Outros sites Medialivre
Caldeirão da Bolsa

Conto - Um outro Natal

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Visitante » 8/2/2004 21:15

Que maus! :roll:
Visitante
 

É..

por Visitante » 1/2/2004 22:47

...por ler alguns destes comentários, que entendo porque é que referendo sobre o Interrupção Voluntária da Gravidez deu no que deu.
Tenham sensibilidade por favor...
(o conto, apesar de dramático, é lindo e deveria obrigar-nos a uma reflecção)
Visitante
 

Por estas e por outras

por bboniek99 » 1/2/2004 21:02

que eu prefiro o Inoxidavel. Pode ser mais caro... mas compensa. :wink:
bboniek99
 

Um fim feliz...

por Inox » 1/2/2004 2:42

Vou tentar dar um fim feliz a este conto (Moh, não te importas ?)...Portugal candidatou-se ao Cup América e a barraca e o quintal dos pais do menino tinham que ser expropriadas...José Ferreira foi chamar a TVI, naquela barraca já tinham nascido os pais e os avós...não e não...somente arrastado pela morte sairia dali...foi à pressa meter uma dúzia de couves e 5 pés de alface e vociferou perante as câmaras que jamais permitiria que aquela terra regada com o seu suor fosse profanada...3 dias depois recebia uma indemnização de 150 mil euros e era integrado como funcionário da Câmara...o menino que entretanto tinha sobrevivido (Jesus nunca se esquece dos meninos) vivia feliz e começou a ir aos centros comerciais ...a Cup América foi para Valência e José Ferreira resolveu comprar 12 folhas de chapa zincada e regressar à barraca; vive feliz com um Audi A4, Tv Cabo , mobília Kinane e subsídio...o menino deixou a escola e tem mais 8 irmãos meninos a dormir no seu quarto...batem leve, levemente como quem chama por mim. Um abraço.
Inox
 

por Kooc » 1/2/2004 1:37

de facto um conto triste. Não interessa se é verdadeiro, porque todos nós sabemos que se não for este caso, há milhares de outros parecidos e em que o desfecho é igual


Mas mais triste ainda é o facto de alguns, não aproveitarem a oportunidade para refletir na sorte que têm

cumps
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 1274
Registado: 30/11/2002 0:36
Localização: Amadora

por Patdav » 31/1/2004 23:58

Caro curioso, :wink:

Tenho lido os seus contos.
Alguns tenho gostado muito! :)

Este, não foi dos que eu gostei mais! :(

Deixo-lhe uma lembrança, para este seu conto.
Espero que goste!


Abraço
patdav
Anexos
Conto C.gif
Conto C.gif (22.76 KiB) Visualizado 839 vezes
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 1154
Registado: 25/11/2002 22:19
Localização: Porto

Assunto remetido a tutela.

por bboniek99 » 31/1/2004 21:26

Tomei a liberdade de enviar a questao a tutela governamental. O MOP comprometeu-se a tapar o buraco no telhado na manha da proxima segunda-feira. O MT garantiu-me que ira arranjar um contrato de 3 meses para o pai do bebe. O Min. da Saude garantiu que cobre as proximas 2 consultas num hospital pediatrico SA a escolha da familia.
Por fim o Min. da Cultura vai empenhar-se em substituir as estrelas por subsidios as artes graficas na medida em que Bruxelas desbloquear verbas que se destinam a cobrir o ceu de Portugal.
Espero que o menino sobreviva entretanto e que os papas nao se aquecam a fazer mais meninos antes de terem os meios para lhe encher a barriguinha. :cry:
bboniek99
 

Pois é Pata

por Olimpo » 31/1/2004 21:22

Só agora li o último parágrafo e não adivinhava um desfecho tão trágico.

Que Deus guarde no sítio certo a sua alma!
Olimpo
 

Re: Conto - Um outro Natal

por Pata-Hari » 31/1/2004 20:37

Curioso Escreveu: Não consta que este bebé tivesse tido prendas no Natal em que morreu.


Parece que não resistiu ao frio, Olimpo...
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 20972
Registado: 25/10/2002 17:02
Localização: Lisboa

por Visitante » 31/1/2004 20:31

Ventor, Ventor :? , retórica, a esta hora? :roll:
Visitante
 

Boas Curioso

por Olimpo » 31/1/2004 19:57

Tenho muita pena do menino, coitado, sem culpa de o pai estar desempregado há 2 anos e não ter usado a "camisinha" para evitar que viesse ao mundo, só para ver as estrelas.

Mas olha,Curioso, esse menino se resistir ao frio, se os país mudarem rapidamente de habitat, procurarem como qualquer animal o sítio para desenvolver as suas vidas,ele vai ser "rijo" para a vida.

Deixa lá a "abundância" burguesa dos centros comerciais que não é ela que faz um homem feliz. Eu, como não tinha dinheiro, fazia os meus próprios brinquedos:carrinhos de cana(com volante e tudo!)....etc, e sentia-me realizado!

Essa tua mensagem demonstra um sentimento de inveja que não fica bem, principalmente quando se cobiçam bens que não servem para nada...ou quase nada.

Exijamos condições, sem dúvida, mas também temos que ser nós próprios a procurá-las, não podemos estar à espera que façam tudo por nós.


Bom, para salvar o menino, se entretanto os pais não o deitarem no caixote do lixo, como agora é moda,será preciso um conselho dos Deuses, que dêem a todos os pais portugueses a noção da responsabilidade, a qual anda muito afastada do nosso imaginário colectivo.

Passa bem Curioso
Olimpo
 

por Visitante » 31/1/2004 16:41

Aceitam-se comentários, opiniões, críticas, sugestões... :roll:
Visitante
 

por Curioso » 30/1/2004 21:27

Já há muito tempo que não "vos" escrevia qualquer coisa. Este conto é um pouco negro, mas a vida não é (só) cor-de-rosa.
Cumprimentos a todos e bom fim-de-semana.
Partilhar é ser humano...
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 69
Registado: 10/12/2002 20:49

Conto - Um outro Natal

por Curioso » 30/1/2004 21:23

Fazia frio. Não é uma sensação de que um bebé de dois meses possa ter consciência, para ele é “apenas” desagradável. Mas fazia frio. Na verdade, sempre tinha feito, e ele sentira, frio desde que nascera. Era algo a que o bebé obrigatoriamente já se habituara. A sua pele, por vezes morna, a maior parte do tempo gelada, dava-lhe uma sensação de solidão, tristeza e amargura que nenhum bebé devia alguma vez sentir. E o que sentia era frio. Da caixa de cartão que lhe servia de berço conseguia ver as estrelas. Perdia o olhar pelo espaço escuro que o rodeava e fixava as pupilas negras como a noite naqueles pontos brilhantes que pareciam querer aquecer um pouco as suas mãos. E eram as estrelas, com o seu cintilar aparente, que ainda o conseguiam, um pouco, distrair. Não tinha noção de que aquela abertura por onde lhe saía o olhar e entrava o frio era um buraco no telhado daquilo a que, com alguma condescendência, se poderia chamar a casa onde vivia. Há muitos dias que tinha deixado de chorar. Tinha aprendido à sua custa que as lágrimas arrefeciam ainda mais depressa que a pele, o que lhe deixava o rostinho ainda tenro muito mais gelado. Agora, limitava-se a gemer baixinho, com um eterno beicinho nos lábios, tentando algumas vezes fechar as pálpebras, pois, se conseguisse dormir, pelo menos deixava de sentir frio. A fome é que não. Mesmo a dormir, naquele soninho irrequieto e agitado que os bebés com fome e frio adquirem, conseguia sentir a falta de algo quente que lhe aconchegasse o estômago, que lhe calasse a dor que o assolava repetidamente, e que a voluntariedade da mãe não era suficiente para combater e eliminar, pois a falta de nutrição normal e de condições mínimas de vida não deixavam que o leite que tentava desesperadamente dar ao seu filho fosse em quantidade suficiente. Sobrevivia, porém. Com todas as mágoas que já transportava, tão jovem, tão inocente, tão bebé. Não sabia das desventuras de seu pai, desempregado há já dois anos, e sem perspectiva de uma ocupação que lhe garantisse o suficiente para uma lata de leite por semana, ou sequer dez pães diários, que levassem para longe das faces dos seus dois irmãos, e dele e da mãe, a angústia de não saber quando aquela fome que lhes carcomia os ossos e a carne iria desaparecer. Não sabia das dores da mãe, impotente perante os filhos que sofrem e choram, os que ainda choram, ignorantes das razões de terem fome, de sofrerem frio, de receberem a duvidosa dádiva da chuva directamente sobre si quando o céu se abria. Sabia apenas que não tinha pedido para vir a este mundo, onde os centros comerciais regurgitam consumidores ávidos de tudo o que existe para venda, onde os restaurantes de luxo têm filas de pessoas à porta a aguardar lugar para o repasto, onde a mágoa é deixada a um canto da cidade e esquecida por quem passa, que faz que não vê, e que, por isso, não existe. E sabia que tinha frio, que entrava pelo gasto e velho cobertor que o cobria, vindo das estrelas, brilhantes, sobre a sua cabeça, para onde voltava os olhinhos negros, que não se atreviam a chorar. Suspirou levemente, como quem está cansado de todas as dores do mundo, até de suspirar por elas. Olhou, uma vez mais, para o céu que lhe servia de tecto e deixou-se ir ao encontro dos pontos brilhantes onde o frio não existia. Não consta que este bebé tivesse tido prendas no Natal em que morreu.
Partilhar é ser humano...
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 69
Registado: 10/12/2002 20:49


Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: aaugustobb_69, acintra, AlfaTrader, Garfield, Google [Bot], m-m, malakas, Manchini888, OCTAMA, PacoNasssa, PAULOJOAO, Shimazaki_2, silva_39, trilhos2006 e 285 visitantes