA num ano está a tornar-se mais e mais comum nas universidades americanas.

É visto como um investimento necessário na formação acad+emica dos consultores, só isso.

Por curiosidade, já agora, o MBA é pago por eles e o beneficiário compromete-se a voltar á empresa durante um periodo de X tempo após o MBA (para rentabilizar à empresa o investimento feito) ou a devolver o dinheiro investido, já que é comum outras empresas tentarem recrutar os consultores e estarem portanto dispostas a cobrir os custos dispendidos pela mckinsey na formação das pessoas em causa.
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só uma nota

por Visitante » 27/2/2004 10:51

aquilo que começou por ser uma reflexão sobre o rumo da sociedade moderna, a busca interminável pelo melhor da vida através do trabalho e que no final se revela ser apenas isso: a Busca e nunca o atingir da tão famigerada qualidade de vida! Transformou-se numa discussão sobre isso mesmo - quem é o melhor!

Não quero entrar nessa discussão e felizmente que uma coisa ainda nos distingue desses tempos da revolução industrial - a possibilidade de cada um exprimir a sua opinião, mesmo que isso nos torne membros dum grupo minoritário. Contudo há algo que deve ser dito e esclarecido : os advogados não têm estágio remunerado, nem nunca tiveram! pelo menos da parte dos patronos, não existe qualquer obrigação legal ou estatutária que obrigue a isso, apesar de existirem casos raros de remuneração.

A única remuneração que os estagiários podem aspirar é a dos patrocinios oficiosos, cujos honorários há uns tempos atrás eram ainda mais vergonhosos e tardios que hoje ( garanto que bem inferiores a qualquer empregada doméstica).

É o preço do inicio da carreira? Pois é verdade, mas a questão será: e por quanto tempo é considerado inicio de carreira?

E não é porque acordam tarde em Portugal ou porque trabalham menos do que nos outros países, garanto-vos, como dizia o outro senhor: o tempo das vacas gordas já acabaram há muito tempo!

Claro que em tempo de vacas magras há quem se alimente bem, mas são excepções! Não porque são mais inteligentes, trabalhadores, mas porque tiveram oportunidades que não foram dadas a outros.

Não duvido da inteligência dos senhores consultores como o aqui mencionado a título de exemplo, mas o que não me parece correcto é desvalorizar a inteligência de qualquer operário fabril só porque não tem um MBA. Muitas vezes é isso mesmo: uma questão de falta de oportunidade de poder prosseguir nos estudos.

De todo o modo,não são só os executivos de carreira que se sentem realizados e retiram prazer no desempenho da sua actividade profissional, por incrível que possa parecer há quem faça a opção de se realizar numa profissão com uma remuneração inferior e menos "protagonismo".

O que seria ideal era cada um se sentir realizado na sua profissão já que todos temos que trabalhar, mas isso não invalida que se descure dos restantes prazeres da vida e se reflicta sobre a verdadeira razão pela qual nos batemos por uma posição profissional melhor, não é verdade?

Trabalhar doze horas diárias, seja qual for a profissão é sempre escravidão, independentemente de ser uma escravidão voluntária ou não, com patrão ou não!

Aproveitando o facto de estarmos num fórum sobre mercados financeiros e frequentado por pequenos investidores, relembro uma questão aqui debatida no incio do caldeirão: se investiam pelo dinheiro ou pelo prazer, se no conseguissem o dinheiro duma forma mais fácil e menos dolorosa, abandonavam os mercados financeiros.

As respostas são equivalentes a este tópico: havia quem dissesse que largava os mercados e ia gozar os prazeres da vida, mas também haviam aqueles que assumiam o bichinho, o "vicio" deste ambiente, deste stress e tendo consciência de que estavam a sacrificar outros aspectos da vida, não iriam nunca abandonar este ambiente de mercados financeiros onde só os melhores vencem as guerras, mas onde também perdem batalhas!

Ainda bem que existem diferenças, mas isso não nos impede de reflectir~sobre as nossas opções não é verdade?

Bemmm e eu que dizia não pretender opinar, fará se tivesse intenções disso mesmo :roll:
beijinhos
didi
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por Bicho » 27/2/2004 10:39

Lá atrás, apesar de não estar registado, fui eu que deixei o valor de 2500eur.
Só voltei a este tópico para que fique claro que o valor é líquido e não bruto e que foi o valor pago no período de estágio.
Para além disso, após três anos na empresa um dos meus colegas de universidade foi dar uma volta ao mundo que durou quatro meses e, finda essa viagem, entrou para o MBA. Sei que se trabalha muito, mas que outra empresa abdica de um trabalhador durante 2 anos e meio?

Um abraço
Existe um mundo melhor... mas é caríssimo!
 
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Ainda bem que cada um à sua maneira consegue ser feliz

por Blog O Jumento » 27/2/2004 2:24

Quando passei pela tropa encontrei um modelo que assntava no seguinte: ou levas tu, e quando estiveres por cima és tu a bateres nos outros.

Concordam com essa lógica? Tudo bem, eu já passei essa fase e já estou tranquilamente instalado na minha carreira.

Mas preocupa-me que seja a regra nesta sociedade. E não é uma questão de esquerda e de direita; é distinção que aprendi a não fazer, prefiro valores humanos e éticos a falsas fronteiras.

Construimos uma empresa e damos os litro pelo sucesso? Aderimos a um projecto e damos tudo partilhando dos benefícios do sucesso? Trabalhamos harduamente numa empresa com know how e adquirimos esse conhecimento que nos vão ser úteis? Que o trablaho seja premiado com o financiamento de um MBA?

Concordo com tudo isso, e nada do que foi escrito denuncia o contrário. Esquerda versos direita? Não é fronteira que me impeça de circular, prefiro distinguir os outros pelos seus valores humanos, éticos e culturais.

Mas investiguem um pouco para saber se os nossos advogados instalados na praça (que já publicam anúncios à procura de estagiários) começaram a carreira a ganhar muito menos que uma empregada doméstica. Perguntem aos Arquitectos instalados se foram sujeitos a intermináveis horas de escravatura até terem uma oportunidade; perguntem-lhes se os seus antigos empregadores ou patronos partilhavam dos princípios éticos que eles agora praticam.

Perguntem aos prfessores catedráticos de gestão como foi o seu início de carreira.

O que eu penso e critíco e me desculpem se não me fiz entender, é que estamos a entrar numa espiral de competitividade sem limites, em que para muitos o indivíduo não conta.

O jovem licenciado está a ser tratado como nunca foi, nem eu que acabei um curso no pior dos anos da economia portuguesa. Não foi a minha opção, e digo opção por as melhores notas de curso nalgumas das cadeiras mais importantes permitiam-me optar, mas alguns dos meus colegas são hoje quadro de topo do sistema bancário e, garanto-vos, não passaram por metade do que estou a assistir.

Estes são os meus valores, são os valores que estão subjacentes às minhas opiniões, e por aqui me fico.
Um abraço a todos.


Meu caro Ming
Quanto aos números talvez a divergência esteja entre bruto e líquido; note que este país é pequeno e ao fim de alguns anos de circulação nalguns meios conhecemos vários ministros das Finanças, vários administradores da banca e até os responsáveis pelo sucesso de alguns MBAs. E por aqui fico, não inventei nenhum número.
Blog O Jumento
 

por Pata-Hari » 27/2/2004 0:44

Estou mesmo de saída (ou entrada) para a minha caminha.. mas não resisto a dizer só uma coisinha de nada. Estás enganado e escolheste um bom exemplo. O Engenheiro Belmiro de Azevedo não hesita ir ajudar a esposa na farmácia da qual é dona, na noite de natal em que lhe calha o turno da noite a ela e em que ela NÂO meteu nenhuma empregada a trabalhar. Ou seja, eu por acaso nunca tive o prazer de ir comprar xarope ao sr engenheiro, mas não deixo de achar um espantoso exemplo de humanidade, de realidade e de saber estar.

Jinhos e até amanhã!
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comentário

por jotabil » 27/2/2004 0:38

Cara Marrequinha

Nunca te tinha visto tão....transposta para a ira.....!!!!!.Deves ser de "trêta com bêta"!!.
De facto...estamos em presença de uma discussão de trabalhadores sob o mando dos liberais. Essas seitas gordas e cinzentas que ninguém sabe onde moram....ou cujos caminhos não se cruzam com os nossos. Já algum dia pensaste ir ao mesmo supermercado de onde gasta a belmiro de Azevêdo?...Alguma vez terás a oportunidade de cumprimentar o Champalimaud que está de carrinho de compras à tua frente na caixa do hiper que serve o teu bairro?....Óh eras!!!!!.
Pois....meras discussões de trabalhadores....eles que se ajeitem e que se deixem de arruaças....senão sairão as forças da ordem....para manter a democracia.
Sabes .....a revolução francesa.....proclamava como paradigmas.....a liberdade ...a igualdade...e a fraternidade......a coisa soa bem......mas no real os que os negociantes da altura desejavam, os chamados burgueses....era só ...pura e simplesmente disciplinar o rei....i.e....evitar de algum modo que o rei no seu comportamento imprevisível e caprichoso ...fizesse guerras indesejáveis que os sufocariam de impostos e lhes davam cabo das suas mercantis empresas. Era esse unicamente o fito da revolução. Claro que a legenda referida que ainda hoje emoldura a rapariga libertadora ...era somente a propaganda. Como Vês marrequinha..nem tudo o que é anunciado vale como tal....é apenas um sofisma.
Como deves saber.....e academicamente se afirma....o jogo político entre instituições de un estado....só começa a ter lugar, fundamentalmente, e no ocidente, após a revolução francesa. De facto a esquerda e direita que polemizou aquela gente.....penso ter hoje outro enquadramento. Julgo que hoje é uma luta acirrada entre; de um lado o estado liberal...que apenas garante o livre exercício do mercado entendido este como a real determinante da vida do homem actual....e do outro lado extremo. o estado absoluto a quem tudo obedece.
São estes os polos actuais. Claro que quem vence é este caos liberal....tão liberal que o homem tem já o mercado e os seus postulados....como leis naturais Tanto no seu entendimento como na sua lógica de vida.
E é disto que eu tenho muito receio....porque antevejo nesta discussão...que julgo útil....manifestações da cegueira que os homens da corrente de oiro, há muito tempo já.....tiveram como objectivo....no seu planeamento desalmado para afastarem o homem da sua humanidade e o tornarem um simples bicho de aviário....tonto e condicionado no seu caminho programado.
Ao mandares os teus pequenotes para o infantário...o que fazes tu como mâe?... Sabes! Até tens uma voz mais meiga.....para não magoares os tímpanos dos teus filhos.....tens seios para adormecer os encantos das turras.....nem sequer fazes a barba para que os putos não se piquem ...quando aflitos...vão descobrindo os mistérios simples da vida e se te acolhem à tua ternura.
Somos de aviário marrequinha.....é se calhar o que o jumento queria dizer na sua verve.
Mas eu não desejava alimentar esta fogueira....creio que é útil...porém.

cumps.
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por MozHawk » 27/2/2004 0:24

Eu estava para não intervir neste tópico mas, na realidade, não resisto.

O que me parece é que se está a centralizar as atenções em algo de concreto, fugindo bastante ao retrato global que o jumento pretendeu transmitir. Para além da defesa da honra, com todo o direito, de quem se sentiu ofendido por ter sido utilizada a McKinsey e nomes de pessoas. Mas também nas respostas foram ditas coisas (igualmente) chocantes.

Independentemente de ter adoptado para mim um horário de trabalho actual de 12 a 14h diárias, porque sou solteiro, porque não tenho filhos e estou afastado da família e dos amigos, e porque me está a dar um gozo danado o que estou a fazer isso não implica que fique insensível a determinadas realidades da vida. E sou obrigado a concordar com o jumento em várias questões.

Da experiência que tenho, embora longe de organizações tão sofisticadas como a McKinsey mas habituado a lidar com pessoas, sempre me dei bem ao deixar o funcionário levar o filho ao hospital porque teve que amputar um dedo do pé, ou o filho que estava a morrer com uma anemia aguda, ou mesmo estar com a mulher que abortou naturalmente já no hospital, fez uma raspagem e precisava de uma transfusão de sangue. Aliás, muito menos me custou não só dar-lhe a dispensa como dar-lhe do meu bolso USD 50,00 para comprar o sangue para a esposa. Sempre que tive pessoas à minha responsabilidade, sempre me dei bem em acabar com os regimes de semi-escravatura dando-lhes condições de trabalho, organizando o trabalho, obrigando ao cumprimento do horário de trabalho e à consciencialização das responsabilidades obtendo com isso elevados ganhos de produtividade. A mim, enquanto gestor, sempre me preocuparam as pessoas para além do trabalhador.

Quanto ao resto que estamos num regime de semi-escravatura, não tenhamos qualquer dúvida. Só quem vive noutra constelação é que pode acreditar que as coisas não são mesmo assim. Há uma total subversão dos valores. Claro que cada um vive como quer e toma as opções que toma, mas que muita gente é "forçada" a ser a melhor e ser o mais bem sucedido possível custe o que custar é uma realidade...A não ser que a realidade dos que me são mais próximos seja uma excepção à regra, o que também é perfeitamente possível. Mas ainda não perceberam porque é que surgiram os movimentos anti-globalização, independentemente das utilizações que são feitas?

Não é por isso de estranhar os cada vez mais frequentes ataques cardíacos entre malta mais jovem, os esgotamentos, as depressões, o crescimento exponencial de ansiolíticos e anti-depressivos em Portugal, a fragilidade e inconsistência das relações, enfim o vazio cada vez maior da verdadeira legião de "escravos" que, independentemente do gozo que lhes dá o sucesso no trabalho, os verdadeiros valores da vida pouco ou nada têm a ver com o que é(era) a nossa herança civilizacional (discurso conservador?). Então e o tempo para os filhos? para a mulher/marido? para as coisas que se gostam de fazer e para as quais nunca mais se teve tempo? em que a casa foi transferida do local onde as pessoas vivem para o escritório? em que o eu é muito mais importante do que o próximo? Mas melhor do que o que eu possa dizer estarão, sem dúvida, estudos sociológicos que diagnosticam muitos dos males da(s) nossa(s) sociedade(s) contemporânea(s).

Claro que muitas pessoas fazem as coisas porque lhes dá gozo e porque vão ser muito bem pagas (€2500,00 líquidos ou ilíquidos? lol) ou porque estão numa situação precária e depois da fase da descoberta, do encanto e do sucesso nos projectos, enfim da pujança de quem é novo e quer mostrar que é um craque e bom no que sabe fazer, inevitavelmente haverá uma quebra. Ou todos acham que vão ter um lugar ao sol depois de 20 anos a bulir a sério? A estrutura é piramidal não é rectangular...Mas sonhar não é, de facto, proibido. E o mundo está cheio dos muitos frustrados que se viram ultrapassados e foram ficando porque apesar de serem bons há os que são muito melhores, lol, e dos que têm sucesso (sucesso?) profissional e a vida vai passando por eles sempre com aquele sorriso do Enno. Afinal, são os melhores. Que razões teriam para chorar?

Mas no fundo, cada qual sabe de si. Há quem ache mais importante a carreira e o trabalho como forma de realização pessoal e material. E há quem ache que há coisas mais importantes do que uma vida inteira nessas condições e que por muito que uma pessoa se realize e ganhe €€€€ nunca serão suficientes para cobrir o que se perdeu e não tem valor. Realmente, não é para todos.

Um abraço,

MozHawk
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Das 23 às 24

por Bolsa72 » 26/2/2004 23:51

Que cada um trilhe o seu melhor caminho!

O que é que voçês gostariam de fazer das 23:00 às 24:00. ;-)
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por Pata-Hari » 26/2/2004 23:43

É o que fazem muitos deles, establecem-se por conta própria. Mas isso é possivel pela carreira que criaram. E não tenhamos ilusões, o que cobra a mckinsey tem muito a ver com o selo de qualidade que a marca tem. E como empresário deve perceber certamente todas as escolhas de investimentos e entender a diferença entre retorno potencial e futuro e investimentos actuais.
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todos os dias?

por Bolsa72 » 26/2/2004 23:38

Pata-Hari Escreveu:"PS. Qual é o objectivo do artigo do tal Enno? Gabar-se? Colectar empatia? Ou simplesmente tornar público a sua escravidão?". O artigo foi retirado de um site de uma empresa que tenta apresentar a potenciais empregados como é a vida na empresa ao nível dele. Só isso. Tenta mostrar a parte melhor e a menos boa da coisa.


Pata!
Mas é isto todos os dias? Porque em todos os empregos há bons e maus aspectos e também há dias de maior ou menor dedicação e esforço! Todos sabem o que lhes espera!
Esse tal de Enno que venha para Portugal, estabeleça-se por conta própria é vai ver que começa a receber os 95% e não os 5% que está habituado.
Bolsa72
 

por Ming » 26/2/2004 23:36

Noto com um certo desconforto que o jumento não respondeu a nenhuma das minhas questões (que no entanto até estavam numeradas... :? ).
Mas tudo bem, pode não ter gostado do tom em que as escreví, e deve ter ficado melindrado... :roll:

Já agora acrescento só algumas notas adicionais:
Jumento:
Já te disseram que a empresa em causa começava por pagar 2500 euros/mes. Porque é que tentas fazer as contas a partir de 1500?
E para o "pobre diabo" (na tua perspectiva) que usaste como exemplo: O despertador no dia seguinte era para as 7:00, não para as 6:00.
Quanto aos jovens advogados & arquitectos: Tem de começar por aprender alguma coisa prática, antes de (mais tarde) poderem cobrar as tais exorbitâncias de que falas, não?
Quanto ao filho doente: Pois é. É o ponto de vista do pai/sindicalista. É claro que nunca te conseguirias colocar no ponto de vista da empresa que fica de surpresa sem uma pessoa que podia estar a realizar uma tarefa chave (da qual pode, por exemplo, depender o trabalho de muitas outras pessoas). Nem sequer podes imaginar que há empregos em que se tem de facto responsabilidades e há trabalhos que tem de ser feitos dentro de prazos... (Já ouviste falar de contratos sem serem os de trabalho?)

Esquerda/direita:
Infelizmente, na medida em que isso corresponde um pouco à dialética cigarra/formiga, a questão não pode ser simplesmente considerada ultrapassada...
Earthlings? Bah!
 
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por Asno » 26/2/2004 23:35

São giras as contas do ordenado de servente de pedreiro. Deveriamos fazer as mesmas contas aos ordenados de funcionarios publicos para saber se merecem ou não aumentos e se estão a se ser bem ou mal pagos.
Asno
 

por Pata-Hari » 26/2/2004 23:25

"PS. Qual é o objectivo do artigo do tal Enno? Gabar-se? Colectar empatia? Ou simplesmente tornar público a sua escravidão?". O artigo foi retirado de um site de uma empresa que tenta apresentar a potenciais empregados como é a vida na empresa ao nível dele. Só isso. Tenta mostrar a parte melhor e a menos boa da coisa.
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por Pata-Hari » 26/2/2004 23:22

Bem, isto vai ter que ir por partes para eu não me perder. Antes de mais devo dizer que odeio discussões infinitas que pelo tamanho deixam de ter qualquer interesse... mas penso que ainda devo responder ao post do jumento.

Vamos lá por partes para não se prederem coisas nem retirar do contexto o que foi escrito.

“Antes de mais no post não está em causa esta ou aquela pessoa, ou esta ou aquela empresa, nem a sua dedicação profissional, nem a sua competência técnica.” Naturalmente, mas os exemplos foram extremamente mal escolhidos para apoiar a teoria que tentaste apresentar porque simplesmente não eram aplicáveis. Que me digas que as empregadas fabris que trabalham horas a mais são exploradas é totalmente diferente de me dizeres que um profissional que está a fazer o melhor investimento possível na sua carreira está a ser explorado.

“Se um nome foi utilizado, tal foi feito a título de exemplo e apenas porque foi exposto como exemplo numa página da NET. A fotografia que está no Blog não foi inventada, e não foi utilizada para ofender;” Claro que não, isso era bem claro e ninguém disse o contrário.

“o que se abordou foi uma situação, de forma generalizada.” Exacto, tão generalizada que caiu em erros tais que desviam a atenção daquilo que afinal parecia querer dizer.


”Quanto ao António Borges é uma personalidade pública que intervém politicamente e, enquanto tal, pode ser avaliada; tem um currículo fabuloso, eu sei, mas nas nossa democracia os políticos não se elegem por avaliação curricular. E se enquanto economista António Borges merece a minha admiração como político sujeita-se à crítica pública, desde que não ofensiva, como foi o caso. “ Mas o que eu disse foi que não entendi qual era a critica e foi isso mesmo que questionei. Qual era a critica? Que ele afirmasse que era admirável trabalhar-se, lol?


”Quanto a esquecer a diferença entre consultores financeiros e bancos é uma gralha que a minha estimada Pata-hari não deve utilizar; “ porque não...? é uma gralha grave de quem se vai permitir fazer juízos de valores e das escolhas destas pessoas.


“a minha quarta classe é suficiente para distinguir.” Distinguir, admito, mas lá que lhe faltam dados no seu texto... faltam.

“Como estava a falar das condições em que trabalha quem entra nestas empresas considerei-as concorrentes no sentido em que procuram recrutar os melhores quadros à saída das universidades, ou melhor, ainda antes com a oferta de estágios no fim do penúltimo ano do curso ou, excepcionalmente, ainda antes. “ Pode até ter sido a ideia... mas certamente não é o que foi escrito e não se entende como foi ligar a mckinsey ao António Borges.


”Sobre se o senhor Enno tem 2, 5 ou 10 anos de empresa é irrelevante, não era essa a preocupação. Basta ler o texto com atenção”. É extremamente relevante e suficiente para anular o seu argumento. O Sr. Enno, se olhar para o site em questão de onde retirou a fotografia, está numa fase da carreira dentro da firma em que há muito sabe exactamente como funciona, o que dói, os custos e os benefícios. Não é um debutante nem um pobre recém licenciado agarrado nos tentáculos da máfia.


”Alguém fala que a Mckinsey paga muito bem para quem entra; e é verdade, qualquer coisa como 1.500 euros/mês o que a 12 horas de trabalho por dia (240h/mês) dá qualquer coisa como 6,5 euros/hora. Perguntem quanto ganha um servente de pedreiro ou uma empregada doméstica e depois continuamos a discussão, meu caro “Visitante”. “ É também verdade. Mas sabe, nas carreiras (sim, porque passar por uma escola destas é um verdadeiro investimento pessoal, com custos e com benefícios), tal como nos investimentos financeiros, o valor das escolhas não pode ser medido em cash flow imediato e como tal não se pode medir em total-recebido-na-conta-ao-fim-do-mês dividido por número-de-horas-trabalhado. O que parece que ojumento não quer entender é que passar por uma empresa destas é uma das melhores rampas de lançamento e investimento numa carreira que qualquer recém licenciado possa desejar. Aliás, é uma das excelentes rampas e lançamento de que sai dos melhores MBAs do mundo. E sim, de alguns doutorados. São todos pobres inocentes que não sabem escolher e avaliar custos e benefícios?

Quanto ao portuguesismo, os portugueses não fazem a menor ideia do que é fazer trabalho voluntário, ou do que é contribuir financeiramente para projectos que considerem válidos. É uma mentalidade que NÃO existe... é triste, mas é verdade. Já noutros países isso é parte do comportamento normal e desejável de cada um. Português critica e aponta defeitos, continuamente e incessantemente. Isso sim, está bem incutido na mentalidade.

“Retomando o argumento de Pata-hari devo dizer-lhe que já trabalhei muito mais do que uma média de 12 horas dia, e nem sequer me era dado qualquer sonho em troca, ou muito menos currículo. Foi simplesmente o prazer de construir e de cumprir a minha obrigação; ou pensa que a adesão de Portugal à união europeia só deu o trabalho de assinar o papel? “ Meu amigo, então porque critica quem o faz....? acha que o trabalho dos profissionais com doutoramentos como o António Borges e com MBAs (no minimo) do SR enno vale menos que o seu e que não são escolhas menos válidas? O argumento que serve para os criticar serve agora para se defender a si próprio? É que o que lhe estamos a dizer é exactamente isso... que as coisas para serem feitas e bem feitas dão trabalho e que alguém tem que o fazer.

”Que a Mckinsey é uma grande escola não tenho dúvidas, que os que lá trabalham o desejaram, e há muitos mais ansiando uma vaga também é verdade. Quanto ao horário laboral é ilegal, mas não vou por aí; nem sequer vou argumentar que quadros jovens são pagos ao nível do servente de pedreiro. “ Continua a comparar alhos com bugalhos. Se uma empresa gera num ano 1 milhão de contos, não é equivalente a dizer que vale um milhão de contos..... aiai.

”O que eu critico é o abuso na contratação de jovens licenciados em condições abusivas a troca de sonhos e, por vezes, nem isso. É inaceitável a escravidão de jovens arquitectos a trabalhar horas e horas no autocad a troco de meia dúzia de euros, de jovens advogados a ganhar 500 euros por mês, quando os patronos cobram 50 euros por um requerimento vulgar, ou as financeiras, os bancos ou as consultoras a impor regimes laborais que só permite beber um copo de vinho às 23h00 com o despertador para as 6h00. “ Meu amigo, a estrada constrói-se aos poucos... e as coisas começam-se pelo início. “Fazer tarimba” é o equivalente a investir numa carreira. Quem não quer investir e sujeitar-se a isso, candidata-se a funcionário público. Quem quer escolher as melhores opções profissionais que possam abrir o maior número de oportunidades e escolhas profissionais, passa por lá se tiver a escolha.


”O que acontece numa destas empresas se um quadro disser às 5h00 que lhe telefonaram do infantário a dizer que o filho está com 39º de febre? E se no dia seguinte tiver que ficar em casa porque a criança não melhorou? Ou o acontece se tiver uma doença mais grave.

Vão dizer aqui a este humilde ignorante, gandulo e parvo que o partner vai lá a casa levar bombons… “ Meu amigo, é assim em todo lado e na vida... as escolhas têm que ser feitas. E é por isso que a mckinsey é uma escola por onde os poucos escolhidos passam mas por onde poucos ficam muitos anos. Nada é feito sem esforço, sem trabalho e sem sacrifícios pessoais enormes. Dizer o contrário é de quem não sabe o que custa fazer as coisas, é o que infamatoriamente eu poderia dizer que é exactamente aquilo que consideramos como a execrável mentalidade do funcionário publico que nos vem à mente quando pensamos neles.

“Leiam com cuidado antes de criticar. E já agora, têm a certeza de que não sei mesmo nada?” Penso que li com cuidado mais do que suficiente para poder dizer que neste caso sabe mesmo muito pouco.... conseguiu ir escolher os piores exemplos possíveis para justificar a sua tese.


Moral da história... continuo francamente a achar que até se pode vir defender a tese do porbe trabalhador explorado, mas certamente estes não são exemplos. Ah.. e afinal de contas.. qual é o problema do António Borges trabalhar para a Goldaman que (já) não tem escritórios em portugal...? tb era exemplo da exploração laboral a que ele se sujeitou...?
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Espelho meu, espelho meu, quem é mais escravo do que eu?

por Bolsa72 » 26/2/2004 23:21

Gostei do artigo do Jumento!
Não acredito que alguém que conheça os restantes 99.9% da vida possa criticar esta "caricatura verbal"! Respeito a dedicação e competência no trabalho, mas não a "prostituição". Eu gosto muito de trabalhar (conta própria) mas sei que por cada hora desse prazer é subtraído um aperto de mão de um amigo, um carinho de um familiar ou até um desfrutar do orvalho matinal. Tenho a plena consciência que cometo erros atrás de erros quando me alojo nesta cadeira até 2-3 da manhã, para depois cambalear para a cama com a pesada sensação de saudade de uns míseros 3 min. de leitura descontraída (tenho 12 livros em fila de espera, já faz 2 anos)!
A carapuça serviu-me, deu para parar um pouco e reflectir, mas já sei que daqui a 30 min. volto para a "mina".
Sinceramente não estava a espera de reacções tão violentas, o que para mim é um forte indicio que a maioria já estará a atingir o auge da resistência.
Confesso que fiquei triste!

PS. Qual é o objectivo do artigo do tal Enno? Gabar-se? Colectar empatia? Ou simplesmente tornar público a sua escravidão?
Bolsa72
 

por MozHawk » 26/2/2004 23:12

djovarius Escreveu:Então não achas que esta m.... de dialéctica esquerda-direita é uma coisa do passado!!??

Ah pronto, assim já estamos esclarecidos lol.

djovarius Escreveu:As sociedades aspiram por algo diferente do que aquilo a que assistimos hoje, embora ainda não se saiba bem o quê.

Perfeitamente de acordo.

djovarius Escreveu:Ainda veremos neste século, quero acreditar, as sociedades jogarem para o lixo estas políticas em que os Governos não têm sentido de Estado, de humanidade. Enfim, salve-se quem poder.

Eu acredito igualmente piamente nisso. Agora se os dias que virão serão melhores ou não é que não faço a mínima ideia, siceramente...

Um abraço,

MozHawk
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por Visitante » 26/2/2004 22:34

Olá Jumento (esta frase n começa bem... :))

Antes de mais queria dizer que qdo colocas os teus artigos de opinião neste fórum (tal como noutro qquer) te arriscas que a maioria das pessoas n concorde com o que escreves... por isso n deves (mas podes) ficar ofendido com o facto de toda a gente discordar de ti...

Dizes que a Mckinsey é uma escola de sonhos que “abusa” dos jovens que vão para lá... acredito que assim seja... mas tb é verdade que qdo as pessoas saiem de lá arranjam bons empregos e qdo lá estão são bem pagos... e não acredito nessa de 6.5€/hora, pois eles n trabalham todos os dias 12 horas... e mesmo assim... se o emprego for mau tens sempre a hipótese de mudar e ires embora para outra empresa que te dê melhores condições de trabalho...

Agora concordo contigo qdo dizes que há outras profissões, e vou dar o exemplo da minha (bolseiro de doutoramento) pois é a que melhor conheço, em que trabalhas digamos 8 horas por dia, mais umas 10 durante o fim de semana (e estou a fazer as contas por baixo) o que dá 50 horas semanais (mais ou menos 200 horas mensais). Em Portugal acho q o bolseiro ganha 950€ por mês o que dá um salário inferior a 5€/hora... e pior do que isso, a segurança social é má (eu desconto acho q 70€/mês), no fim da bolsa n temos subsídio de desemprego, e no fim ainda temos de defender uma tese (ou seja mostrar produtividade...).

Horário ilegal? J Na maioria das empresas privadas o empregado sai qdo o trabalho está feito... o meu pai só fecha a loja qdo o último cliente sai, o café da minha terra só fecha qdo o último cliente acaba a última cerveja...

mas... e soluções? Eu tenho de te dizer que o que eu menos gosto de ler nas tuas crónicas é a falta de soluções que apresentas para os problemas... gostava que sugerisses soluções para a resolução de um dos problemas que apresentaste (utilização abusiva de jovens licenciados)...

Um abraço
Nunofaustino

P.S. isso da esquerda/direita concordo com o DJ... acho q a dicotomia esquerda/direita está ultrapassada e que é necessário encontrar novas alternativas... até pq ultimamente nem parece haver gds diferenças entre os dois...
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por djovarius » 26/2/2004 22:12

Mozhawk,

Então não achas que esta m.... de dialéctica esquerda-direita é uma coisa do passado!!??

Já vem da Revolução Francesa, a qual é reveladora de grandes ideais para o bem da humanidade, com os quais concordo.
Mas, digam-me: hoje em dia, em que é que a guerra eleitoral esquerda-direita acrescenta à sociedade?

As sociedades aspiram por algo diferente do que aquilo a que assistimos hoje, embora ainda não se saiba bem o quê.

Ainda veremos neste século, quero acreditar, as sociedades jogarem para o lixo estas políticas em que os Governos não têm sentido de Estado, de humanidade. Enfim, salve-se quem poder.

Dias melhores virão. Acredito que sim, quero acreditar.

Quanto à pergunta que me fez o blog:

As minhas aulas eram pagas principescamente à hora, justamente porque assim tem que ser nesse tipo de sistema. Nem eu me sentiria bem a receber sem trabalhar, neste tipo de serviço.
Mas não é selvagem: se uma aula fosse desmarcada pelo aluno menos de 24 horas antes da mesma, eu recebia à mesma.
E não era pouco: em dois dias eu fazia o mesmo que muito trabalhador em um mês inteiro - isso sim, é escravatura semi-fascista !!
Quanto ao pessoal que refere, ninguém os obriga a escolherem a carreira que escolheram. E há muitas mais empresas (isso é tão normal aqui) não tão famosas que utilizam os mesmos métodos e antes de lá entrar, toda a gente sabe bem que vai ser assim !!

Um abraço

djovarius
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
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por Blog O Jumento » 26/2/2004 21:13

Um post do Blog O Jumento, da minha autoria, foi colocado neste fórum e pelos comentários que li, e a que vou tentar dar resposta, sinto-me como alguém que entrou numa mesquita vestido de fato de banho acompanhado da namorada em topless…
De burro a gandulo tudo valeu, mas como para participar num fórum não é necessário fazer um teste ao QI, apresentar currículo académico ou profissional, fico-me por um tudo bem. Mas vamos por partes
Antes de mais no post não está em causa esta ou aquela pessoa, ou esta ou aquela empresa, nem a sua dedicação profissional, nem a sua competência técnica. Se um nome foi utilizado, tal foi feito a título de exemplo e apenas porque foi exposto como exemplo numa página da NET. A fotografia que está no Blog não foi inventada, e não foi utilizada para ofender; o que se abordou foi uma situação, de forma generalizada.
Quanto ao António Borges é uma personalidade pública que intervém politicamente e, enquanto tal, pode ser avaliada; tem um currículo fabuloso, eu sei, mas nas nossa democracia os políticos não se elegem por avaliação curricular. E se enquanto economista António Borges merece a minha admiração como político sujeita-se à crítica pública, desde que não ofensiva, como foi o caso.
Quanto a esquecer a diferença entre consultores financeiros e bancos é uma gralha que a minha estimada Pata-hari não deve utilizar; a minha quarta classe é suficiente para distinguir. Como estava a falar das condições em que trabalha quem entra nestas empresas considerei-as concorrentes no sentido em que procuram recrutar os melhores quadros à saída das universidades, ou melhor, ainda antes com a oferta de estágios no fim do penúltimo ano do curso ou, excepcionalmente, ainda antes.
Sobre se o senhor Enno tem 2, 5 ou 10 anos de empresa é irrelevante, não era essa a preocupação. Basta ler o texto com atenção.
Alguém fala que a Mckinsey paga muito bem para quem entra; e é verdade, qualquer coisa como 1.500 euros/mês o que a 12 horas de trabalho por dia (240h/mês) dá qualquer coisa como 6,5 euros/hora. Perguntem quanto ganha um servente de pedreiro ou uma empregada doméstica e depois continuamos a discussão, meu caro “Visitante”.
Quanto ao portuguesismo no seu piro como classifica o Djovarius, não me importo nada de me fazer passar de José Pereira e concordar plenamente com a história de esquerda-direita, mesmo na Europa em que vivo. Mas diga-me uma coisa: as aulas que dava não era pagas à hora? E como era remunerado pelas restantes horas?
Retomando o argumento de Pata-hari devo dizer-lhe que já trabalhei muito mais do que uma média de 12 horas dia, e nem sequer me era dado qualquer sonho em troca, ou muito menos currículo. Foi simplesmente o prazer de construir e de cumprir a minha obrigação; ou pensa que a adesão de Portugal à união europeia só deu o trabalho de assinar o papel?

Que a Mckinsey é uma grande escola não tenho dúvidas, que os que lá trabalham o desejaram, e há muitos mais ansiando uma vaga também é verdade. Quanto ao horário laboral é ilegal, mas não vou por aí; nem sequer vou argumentar que quadros jovens são pagos ao nível do servente de pedreiro.

O que eu critico é o abuso na contratação de jovens licenciados em condições abusivas a troca de sonhos e, por vezes, nem isso. É inaceitável a escravidão de jovens arquitectos a trabalhar horas e horas no autocad a troco de meia dúzia de euros, de jovens advogados a ganhar 500 euros por mês, quando os patronos cobram 50 euros por um requerimento vulgar, ou as financeiras, os bancos ou as consultoras a impor regimes laborais que só permite beber um copo de vinho às 23h00 com o despertador para as 6h00.

O que acontece numa destas empresas se um quadro disser às 5h00 que lhe telefonaram do infantário a dizer que o filho está com 39º de febre? E se no dia seguinte tiver que ficar em casa porque a criança não melhorou? Ou o acontece se tiver uma doença mais grave.

Vão dizer aqui a este humilde ignorante, gandulo e parvo que o partner vai lá a casa levar bombons…

Leiam com cuidado antes de criticar. E já agora, têm a certeza de que não sei mesmo nada?
Blog O Jumento
 

por Visitante » 26/2/2004 19:34

Se há empresas que são uma verdadeira escola, a mackinsey é uma delas.
Só nas empresas que sabem fazer escola se aprende algo mais que nos banquinhos da escola, mas, claro essas empresas só querem pessoas que sejam capazes de vestir a camisola da empresa e que sabem o que é realização profissional. Quando as pessoas têm empenho e dedicação, o tempo de trabalho não conta,apenas o seu resultado.
Talvez o jumento seja do género de pessoas que quer o empreguinho das 9 às 5 e que a seguir leva as frustações para casa e obriga a família a pagar a factura...
O que nos falta neste país são muitas empresas tipo mackinsey, e o que mais sobra são empregadinhos com cartão de ponto na cabeça.

Lan
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por MozHawk » 26/2/2004 19:27

djovarius Escreveu:E ainda há pessoal, como vimos noutro tópico, a vestir a camisa dos Partidos, dizendo que o Governo X ou Y foi melhor que o outro, quando a realidade é que o sistema partidário e a dialéctica esquerda-direita são um lixo que ficará no caixote no presente século.

Perdão?

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Falar do que se não sabe ...

por Dark » 26/2/2004 17:05

Estive calado até agora, mas o dito "jumento" não sabe mesmo do que escreve ...

Se ele estivesse "por dentro" saberia que além da compensação monetária há uma compensação profissional dificilmente atingível noutro tipo de empresas.

Mas não será o grau de exigência dessas empresas que as tornará tão diferentes das outras todas ?

Posso dizer por experiência própria que melhor escola não deve haver , mesmo se por vezes há que encontrar compromissos a nível pessoal.

Mas a vida não é isso mesmo ? A busca incessante dos melhores compromissos ?

Quando o que uma empresa destas propõe já não chega, o remédio é sair e procurar outro tipo de emprego. Este tipo de empresas não esconde que o sistema no interior das mesmas é "up or out".

Mesmo assim, para os que saem, fica uma experiência dificilmente inigualável e só aceita este tipo emprego, quem eles escolhem e quem quer ...

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por vampiro » 26/2/2004 16:56

Há tambem a questão do gosto pessoal de cada um. Quem é que disse aos senhores do artigo que as pessoas em questão não tiram prazer do trabalho e de estarem a produzir algo? lá por sairem aquela hora n quer dizer que não estejam satisfeitos. Nem toda a gente pensa de mesma maneira nem se diverte da mesma maneira. E construir algo e produzir algo e depois ver o resultado final do que foi feito e tudo correr pelo melhor da um gozo tremendo. E lá está se está farto com um cv daqueles facilmente arranja noutro lado trabalho. Isto revela a mania do Portugues em pensar pequeno e criticar algo que está aparentemente inacessivel as pessoas em questao.
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