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A vergonha da Educação

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: A vergonha da Educação

por migluso » 12/11/2013 13:48

artista Escreveu:Mas talvez não perceba onde estás a querer chegar... só pode!


Provavelmente não ouviste a entrevista, que por acaso é sobre o tema educação.
O que o mestre Agostinho da Silva defende é incompatível com o que temos hoje no que respeita ao sistema educativo, grosso modo, o planeamento central e a escola como "máquina" de construir robots humanos, em que a criatividade e a independência do professor e do aluno está vedada pelo sistema. Vomita-se matéria e desincentiva-se o espírito crítico e a curiosidade pelo saber que interessa ao aluno e só a ele.

Parece-me que o mestre seria mais apologista deste género de educação (que pelos vistos não é reconhecido pelo ministério):
http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_da_Ponte

Desconfio também que Agostinho da Silva abominaria os exames nacionais, quanto mais os rankings.
Não é isso que está em causa, mas sim o próprio sistema cujas directrizes emanam do comité central que é o ministério da educação.
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Re: A vergonha da Educação

por mais_um » 12/11/2013 13:40

migluso Escreveu:
Reflecte o fracasso do "sistema social educativo" tal como ele existe, isso sim.


Queres explicar o que entendes por fracasso do "sistema social educativo"?

migluso Escreveu:É comum a todos os regimes corporativistas negarem os métodos ou estatísticas que produzem conclusões que colocam em causa a qualidade do sistema, e com isto não pretendo dar mais importância do que aquela que os rankings supostamente têm, e que na minha opinião é muito pouca.


Não percebo, das duas uma, ou os rankings colocam em causa a qualidade do sistema ou têm pouca importância, decide-te,

migluso Escreveu:Mas daí a ver perversidade nos rankings vai uma diferença muito grande.


os rankings em si não são perversos, o que é perverso é a forma como eles são utilizados.

É a mesma coisa que colocares um ranking de nascimentos por países e dai concluíres que os residentes nos países que tem uma taxa de natalidade mais elevada, fazem mais sexo! :mrgreen:
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Re: A vergonha da Educação

por artista_ » 12/11/2013 13:30

migluso Escreveu:
mais_um Escreveu:
Não sou fã do DO, mas em relação a este tema, os factos referidos por ele são reais, por muito que não gostes. Em relação à parte de opinião do comentário dele, reflete quase a 100% a realidade no terreno.


Reflecte o fracasso do "sistema social educativo" tal como ele existe, isso sim.
É comum a todos os regimes corporativistas negarem os métodos ou estatísticas que produzem conclusões que colocam em causa a qualidade do sistema, e com isto não pretendo dar mais importância do que aquela que os rankings supostamente têm, e que na minha opinião é muito pouca. Mas daí a ver perversidade nos rankings vai uma diferença muito grande.


pois, o problema está aí, é de princípio, tu não estás apenas convencido que um sistema privado de educação funcionaria melhor que um público, tu tens a certeza de que é assim! E isso parece-me um problema de fundo...

Eu não tenho razões pessioais nenhumas para defender a escola pública, mas estou longe de ter as tuas certezas, aliás neste assunto tenho mais dúvidas que certezas, mas custa-me acreditar que alguém inteligente como tu consiga ter tantas certezas num tema destes!

Mas isso é um problema que tens de resolver contigo próprio, caso contrário continuarás a dar "palpites" e a apelidar os outros de comunistas só porque concordam com algo que alguém escreveu... não interessa o que ele escreveu, interessa que é um tipo de esquerda, logo...

Já agora, eu li apenas o texto aqui no forum, por acaso não tive a curiosidade de ir ver quem o escreveu, se não tivesses dito nada não sabia que era do Daniel Oliveira.
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Re: A vergonha da Educação

por Heisenberg » 12/11/2013 13:29

artista Escreveu:parece-me claramente que os professores têm sido alvos de um ataque feroz (ao estilo deste governo) que colocou uma boa parte da sociedade contra os mesmos, porque "todos eles ganham muito, fazem pouco, têm muitas regalias e tem formação inadequada", para muita gente esta é a imagem que passa. Para os milhares de competentes que lá estão (eu diria que a grande maioria) é uma tremenda injustiça!

Por outro lado acho que estás a exagerar muito na falta de qualidade dos professores, de uma forma geral, mas admito que, mesmo tendo dado aulas 16 anos, não consigo ter um conhecimento profundo da situação.


Não te deves estar a referir a mim no primeiro parágrafo, porque já muitas vezes aqui disse o contrário. Os professores ganham pouco, fazem muito e têm poucas regalias. Muitos têm uma formação muito boa. Alguns têm graves deficiências na formação. Ganhar muito, só mesmo os que lá estão há muitos anos ou reformados.

Quanto ao meu "exagero" não vejo onde está. Eu não disse que a maior parte dos professores tem formação de má qualidade. Não sei se é a maior parte, não sei quantos são. Mas sei que o problema existe em algumas áreas e não se pode tolerar que isso aconteça.

Vai-se tentar avaliar as escolas superiores e corrigir o problema na raiz?
Claro, era óptimo, mas COMO se estas têm autonomia científica e pedagógica?
(Lei n.º 108/88 de 24 de Setembro para as Universidades, Lei nº 54/90 de 5 de Setembro para os Politécnicos)
A única forma legal das escolas superiores melhorarem é pela via de uma segunda avaliação dos alunos lá formados. E essa segunda avaliação, para mim, deve ser feita por quem os vai contratar.

artista Escreveu:E achas que essa "provita" oral podia por em causa anos de formação?! E se por acaso as perguntas colocadas até fossem exatamente sobre aqueles assuntos que conheces pior? E se estivesses nervoso? E quem é que faria a avaliação oral? No país não seriam obviamente os mesmos, como é que se garantiria a homogeneidade dos critérios?


Lá estás tu com as minudências. Há muitas formas de se fazer avaliações orais para contornar esses problemas. Acho que não preciso de te ensinar porque és um professor com muita experiência. Desde que se saiba em concreto quais os objectivos concretos dessa avaliação, facilmente se estabelece uma prova que permita avaliá-los.
O problema é falar-se de tudo no ar e depois discutir pormenores que não podem ser discutidos sem se saber os objectivos concretos destas coisas. Eu já disse qual seria o meu objectivo. A partir daí as coisas podem ser bem desenhadas, mas para quê pormenorizar se nem sequer há acordo no tal objectivo?

Já agora: qualquer entrevista de emprego põe em causa anos de formação. Se tivesses uma empresa contratavas empregados seleccionando-os apenas pela nota do curso?

Abraço
 
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Re: A vergonha da Educação

por artista_ » 12/11/2013 13:21

migluso Escreveu:
artista Escreveu:Para que não fique na página anterior... excelente texto mais_um, obrigado pela partilha! Talvez ilumine algumas mentes mais distraídas... enfim, na realidade não tenho grande esperança!


Triste, muito triste. Vocês, na Venezuela, teriam o Maduro a convencer-vos que os vendedores de electrodomésticos são uns exploradores. E fico-me por aqui na discussão.

E para que não fique na página atrás, deixo também aqui mais uma vez o Mestre, a quem espero não estar a ofender postumamente ao colocá-lo em contraponto ao daniel oliveira.
http://www.youtube.com/watch?v=g7JmgJ6wQKk


Eu não percebo é o que é que uma coisa tem a ver com a outra, ou que tipo de contradições em que encontras entre o pensamento do mestre Agostinho da Silva e um texto com uma série de dados estatísticos?! :roll: :roll:

A mim parece-me que num tópico de futebol poderías colocar também este video em confrontação com um texto sobre os melhores goleadores de sempre. O efeito seria o mesmo...

Mas talvez não perceba onde estás a querer chegar... só pode!
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Re: A vergonha da Educação

por migluso » 12/11/2013 12:57

artista Escreveu:Para que não fique na página anterior... excelente texto mais_um, obrigado pela partilha! Talvez ilumine algumas mentes mais distraídas... enfim, na realidade não tenho grande esperança!


Triste, muito triste. Vocês, na Venezuela, teriam o Maduro a convencer-vos que os vendedores de electrodomésticos são uns exploradores. E fico-me por aqui na discussão.

E para que não fique na página atrás, deixo também aqui mais uma vez o Mestre, a quem espero não estar a ofender postumamente ao colocá-lo em contraponto ao daniel oliveira.
http://www.youtube.com/watch?v=g7JmgJ6wQKk
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Re: A vergonha da Educação

por migluso » 12/11/2013 12:53

mais_um Escreveu:
Não sou fã do DO, mas em relação a este tema, os factos referidos por ele são reais, por muito que não gostes. Em relação à parte de opinião do comentário dele, reflete quase a 100% a realidade no terreno.


Reflecte o fracasso do "sistema social educativo" tal como ele existe, isso sim.
É comum a todos os regimes corporativistas negarem os métodos ou estatísticas que produzem conclusões que colocam em causa a qualidade do sistema, e com isto não pretendo dar mais importância do que aquela que os rankings supostamente têm, e que na minha opinião é muito pouca. Mas daí a ver perversidade nos rankings vai uma diferença muito grande.
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Re: A vergonha da Educação

por artista_ » 12/11/2013 12:49

mais_um Escreveu:
Rankings: o marketing da receita fácil

Os rankings das escolas não são, como julgam algumas pessoas, listas oficiais. São feitas por jornalistas (que até usam critérios diferenciados), com base em dados oficiais brutos, sem qualquer preparação técnica especial para tal encomenda. A publicitação das médias dos exames, para permitir a publicação desta curiosidade jornalística, foi conseguida pelo jornal "Público" e pelo seu antigo diretor, José Manuel Fernandes, defensor de sempre da linha privatizadora do ensino. E, sem outros dados relevantes, fundamentais para qualquer avaliação séria, servia muitíssimo bem os interesses do lóbi do ensino particular, hoje representado pelo grupo de pressão Fórum para a Liberdade de Escolha na Educação, que se bate pelo financiamento público a estas empresas privadas. O objetivo fundamental era, usando apenas as notas nos exames, demonstrar que os colégios conseguiam melhores resultados do que as escolas públicas. Assim se incentivava a lógica de competição entre escolas e, para além de se garantir publicidade gratuita para os colégios mais seletivos, criava-se o ambiente favorável à integração do sistema privado na oferta pública escolar. Integração conseguida através de várias modalidades de financiamento público aos colégios, que vão dos contratos de associação ao cheque ensino.

A campanha contra as obras da Parque Escolar, que, apetrechando escolas públicas com condições iguais ou superiores às do ensino privado, punham em causa a atratividade competitiva dos colégios junto das elites, foi outro momento deste poderosíssimo grupo de pressão. Que sempre teve, como expliquei ontem, muitos contactos no Ministério da Educação. Hoje o seu poder é total. Um dos maiores defensores, desde a primeira hora, da sua agenda chegou a ministro. E é para favorecer os interesses das empresas privadas de educação que, antes de mais, está a trabalhar. Como se pode perceber no novo estatuto que regula o seu funcionamento.

A pobreza dos dados que o ranking nos fornece é hoje aceite por todos os que têm algum pensamento nesta matéria. O ex-ministro da Educação David Justino, atual presidente do Conselho Nacional de Educação, considera mesmo que as leituras que se fazem desta mera listagem são "muitas vezes precipitadas" e que falta "melhor informação, mais detalhada, até para que se possa fazer o cruzamento de variáveis e se possam ter leituras complexas".

Os rankings apenas nos dizem das média de exames. Nada sabemos sobre outras capacidades que a escola dá ou não dá ao estudante. Depois, apenas o faz, como não poderia deixar de ser, em relação aos exames nacionais. Ou seja, apenas em relação a algumas disciplinas. Que, num determinado projeto educativo, sendo relevantes, até podem não ser as mais importantes. Também não se baseia, como se deve basear qualquer processo de avaliação, em objetivos. Como este ranking é cego à progressão que os alunos fizeram naquela escola, acaba por ser totalmente determinado pelo contexto social e cultural onde o estabelecimento de ensino se insere. Uma escola num contexto social e culturalmente desfavorecido, mesmo que seja muitíssimo melhor do que uma escola num contexto social e cultural favorecido, ficará invariavelmente atrás.

Dou sempre um bom exemplo, que ajuda a compreender algumas coisas: o colégio São João de Brito fica em primeiro, ou muito próximo disso, em quase todos os rankings anuais. Mas este não é o único colégio da Companhia de Jesus. Outros dois, com o mesmo proprietário, têm o mesmo projeto educativo, a mesma exigência e os mesmos métodos pedagógicos: o Instituto Nun'Álvares, em Santo Tirso, e o Colégio da Imaculada Conceição, em Cernache, Coimbra. Os dois têm uma diferença em relação ao São João de Brito: têm contratos de associação e recebem, gratuitamente (pago pelo Estado) os mesmos alunos que qualquer escola sem possibilidade de seleção receberia.

O Instituto Nun'Álvares está 505º, 300º, 549º e 126º do ranking nacional, conforme os anos em causa. Se contarmos apenas com as escolas de Santo Tirso, o Instituto é, no 4º ano, o 5º classificado (o 1º é a famosa e alternativa Escola Básica da Ponte, que, em termos pedagógicos, representa tudo o que Crato abomina); no 6º está em 4º, no 9º está em 7º e só no 11º/12º é que é o primeiro de quatro escolas. O Colégio da Imaculada Conceição, em Coimbra, está em 193º, 191º e 166º do ranking nacional, conforme o ano em causa. Se ficarmos só pelo concelho de Coimbra, está, no 6º ano, em 13º, atrás de seis escolas públicas, no 9º, também em 13º, atrás de oito escolas públicas, e no 11º/12º, em 9º, atrás de seis escolas públicas.

Ou seja, com os mesmos métodos e exigência mas sem a seleção social que o São João de Brito pode fazer, vai-se o brilho todo e ficam a léguas do topo. Na realidade, ficam atrás de muitas escolas públicas nos seus concelhos. Foi a própria Companhia de Jesus que, há dez anos, explicou a disparidade de resultados com o facto do colégio de Coimbra ficar "num meio paupérrimo" com "fraco nível cultural". Explicando, no fundo, que o ranking diz muito mais sobre meio onde a escola está e os alunos que seleciona (ou não seleciona) do que da sua qualidade intrínseca.

Será tudo um engano, uma ilusão? As escolas que estão no topo não serão mesmo melhores? São, provavelmente, as que apresentam menos risco. Porque uma escola que seleciona resolve, sem trabalho, vários problemas. Os maus alunos não são em número suficiente para atrasarem uma turma. Não tem de lidar com problemas sociais graves que a dispersem. Tem menos problemas disciplinares. Tem menos abandono escolar. Tem mais participação dos pais e da comunidade envolvente. Uma escola mesmo boa é aquela que consegue resultados aceitáveis num ambiente completamente hostil. Essas têm os professores e as direções mais capazes. E estão a meio ou abaixo de meio da tabela destes rankings. Mas qual é a melhor escola? O São João de Brito ou a escola Dr. Azevedo Neves? É que, ao contrário do colégio, a escola da Damaia não faz qualquer seleção (impossível, no seu caso), está inserida numa zona muitíssimo problemática e a maioria dos seus alunos não tem o português como língua materna. Conseguiu ser a 32ª melhor escola no ranking. Nem hesito em dizer que esta escola é seguramente muito melhor, no seu trabalho pedagógico e disciplinar, que o colégio mais selectivo de Lisboa. Não preciso de advinhar. Basta recordar o resultado que o mesmo projeto consegue quando está privado da seleção.

Quando os pais olham para o ranking é a seleção que os pais procuram. Quanto mais difícil for entrar mais eles querem que os filhos entrem. Pensam, com alguma legitimidade, que a escola terá um ambiente social e cultural mais seletivo que trará, em princípio, menos problemas para a evolução escolar dos seus filhos (vamos neste texto ignorar os efeitos nefastos do elitismo e do excesso de competição). Acontece que, no ambiente de seletividade que os rankings favorecem nas escolas com melhores resultados, não são os pais que escolhem as escolas, são as escolas que escolhem os filhos. E aqui entra o que para mim é realmente relevante neste debate. Não é o ranking em si, que apenas terá validade para quem lhe quiser dar (nunca lhe dei nenhuma), mas o que ele fez às escolas.

No sistema público eles promoveram a seleção que lhe deveria estar interdita. Com algumas exceções (já falei da Dr. Azevedo Neves), quase todas as escolas públicas que costumam aparecer nos lugares cimeiros destes rankings fazem seleção logo no momento da aceitação de matriculas. Primeiro entram os alunos com melhores notas, de meios socialmente favorecidos ou, melhor ainda, que acumulem as duas condições. Isso torna-se espacialmente fácil em grandes centros urbanos. E, depois duma boa colocação nos rankings, aumenta a procura (muitas vezes até de pessoas que, pela localização real das suas residências, não teriam direito à colocação dos seus filhos) e, com oferta a menos, aumenta a seleção.

Porque as notas não resultam exclusivamente do meio, o processo de seleção tende a agregar numas escolas os bons alunos e noutras os maus. Isso nota-se muitas vezes em escolas públicas vizinhas. É uma espiral seletiva que acaba na criação de escolas públicas de elite e do "refugo". Tendendo as escolas com melhores alunos a desistir, desde cedo, de quem tenha mais dificuldades e lhe estraga a média. Este processo que leva as escolas a selecionarem os melhores promove uma cultura de facilitismo e não o oposto: se é difícil eu resolver um problema, deixo-o para outro que, ficando com todos os problemas, não consegue resolver nenhum. Eu só quero a parte fácil para mim. No privado, faz parte do negócio. No público é inaceitável. Mas é isso mesmo que os rankings promovem. Não é a exigência na formação de quem vai sair da escola. É o egoísmo na seleção de quem lá entra.

Ou seja, os rankings conseguiram aprofundar processos de estratificação social, cultural e académica dentro do próprio sistema de ensino público. Isto, para não falar dos privados de topo, que incentivam alunos com menor rendimento escolar a mudarem de escola, num processo de darwinismo social intolerável para qualquer pedagogo decente.

É claro que aqui estou a pintar a coisa com traços grossos e toscos. A coisa é um pouco mais contraditória e difusa do que isto. Mas esta é a cultura criada pelos rankigns. Que conseguiram uma coisa ainda mais grave: contribuíram para desvirtuar a razão de ser de ensinar. Hoje, nas que são consideradas as melhores escolas do país, ensina-se para os exames. Para ser mais preciso: ensina-se para se fazerem os exames que contam para o ranking. Em vez da escola trabalhar para o aluno é o aluno que deve trabalhar para uma boa colocação da escola num ranking. Porque isso traz melhores alunos e facilita a vida dos professores e direção. O que quer dizer que a escola se concentra apenas nas competências do aluno que lhe trazem proveito a si: ter boas notas nas disciplinas avaliadas pelos rankings. A ideia dum projeto educativo equilibrado, que promova as várias capacidades do aluno e que o direcione para as suas próprias vocações, deixou de fazer sentido em muitas escolas. Uma "boa escola" tem excelentes fazedores de exames de matemática, português ou outras disciplinas que contem para ranking. No resto, da expressão artística ao desporto, da capacidade de expressão oral à criatividade, o seu ensino pode ser uma desgraça. E, em muitos casos, é mesmo. A minha pergunta é esta: mesmo partindo dum ponto de vista que recuso - que a função da escola é preparar apenas profissionais -, alguém acredita que este é o sistema de ensino que melhor serve o futuro do país?

Digo sem qualquer receio e até com alguma experiência pessoal: as escolas nos primeiros lugares dos vários rankings estão longe de ser as escolas que melhor preparam os nossos filhos para a vida adulta, seja ela pessoal ou profissional. Algumas são próximo de medíocres no seu sistema de ensino e técnicas pedagógicas. São meras máquinas burocráticas de preparação de jovens para exames. Sem imaginação e com aversão a quem se distinga, por exemplo, pela criatividade. Nem mais um milímetro do que isto. A que acrescentam a seleção social e cultural.

Se isto pode ser preocupante no sistema privado de ensino, é gravíssimo nas escolas públicas. Não apenas pelo que faz às escolas que decidem seguir este caminho, atrasando ainda mais o nosso sistema de ensino em relação a outros, que apostam mais na polivalência de competências, na criatividade e na responsabilização dos alunos. Mas por o que faz às escolas que saem deste modelo e que vivem com a pressão da competição pela boa nota no exame, que tão pouco revela do seu trabalho. E o que faz às escolas que, em meios desfavorecidos, sempre tiveram de lidar com imensas dificuldades. A que se juntou mais uma: por mais extraordinário que sejam os seus resultados, como, fruto do meio em que trabalham, nunca conquistarão um lugar interessante no ranking, só vai para lá quem não consegue fugir. Numa espiral de degradação da qualidade do meio escolar, que aprofunda ainda mais o fosso entre os melhores e os piores.

Pela estratificação da rede escolar e pela perversão das boas práticas pedagógicos que alimentam, os rankings transformaram-se num cancro para a nossa escola. Um dos piores serviços que a comunicação social prestou à comunidade. E, porque se baseia nos resultados dos exames e em nada mais, numa poderosa arma para impor um determinado olhar sobre o que deve ser a escola. Um ponto de vista que, através de uma avassaladora operação de marketing, exclui à partida todas as alternativas. Por isso mesmo, a obra editada pelo Centro de Investigação das Políticas do Ensino Superior, da Fundação das Universidades Portuguesas (CIPES), "Um olhar sobre os rankings", considera que, pelos efeitos "sociais e educativos" perversos" que teve, os rankings tornaram-se numa "calamidade pública". Isto, deixando de fora o seu objetivo inicial destas listas: promover os colégios privados que, quanto mais candidatos conseguirem, mais facilmente podem fazer a seleção que os valoriza. Mas essa parte é business as usual.



Ler mais: http://expresso.sapo.pt/antes-pelo-cont ... z2kQKtRc6Z


Para que não fique na página anterior... excelente texto mais_um, obrigado pela partilha! Talvez ilumine algumas mentes mais distraídas... enfim, na realidade não tenho grande esperança!
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Re: A vergonha da Educação

por mais_um » 12/11/2013 12:31

migluso Escreveu:
mais_um Escreveu:
Pela estratificação da rede escolar e pela perversão das boas práticas pedagógicos que alimentam, os rankings transformaram-se num cancro para a nossa escola.

Ler mais: http://expresso.sapo.pt/antes-pelo-cont ... z2kQKtRc6Z


Ó mais_um, por favor, a citar o Daniel Oliveira?!? Mas que autoridade no sentido de "Saber" tem esse indivíduo?!?

Se quiseres ter uma visão sobre todas as falácias argumentativas utilizadas pelos defensores acérrimos da escola pública, dá uma vista de olhos no blasfémias. Tens dezenas de posts nos últimos dias.
http://blasfemias.net/

Nem merecia uma resposta minha, mas o que deixo a seguir foi a razão do meu post.

Sobre a "educação" em sentido lato, ouçamos os mestres.
Este, se fosse vivo, seria chamado de nazi pelos neo progressistas do tipo dos que citas por aqui inúmeras vezes.

http://www.youtube.com/watch?v=g7JmgJ6wQKk

Por acaso comecei ontem a ouvir as conversas vadias e o primeiro episódio foi logo sobre educação.
Espero concluir todos os episódios até ao fim-de-semana. É um prazer ouvir o mestre. Já ouvir o tipo que citas é um massacre à razão e ao espírito.



Não sou fã do DO, mas em relação a este tema, os factos referidos por ele são reais, por muito que não gostes. Em relação à parte de opinião do comentário dele, reflete quase a 100% a realidade no terreno.
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Re: A vergonha da Educação

por migluso » 12/11/2013 11:50

mais_um Escreveu:
Pela estratificação da rede escolar e pela perversão das boas práticas pedagógicos que alimentam, os rankings transformaram-se num cancro para a nossa escola.

Ler mais: http://expresso.sapo.pt/antes-pelo-cont ... z2kQKtRc6Z


Ó mais_um, por favor, a citar o Daniel Oliveira?!? Mas que autoridade no sentido de "Saber" tem esse indivíduo?!?

Se quiseres ter uma visão sobre todas as falácias argumentativas utilizadas pelos defensores acérrimos da escola pública, dá uma vista de olhos no blasfémias. Tens dezenas de posts nos últimos dias.
http://blasfemias.net/

Nem merecia uma resposta minha, mas o que deixo a seguir foi a razão do meu post.

Sobre a "educação" em sentido lato, ouçamos os mestres.
Este, se fosse vivo, seria chamado de nazi pelos neo progressistas do tipo dos que citas por aqui inúmeras vezes.

http://www.youtube.com/watch?v=g7JmgJ6wQKk

Por acaso comecei ontem a ouvir as conversas vadias e o primeiro episódio foi logo sobre educação.
Espero concluir todos os episódios até ao fim-de-semana. É um prazer ouvir o mestre. Já ouvir o tipo que citas é um massacre à razão e ao espírito.
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Re: A vergonha da Educação

por mais_um » 12/11/2013 11:15

Storgoff Escreveu:
IzNouGuud Escreveu:
Só para esclarecer que se havia no sistema professores com o 12º inacabado, é porque não havia professores/licenciados/bachareis suficientes para as necessidades. Ainda me lembro de nem com o 12º se conseguir arranjar ninguém e nesse ano não haver algumas disciplinas.

Ou muito me engano ou, da maneira como a classe está a ser tratada, ainda voltaremos a esse tempo, ou então importamos professores...


De facto já tinha ouvido falar nisso
Só por curiosidade, essa situação de recrutar pessoas sem o 12º ano para dar aulas foi em que altura?


Em Torres Vedras sei que existiam casos desses entre 1978 e 1980, tenho uma prima que deu aulas nessas circunstancias (penso que ela não tinha o 12ºano mas sim o antigo 7º ano do liceu, equivalente ao actual 11º ano).
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Re: A vergonha da Educação

por mais_um » 12/11/2013 11:03

Rankings: o marketing da receita fácil

Os rankings das escolas não são, como julgam algumas pessoas, listas oficiais. São feitas por jornalistas (que até usam critérios diferenciados), com base em dados oficiais brutos, sem qualquer preparação técnica especial para tal encomenda. A publicitação das médias dos exames, para permitir a publicação desta curiosidade jornalística, foi conseguida pelo jornal "Público" e pelo seu antigo diretor, José Manuel Fernandes, defensor de sempre da linha privatizadora do ensino. E, sem outros dados relevantes, fundamentais para qualquer avaliação séria, servia muitíssimo bem os interesses do lóbi do ensino particular, hoje representado pelo grupo de pressão Fórum para a Liberdade de Escolha na Educação, que se bate pelo financiamento público a estas empresas privadas. O objetivo fundamental era, usando apenas as notas nos exames, demonstrar que os colégios conseguiam melhores resultados do que as escolas públicas. Assim se incentivava a lógica de competição entre escolas e, para além de se garantir publicidade gratuita para os colégios mais seletivos, criava-se o ambiente favorável à integração do sistema privado na oferta pública escolar. Integração conseguida através de várias modalidades de financiamento público aos colégios, que vão dos contratos de associação ao cheque ensino.

A campanha contra as obras da Parque Escolar, que, apetrechando escolas públicas com condições iguais ou superiores às do ensino privado, punham em causa a atratividade competitiva dos colégios junto das elites, foi outro momento deste poderosíssimo grupo de pressão. Que sempre teve, como expliquei ontem, muitos contactos no Ministério da Educação. Hoje o seu poder é total. Um dos maiores defensores, desde a primeira hora, da sua agenda chegou a ministro. E é para favorecer os interesses das empresas privadas de educação que, antes de mais, está a trabalhar. Como se pode perceber no novo estatuto que regula o seu funcionamento.

A pobreza dos dados que o ranking nos fornece é hoje aceite por todos os que têm algum pensamento nesta matéria. O ex-ministro da Educação David Justino, atual presidente do Conselho Nacional de Educação, considera mesmo que as leituras que se fazem desta mera listagem são "muitas vezes precipitadas" e que falta "melhor informação, mais detalhada, até para que se possa fazer o cruzamento de variáveis e se possam ter leituras complexas".

Os rankings apenas nos dizem das média de exames. Nada sabemos sobre outras capacidades que a escola dá ou não dá ao estudante. Depois, apenas o faz, como não poderia deixar de ser, em relação aos exames nacionais. Ou seja, apenas em relação a algumas disciplinas. Que, num determinado projeto educativo, sendo relevantes, até podem não ser as mais importantes. Também não se baseia, como se deve basear qualquer processo de avaliação, em objetivos. Como este ranking é cego à progressão que os alunos fizeram naquela escola, acaba por ser totalmente determinado pelo contexto social e cultural onde o estabelecimento de ensino se insere. Uma escola num contexto social e culturalmente desfavorecido, mesmo que seja muitíssimo melhor do que uma escola num contexto social e cultural favorecido, ficará invariavelmente atrás.

Dou sempre um bom exemplo, que ajuda a compreender algumas coisas: o colégio São João de Brito fica em primeiro, ou muito próximo disso, em quase todos os rankings anuais. Mas este não é o único colégio da Companhia de Jesus. Outros dois, com o mesmo proprietário, têm o mesmo projeto educativo, a mesma exigência e os mesmos métodos pedagógicos: o Instituto Nun'Álvares, em Santo Tirso, e o Colégio da Imaculada Conceição, em Cernache, Coimbra. Os dois têm uma diferença em relação ao São João de Brito: têm contratos de associação e recebem, gratuitamente (pago pelo Estado) os mesmos alunos que qualquer escola sem possibilidade de seleção receberia.

O Instituto Nun'Álvares está 505º, 300º, 549º e 126º do ranking nacional, conforme os anos em causa. Se contarmos apenas com as escolas de Santo Tirso, o Instituto é, no 4º ano, o 5º classificado (o 1º é a famosa e alternativa Escola Básica da Ponte, que, em termos pedagógicos, representa tudo o que Crato abomina); no 6º está em 4º, no 9º está em 7º e só no 11º/12º é que é o primeiro de quatro escolas. O Colégio da Imaculada Conceição, em Coimbra, está em 193º, 191º e 166º do ranking nacional, conforme o ano em causa. Se ficarmos só pelo concelho de Coimbra, está, no 6º ano, em 13º, atrás de seis escolas públicas, no 9º, também em 13º, atrás de oito escolas públicas, e no 11º/12º, em 9º, atrás de seis escolas públicas.

Ou seja, com os mesmos métodos e exigência mas sem a seleção social que o São João de Brito pode fazer, vai-se o brilho todo e ficam a léguas do topo. Na realidade, ficam atrás de muitas escolas públicas nos seus concelhos. Foi a própria Companhia de Jesus que, há dez anos, explicou a disparidade de resultados com o facto do colégio de Coimbra ficar "num meio paupérrimo" com "fraco nível cultural". Explicando, no fundo, que o ranking diz muito mais sobre meio onde a escola está e os alunos que seleciona (ou não seleciona) do que da sua qualidade intrínseca.

Será tudo um engano, uma ilusão? As escolas que estão no topo não serão mesmo melhores? São, provavelmente, as que apresentam menos risco. Porque uma escola que seleciona resolve, sem trabalho, vários problemas. Os maus alunos não são em número suficiente para atrasarem uma turma. Não tem de lidar com problemas sociais graves que a dispersem. Tem menos problemas disciplinares. Tem menos abandono escolar. Tem mais participação dos pais e da comunidade envolvente. Uma escola mesmo boa é aquela que consegue resultados aceitáveis num ambiente completamente hostil. Essas têm os professores e as direções mais capazes. E estão a meio ou abaixo de meio da tabela destes rankings. Mas qual é a melhor escola? O São João de Brito ou a escola Dr. Azevedo Neves? É que, ao contrário do colégio, a escola da Damaia não faz qualquer seleção (impossível, no seu caso), está inserida numa zona muitíssimo problemática e a maioria dos seus alunos não tem o português como língua materna. Conseguiu ser a 32ª melhor escola no ranking. Nem hesito em dizer que esta escola é seguramente muito melhor, no seu trabalho pedagógico e disciplinar, que o colégio mais selectivo de Lisboa. Não preciso de advinhar. Basta recordar o resultado que o mesmo projeto consegue quando está privado da seleção.

Quando os pais olham para o ranking é a seleção que os pais procuram. Quanto mais difícil for entrar mais eles querem que os filhos entrem. Pensam, com alguma legitimidade, que a escola terá um ambiente social e cultural mais seletivo que trará, em princípio, menos problemas para a evolução escolar dos seus filhos (vamos neste texto ignorar os efeitos nefastos do elitismo e do excesso de competição). Acontece que, no ambiente de seletividade que os rankings favorecem nas escolas com melhores resultados, não são os pais que escolhem as escolas, são as escolas que escolhem os filhos. E aqui entra o que para mim é realmente relevante neste debate. Não é o ranking em si, que apenas terá validade para quem lhe quiser dar (nunca lhe dei nenhuma), mas o que ele fez às escolas.

No sistema público eles promoveram a seleção que lhe deveria estar interdita. Com algumas exceções (já falei da Dr. Azevedo Neves), quase todas as escolas públicas que costumam aparecer nos lugares cimeiros destes rankings fazem seleção logo no momento da aceitação de matriculas. Primeiro entram os alunos com melhores notas, de meios socialmente favorecidos ou, melhor ainda, que acumulem as duas condições. Isso torna-se espacialmente fácil em grandes centros urbanos. E, depois duma boa colocação nos rankings, aumenta a procura (muitas vezes até de pessoas que, pela localização real das suas residências, não teriam direito à colocação dos seus filhos) e, com oferta a menos, aumenta a seleção.

Porque as notas não resultam exclusivamente do meio, o processo de seleção tende a agregar numas escolas os bons alunos e noutras os maus. Isso nota-se muitas vezes em escolas públicas vizinhas. É uma espiral seletiva que acaba na criação de escolas públicas de elite e do "refugo". Tendendo as escolas com melhores alunos a desistir, desde cedo, de quem tenha mais dificuldades e lhe estraga a média. Este processo que leva as escolas a selecionarem os melhores promove uma cultura de facilitismo e não o oposto: se é difícil eu resolver um problema, deixo-o para outro que, ficando com todos os problemas, não consegue resolver nenhum. Eu só quero a parte fácil para mim. No privado, faz parte do negócio. No público é inaceitável. Mas é isso mesmo que os rankings promovem. Não é a exigência na formação de quem vai sair da escola. É o egoísmo na seleção de quem lá entra.

Ou seja, os rankings conseguiram aprofundar processos de estratificação social, cultural e académica dentro do próprio sistema de ensino público. Isto, para não falar dos privados de topo, que incentivam alunos com menor rendimento escolar a mudarem de escola, num processo de darwinismo social intolerável para qualquer pedagogo decente.

É claro que aqui estou a pintar a coisa com traços grossos e toscos. A coisa é um pouco mais contraditória e difusa do que isto. Mas esta é a cultura criada pelos rankigns. Que conseguiram uma coisa ainda mais grave: contribuíram para desvirtuar a razão de ser de ensinar. Hoje, nas que são consideradas as melhores escolas do país, ensina-se para os exames. Para ser mais preciso: ensina-se para se fazerem os exames que contam para o ranking. Em vez da escola trabalhar para o aluno é o aluno que deve trabalhar para uma boa colocação da escola num ranking. Porque isso traz melhores alunos e facilita a vida dos professores e direção. O que quer dizer que a escola se concentra apenas nas competências do aluno que lhe trazem proveito a si: ter boas notas nas disciplinas avaliadas pelos rankings. A ideia dum projeto educativo equilibrado, que promova as várias capacidades do aluno e que o direcione para as suas próprias vocações, deixou de fazer sentido em muitas escolas. Uma "boa escola" tem excelentes fazedores de exames de matemática, português ou outras disciplinas que contem para ranking. No resto, da expressão artística ao desporto, da capacidade de expressão oral à criatividade, o seu ensino pode ser uma desgraça. E, em muitos casos, é mesmo. A minha pergunta é esta: mesmo partindo dum ponto de vista que recuso - que a função da escola é preparar apenas profissionais -, alguém acredita que este é o sistema de ensino que melhor serve o futuro do país?

Digo sem qualquer receio e até com alguma experiência pessoal: as escolas nos primeiros lugares dos vários rankings estão longe de ser as escolas que melhor preparam os nossos filhos para a vida adulta, seja ela pessoal ou profissional. Algumas são próximo de medíocres no seu sistema de ensino e técnicas pedagógicas. São meras máquinas burocráticas de preparação de jovens para exames. Sem imaginação e com aversão a quem se distinga, por exemplo, pela criatividade. Nem mais um milímetro do que isto. A que acrescentam a seleção social e cultural.

Se isto pode ser preocupante no sistema privado de ensino, é gravíssimo nas escolas públicas. Não apenas pelo que faz às escolas que decidem seguir este caminho, atrasando ainda mais o nosso sistema de ensino em relação a outros, que apostam mais na polivalência de competências, na criatividade e na responsabilização dos alunos. Mas por o que faz às escolas que saem deste modelo e que vivem com a pressão da competição pela boa nota no exame, que tão pouco revela do seu trabalho. E o que faz às escolas que, em meios desfavorecidos, sempre tiveram de lidar com imensas dificuldades. A que se juntou mais uma: por mais extraordinário que sejam os seus resultados, como, fruto do meio em que trabalham, nunca conquistarão um lugar interessante no ranking, só vai para lá quem não consegue fugir. Numa espiral de degradação da qualidade do meio escolar, que aprofunda ainda mais o fosso entre os melhores e os piores.

Pela estratificação da rede escolar e pela perversão das boas práticas pedagógicos que alimentam, os rankings transformaram-se num cancro para a nossa escola. Um dos piores serviços que a comunicação social prestou à comunidade. E, porque se baseia nos resultados dos exames e em nada mais, numa poderosa arma para impor um determinado olhar sobre o que deve ser a escola. Um ponto de vista que, através de uma avassaladora operação de marketing, exclui à partida todas as alternativas. Por isso mesmo, a obra editada pelo Centro de Investigação das Políticas do Ensino Superior, da Fundação das Universidades Portuguesas (CIPES), "Um olhar sobre os rankings", considera que, pelos efeitos "sociais e educativos" perversos" que teve, os rankings tornaram-se numa "calamidade pública". Isto, deixando de fora o seu objetivo inicial destas listas: promover os colégios privados que, quanto mais candidatos conseguirem, mais facilmente podem fazer a seleção que os valoriza. Mas essa parte é business as usual.



Ler mais: http://expresso.sapo.pt/antes-pelo-cont ... z2kQKtRc6Z
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Re: A vergonha da Educação

por artista_ » 12/11/2013 3:13

Storgoff Escreveu:
IzNouGuud Escreveu:
Só para esclarecer que se havia no sistema professores com o 12º inacabado, é porque não havia professores/licenciados/bachareis suficientes para as necessidades. Ainda me lembro de nem com o 12º se conseguir arranjar ninguém e nesse ano não haver algumas disciplinas.

Ou muito me engano ou, da maneira como a classe está a ser tratada, ainda voltaremos a esse tempo, ou então importamos professores...


De facto já tinha ouvido falar nisso
Só por curiosidade, essa situação de recrutar pessoas sem o 12º ano para dar aulas foi em que altura?


Pelo menos há uns 20/25 anos atrás ainda acontecia. Eu próprio cheguei a concorrer mas nunca quis dar aulas nessas condições (andava na faculdade). Mas tenho um amigo que nessa altura começou a dar aulas de Educação Física, ainda nem na faculdade andava. Era da área de Desporto e tinha um currículo de jovem futebolista. Não havendo ninguém mais qualificado acabavam por o chamar a ele.

Entretanto já tirou o curso há muitos anos e hoje é professor dos quadros! Conheço outros casos mas não tão bem como este... de qualquer forma passaram-se todos na mesma altura!
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Re: A vergonha da Educação

por artista_ » 12/11/2013 3:09

IzNouGuud Escreveu:
Ou muito me engano ou, da maneira como a classe está a ser tratada, ainda voltaremos a esse tempo, ou então importamos professores...


Também já pensei nisso e também já escrevi aqui algo que está mais ou menos relacionado com essa ideia. Quando não havia professores qualificados, quando muitos dos licenciados arranjavam facilmente trabalho no privado a ganhar o dobro ou o triplo, o estado decidiu (quanto a mim bem) oferecer algumas regalias que pudessem atrair gente mais qualificada para educar os jovens do nosso país. Conheço casos de muita gente que foi atraída por algumas dessas regalias e por algumas outras vantagens pessoais que os fez escolher um vencimento mais baixo no ensino. Mas isto funciona por ciclos, alguns anos depois, o país está nas lonas, o privado está de pantanas e agora aqueles que aceitaram essas condições são vistos, aos olhos de muita gente, "como os abutres que têm chulado o país". Valia a pena ver as coisas em perspetiva, olhar para os dois lados e tentar fazer uma avaliação mais imparcial...

Eu também acho que os professores e os funcionários públicos em geral têm de ganhar menos, mas não por culpa deles, mas sim por culpa de todos nós que escolhemos governantes que nos trouxeram até aqui. Eu também acho que o governo deverá cortar pensões, mas devia pedir desculpas às pessoas por o estado não cumprir os seu compromissos, ao invés de afrontar toda a gente com conversas demagógicas ao nível do bicho papão...

Acho que temos ainda muito que evoluir como sociedade, a educação tem aqui um contributo importante, mas será que isso interessa às elites? Parece-me que a uma boa parte delas não interessa muito, ou, pelo menos, não está nas primeiras listas de prioridades.
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Re: A vergonha da Educação

por Storgoff » 12/11/2013 3:02

IzNouGuud Escreveu:
Só para esclarecer que se havia no sistema professores com o 12º inacabado, é porque não havia professores/licenciados/bachareis suficientes para as necessidades. Ainda me lembro de nem com o 12º se conseguir arranjar ninguém e nesse ano não haver algumas disciplinas.

Ou muito me engano ou, da maneira como a classe está a ser tratada, ainda voltaremos a esse tempo, ou então importamos professores...


De facto já tinha ouvido falar nisso
Só por curiosidade, essa situação de recrutar pessoas sem o 12º ano para dar aulas foi em que altura?
 
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Re: A vergonha da Educação

por artista_ » 12/11/2013 2:55

migluso Escreveu:Se formos a analisar do ponto de vista custo/benefício, tenho um palpite que ficamos muito mal na "fotografia".


Mas isto vai lá por palpites?! :shock:

Eu nem quero aprofundar esta questão mas convém ter em conta que o nosso atraso é crónico, começámos de um ponto muito mais baixo não podemos recuperar tudo em 10 ou 20 anos. A China também tem feito um investimento forte na educação e tem uma "fotografia" bem mais fraca que Portugal, mas aumentou siginificativamente a qualificação da sua população, tal como nós o fizémos, mas obviamente ainda estamos longe dos níveis atingidos por países que sempre estiveram melhor que nós... enfim, a questão é subjetiva, é um bocado como aqueles programas em que se analizam os jogos de futebol, uns acham que o jogo foi bom outros mau, uns acham que o árbitro prejudicou uma equipa outros não. Haverá consenso em algumas questões mas certamente que a avaliação geral será diferente de pessoa para pessoa...
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Re: A vergonha da Educação

por IzNouGuud » 12/11/2013 2:50

Storgoff Escreveu:

De facto é bizarro!

Na noticia que referes encontrei lá este comentário:

Professora desempregada

Parece que finalmente os professores passaram a ser uma classe profissional altamente valorizada em Portugal! Durante anos fomos tratados como profissionais de 2ª, quase dotados ao abandono, numa política de educação que previligiava unicamente o tempo de serviço e que chegou a permitir que pessoas com 12º ana inacabado dessem aulas no ensino secundário. Agora que não há qualquer hipótese de entrarem no sistema professores sem habilitação própria ou profissional (a menos que sejam do círculo de amizades de algum ministro), agora que cada vez mais se fala da importãncia da profissão e que até já há avaliações (se calhar não o melhor sistema, mas isso ficará para outra discussão), agora que parte dos "dinossauros" do sistema educativo vai desaparecendo, agora que quem vai para o ensino é quem realmente quer ir (por oposição a "não se arranja mais nada"), agora que aparece sangue novo, com licenciaturas e mestrados, com vontade de trabalhar e de inovar, toca a fazer provas! Agora, srs,. ministros? Não desfazendo da minha classe, mais importante considero a liderança do nosso país e não é por isso que qualquer dos senhores que nos governam prestou provas para provar que nos consegue governar, nem sequer provas válidas de que tenha efetivamente acabado uma licenciatura!!!!


Só para esclarecer que se havia no sistema professores com o 12º inacabado, é porque não havia professores/licenciados/bachareis suficientes para as necessidades. Ainda me lembro de nem com o 12º se conseguir arranjar ninguém e nesse ano não haver algumas disciplinas.

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Re: A vergonha da Educação

por Storgoff » 12/11/2013 2:33

artista Escreveu:[

Só para te dar um exemplo, entre milhares de outros rídiculos. Há neste momento um horário de 6 tempos letivos semanais em "oferta de escola" para o meu grupo. Quem ficar com este horário terá um vencimento mensal que rondará os 300 euros. Nas listas atuais os primeiros 200/300 dificilmente terão interesse nele porque, ou estão a receber subsídio de desemprego de valor superior, ou já arranjaram outro emprego qualquer, ou imigraram. Este horário será muito provavelmente ocupado por um colega com uma graduação mais baixa. Mas este colega não terá de fazer a prova... certamente porque ao aceteitar o lugar estará a dar provas inequivocas de que teria uma boa nota na mesma! :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:

http://economico.sapo.pt/noticias/prova ... 81012.html

Dispensados de aprovação, para já, estão os professores que até 31 de dezembro deste ano sejam colocados.



De facto é bizarro!

Na noticia que referes encontrei lá este comentário:

Professora desempregada

Parece que finalmente os professores passaram a ser uma classe profissional altamente valorizada em Portugal! Durante anos fomos tratados como profissionais de 2ª, quase dotados ao abandono, numa política de educação que previligiava unicamente o tempo de serviço e que chegou a permitir que pessoas com 12º ana inacabado dessem aulas no ensino secundário. Agora que não há qualquer hipótese de entrarem no sistema professores sem habilitação própria ou profissional (a menos que sejam do círculo de amizades de algum ministro), agora que cada vez mais se fala da importãncia da profissão e que até já há avaliações (se calhar não o melhor sistema, mas isso ficará para outra discussão), agora que parte dos "dinossauros" do sistema educativo vai desaparecendo, agora que quem vai para o ensino é quem realmente quer ir (por oposição a "não se arranja mais nada"), agora que aparece sangue novo, com licenciaturas e mestrados, com vontade de trabalhar e de inovar, toca a fazer provas! Agora, srs,. ministros? Não desfazendo da minha classe, mais importante considero a liderança do nosso país e não é por isso que qualquer dos senhores que nos governam prestou provas para provar que nos consegue governar, nem sequer provas válidas de que tenha efetivamente acabado uma licenciatura!!!!
 
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Re: A vergonha da Educação

por Sr_SNiper » 12/11/2013 1:21

IzNouGuud Escreveu:Este fim de semana, em conversa com um grupo de amigos veio à baila os exames nacionais. Ouvi duas coisas, contadas em primeira mão, que me deixaram de boca aberta:
- num determinado colégio, os vigilantes receberam instruções para ajudar os alunos que estavam a fazer o exame (nalguns casos os coadjuvantes foram às salas, noutros os vigilantes eram da área, sem ser do grupo. Ex: prof do grupo de Inglês formado em Português/inglês a vigiar o exame de Português
- um dos coadjuvantes desse colégio telefonou para uma escola pública para tirar dúvidas do exame (basicamente queria seber como se resolvia uma pergunta). Não obteve resposta porque o Secretariado proibiu a resposta.


Uma dúvida: este ano os alunos externos dos colégio foram fazer os exames onde? continuam a fazer nas escolas públicas como no ano passado?

Isso já no meu tempo acontecia ... e já lá vão muitos anos...
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Re: A vergonha da Educação

por IzNouGuud » 12/11/2013 0:34

Apoio do cheque ensino pode ir aos 4.011€ por aluno, que é o custo de um aluno no ensino público.
http://economico.sapo.pt/noticias/crato ... 181437.htm

Como actualmente o financiamento em inferior a 80.000€ por turma, significa que o privado pode ter turmas com número inferior a 20 alunos. O público é obrigado a ter turmas com 30, muitas vezes em salas que não suportam tantos alunos.

Qual é a lógica disto?
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Re: A vergonha da Educação

por IzNouGuud » 11/11/2013 19:30

Este fim de semana, em conversa com um grupo de amigos veio à baila os exames nacionais. Ouvi duas coisas, contadas em primeira mão, que me deixaram de boca aberta:
- num determinado colégio, os vigilantes receberam instruções para ajudar os alunos que estavam a fazer o exame (nalguns casos os coadjuvantes foram às salas, noutros os vigilantes eram da área, sem ser do grupo. Ex: prof do grupo de Inglês formado em Português/inglês a vigiar o exame de Português
- um dos coadjuvantes desse colégio telefonou para uma escola pública para tirar dúvidas do exame (basicamente queria seber como se resolvia uma pergunta). Não obteve resposta porque o Secretariado proibiu a resposta.


Uma dúvida: este ano os alunos externos dos colégio foram fazer os exames onde? continuam a fazer nas escolas públicas como no ano passado?
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Re: A vergonha da Educação

por mrod0 » 11/11/2013 18:34

migluso Escreveu:Em relação à Educação, pelo pouco que sei, o ministério prepara-se para continuar a dar o apoio ao estabelecimento de ensino. Pois se assim for parece-me muito mal.


"Business as usual" no funcionalismo público. Uma vergonha.
 
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Re: A vergonha da Educação

por migluso » 11/11/2013 18:12

artista Escreveu:Esse comentário final é despropositado, até porque se há coisa que não tem tido qualquer importância é aquilo que os professores querem ou deixam de querer.

Em teoria concordo na generalidade contigo, embora não concorde que os resultados sejam vergonhosos, essa afirmação para além de subjetiva carece de fundamentação. E digo que concordo "em teoria" porque tenho quase a certeza que infelizmente a sociedade portuguesa não está ainda preparada para esse "salto". E os primeiros passos que se deram nesse sentido parece que são vergonhosos, pelo menos é o que transparece da reportagem da TVI. E o que mais me preocupa é que ninguém no governo ou ministério da educação refuta nada do que se diz na reportagem.

Aliás, o que sugeres já existe, viste aquele caso do colégio privado com apoios do estado que pertence ao presidente da câmara municipal? Aquele que diz que quando, nas reuniões da Câmara, se discute alguma coisa que envolve o colégio dele, não vota, sai da reunião! :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:


Se formos a analisar do ponto de vista custo/benefício, tenho um palpite que ficamos muito mal na "fotografia".

O que eu sugiro é o cheque ensino fornecido ao aluno, e nunca à escola. É uma questão de não dar o incentivo errado.
Aliás, defendo o mesmo princípio para todo o Estado social, o qual se deve focar no apoio directo ao cidadão e não às instituições, sejam elas privadas ou públicas.

Um verdadeira reforma do Estado deveria incluir mudanças profundas no sistema político e eleitoral e no paradigma de gestão do estado. O que o Portas apresentou é zero, nicles, algumas medidazitas de gestão corrente que já deveriam estar implementadas há muito. Os tentáculos do Estado continuarão a ser gigantes.

Em relação à Educação, pelo pouco que sei, o ministério prepara-se para continuar a dar o apoio ao estabelecimento de ensino. Pois se assim for parece-me muito mal.
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Re: A vergonha da Educação

por artista_ » 11/11/2013 18:02

dfviegas Escreveu:Artista, só consigo concordar contigo na questão dos 20€. E nem sei se será legal cobrar esse valor, seria o mesmo que me cobrassem para ir a uma qualquer entrevista de emprego.

Deve haver algo na lei que não permita estas situações senão as burlas poderiam ser imensas criava uma empresa ficticia de trabalho temporário cobrava 10€ por entrevista e toca a simular contratações de pessoas. No final chumbavam todos nas provas granda azar.


Ok, então concordas que os professores contratados que estão colocados não façam a prova? Concordas que o professor que ficar colocado no horário de 2 tempos semanais na escola de Portimão (que será certamente alguém pouco graduado, quando colocarem a lista dos candidatos a esse lugar no site da escola eu coloco-o aqui) não tenha de fazer prova e as centenas de professores que estão à frente dele tenham de fazer porque não foram colocados?!

Já agora, esta prova não é uma entrevista de emprego, é uma prova para te qualificar para a entrevista, sabendo a maioria deles que não tem qualquer hipótese na entrevista porque as regras são claras e há muitos professores à frente deles!
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Re: A vergonha da Educação

por dfviegas » 11/11/2013 17:55

Artista, só consigo concordar contigo na questão dos 20€. E nem sei se será legal cobrar esse valor, seria o mesmo que me cobrassem para ir a uma qualquer entrevista de emprego.

Deve haver algo na lei que não permita estas situações senão as burlas poderiam ser imensas criava uma empresa ficticia de trabalho temporário cobrava 10€ por entrevista e toca a simular contratações de pessoas. No final chumbavam todos nas provas granda azar.
 
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