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Caldeirão da Bolsa

Fundos à la carte

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: Fundos à la carte

por Rick Lusitano » 6/8/2014 20:45

VirtuaGod Escreveu:Só umas questões antes de poder sequer dar qualquer opinião sobre o "Bazar de ideias".

1º Ás vezes sinto que a maioria das pessoas só pensa que há uma forma de ganhar dinheiro na bolsa (como a gestão activa vs passiva). É o que pensam? Qual é que consideram a melhor forma de ganhar $ na bolsa?

2º A questão é sobre activos ou sobre os underlyings? É que dizer que considero futuros umas das melhores formas de gerir o $ pouco diz se eu não disser como.

3º Tem que se mostrar pelo menos backtests ou só mandar bitaites?

4º Qual o objectivo? Como eu geriria 1 milhão de euros? Como eu geriria 1 Bilião? Como eu geriria a minha carteira de 10k :mrgreen:

5º Antes de se responder a qulquer das anteriores questões questiono, O que é risco para vós?

6ª Posso usar alavancagem?

7ª Já sei que o meu objectivo (diminuição de risco ao máximo) é diferente de outros intervenientes que é maximizar o lucro. Qual é que vocês acham que é melhor? e pk?

P.S. Não vou responder a qualquer questão que pus, nem vou falar mais sobre isso. Gosto só de pôr as pessoas a pensar. :wink:

“I have no special talents. I am only passionately curious.”Albert Einstein




VG, mas já fizeste aquilo que pretendo principalmente, fazer pensar as pessoas.

"Colocar as questões, há vezes é mais importante do que as respostas."Rick Lusitano



Criar um projecto de reflexão entre várias mentes de investidores, só se tem a ganhar. Com o tempo, cada investidor acaba por se isolar involuntariamente no seu compartimento, seja pelo, instrumento financeiro usado, seja pelo mercado financeiro aonde negocia, seja pela estratégia de usada. Se os Bancos comerciais, de investimento e centrais e institucionais se reúnem (Davos, Sintra, etc), discutem, trocam ideias e experiencias, montam estrategias em comum, e acabam por modificar ou influenciar os mercados. Porquê que os investidores de retalho, não podem fazer o mesmo?
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Re: Fundos à la carte

por VirtuaGod » 6/8/2014 20:17

Só umas questões antes de poder sequer dar qualquer opinião sobre o "Bazar de ideias".

1º Ás vezes sinto que a maioria das pessoas só pensa que há uma forma de ganhar dinheiro na bolsa (como a gestão activa vs passiva). É o que pensam? Qual é que consideram a melhor forma de ganhar $ na bolsa?

2º A questão é sobre activos ou sobre os underlyings? É que dizer que considero futuros umas das melhores formas de gerir o $ pouco diz se eu não disser como.

3º Tem que se mostrar pelo menos backtests ou só mandar bitaites?

4º Qual o objectivo? Como eu geriria 1 milhão de euros? Como eu geriria 1 Bilião? Como eu geriria a minha carteira de 10k :mrgreen:

5º Antes de se responder a qulquer das anteriores questões questiono, O que é risco para vós?

6ª Posso usar alavancagem?

7ª Já sei que o meu objectivo (diminuição de risco ao máximo) é diferente de outros intervenientes que é maximizar o lucro. Qual é que vocês acham que é melhor? e pk?

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Re: Fundos à la carte

por K2O4 » 6/8/2014 18:57

Boas,

Orientações para o sucesso do negócio nos fundos de investimento.

A maior parte dos melhores resultados das aplicações em fundos de investimento é obtida quando agimos de maneira oposta ao que é mais intuitivo, de mais senso comum, mais natural ou mais normalizado.

O sucesso dos negócios empresariais, ditos normalizados, dependem essencialmente do conhecimento do core do negócio, de um cuidadoso planeamento do seu desenvolvimento, assumir riscos controlados e ser perseverante face às adversidades. No mundo dos negócios isto funciona porque o sucesso vem do trabalho duro e da persistência.

No entanto, essas pessoas bem sucedidas nos negócios, muitas vezes não têm êxito nos investimentos no mercado bolsista. Isto é devido, essencialmente, ao facto de persistirem com situações perdedoras e não se desembaraçarem delas atempadamente.
Nos negócios, não persistir com uma ideia que inicialmente não funciona é visto como uma fraqueza, no entanto, no mercado de ações, o rápido corte das perdas sobre um risco assumido que não está a resultar é um dos requisitos mais importantes para investir com sucesso no mercado.

Quando confrontados com a perda, muitas pessoas vão manter o seu investimento na esperança de que melhores dias virão. No entanto, quando presenteadas com um ganho, essas mesmas pessoas vão agarrá-lo rapidamente, através da venda extemporânea, e assim não deixar correr o ganho na sua plenitude. No mercado acionista, o que realmente funciona é o oposto, ou seja, cortar as perdas rapidamente e deixar correr os ganhos.

Este método baseia-se numa lógica simples: ao longo de um grande número de investimentos, a maioria deles vai resultar em pequenos ganhos ou pequenas perdas, sendo que os mesmos se tendem a anular mutuamente. No entanto, haverá um pequeno número de grandes perdas e um pequeno número semelhante de grandes ganhos.

Por outras palavras, os ganhos e as perdas irão seguir, grosso modo, uma distribuição do tipo da curva de Gauss. Os retornos esperados versus desvio padrão dos retornos/risco, não seguem verdadeiramente a curva de Gauss da média-variância, porque, apesar da maioria dos valores se distribuírem à volta da média, como acontece na distribuição normal de Gauss, a curva real tem uma forma diferente da forma tipo sino da curva de Gauss, apresentando uma maior curtose (verticalidade) e uma assimetria em torno da média com caudas (margens ou extremidades) mais gordas que a curva de Gauss, ou seja, com uma maior frequência de ocorrência que no caso da distribuição normal (aleatória), logo as maiores perdas e os maiores ganhos das caudas gordas reais, resultantes de um percurso não aleatório de evolução dos preços, constituem grandes oportunidades para o investidor em aproveitar as ineficiências do mercado, ao contrário do definido pelo modelo da teoria do percurso aleatório e da correspondente Hipótese do Mercado Eficiente (só era eficiente se os resultados dos retornos fossem aleatórios).

Se adotármos uma estratégia de nunca deixar as perdas tornarem-se muito grandes, nós podemos cortar a cauda de grandes perdas na referida curva tipo sino. Desde que se deixem correr os ganhos, quando o mercado está a nosso favor, também teremos a cauda gorda dos grandes ganhos, para além das normais pequenas perdas e pequenos ganhos. Isto é a estratégia ideal, mas consegui-la é de mestre com muita sorte.

Normalmente, o resultado é que, no longo prazo, cerca de 80% dos ganhos dos investimentos provêm de cerca de 20% desses investimentos. Este é um princípio descoberto há cerca de um século por Vilfredo Pareto, sociólogo e economista italiano que faleceu em 1923, sendo que é conhecido pela lei de Pareto ou princípio 80/20, o qual refere que, para muitos fenómenos, 80% das consequências advêm de 20% das suas causas. Esta lei de Pareto é de muito ampla aplicação nas relações humanas, especialmente nos negócios.

Assim, um princípio fundamental do investimento é reduzir as perdas enquanto elas são pequenas e deixar correr os ganhos quando o mercado é favorável. Contudo, esta estratégia não é natural para a mente humana e para a alcançar requer uma grande disciplina. Compreender a forma como os prejuízos destroiem a nossa chance de sucesso é fundamental para o desenvolvimento dessa disciplina. Nós não podemos ganhar se perdermos muito.

Os vencedores sabem que, antes de tudo, devem permanecer no jogo, e se abrirem falência saem fora do jogo. O capital é investido no mercado para garantir um fluxo de dividendos e mais-valias e assim aumentar esse mesmo capital. A perda de capital vai impedir o investidor de obter ganhos no seu todo. A preservação de capital é o objetivo primordial de qualquer estratégia de investimento eficaz.

Por exemplo, se a nossa percentagem de perda de capital for de 10%, 30%, 50%, 70% e 90%; a percentagem de ganhos, no capital remanescente, para anular aquelas perdas, será de 11%, 43%, 100%, 233% e 900% respetivamente. As contas são fáceis de fazer: por exemplo, se nós investirmos inicialmente um capital de 100€ e se tivermos uma perda de 50% ficamos com 50€, pelo que, com este capital remanescente, para recuperarmos o capital inicial (break even) de 100€ precisamos agora de ter um lucro de 100% sobre esse capital residual. Quem tem uma perda enorme de 90%, para recuperar o seu dinheiro, tem depois de obter um lucro de 900% sobre o capital remanescente. A matemática não engana: um capital remanescente de 0 ou quase 0 vezes e com um lucro infinito, terá o resultado de 0 ou quase 0, ou seja, foi morto financeiramente pelo jogo do mercado ou está um moribundo condenado à morte, por não ter sabido controlar as grandes perdas.
É claro que quanto maior for o capital perdido mais remota será a chance de que vamos recuperar até ao ponto de partida, não bastando deixar apenas correr os ganhos.

Os investidores devem perceber que vão obter perdas nos investimentos e isso não vai acontecer só numa pequena parte dos investimentos, mas sim em muitos deles. Portanto, a primeira coisa a aprender é a disciplina para controlar as perdas. A maioria das pessoas pensa que a resposta está em desenvolver uma melhor análise, de modo a que menos más decisões sejam tomadas, contudo esta é normalmente inútil porque não há nenhum sistema de análise capaz de produzir a fiabilidade necessária em todas as condições do mercado. O único controlo eficaz é controlar as perdas e tomá-las enquanto são pequenas. Esta é que é a grande estratégia dos vencedores.

Há que seguir à letra um velho provérbio financeiro: cuida das perdas que os ganhos irão cuidar delas. Já sabemos que pequenas perdas e pequenos ganhos vão acontecer na maior parte do tempo, ao passo que as grandes perdas e os grandes ganhos só acontecem em períodos curtos de tempo, por isso é que é difícil ter sucesso no market timing.

Se à primeira vista esta estratégia seria tão simples de ser seguida, porque é que não é então seguida? A resposta está na psicologia humana perante o investimento: o medo, a ganância, o não arrependimento dos erros cometidos e o ego.
Os investidores tentam negar as perdas e encontrar sempre razões para a esperança do mercado virar. Da mesma forma, estamos com medo de deixar correr os ganhos por causa do medo de eles poderem evaporar. No mercado, o ditado que diz que nós não podemos ir à falência tomando um ganho, é falso.

Todo o nosso esforço deve ser dirigido para equilibrar todas as pequenas perdas e os pequenos ganhos, eliminar ou mitigar as grandes perdas e deixar que os ganhos se acumulem. Se pegarmos todos os nossos ganhos quando eles são pequenos, o melhor resultado que podemos esperar serão retornos medíocres. É muito provável que a maioria deixe arrastar uma ou duas grandes perdas e estas irão danificar gravemente as suas contas.

Nós não nos devemos seduzir pelos topos nem pelos fundos, ou seja, aquela máxima de vender em alta e comprar em baixa é muito difícil de alcançar. Uma das principais atitudes que diferencia os vencedores dos investidores inexperientes é a sua atitude em não ir à procura da perfeição, pois há muito tempo que os vencedores sabem que o investimento no mercado não segue só algoritmos matemáticos ou uma qualquer fórmula de uma ciência exata. Ao contrário dos inexperientes, os vencedores não estão preocupados em vender na alta e comprar na baixa do mercado, mas sim em procuraram apenas pegar a maior parte da tendência de subida e pegar a menor parte de tendência de descida.

Abr,
K2O4
Editado pela última vez por K2O4 em 6/8/2014 20:27, num total de 2 vezes.
 
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Re: O Bazar do Cash

por NGRO2 » 6/8/2014 17:09

K2O4 Escreveu:
Rick Lusitano (New) Escreveu:Dou eu o 1º passo no Bazar:

Para uma carteira diversificada, escolheria as seguintes classes:

....

Eu gostava era que o passado se repetisse...


t’s 10% each in the following 10 asset classes:

U.S. “Minimum Volatility” stocks

International Developed “Minimum Volatility” stocks

Emerging Markets “Minimum Volatility” stocks

Global natural-resource stocks

US Real Estate Investment Trusts

International Real Estate Investment Trusts

30-Year Zero Coupon Treasury bonds

30-Year TIPS

Global bonds

2-Year Treasury bonds (cash equivalent)

MW-CH862_perfec_20140611164052_MG.jpg
MW-CH862_perfec_20140611164052_MG.jpg (56.72 KiB) Visualizado 7815 vezes


Para o artigo completo
http://www.marketwatch.com/story/is-thi ... 2014-06-12
 
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Re: Fundos à la carte

por K2O4 » 6/8/2014 15:29

Boas,

Diversificação, concentração, risco e retornos no mercado acionista.

Há determinados mitos que convém esclarecer, pois nem sempre a diversificação na alocação de ativos implica a diminuição ou diluição do risco do portfolio. Isto, à partida, só poderá ser, normalmente, válido quando os investidores acionistas não posssuem qualquer capacidade de stoks picker; mas se, pelo contrário, o gestor tiver uma boa capacidade de selecionar as ações das empresas com maiores potencialidades de valorização, porque tem capacidades extras de análise fundamental, de análise de sentimento dos investidores e consumidores, de análise de tendências de mercado, de análise política, de análise de repercussão de fenómenos atípicos como guerras e catrástofes naturais; então esse gestor bem preparado não vai "dispararar em todas as direções" (dispersão/diversificação) mas vai antes concentrar os seus "tiros" nas "presas" (empresas) que lhe podem trazer mais retornos no curto-médio prazo.

O Buffet, o Soros, o Carl Icahn ou outro qualquer guru, não investem nas 500 empresas do indice S&P 500, mas antes escolhem as duas ou três dezenas melhores empresas, e esta escolha pode não ser estática pois às vezes pode haver desilusão em alguma das escolhas, por mudança do paradigma do negócio ou outro factor qualquer imprevisto.

Há certos casos que ao aumentarmos a diversificação do portfolio, podemos estar, contraditóriamente, a aumentar o risco e a diminuir os retornos, e nesta coisa do investimento, o que interessa no final é a acumulação dos lucros (cash real) e não a acumulação de um baixo risco teórico.

Cada vez mais o conceito de uma verdadeira diversificação começa a ficar mais em causa, devido às mudanças e à não linearidade das correlações entre ativos de classes e/ou categorias diferentes. Por outro lado, essas correlações serão diferentes entre si quando comparadas numa situação de bull com bear market.

Nós devemos estar preparados com "roupa" (instrumentos financeiros) adequada para as diversas "estações do ano" (tendências de mercado), contudo, à partida, será uma opção estúpida levar "camisolas de lã" (instrumentos financeiros de controlo de risco do "frio" de um bear market) para umas férias em agosto no Algarve (bull). Se por acaso apanharmos um dia mau no Algarve, o mesmo só pode causar um simples resfriado e não uma pneumonia, pelo que vale a pena deixar as camisolas de lã em casa, que só iam ocupar espaço no carro e evitavam que nós levassemos outros instrumentos financeiros que nos podem trazer mais retornos.

No bull market de um verão financeiro, devemos tomar medidas de concentração (e não de diluição ou diversificação) de uma solução salina para podermos obter os grandes retornos da flor de sal e do sal cristalizado e não ficarmos só pela água salgada à espera de dias melhores.

O stocks picker deve funcionar como um ladies picker: não dispersar muito as suas energias por um grande nº de ativos, pois uma grande parte deles pode-lhe trazer grandes prejuízos, e assim que encontrar os ativos que, ao mesmo tempo, tenham um baixo desvio padrão e uma maior taxa de retornos, ele deve permanecer fiel e deter esses ativos por um período de muito longo prazo (até que a morte os separe ...). :-" \:D/

Ou seja, mais importante do que diversificar é saber interpretar os rumos da economia global, das economias específicas e das tendências do mercado. Isso é dificil de conseguir? É. Mas não devemos, à partida, abdicar do nosso processo dinâmico de escolha.

Abr,
K2O4
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O Escaldão de Verão dos Mercados (2014)

por Rick Lusitano » 6/8/2014 15:06

Por não só de fundos, o tópico vive. Os fundos são apenas um meio de investimento como qualquer outro. O mais importante antes de investir é ter alguma cultura financeira, só depois é que vem o estudo dos instrumentos financeiros.

Decerto que o nome do autor, não vos é estranho. :wink: É o antigo CEO da PIMCO, o verdadeiro "cérebro" por detrás da PIMCO/Bill Gross.

Um cheirinho:

Mohamed El-Erian/Financial Times Escreveu:The sell-off was sharp, sudden and generalised. In just a few days, the downturn erased the year-to-date gains for major US equity indices, with virtually every segment – both large and small – experiencing significant losses. To add insult to injury, conventional correlations among asset classes broke down as the spillover of the equity market correction spread beyond corporate credit. Commodities also sold off, as did the safest of all havens, German and US government bonds. As such, well-diversified asset allocations did little to mitigate portfolio risks.




Mohamed El-Erian/Financial Times - Asset sell-off reminder of financial stability threats (August 6, 2014 8:57 am)
http://www.ft.com/intl/cms/s/0/dd91c2e4-1bbf-11e4-adc7-00144feabdc0.html
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Re: Fundos à la carte

por chico_laranja » 6/8/2014 11:41

Apenas um preciosismo que suporto bem caso apareçam :lol:
Ao fim de semana o tempo é para o mercado dos afectos para com a cara metade e com os filhos .
Uma vez que o meu tempo disponível para o acompanhar o fórum é mínimo, se precisarem de algo da minha parte mandem PM que tento passar por cá.
Um abraço e bons investimentos.
 
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Re: Fundos à la carte

por chico_laranja » 6/8/2014 11:34

avataris

Tens que ter em mente o espírito de cada um.

O BedRock/K2O4 acaba por ter uma forma mais agressiva de estar no mercado e o VG uma forma mais conservadora estando o Rick no meio.

Eu identifico-me mais com a forma de estar do Rick pois acho que um pouco de risco não faz mal a ninguém mas também vai de cada um. O meu universo temporal e >5 anos pelo que a tomada de risco acaba por ficar diluída :roll:
Ao fim de semana o tempo é para o mercado dos afectos para com a cara metade e com os filhos .
Uma vez que o meu tempo disponível para o acompanhar o fórum é mínimo, se precisarem de algo da minha parte mandem PM que tento passar por cá.
Um abraço e bons investimentos.
 
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Re: Fundos à la carte

por K2O4 » 6/8/2014 11:24

chico_laranja Escreveu:
(...)
Depois é preciso alguma filtragem nos operadores. Convém que tenham conhecimento mas também que tenham trato para aguentarem picardias, provocações e imbecilidades pois existirão sempre users que vêm só para desestabilizar e que viram na ovelha Dolly uma inspiração. Vão-se replicando como as células.......


Chico: A tua esposa deve ter um grande orgulho de ti: um tipo calminho, certinho, arrumadinho e ainda por cima inteligente ... a microelectrónica deve ajudar nisso ...

Eu só faria uma pequena alteração de pormenor no teu inteligente parágrafo: punha a palavra "replicando" entre aspas, pois a replicação é mais para o DNA e para as células é mais correto em dizer divisão celular, não vá para aí aparecer um purista da genética que fique ofendido com tal terminologia linguística.

Um abraço,
K2O4
 
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Re: Fundos à la carte

por chico_laranja » 6/8/2014 8:55

Rick

Óptima iniciativa

Eu quase que sugeria que se fizesse um tópico novo só com esse TT com moderação activa e firme.

Digo isto pois inevitavelmente de vez em quando vai descambar até porque estás a juntar filosofias dispares e por vezes a malta tem o coração muito próximo dos dedos como já se tem visto por este tópico ou como no tópico dos radares no FAHO em que uns são anjos e não cometem ilegalidade nenhum e a polícia está a trabalhar bem atrás da moita com a máquina fotográfica e os demónios abominam essa prática e consideram que a polícia deveria fazer a dita prevenção de outras formas :twisted:

Voltando ao tema:

Vários pontos extra para adicionar à discussão:

1) Falta falar do que enviesa as coisas:
- Custos de movimentação
- Custos de detenção
- Liquidez (para o caso dos ETFs, acções e quejandos que poderão estar nesses acrónimos)
- Câmbios pois grande parte desses instrumentos são feitos por e direccionados para os EUA (Eles só se vêm a eles, o resto é paisagem)

2) Instrumentos, correctoras e afins
- Nacional ou estrangeira?
- Porquê?
- Quais?
- Vantagens e desvantagens

3) Análise financeira
- Análise Técnica(AT) - Escola
- Análise Fundamental(AF) - Escola
- Análise comportamental(?) - Escola (para os momentos em que as notícias e a irracionalidade impera e se sobrepõe ao resto)
- AT - Aplicação (tipo os tópicos de acções que se vai vendo mas aqui focado nos ETFs e outros activos em que tal é praticável)
- AF - Aplicação (tipo os tópicos de acções que se vai vendo mas aqui focado nos ETFs e outros activos em que tal é praticável)
- Confronto de filosofias (mais um tópico para os moderadores estarem em modo activo)

Estás a abrir uma caixa de pandora em que um tópico fica curto e confuso tal o manancial de informação que pode vir a ter.

Quase que se pedia à malta que gere este fórum para abrir mais uma secção para este projecto. Haveria depois um tópico chapéu que ia recebendo os novatos, agregando informação (como tu tão bem fizeste neste tópico) e direccionando os utilizadores para o tópico correspondente ("Queres saber traçar linhas de tendência, saber o que é MACD ou isso do Fibo qualquer coisa e que reconheces o nome do que leste no Código da Vinci? Então o sítio ideal é este: xxxxxxx que tens lá gurus que te ajudam") .

Isto não é trabalho para 1 ou 2 pessoas. Isto dará muito trabalho e muitas dores de cabeça. Depois é preciso alguma filtragem nos operadores. Convém que tenham conhecimento mas também que tenham trato para aguentarem picardias, provocações e imbecilidades pois existirão sempre users que vêm só para desestabilizar e que viram na ovelha Dolly uma inspiração. Vão-se replicando como as células.......

Vou parar por aqui que isto já vai longo :lol:

Da minha parte estarei à disposição para ajudar no que me for possível
Ao fim de semana o tempo é para o mercado dos afectos para com a cara metade e com os filhos .
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Re: O Bazar do Cash

por K2O4 » 5/8/2014 21:21

Rick Lusitano (New) Escreveu:Dou eu o 1º passo no Bazar:

Para uma carteira diversificada, escolheria as seguintes classes:

:arrow: Long Acções

:arrow: Long Obrigações

:arrow: Long Imobiliário Directo (visto ser um activo dispendioso, investiria através de um fundo que detenha imobiliário directamente, em vez de deter acções de REITs ou MBS, ou seja, exposição indirecta ao sector do imobiliário)

:arrow: Long Infraestruturas Directo (visto ser um activo dispendioso, investiria através de um fundo que detenha infraestruturas directamente, em vez de deter acções de REITs de infraestruturas, ou seja, exposição indirecta ao sector do infraestruturas)

:arrow: Long Matérias-primas (inclui o ouro e outros metais preciosos)

:arrow: Long Liquidez


:arrow: Alternativos 130/30 Acções

:arrow: Alternativos Long/Short Market Neutral Acções

:arrow: Alternativos Long/Short Market Neutral Divida

:arrow: Alternativos Multi-estratégia Market Neutral (Mistos)

:arrow: Alternativos Private Equity


Eu, de repente, propunha incluir o seguinte:

- Ultra Short obrigações, para fazer a ponte entre o monetário/liquidez e as obrigações de curta maturidade;

- Short obrigações, para se ficar mais defendido num cenário de subida das taxas de juros;

- Quanto às long obrigações, tenho grandes dúvidas dado o novo ambiente e as perspetiva futuras do mercado da dívida com a expetável subida das taxas de juro, para além de que o Real Return histórico das obrigações ao longo de um período muito alargado de várias décadas, pode corresponder a uma rentabilidade real (deduzida a taxa de inflação) só ligeiramente positiva ou quase nula: "The stock market has returned about 10.5 percent a year for the past 75 years or so. Corporate bonds returned 4.5 percent, U.S.Treasuries returned 3.3 percent, and inflation grew at 3.3 percent. Notice that Treasuries and inflation ran neck and neck? That means your investment in Treasuries returned nothing to you after inflation. When you include the drain of taxes, you lost money by investing in Treasuries. You need stocks. Everybody who intends to be around longer than ten years needs to invest in stocks. That’s where the money is. Investing in stocks helps both the investor and the company.", in "THE NEATEST LITTLE GUIDE TO STOCK MARKET INVESTING" (edição 2013).

- Não designaria “Alternativos 130/30 ações” mas antes “ Fundos acções tipo 130/30”, pois o fundo BlackRock Strategic Funds European Opportunities Extension Fund E2 é um fundo tipo 130/30 e não está incluído na categoria Morningstar Alternativos mas sim na categoria Europa Cap. Flexível, dado que na alocação total do fundo, a % dos instrumentos financeiros alternativos é relativamente diminuta.

Para quem não sabe, um fundo tipo 130/30 quer dizer que tem uma alavancagem da ordem de 30% , o que somado ao normal 100% das posições longas nas ações passa a dar um total de long de 130%, isto à custa das posições curtas da ordem dos 30% nas acções, em que se ganha com a descida do preço de cotação das acções e a que corresponde uma espécie de empréstimo de capital para compensar a alavancagem.

Nas posições curtas das ações, os investidores pedem essas ações emprestadas, através da celebração de um acordo com a entidade detentora das mesmas, e vendem-nas mais tarde na esperança de haver uma queda no seu preço de cotação e assim ganharem dinheiro com essa queda. Se a aposta resultar, os investidores podem depois comprar as ações a um preço inferior, pagar o empréstimo e ainda encaixar o lucro resultante da queda entre o preço de referência da ação do empréstimo, no celebrado acordo, e o preço real de cotação da venda.

Um fundo tipo 130/30, tem como objetivo aliviar a restrição long-only para maximizar a rentabilidade potencial das oportunidades.

Acho que se deve incluir, pelo menos, mais os seguintes 2 fundos específicos:

- Fundos Dynamic: rompem com as restrições de terem nas suas carteiras uma determinada percentagem fixa do índice de referência, sendo que o gestor do fundo vai ter toda a liberdade para alocar o que bem entender em função do que ele acha que é mais apropriado no momentum e na tendência do mercado;

- Fundos Recovery: aproveitar as oportunidades das acções muito subvalorizadas de um afundanço exagerado do downside, em situações já de nítida recuperação (recovery) do mercado com potencial de desenvolvimento.

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Re: Fundos à la carte

por andalm » 5/8/2014 21:03

 
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O Bazar do Cash

por Rick Lusitano » 5/8/2014 20:01

Dou eu o 1º passo no Bazar:

Para uma carteira diversificada, escolheria as seguintes classes:

:arrow: Long Acções

:arrow: Long Obrigações

:arrow: Long Imobiliário Directo (visto ser um activo dispendioso, investiria através de um fundo que detenha imobiliário directamente, em vez de deter acções de REITs ou MBS, ou seja, exposição indirecta ao sector do imobiliário)

:arrow: Long Infraestruturas Directo (visto ser um activo dispendioso, investiria através de um fundo que detenha infraestruturas directamente, em vez de deter acções de REITs de infraestruturas, ou seja, exposição indirecta ao sector do infraestruturas)

:arrow: Long Matérias-primas (inclui o ouro e outros metais preciosos)

:arrow: Long Liquidez


:arrow: Alternativos 130/30 Acções

:arrow: Alternativos Long/Short Market Neutral Acções

:arrow: Alternativos Long/Short Market Neutral Divida

:arrow: Alternativos Multi-estratégia Market Neutral (Mistos)

:arrow: Alternativos Private Equity
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Re: Fundos à la carte

por Rick Lusitano » 5/8/2014 19:42

K2O4 Escreveu:
Rick Lusitano (New) Escreveu:
Bem-vindo, K2O4.
Marinheiro ou químico? :wink:


Marinheiro não sou, só se for marinheiro de doca seca. :D Quanto a ser um químico, pode ser, mas também pode ser um bad boy: K2O4 = capa dois ou quatro. Há uma coisa que ele é com certeza: uma pessoa altamente oxigenada de ideais em pensar "out of the box", pois o pensar "as usual in the box" é mais do mesmo a replicar umas ideias quaisquer de referência. :mrgreen:

Há uma coisa que eu já me apercebi das análises postadas na última semana neste tópico: há certas pessoas que ficam completamente possessas quando vêem a palavra "ativa" e gostam tanto dela como o diabo gosta da cruz ou o Maomé gosta do toucinho. :lol: 8-) :mrgreen:

Abr,
K2O4


Desde que não sejas um bad bank e sejas um Novo Banco. :wink:
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Re: Fundos à la carte

por K2O4 » 5/8/2014 19:36

Rick Lusitano (New) Escreveu:
Bem-vindo, K2O4.
Marinheiro ou químico? :wink:


Marinheiro não sou, só se for marinheiro de doca seca. :D Quanto a ser um químico, pode ser, mas também pode ser um bad boy: K2O4 = capa dois ou quatro. Há uma coisa que ele é com certeza: uma pessoa altamente oxigenada de ideais em pensar "out of the box", pois o pensar "as usual in the box" é mais do mesmo a replicar umas ideias quaisquer de referência. :mrgreen:

Há uma coisa que eu já me apercebi das análises postadas na última semana neste tópico: há certas pessoas que ficam completamente possessas quando vêem a palavra "ativa" e gostam tanto dela como o diabo gosta da cruz ou o Maomé gosta do toucinho. :lol: 8-) :mrgreen:

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O Bazar do Cash

por Rick Lusitano » 5/8/2014 18:49

O Bazar do Cash

O intuito deste post, é criar um inicio de discussão salutar entre os experts do investimento, não querendo discutir a guerra troiana da gestão activa vs. passiva, pois a guerra de Troia (sem conotações com a Herdade da Comporta, :wink: ), prolongou-se por longos e dolorosos anos, com inúmeras baixas de ambos lados. Mas discutir mais especificamente, activos e estratégias de investimento, seja qual for o instrumento usado. Pretendo lançar um projecto "think tank", um brainstorming de vários pensamentos de investimento, que seja verdadeiramente abrangente, um projecto de reflexão sobre a diversificação de activos de investimento.

Dando o mote, como diversificar uma carteira de investimentos, para além das classes tradicionais de acções, obrigações e liquidez, aqui a liquidez, é uma sub-classe, visto que faz parte da classe dos instrumentos de divida, representados principalmente pelas obrigações.


Para os menos informados, temos:

Rendimento variável:
:arrow: Acções ordinárias ou comuns



Rendimento fixo:
:arrow: Acções preferenciais
:arrow: Obrigações convertíveis
:arrow: Obrigações
:arrow: Papel comercial
:arrow: Certificados de depósito
:arrow: Depósitos a prazo
:arrow: MBS
:arrow: CLNs
:arrow: FTDs



Para além do rendimento fixo que alguns instrumentos financeiros, poderão dar, estes poderão ser comprados ou vendidos, e com isso, provocar valorizações ou desvalorizações, podendo ser negociados como se fossem acções. A isto, podemos juntar:

:arrow: Divisas (Forex)
:arrow: CFDs
:arrow: Futuros
:arrow: Certificados (Factor Certificates)
:arrow: Warrants
:arrow: Forwards *
:arrow: Options *


* As matérias-primas são geralmente negociadas através de derivados financeiros, tais como os Forwards e as Options.



Pegando no exemplo dos fundos de investimento e de outros seus familiares, temos diversas estratégias de investimento usadas:

:arrow: Long
:arrow: Long/Short
:arrow: Market Neutral
:arrow: 130/30
:arrow: Global Macro
:arrow: Arbitragem da Dívida
:arrow: Event Driven
:arrow: Volatilidade
:arrow: Derivados
:arrow: Multi-estratégia (Mistos)




Top de rentabilidades incluindo dividendos reinvestidos em 2013 (baseado na realidade dos EUA):

+31.8% = S&P 500
+24.4% = Distressed debt
+14.2% = Venture capital
+12.6% = Various alternative strategies, marketable alternative strategies (hedge funds, absolute return, market neutral, long-short, 130/30, event driven and derivatives)
+11.4% = Private equity (LBOs, mezzanine, M&A funds and international private equity)

Fonte: Institutional Investor's Alpha - The Morning Brief: The Secret To Medallion’s Returns? Leverage (July 24, 2014)
http://www.institutionalinvestorsalpha.com/Article/3364716/Profiles-The-Good-Guys/The-Morning-Brief-The-Secret-To-Medallions-Returns-Leverage.html
(Cortesia da partilha do VirtuaGod)



:arrow: Pegando nos diversos exemplos dados neste post, que classes alocariam na vossa carteira de investidores?

:arrow: Apenas acções e obrigações?

:arrow: Incluiriam Imobiliário (REIT), Infraestructuras, Private Equity, matérias primas?

:arrow: Escolheriam os tradicionais 100% Long ou investiam yambém em estratégias alternativas? Quais?

:arrow: Quais instrumentos financeiros escolheriam para o vosso caso especifico?

:arrow: Como gerem o risco na vossa carteira?


E muitas perguntas ficam por fazer...




Estão convidados todos os participantes, inclusive os doutos participantes em finanças pessoais, sejam eles, traders, investidores passivos, investidores activos, etc e independente dos instrumentos financeiros que habitualmente utilizam. Sem direito a admissão de entrada.


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Re: Fundos à la carte

por K2O4 » 5/8/2014 17:49

Boas,

Parâmetros relevantes para a análise de uma gestão ativa dos fundos de investimento: coeficiente de determinação R^2, tracking error, rácio de informação, alfa e beta.


Os gestores passivos de index funds que têm a obrigação de replicar o respetivo índice de referência ou benchmark, não têm grandes hipóteses de pensar “out of the box”, e, como tal, tem de tentar seguir e reproduzir o pensamento do mercado.

O gestor ativo deve tentar pensar antes e melhor que os outros, devendo ser capaz de se diferenciar dos outros gestores. Se a sua linha de pensamento estiver errada, o resultado da sua gestão pode ser desastroso.

Ao contrário da teoria da Hipótese do Mercado Eficiente, o mercado apresenta várias deficiências ou imperfeições e um bom gestor ativo deve procurar oportunidades em áreas menos exploradas (under research) capazes de gerar um maior alfa de outperformance.

Um gestor ativo que tenha uma capacidade de ter um valor elevado de tracking error (ver definição abaixo no texto) superior aos seus pares, vai, no universo de índices grandes, ter uma capacidade suplementar de acrescentar valor e alfa.

Um bom gestor ativo deve revelar capacidades extras de ser um bom analista financeiro e deve tentar agir por antecipação aos factos relevantes do mercado e não ter apenas um comportamento reativo.

Coeficiente R^2

Na análise comparativa usada pela Morningstar, o valor do coeficiente de determinação R^2 (R ao quadrado) é a medida de correlação entre um fundo e o seu indice de referência ou benchmark, o qual varia entre 0 e 1 (diferente do coeficiente de correlação, r, que varia de -1 a 1).

Quanto maior for o valor de R^2, maior será a correlação entre os dois. A Morningstar calcula o valor de R^2 para o período dos últimos 3 anos.

O valor de R^2 = 1 significa que num gráfico “x”,”y” (fundo,benchmark) os dados dos resultados (x,y) caem todos em cima da reta de regressão linear, ou seja, significa que todos os movimentos (para cima ou para baixo) do fundo em causa são completamente explicados pelas variações do benchmark.

O valor de R^2 = 0 significa que no tal gráfico “x”,”y” não é possível definir nenhuma reta de ajustamento aos resultados (x,y) obtidos, devido à nuvem de resultados totalmente dispersa, ou seja, significa que nenhum dos movimentos do fundo em causa é explicado pelas variações do benchmark.

Por exemplo, o valor de R^2 = 0.05 significa que apenas 5% dos movimentos do fundo em causa podem ser explicados pelas variações do benchmark.

Um fundo com um valor de R^2 = 0.97, quer dizer que 97% dos movimentos do fundo são explicados pelas variações do seu benchmark ou índice de referência, e, consequentemente, o mesmo é dizer que apenas 3% dos movimentos do fundo é que não seguem o benchmark, e é precisamente apenas estes 3% que constituem a muito pequena margem do gestor em poder gerar um alfa positivo ou outperformance em relação ao índice de referência.
Sendo assim, para mim, é questionável chamar fundos de gestão ativa a fundos com um R^2 > 0.95, visto que na prática é mais um index fund (índice de referência ou benchmark), pelo que andam para aí muitos fundos “ativos”por excesso que só vão falsear os resultados da gestão ativa. O caricato é estar-se a pagar uma elevada comissão de gestão a estes tipos de fundos, quando na realidade eles quase que replicam integralmente o índice de referência, e, como tal, deveriam ter umas taxas de fees muito mais baixas.

Rácio de Informação:

O rácio de informação mede a performance dos retornos ajustados ao risco do porfolio (carteira) relativamente à performance dos retornos e risco do seu benchmark ou índice de referência.
O rácio de informação é calculado através da seguinte expressão:

RI = (Rp – Rb) / TE

Em que:

RI- Rácio de Informação;
Rp- Retornos do portfolio;
Rb- Retornos do seu benchmark ou índice de referência.
TE- Tracking Error (desvio padrão da diferença entre os retornos do portfolio e os retornos do índice de referência).

O rácio de informação (RI) mede capacidade do gestor da carteira ou do fundo para gerar retornos em excesso em relação ao seu valor de referência ou benchmark, mas também verifica a consistência do gestor em bater o benchmark por um gande nº de meses, alguns meses ou apenas um pouco de cada mês.

Quanto maior é o RI, mais consistente é o gestor e a consistência é uma característica ideal para bater o benchmark numa perspetiva de médio-longo prazo.

Quanto maior é o alfa (outperformance de retornos em relação ao seu benchmark) de um gestor, maior será o seu RI.

Quando o benchmark é o ativo sem risco (risk free), então o Rácio de Informação é equivalente ao rácio de Sharpe (RS). No entanto, nos restantes casos, o ranking dos fundos obtido a partir do Rácio de Informação pode diferir do obtido pelo RS, como é lógico, pois as fórmulas de cáculo são diferentes.

Tal como acontece com o RS também o RI tem as mesmas limitações matemáticas de difícil interpretação quando a rentabilidade em excesso é negativa, uma vez que o rácio será menos negativo na carteira com maior volatilidade, indicando assim, erradamente, uma carteira mais eficiente, quando na realidade é ao contrário. Outra limitação matemática, tal como no RS, é quando o denominador do quociente é zero (no caso de não haver diferença entre os retornos da carteira ou do fundo e os retornos do indice de referência, ou seja, com desvio padrão nulo) ou próximo de zero, e então o RI dará matematicamente um valor infinito ou extremamente elevado, longe então da realidade.

Tracking Error:

O Tracking Error (TE) é a divergência entre o comportamento dos preços de uma posição ou de uma carteira/fundo e o comportamento dos preços de referência.

O TE reporta o desvio padrão da diferença entre os retornos da carteira ou do fundo e os retornos do índice de referência.

O TE pode ser interpretado como o risco residual (não correlacionado com o benchmark), ou seja, como os desvios da rentabilidade do fundo em relação à rentabilidade do benchmark.


Alfa:

Em finanças assume-se, geralmente, que as taxas de rentabilidade de um determinado ativo têm uma relação linear com outro ou outros ativos ou benchmarks de performance.

Assim, num gráfico em que no eixo do “Y” (vertical) representamos as rentabilidades de um fundo e no eixo do “X” (horizontal) as rentabilidades do respetivo benchmark, na equação de uma reta de regressão linear simples, o alfa corresponde ao valor da interseção dessa reta com o eixo do “Y” (valor da ordenada na origem) e o declive dessa reta corresponde ao valor do beta (risco/volatilidade), que abaixo vou referir.

Assim, o alfa mede o valor adicional (outperformance) dos retornos obtidos pela gestão ativa do fundo relativamente ao seu benchmark (referência, de gestão passiva), sob a mesma quantidade de risco (beta), pelo que o alfa mede o grau de competência dos gestores dos fundos. Em termos relativos, se, por definição, o beta do benchmark é igual a 1, então o alfa deve ser superior a (1- beta). Se o alfa é um valor negativo, quer dizer que o risco assumido não compensou o retorno. Se o alfa é positivo, significa que o retorno obtido foi além do risco assumido. Se o alfa é zero, quer dizer que o desempenho do gestor do fundo é igual ao do benchmark.

Beta:

O beta determina o risco ou volatilidade de um investimento e como se relaciona com o valor de referência do benchmark. De repente pode ser parecido com o alfa, mas não, lembre-se que o beta está associado com o risco e o alfa com o retorno com base no risco específico.

Se o beta de um fundo é 1, quer dizer que o fundo tem a mesma volatilidade que o respetivo benchmark. Se o beta de um fundo é maior ou menor que 1, significa que a volatilidade é, respetivamente, maior ou menor que o benchmark.

Por exemplo, se um fundo tem um beta de 1.5, isto significa que o mesmo é esperado aumentar 1.5 vezes mais do que a volatilidade do índice de referência. Neste caso, se o benchmark aumentar a volatilidade em 10%, então o fundo iria aumentar a volatilidade em 15%. Ao contrário, se o índice diminuir a volatilidade em 10%, então o fundo iria diminuir a volatilidade em 15%.

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Re: Fundos à la carte

por Rick Lusitano » 5/8/2014 17:37

K2O4 Escreveu:Boas,

Processos de investimento tipo bottom-up ou top-down nos fundos acionistas.

Estes diferentes processos de investimento podem ser visualizados em alguns dos “Analyst Report” (Relatório do Analista) dos analistas da Morningstar que fazem sobre os fundos acionistas.
Apesar das diferenças entre as duas estratégias, ambos os processos de investimento, que podem ser adotados pelos gestores dos fundos, têm o mesmo objetivo: tentar escolher as melhores ações das empresas.
Vamos então ver as diferenças principais entre estas duas politicas de gestão.

Top-Down:

O gestor do fundo que pratica esta estratégia de investimento tem uma orientação de visão do global ou amplo para o específico, em que em 1º lugar olha para o mercado global (top) e usa os dados do mercado para identificar as empresas e marcas-alvo específicas de interesse (down).

O pressuposto é que, dado o mercado existente e o seu potencial de crescimento, uma determinada empresa pode potencialmente captar uma determinada percentagem do mercado num ano, maior percentagem em 2 anos e assim sucessivamente.

Por exemplo, se uma empresa criou um aplicativo (app) para iphon, deve-se olhar para o nº de consumidores globais que compram apps para os seus iphones. Se, por ex., existirem 80 milhões de utilizadores de iphones e se 25% desses utilizadores comprarem pelo menos uma aplicação por ano, a partir daqui pode-se extrapolar para estimar o valor de certas variáveis. Se numa perspetiva conservadora, se considerar que daqueles potenciais 20 milhões (80 x 0.25 = 20) de utilizadores de iphons que à partida estão dispostos a comprar apps, só 1% é que efetivamente vai comprar a referida app, então essa empresa que criou a app vai ter um potencial de 200 mil novos clientes no próximo ano e um expetável crescimento nos anos seguintes.

Os gestores do tipo top-down olham para a economia ampla e global e tentam prever qual será o setor industrial que pode gerar os melhores retornos. Em seguida, olham para as empresas individuais dentro do setor escolhido e adicionam às suas carteiras as que têm melhores perspetivas de lucros. Estes gestores estão muito focados nos retornos que no risco das suas escolhas.

Por exemplo, numa perspetiva de uma queda das taxas de juro, usando a abordagem de top-bottom, pode-se determinar que o setor da industria de contrução de casas e restantes edificações seriam as mais beneficiadas com as alterações macroeconómicas provocadas pela baixa das taxas de juros e, em seguida, focar a pesquisa para as principais empresas do ramo.

Bottom-Up:

Este processo de investimento do fundo assenta na matriz em que os planos e projeções de receitas são baseados em previsões de vendas reais das empresas em análise. Assim, o rendimento potencial de uma determinada empresa em apreciação é calculado através da multiplicação do nº de potenciais vendas por produto pelo valor médio da venda. Esta é uma abordagem com um olhar real para uma situação atual e as suas capacidades (visão bottom) e ver a partir daqui para onde pode ir (up).

É óbvio que com este tipo de gestão bottom-up, em que se olha para os números reais e a situação atual, é muito mais difícil obter grandes projeções futuras a partir do presente. Com esta abordagem, a maneira de aumentar as vendas da empresa em análise é aumentar a sua exposição global e assegurar todas as condições necessárias para a divulgação e venda dos produtos ou serviços da empresa.

Os gestores de fundos do tipo bottom-up, fazem a seleção das ações com base nos atributos individuais de uma empresa, procurando encontrar empresas robustas e com boas perspetivas de desenvolvimento, independentemente da conjetura macroeconómica mundial ou do setor especifico industrial em que a empresa se enquadra.

Este tipo de gestor procura comprar ações de empresas que tenham um baixo rácio P/E (Price/Earnings), ou seja, a relação entre a cotação da ação da empresa em análise e o seu lucro gerado. Estes gestores escolhem as empresas pelos seus fundamentais robustos e não ligam muito ao ciclo de negócios ou às condições mais amplas do mercado, pois acreditam que estas empresas fortes estão melhor preparadas que outras, com mais baixos fundamentais, para no futuro poderem melhor resistir às condições adversas do mercado, e é aqui nas tendências de downside (em baixa) do mercado que elas fazem a diferença. Ou seja, esta estratégia é do tipo “todo-o-terreno” do mercado e de longo prazo, pelo que incorpora menos risco que a estratégia de top-down.

Abr,
K2O4



Bem-vindo, K2O4.

Marinheiro ou químico? :wink:
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Re: Fundos à la carte

por Rick Lusitano » 5/8/2014 17:16

chico_laranja Escreveu:
Rick Lusitano (New) Escreveu:Chico, good work. :clap:



Ando como vontade de alargar horizontes, e estar sempre a me repetir a dizer quais os melhores fundos, quando eles estão logo na 1ª página, e é só uma questão de cada um escolher a alocação adequada com o seu perfil de risco. Estão lá inclusivamente fundos "low cost" para quem quer fazer tipo uma carteira-poupança de fundos ou um "mealheiro de fundos". :lol:

Não incluo mais fundos, apenas porque os novos fundos, já exigem um grau de conhecimento maior, não é preciso ser 1 génio das finanças, mas é preciso ter alguma cultura financeira e ser proactivo nos mercados, ou seja, seguir regularmente os mercados, pois não são fundos de comprar e esquecer, tipo carteiras para reforma ou longo prazo, o tradicional "buy n' hold".


Quero lançar um projecto "think tank", um brainstorming de vários pensamentos de investimento, que seja verdadeiramente abrangente. Quero dominar os fóruns financeiros Portugueses. É um plano maquiavélico para o domínio total. Após ter um tópico quase sempre no top deste fórum, agora, vou absorver este fórum por inteiro, para depois engolir o resto da concorrência. :mrgreen:

Aproveitando o meu último paragrafo, deixo esta imagem para a um AMIGO, companheiro investidor e participante deste tópico e não só:

Imagem


O que é que estará para sair daí :-k

Se for flash trading e tendo os algorítmos poderei tentar desenvolver o coração da máquina do demo pois microelectrónica reprogramável é o meu dia a dia :twisted:

Têm é que me dar um ordenado similar ao que é pago a essa malta pois se o algoritmo for bem feito o que me pagariam seria peannuts em relação aos potenciais lucros :mrgreen:



O meu plano de dominância global não envolve máquinas inorgânicas. Apenas as verdadeiras máquinas das finanças, VG; LTCM; Sniper, etc. :mrgreen:
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Re: Fundos à la carte

por chico_laranja » 5/8/2014 16:34

Rick Lusitano (New) Escreveu:Chico, good work. :clap:



Ando como vontade de alargar horizontes, e estar sempre a me repetir a dizer quais os melhores fundos, quando eles estão logo na 1ª página, e é só uma questão de cada um escolher a alocação adequada com o seu perfil de risco. Estão lá inclusivamente fundos "low cost" para quem quer fazer tipo uma carteira-poupança de fundos ou um "mealheiro de fundos". :lol:

Não incluo mais fundos, apenas porque os novos fundos, já exigem um grau de conhecimento maior, não é preciso ser 1 génio das finanças, mas é preciso ter alguma cultura financeira e ser proactivo nos mercados, ou seja, seguir regularmente os mercados, pois não são fundos de comprar e esquecer, tipo carteiras para reforma ou longo prazo, o tradicional "buy n' hold".


Quero lançar um projecto "think tank", um brainstorming de vários pensamentos de investimento, que seja verdadeiramente abrangente. Quero dominar os fóruns financeiros Portugueses. É um plano maquiavélico para o domínio total. Após ter um tópico quase sempre no top deste fórum, agora, vou absorver este fórum por inteiro, para depois engolir o resto da concorrência. :mrgreen:

Aproveitando o meu último paragrafo, deixo esta imagem para a um AMIGO, companheiro investidor e participante deste tópico e não só:

Imagem


O que é que estará para sair daí :-k

Se for flash trading e tendo os algorítmos poderei tentar desenvolver o coração da máquina do demo pois microelectrónica reprogramável é o meu dia a dia :twisted:

Têm é que me dar um ordenado similar ao que é pago a essa malta pois se o algoritmo for bem feito o que me pagariam seria peannuts em relação aos potenciais lucros :mrgreen:
Ao fim de semana o tempo é para o mercado dos afectos para com a cara metade e com os filhos .
Uma vez que o meu tempo disponível para o acompanhar o fórum é mínimo, se precisarem de algo da minha parte mandem PM que tento passar por cá.
Um abraço e bons investimentos.
 
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Re: Fundos à la carte

por chico_laranja » 5/8/2014 16:15

avataris Escreveu:
Rick Lusitano (New) Escreveu:Chico, good work. :clap:



Ando como vontade de alargar horizontes, e estar sempre a me repetir a dizer quais os melhores fundos, quando eles estão logo na 1ª página, e é só uma questão de cada um escolher a alocação adequada com o seu perfil de risco. Estão lá inclusivamente fundos "low cost" para quem quer fazer tipo uma carteira-poupança de fundos ou um "mealheiro de fundos". :lol:


Rick, eu sei que és o especialista cá da casa, mas não resisto a "corrigir-te" se me dás liberdade para isso :)

A questão não é so chegar ao top de fundoes e escolher os melhores, com base num perfil de risco e kapput. Ha muita coisa que pode ser errada nessa escolha. Nomeadamente nao diversificar a gestora, sobreposicao de activos, fundos falsamente diversificados devido a correlacao, comissoes, fundos nao disponiveis no banco X, definir periodos de rebalanceamento, mercados/sectores sobreaquecidos, etc.

No meio disto tudo é impossivel dizer que e sor ir ao top e pronto.


Para isso bastará ler e reler o tópico todo e fazer o mesmo ao sempre citado tópico do VG também. Fala disso tudo e muito mais 8-)
Ao fim de semana o tempo é para o mercado dos afectos para com a cara metade e com os filhos .
Uma vez que o meu tempo disponível para o acompanhar o fórum é mínimo, se precisarem de algo da minha parte mandem PM que tento passar por cá.
Um abraço e bons investimentos.
 
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Re: Fundos à la carte

por K2O4 » 5/8/2014 15:57

Boas,

Processos de investimento tipo bottom-up ou top-down nos fundos acionistas.

Estes diferentes processos de investimento podem ser visualizados em alguns dos “Analyst Report” (Relatório do Analista) dos analistas da Morningstar que fazem sobre os fundos acionistas.
Apesar das diferenças entre as duas estratégias, ambos os processos de investimento, que podem ser adotados pelos gestores dos fundos, têm o mesmo objetivo: tentar escolher as melhores ações das empresas.
Vamos então ver as diferenças principais entre estas duas politicas de gestão.

Top-Down:

O gestor do fundo que pratica esta estratégia de investimento tem uma orientação de visão do global ou amplo para o específico, em que em 1º lugar olha para o mercado global (top) e usa os dados do mercado para identificar as empresas e marcas-alvo específicas de interesse (down).

O pressuposto é que, dado o mercado existente e o seu potencial de crescimento, uma determinada empresa pode potencialmente captar uma determinada percentagem do mercado num ano, maior percentagem em 2 anos e assim sucessivamente.

Por exemplo, se uma empresa criou um aplicativo (app) para iphon, deve-se olhar para o nº de consumidores globais que compram apps para os seus iphones. Se, por ex., existirem 80 milhões de utilizadores de iphones e se 25% desses utilizadores comprarem pelo menos uma aplicação por ano, a partir daqui pode-se extrapolar para estimar o valor de certas variáveis. Se numa perspetiva conservadora, se considerar que daqueles potenciais 20 milhões (80 x 0.25 = 20) de utilizadores de iphons que à partida estão dispostos a comprar apps, só 1% é que efetivamente vai comprar a referida app, então essa empresa que criou a app vai ter um potencial de 200 mil novos clientes no próximo ano e um expetável crescimento nos anos seguintes.

Os gestores do tipo top-down olham para a economia ampla e global e tentam prever qual será o setor industrial que pode gerar os melhores retornos. Em seguida, olham para as empresas individuais dentro do setor escolhido e adicionam às suas carteiras as que têm melhores perspetivas de lucros. Estes gestores estão muito focados nos retornos que no risco das suas escolhas.

Por exemplo, numa perspetiva de uma queda das taxas de juro, usando a abordagem de top-bottom, pode-se determinar que o setor da industria de contrução de casas e restantes edificações seriam as mais beneficiadas com as alterações macroeconómicas provocadas pela baixa das taxas de juros e, em seguida, focar a pesquisa para as principais empresas do ramo.

Bottom-Up:

Este processo de investimento do fundo assenta na matriz em que os planos e projeções de receitas são baseados em previsões de vendas reais das empresas em análise. Assim, o rendimento potencial de uma determinada empresa em apreciação é calculado através da multiplicação do nº de potenciais vendas por produto pelo valor médio da venda. Esta é uma abordagem com um olhar real para uma situação atual e as suas capacidades (visão bottom) e ver a partir daqui para onde pode ir (up).

É óbvio que com este tipo de gestão bottom-up, em que se olha para os números reais e a situação atual, é muito mais difícil obter grandes projeções futuras a partir do presente. Com esta abordagem, a maneira de aumentar as vendas da empresa em análise é aumentar a sua exposição global e assegurar todas as condições necessárias para a divulgação e venda dos produtos ou serviços da empresa.

Os gestores de fundos do tipo bottom-up, fazem a seleção das ações com base nos atributos individuais de uma empresa, procurando encontrar empresas robustas e com boas perspetivas de desenvolvimento, independentemente da conjetura macroeconómica mundial ou do setor especifico industrial em que a empresa se enquadra.

Este tipo de gestor procura comprar ações de empresas que tenham um baixo rácio P/E (Price/Earnings), ou seja, a relação entre a cotação da ação da empresa em análise e o seu lucro gerado. Estes gestores escolhem as empresas pelos seus fundamentais robustos e não ligam muito ao ciclo de negócios ou às condições mais amplas do mercado, pois acreditam que estas empresas fortes estão melhor preparadas que outras, com mais baixos fundamentais, para no futuro poderem melhor resistir às condições adversas do mercado, e é aqui nas tendências de downside (em baixa) do mercado que elas fazem a diferença. Ou seja, esta estratégia é do tipo “todo-o-terreno” do mercado e de longo prazo, pelo que incorpora menos risco que a estratégia de top-down.

Abr,
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Re: Fundos à la carte

por Rick Lusitano » 5/8/2014 15:54

avataris Escreveu:
chico_laranja Escreveu:
avataris Escreveu:Boas

Essa carteira é um bocado desequilibrada.

Nas obrigações tens acima de tudo obrigações de qualidade alta.

Nas acções tens isso focado em 2 zonas: US e Europa. Na Europa estás a apostar apenas nas Small Caps.

Não era mais simples substituir esses 2 fundos por 1 fundo global?

Não gostas de fundos mistos?

Perdes os grandes ganhos das Small Caps mas também não sofres os sobresaltos das quedas deles.

Se és novo neste mundo poderias ter algo como (ordenado por ordem de risco potencial):
Obrigações
O Pimco que tens - Obrigações Qualidade Alta
O Templeton TR - Obrigações de qualidade mais baixa mas que não se cola apenas nas de risco alto - LU0260870745

Misto
M&G Optimal Income Fund - GB00B1VMCY93
Acções
MFS® Meridian Glbl Equity A1 EUR Acc - LU0094560744

Se queres algo mais diversificado nas acções por mais defensivas e mais agressivas podes optar por
Bens de consumo básico(Alimentação, retalho e afins)/Infraestruturas para o lado defensivo
Eurizon EasyFund Eq Cnsmr Staples LTE R - LU0155230690 - Bens de consumo básico
UBS (Lux) EF Infrastructure - LU0366711900 - Infraestruturas
e Small Caps para o lado agressivo
Invesco Glbl Smlr Coms Eq E EUR Acc - LU0607512935 - Este em relação ao MFS a diferença é que este é mundial e o MFS é só europeu

NOTA:
Isto são apenas linhas directoras com exemplos. Podes e deves verificar alternativas ao que indico pois não sei qual a tolerância ao risco. Uma coisa é dizer aguento perder 20%, outra é ver isso a acontecer. Pensamos que estamos preparados mas podemos não estar :!:

Na primeira página tens vários fundos separados por sectores e subsectores que te poderá ajudar a fazeres tu a tua carteira. O Rick fez o mais difícil que foi separar o trigo do joio.

Quando tiveres tudo feito colocas tudo nesses sites de backtest falados e verifica o comportamento da tua hipotética carteira nos diversos períodos: Bull de 2009-2020, lateralização em 2012 e queda média em 2012. Se for possível apanhares o crash de 2007 melhor. Medes a queda máxima entre meados de 2007 e Fevereiro de 2009. Ficas logo a saber quanto é que num momento mau a tua carteira pode ceder :twisted: .

Para esses backtests e se tens tudo já +- orientado recomendo-te fazeres um registo demo do Quantalys. Antes de te registares verifica se ele tem todos os fundos que integram a tua carteira.

Rick

Depois diz se concordas e se alteravas alguma coisa. O expert és tu pois eu ainda sou apenas aprendiz de feiticeiro :roll:


Obrigado pela resposta.

Em relacao aos mistos, nao estou a pensar inclui-lo, pois sou da opiniao que devem funcionar de forma isolada, e para isso tenho um PPR. Mas e apenas a minha opinião, a qual aceito criticas.

Quanto ao resto, isto tem tudo a haver um bocado com a historia da correlacao.

Os fundos de acçoes sectoriais que sugeres tem o mesmo problema com que eu me deparei, é que apesar de serem de sectores diferente, o que é certo é que em termos de desempenho estao todos muito correlacionados. Ou seja, um baixa, e baixam todos, um sobe e sobem todos. Ou seja, nao diversifica em nada a carteira.

No entanto gostei muito deste LU0260870745, pois é bastante descorrelacionado face aos outros fundos que tenho na carteira. Se bem que vai sobrepor alguns activos.

Quanto ao substituir o de accoes europa e de accoes EUA por esse global LU0094560744, a carteira vai aumentar o desvio padrao, baixar o sharpe e historico de rentabilidade a 1/3 e 5 anos . E nao melhora quanto a correlacao, na simulacao que fiz.

Obrigado :D

E Rick, VirtualGod e BedRocK, tambem gostava de vos ouvir, se for possivel 8-)





avataris Escreveu:
Rick Lusitano (New) Escreveu:Chico, good work. :clap:



Ando como vontade de alargar horizontes, e estar sempre a me repetir a dizer quais os melhores fundos, quando eles estão logo na 1ª página, e é só uma questão de cada um escolher a alocação adequada com o seu perfil de risco. Estão lá inclusivamente fundos "low cost" para quem quer fazer tipo uma carteira-poupança de fundos ou um "mealheiro de fundos". :lol:


Rick, eu sei que és o especialista cá da casa, mas não resisto a "corrigir-te" se me dás liberdade para isso :)

A questão não é so chegar ao top de fundoes e escolher os melhores, com base num perfil de risco e kapput. Ha muita coisa que pode ser errada nessa escolha. Nomeadamente nao diversificar a gestora, sobreposicao de activos, fundos falsamente diversificados devido a correlacao, comissoes, fundos nao disponiveis no banco X, definir periodos de rebalanceamento, mercados/sectores sobreaquecidos, etc.

No meio disto tudo é impossivel dizer que e sor ir ao top e pronto.



Moi, especialista?! Nein, je ne suis pas. :lol:

Não é má vontade minha para dar opinião a tua carteira e as anteriores que ainda não comentei, mas irei com mais tempo dar. Mas o que Chico disse é meritório.

O fundo imobiliário (FII) que mencionas, o "Square CA Património Crescente FIIA" foi uma ideia que também tive/tenho para investir. É um dos 3 melhores FII, e dos 3 é o único que não tem comissão de subscrição, tem apenas comissão de resgate até os 3 anos, mas isso para mim, não tem importância, seria 1 investimento para o longo prazo. O único senão, prende-se pelo trabalho que daria e tempo despendido vs. rentabilidade expectável. Teria que abrir conta num banco só por causa de 1 fundo que deu a 5 anos anualizados, 3,48% líquidos. Ainda não me decidi completamente.
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Re: Fundos à la carte

por daniel__ » 5/8/2014 15:06

Rick Lusitano (New) Escreveu:Chico, good work. :clap:



Ando como vontade de alargar horizontes, e estar sempre a me repetir a dizer quais os melhores fundos, quando eles estão logo na 1ª página, e é só uma questão de cada um escolher a alocação adequada com o seu perfil de risco. Estão lá inclusivamente fundos "low cost" para quem quer fazer tipo uma carteira-poupança de fundos ou um "mealheiro de fundos". :lol:


Rick, eu sei que és o especialista cá da casa, mas não resisto a "corrigir-te" se me dás liberdade para isso :)

A questão não é so chegar ao top de fundoes e escolher os melhores, com base num perfil de risco e kapput. Ha muita coisa que pode ser errada nessa escolha. Nomeadamente nao diversificar a gestora, sobreposicao de activos, fundos falsamente diversificados devido a correlacao, comissoes, fundos nao disponiveis no banco X, definir periodos de rebalanceamento, mercados/sectores sobreaquecidos, etc.

No meio disto tudo é impossivel dizer que e sor ir ao top e pronto.
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Re: Fundos à la carte

por Rick Lusitano » 5/8/2014 14:50

Chico, good work. :clap:



Ando como vontade de alargar horizontes, e estar sempre a me repetir a dizer quais os melhores fundos, quando eles estão logo na 1ª página, e é só uma questão de cada um escolher a alocação adequada com o seu perfil de risco. Estão lá inclusivamente fundos "low cost" para quem quer fazer tipo uma carteira-poupança de fundos ou um "mealheiro de fundos". :lol:

Não incluo mais fundos, apenas porque os novos fundos, já exigem um grau de conhecimento maior, não é preciso ser 1 génio das finanças, mas é preciso ter alguma cultura financeira e ser proactivo nos mercados, ou seja, seguir regularmente os mercados, pois não são fundos de comprar e esquecer, tipo carteiras para reforma ou longo prazo, o tradicional "buy n' hold".


Quero lançar um projecto "think tank", um brainstorming de vários pensamentos de investimento, que seja verdadeiramente abrangente. Quero dominar os fóruns financeiros Portugueses. É um plano maquiavélico para o domínio total. Após ter um tópico quase sempre no top deste fórum, agora, vou absorver este fórum por inteiro, para depois engolir o resto da concorrência. :mrgreen:

Aproveitando o meu último paragrafo, deixo esta imagem para a um AMIGO, companheiro investidor e participante deste tópico e não só:

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