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Caldeirão da Bolsa

S&P: Onde se fala de decisões de trading, ondas e serpen

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por £izard » 26/2/2004 0:32

quando tiver mais tempo disponível, a procurar responder a uma pergunta do amigo Lizard acerca de como construir no Metastock um indicador global de lateralização


Caro Cem, fico desde já muito agradecido pela disponibilidade demonstrada.
£izard
 

por fproenca » 26/2/2004 0:04

Que rico jogo !!! Foi pena ter ganho por tão pouco, o F.C.P. foi superior em tudo :twisted:

Estive a ler o artigo e como sempre o Cem premeia-nos sempre com textos muito realistas, e chama-nos á razão para muitas coisas, entretanto deixo minha opinião em algumas coisas, é para isso que o fórum serve:

Começo por falar na possivel lateralização, em já na semana passada também tinha abordado essa questão, também estou convicto que após esta subida é bem provável que aconteça, como também referi anteriormente, tenho receio desse tipo de movimentos tive várias experiências más, embora agora sei como resolver isso ...

Eu também cheguei a mudar indicadores, passei para o ADX, MACD, etc. (por acaso nunca para o Ultimate Oscillator), e hoje quase nem uso indicadores, nem com tendencias defenidas nem com tendencias laterais

O problema dos indicadores é que dão muitos sinais falsos e tardios, além disso nunca se sabbe quando é que o mercado altera o movimento como o Cem diz (e é verdade) os ganhos são mais limitados, é fácil perder tudo, bastando para tal romper um dos lados, normalmente esse rompimentos são muito rápidos e violentos

Como resolvi esse problema, comecei a abter-me dos gráficos diários, deixei de olhar tanto para o médio/longo prazo e passei a utilizar gráficos de 60 minutos, reduzindo deste modo a minha exposição e negociando dentro dos canais com as pequenas LT's (tenho deixado vários exemplos) como se de movimentos com tendencia defenida se tratassem

Na realidade reduzi as tendencias de médio prazo a pequenas semi-tendencias, isto obriga-me a entrar e sair mais vezes do mercado, o que requer acompanhar a sessão pelo menos de hora em hora, a não ser que se use stops e fica limitado ao máximo um movimento por dia ...

Em mercados com tendencia defenida, faz-se muitos trades desnecessários, mas em mercados laterais este método bem aplicado (com aquelas pequenas LT's dentro dos canais) pode ser a grande solução, com este metodo como a exposição ao risco é menor, há sempre a possibilidade de compensar as limitações com produtos mais alavancados

O Cem referiu no artigo no ADX e Ultimate Oscillator (também muito usado para detectar divergências), como há quem desconheça este dois indicadores, deixo aqui o gráfico para servir como exemplo

Um abraço
Fernando Proença

Nota: O cem falou das ondas Elliott, é pena que se fale tão pouco (eu sei pouquinho) pelo que já vi é um dos melhores métodos de projecção, sejam elas por sorte ou não, vale sempre a pena ter um alvo baseado em algum facto
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"Os simples conselhos, recomendações ou informações não responsabilizam quem os dá, ainda que haja negligência da sua parte" (Art. 485º do Código Civil)
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por fproenca » 25/2/2004 20:57

Eu não digo nada, porque tenho de ir ver o jogo, mas já imprimir e vou ler no intervalo, hehehehe

Se o artigo é bom ... são sempre e pelos comentários posteriores de certeza que vale bem a impressão

Um abraço de um leitor assiduo :lol:
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Parabéns pelo "post"

por Dark » 25/2/2004 19:11

Uma perspectiva interessante e a ter em conta, já que estatisticamente há muito mais ocorrências de lateralizações do que tendências.

Mais uma vez, parabéns.

Cmpts
Dark
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Quando lhe mostramos a Lua, o imbecil repara no dedo ...
www.darkside61.blogspot.com
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por Visitante » 25/2/2004 19:05

Adorei ler este post, Cem! :)

Desde ontem à noite até agora, já o li e reli uma data de vezes! :lol:

Um grande abraço e muito obrigado pela partilha de conhecimentos!

No1tes
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por Pata-Hari » 25/2/2004 11:49

Agora agora não estou a ver qual é o artigo (aidna estou meia zonza das férias), mas tenho o indicador que sugeriste no meu meta. Aqui fica o código se der uma ajudinha. A ressalva era que só funciona com bases de dados com volume dado que alguns dos indicadores (penso que era o PVT apenas, neste caso) são calculados utilizando os volumes.

Indicador de tendência do CEM
auxrvi:=
If(
RVI(14)>56,1,
If(RVI(14)<44,-1,
PREV));
avgpvt16:=
Mov(PVT(),16,W);
auxpvt:=
If(
avgpvt16>Ref(avgpvt16,-1),1,
-1);
avgdmi10:=
Mov(Mov(DMI(C),10,W),3,S);
auxdmi:=
If(
Ref(avgdmi10,-1)-avgdmi10<0.1*(Ref(avgdmi10,-2)-Ref(avgdmi10,-1)),1,
-1);
auxtotal:=
auxrvi+auxpvt+auxdmi;
auxsinal:=
If(auxtotal=3,1,
If(auxtotal=-3,-1,
PREV));
auxsinal;
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artigo CEM

por Razao_Pura » 25/2/2004 11:49

Adoreiiiii.
É tão bom continuar a ver que ainda há pessoas com os pés na terra!
Cem, este teu artigo está excelente, como sempre!

Realmente esta é uma daquelas realidades/evidências quase religiosas, vivemos com elas todos os dias mas praticamos muito pouco (falo por mim).
As tendências/ trends up or down serem entremeadas por lateralizações faz todo o sentido, aliás foi exactamente o que aconteceu há pouco tempo. As grandes quedas deram-se em 2000-2001, e 2002 foi practicamente sempre a andar de lado como o caranguejo, antes de se iniciar o movimento de alta em 2003. Portanto esperar que a subida actual pare de repente só porque já subiu muito e iniciar novamente as descidas será pouco lógico. O que não invalida que as primeiras correcções não sejam a doer, dentro do range da lateralização que se for desenhando.
Um bem haja para ti e uma beijoca da terra dos moliceiros. :P
Trade the trend.
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por Cem » 25/2/2004 11:40

Obrigado a todos pelos simpáticos comentários.
Desculpem alguns erros evidentes de formação de frases mas já estava cansado de dar ao dedo no computador pelo que o discernimento decaiu um pouco na parte final do texto.
Brevemente voltarei, quando tiver mais tempo disponível, a procurar responder a uma pergunta do amigo Lizard acerca de como construir no Metastock um indicador global de lateralização baseado em vários indicadores básicos. Pensava ter publicado esse pequeno artigo aqui no Caldeirão mas na pesquisa rápida que efectuei não o consegui encontrar. De memória recordo-me que a nossa amiga Pata respondeu a esse post, pode ser que ela o tenha nas gavetas ou pastas do seu computador...
Um abraço a todos, um grande obrigado e muita sorte nas vossas trades.
Cem
 
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por Ulisses Pereira » 25/2/2004 2:14

Muito, muito bom, Cem! Uma excelente reflexão sobre tudo isto...

Um grande abraço,
Ulisses
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Ulisses Pereira

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Para Tojo

por £izard » 25/2/2004 0:26

Average Directional Movement Rating quantifies momentum change in the ADX. It is calculated by adding two values of ADX (the current value and a value n periods back), then dividing by two.
This additional smoothing makes the ADXR slightly less responsive than ADX. The interpretation is the same as the ADX; the higher the value, the stronger the trend.
The ADXR, being a smoothed version of ADX, can be used similarly to the ADX.


Ajudou?
£izard
 

Se me permite....

por Brinco na orelha » 24/2/2004 23:56

....li o artigo e gostei.A questão da mudança de tendência ou lateralização é a grande questão do momento. Se as ondas de Eliot não derem a resposta,parece que não, temos hoje indicadores que vão dar a resposta. Aguarde pelo próximo mês quando for divulgada a inflação na América e já terá um factor decisivo na inversão ou não de tendência.Repare como o euro hoje reagiu tão rápidamente com o indicie de confiança dos consumidores....

Nos tempos do Elliot,provavelmente não havia estes indicies e a rapidez de propagação que hoje temos. Podemos ter os mercados em lateralização mais algum tempo até os próximos indices serem divulgados e se não forem conclusivos, mas se se confirmar a subida de inflação que aconteceu em Janeiro, no mês de fevereiro.....aí o caminho é só um.
Brinco na orelha
 

por Tojo » 24/2/2004 23:47

Obrigado Cem mais uma vez pelos seus artigos irrepreenssivéis. Se alguém soubesse gostava que me disse-se a diferença entre o indicador ADX e ADXR. Obrigado
 
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Caro

por £izard » 24/2/2004 23:01

Cem, como sempre EXCELENTE, gostei especialmente da parte dedicada ao processo de identificação dos regimes tendenciais/laterais.
Queria fazer-lhe um repto.
Um dia destes, quando tiver mais tempo, podia explicar à malta como é que se testam indicadores (VHF;RWI;R2;RAVI); que medem o grau de oscilação do mercado?

Muito Obrigado

£izard
£izard
 

CEM

por vset » 24/2/2004 22:47

Boa noite Cem,

belas palavras.

Abraço,
vset
 
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caro Cem

por zé povinho » 24/2/2004 22:07

li tudo sem ser em cruz,como sempre

se os tempos não estão bons para domadores de ursos ou pegadores de toiros, não confio em encantadores de serpentes que usam uns truques para prenderem a atenção da cobra.

obrigado pelo excelente artigo

um abraço
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caro cem muito

por cmafonso » 24/2/2004 22:06

Obrigado por partilhar a sua visao com os menos "sabios"(falo por mim). :lol:

abraço.
 
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S&P: Onde se fala de decisões de trading, ondas e serpen

por Cem » 24/2/2004 21:47

Um dos dramas dos traders é a sensação que cresce acerca do fim de uma tendência e a “certeza” sobre o que se vai seguir: « Isto estava a subir há tantos meses, depois destas subidas malucas os mercados vão ter de corrigir e bem! ».
Mas uma coisa é o que podemos ficar a pensar, normalmente é o que pensa a maioria da multidão, e outra é aquilo que os mercados fazem em seguida.
Tendo em conta o que os mercados têm feito ultimamente, com subidas ao longo de quase um ano chegando em muitos casos a ultrapassar os 100% em certos activos, quase ninguém se lembra que a seguir a uma tendência ascendente os mercados podem e devem estabilizar em canais ou comportamentos errantes / laterais em vez de descer de novo aos infernos!
Nada melhor que olhar para quaisquer indicadores que meçam o grau de lateralização dos mercados e outros que nos assinalem a mudança de uma tendência de médio / longo prazo entre ascendentes e descendentes ou vice-versa. Pegando no S&P, o índice supremo que considero o mais líquido e significativo a nível de uso universal para contabilizar a escolha de regime comportamental seguida pelas grandes multidões, nos últimos 8 anos temos apenas 6 ciclos completos de alternância entre tendências dominantes ascendentes e descendentes contra 69 ciclos completos entre regimes tendenciais e laterais.
Por esta simples amostra significativa de maioria estatística de razão ou por outras verificações semelhantes noutros índices considerados importantes, podemos dizer que apenas em perto de 1 em cada 10 casos de interrupção de regimes tendenciais não se coloca em causa o seu termo mas apenas uma interrupção do movimento causada por “perturbações” mais ou menos aleatórias e correctivas do tipo “faz que anda mas não anda”, nem para cima nem para baixo, mas que não significam de maneira alguma que a trend dominante tenha terminado.
Quando sabemos que entrámos nesses regimes laterais? Independentemente de uma panóplia de indicadores técnicos, dos quais destaco um pequeno exemplo universalmente aceite, o caso do indicador ADX(14) do movimento direccional que deverá ser inferior a 20 ou 25 pontos, consoante diversos autores e especialistas da AT, a forma mais empírica de sabermos que estamos num regime lateral é na altura em que nos apercebemos que está a demorar imenso tempo em continuar a bater máximos ( ou mínimos, em caso de tendências descendentes) com os mesmos ritmos de anteriormente, tendo em conta que o mercado também não toma o sentido contrário e permanece durante algumas semanas num canal do tipo horizontal a executar swings em ambas as direcções do mercado.
Está provado que é nestes regimes laterais que muita gente perde dinheiro. Os traders detestam-nos porque ficam frustrados pelos sinais errantes e contraditórios que dão, o que na prática se traduz por uma erosão sistemática dos lucros que se habituaram a acumular durante o anterior período tendencial.
Habituada a explorar os movimentos tendenciais, muita gente continua a ser levada pela habituação da exploração dos movimentos de breakouts para tomar posições aparentemente de reinício de um movimento tendencial quando na realidade nos encontramos face a uma exaustão desse mesmo movimento, um nível em que seria preferível nada fazer ou executar exactamente a posição contrária!
Como devemos na prática atacar este cenário? Simples, mudando o tipo de indicadores que estamos rotinados a usar durante os grandes “trend swings”. A solução está em definir os níveis de perigo, suportes e resistências de grande amplitude e que sejam definidos numa escala de tempo superior à que usamos. Por exemplo, se usarmos gráficos diários, os suportes e resistências de definição de retoma ou início de nova tendência devem ser obtidos a partir dos highs e lows extraídos de gráficos semanais, a partir dos quais seja consensual considerar que uma tendência é novamente retomada ou definida em sentido contrário.
Tudo o que possa acontecer dentro desse grande canal, que definimos como canal de trading do tipo lateral, deve ser analisado numa perspectiva de indicadores do tipo oscilatório. Exclusivamente! Não é preciso que sejam indicadores muito elaborados, mas o ideal é que incorporem diferentes timings que coincidam com o período médio de permanência de cada trader numa determinada acção ou futuro. Como exemplo posso citar o caso do Ultimate Oscillator ou até do caso do simples indicador Estocástico. Basta definir regras simples e precisas e actuar em conformidade, seja através de níveis de 25% para comprar no caso de ultrapassagem em alta, ou vender no caso dos 75% serem ultrapassados em baixa, simples comparações com médias móveis simples desses mesmos indicadores, mudanças do sentido ascendente ou descendente do oscilador, tudo depende da imaginação e apetência dos graus de risco de cada um. No fundo, tudo passa por mudar o plano de trading, adaptá-lo às novas circunstâncias identificadas, melhor dizendo.
Os indicadores usados passam neste caso a ser diferentes para contudo continuarmos a atingir os nossos objectivos de longo prazo, que se resumem a fazer crescer de forma sistemática e consistente o valor da carteira…
Uma certeza porém tem de estar na mente de todos os que fizerem trades num regime lateralizado idêntico ao que acima foi defenido , quem continuar a usar indicadores do tipo tendencial tem de estar ciente que vai sofrer uma brusca interrupção na sua curva de capital e que a sua taxa de sucesso vai estar limitada a valores inferiores a 50%. Mais do que isso, a sua carteira pode ficar meses a fio sujeitas a erosões de capital frustrantes. Para além do capital que se vai perdendo nestes regimes de consolidação, a moral do trader tem de fazer face a baixos índices de amor-próprio e a perguntas constantes sobre se estará ou não a seguir a estratégia adequada! Dúvidas crescentes significa colocar de novo em dúvida as nossas convicções anteriormente estabelecidas, é como se voltássemos de novo a um ponto de partida em que tudo é posto em causa como se as lições do passado nada nos ensinassem…
Posto isto, creio ter algumas pessoas a pensar desde já « Pronto, lá está este a querer dar umas lições de teoria, ainda se ao menos nos desse umas dicas se os mercados a partir de agora vão para cima ou para baixo ou para o lado, era bem melhor que este paleio todo»!
Vou então procurar não defraudar na totalidade os “práticos” e esquecer um pouco os adeptos “teóricos”, que me desculpem aqueles que dizem que gostariam mais de ter acesso à forma como se constroem as canas de pesca em vez de saber como vamos pescar nos tempos presentes.
Pegando ainda no caso do S&P 500, seria muito agradável vir aqui dizer que previ o ano passado através de um gráfico de Elliott que o máximo deste ano seriam os 1160 pontos e na realidade chegámos aos 1159…mas nada me diz por outro lado e de forma consciente que as subidas vão ficar por aqui e que os mercados vão mesmo ter de corrigir para a casa dos 920 pontos! Seria um verdadeiro delírio tal dose de acerto, encaremos o facto como simples golpe de sorte reconhecendo que o método de Elliott não passa de mera curiosidade / ficção, embora esteja consciente sobre o facto de muitos traders actuarem em função da proximidade dos chamados níveis de Fibonacci. De facto os 1160 pontos no S&P calculados o ano passado não eram um cálculo elaborado e especial feito por mim, trata-se de um valor correctivo de ricochete de valores extremos do mercado correspondente a 50% da grande onda WA ocorrida entre os máximos absolutos de Março de 2000 ao mínimo deste século XXI registado em Outubro de 2002. Milhares de traders e Analistas Técnicos reconhecem esses patamares e actuam em conformidade, como tal seria de esperar uma fortíssima resistência técnica nesse nível.
Tendo contudo, eu próprio, um grande cepticismo perante os cenários das ondas de Elliott, se tudo fosse um caminho claro e simples garanto que não estaria agora aqui a escrever este texto. Simplesmente, se acreditasse firmemente na análise que na altura fiz, na proximidade dos 1160 teria de shortar o S&P e esquecer o resto do mercado visto que o S&P é o líder incontestado que todos acabarão por seguir, é inevitável!
A experiência prática que retiro do passado é que raramente podemos aceitar uma onda como estando correctamente classificada; pelo menos no meu caso costumo ir mais tarde refazer e reclassificar qualquer onda em mais de 90% dos casos. Não me parece portanto que esta estatística me ofereça à partida uma grande dose de confiança e de previsão do futuro. Pessoalmente continuo a considerar que as ondas elliottianas não passam de meras curiosidades gráficas um pouco forçadas, qualquer Analista que trace figuras de Elliott identifica ondas de modo diverso. Com isto que disse não pretendo de forma nenhuma retirar valor ou beliscar quem quer que seja que se tenha destacado na previsão dos mercados baseados neste método, note-se, já que mais cedo ou mais tarde a dificuldade de catalogação correcta das ondas acabará por atraiçoar involuntariamente o trabalho dos melhores Analistas, o Prechter incluído!
De qualquer modo nem tudo é tempo perdido nas análises de Elliott, o detalhe que me atrai mais no método nem são as ondas e a sua direcção, detenho-me mais no que retiro de positivo na metodologia e esse é o caso da relação do tamanho relativo entre as amplitudes das grandes ondas ou grandes swings que marcam o movimento. Tenho assim de reconhecer e de constatar que o método de Elliott aporta detalhes positivos e de importância equiparada aos métodos baseados em Gann quando se constata que nos níveis de prazos semanais e mensais os ricochetes principais de Fibonacci de 23.6%, 38.2%, 50%, 61.8% e 100% resultam bem mais do que uma simples constatação randómica a qualquer outro nível aleatório. Ponto!
Continuando, o que vai acontecer aos mercados, neste caso aos americanos baseados no S&P? Para já, uma simples constatação: a tendência ascendente parece ter sido interrompida. Por quanto tempo? Desconheço e duvido que alguém tenha a resposta para a sua retoma sem obstáculos para os dias ou semanas mais próximas! Se assim não for, basta retomar os indicadores de tendência nos níveis acima dos 1160 ou mesmo dos 1175, uma resistência de longo prazo. Mas uma coisa é certa, se considerarmos que estamos perante uma pausa mais ou menos longa nas subidas, a questão que se põe é simplesmente se devemos considerar desde já a opção de estarmos perante o início de uma tendência descendente ou um período de lateralização?
Enquanto não for provado que o fluxo de dinheiro entrado nos mercados, através dos milhares de traders irregulares de ocasião e milhares de pequenos investidores, estancou e vai passar a refluxo contrário, não é possível que a grande correcção dos mercados esperada há muito tempo se tenha já iniciado. Excluo deste grupo os day traders cujas posições de swings opostos se anulam e não influem na definição das tendências dominantes, quando muito limitam-se a iniciá-las e terminá-las.
A resposta que vou dar baseia-se na minha experiência pessoal e nas constatações estatísticas: é quase certo, numa relação verdadeira de 9 em cada 10, que estaremos no presente a consolidar ou a lateralizar. Enquanto os indicadores de tendência de médio prazo não virarem para negativos e, acreditem-me, tal facto pode demorar antes de ocorrer umas largas semanas, seria um erro de proporções significativas passar a encarar os mercados no estágio actual como sendo rentáveis para quem detenha maioritariamente posições curtas numa perspectiva de position trading! Muitos têm contudo essa convicção, mas aquilo que pensamos ou desejamos é sempre mau conselheiro.
Como conclusão, mesmo que se prove ou identifique que uma tendência estável foi interrompida a resposta mais provável é “ a seguir a uma tendência num sentido que esteja a terminar, o mais provável é que se siga uma interrupção lateralizante e de amplitude variável do que uma tendência de sentido oposto”. Ou seja, estaremos com toda a probabilidade perante uma temporada de pausa nos mercados antes da retoma da anterior tendência dominante. A dificuldade está centrada no período de duração dessa lateralização…
Se leram isto tudo sem ser em cruz, obrigado pela vossa paciência, não interpretem este artigo como um conselho mas apenas como uma visão pessoal baseada em experiências passadas já que, quanto a decisões de trading, obviamente cada um é senhor do seu nariz e toma as decisões que achar mais correctas! Mas por favor, sejam racionais e atentem na forma estatisticamente repetível do que vos pode esperar estatisticamente na curva da próxima esquina. Repetir sempre os mesmos erros seria pôr a teimosia emocional acima da racionalidade comportamental de um bicho chamado “Mercado”.
Aqui há alguns anos atrás, num almoço privado que tive com o Professor João Duque, um prestigiado, acutilante e inquestionável especialista de mercados mas muito crítico das virtudes da Análise Técnica, dizia-me com uma certa piada ao comparar um gráfico a um movimento aleatório de um réptil : “ Como é possível que as pessoas acreditem que ao movimento contorcionista de uma cobra que resulte uma determinada posição seja possível descortinar qual vai o seu movimento seguinte“? Pois, mal imagina ele que estatisticamente é exactamente isso o que os Analistas Técnicos procuram fazer, procurar no curto prazo não ser apanhado pelo veneno dos ataques mortais que possam ser desferidos pelo réptil! É esse o objectivo, defendermo-nos dos movimentos inesperados ou traiçoeiros e inesperados, defender o capital, sempre e se possível procurar saber ou adivinhar, como no treino de um tratador de serpentes, a sua reacção instintiva mais provável que se irá seguir!
Treinemos pois para virmos a ser uns bons encantadores de serpentes, já que os tempos não estão muito favoráveis quer a domadores de ursos ou forcados de toiros!
Cem
 
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