OT - Mário Soares, as asneiras...e que descanse em paz
QuimPorta Escreveu:
Se não fosse o Doutor
O Doutor devia era estar calado, melhor, devia estar era preso... Quando alguém manda calar a autoridade... "Não queremos policias"???... E a culpa é da troika??? O povo devia era revoltar-se para que se faça justiça e julgar os culpados, que nos deixaram na banca rota.
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Mário Soares sugere a "Cavaco Silva que vá a Boliqueime perguntar se não há crise”
08 Abril 2013, 11:00 por Jornal de Negócios Online| negocios@negocios.pt
(...)
O interlúdio serve para Soares lançar mais um ataque violento sobre Cavaco. “... tão silencioso até sábado último, resolveu, ao que dizem, “obrigá-lo [ao Governo] a ficar no seu posto. Para continuar, seguramente, o despesismo que o caracteriza e a fazer asneiras e vendas desastrosas e a destruir o país”. O socialista entende que o Presidente da República actua desta forma para “agradar aos mercados”. E depois cita Salazar [frase proferida no fim da 2ª Guerra], para justificar a tese: “Não se pode governar contra a vontade persistente de um Povo”.
Mas, diz Soares que Cavaco Silva não “compreendeu assim”. E culmina, a apreciação, com um arrasador: “Pobre Povo e tristes Governantes”
(...)
Contra a austeridade! Contra o Despesismo! Contra o Cavaco! Contra o … Cavaco! Contra o… Cavaco!
Haja alguém com a coragem de vir partir a loiça toda!
Se não fosse o Doutor "ficou nas eleições atrás do Alegre!

"In God we trust. Everyone else, bring data" - M Bloomberg
Joaquim Vieira ao i: “Soares foi absolvido pelos media. O mesmo não aconteceria com Cavaco”
Quando é confrontado com o facto de criticar as actuais medidas impostas pela troika quando teve de aplicar medidas semelhantes em 1979 e 1984 como primeiro-ministro, Soares frisa que “são situações muito diferentes”. São mesmo?
Vista à lupa, a carreira de Mário Soares está cheia de contradições. Ele costuma dizer que não mudou, que manteve sempre os mesmos princípios, o que mudou foi a realidade à volta dele, mas isso é uma versão muito bondosa dos acontecimentos. Soares tem tido uma carreira sinuosa e tem sido um pragmático em todos os momentos para atingir os seus objectivos. Um caso muito concreto e de que se tem falado bastante na actualidade é o da Venezuela. Mário Soares era um grande apoiante de Carlos Andrés Pérez (que representava um regime corrupto e que deu bastantes ajudas ao PS) e, no entanto, também se tornou um grande apoiante de Hugo Chávez, que o tirou do poder. Mário Soares foi desde 1975 até ao final do seu último mandato presidencial um acérrimo defensor da democracia representativa. Depois de sair da presidência passou a ser um apreciador da democracia de base, derivando para movimentos alternativos. Isto mostra muitas das suas atitudes contraditórias tendo em conta o desígnio da democracia, da defesa da União Europeia e do socialismo democrático - um conceito que o próprio nunca definiu muito bem.
Hoje em dia vemos uma grande parte da geração de Mário Soares a contradizer as opções políticas que tomaram no princípio dos anos 90 com a adesão ao euro. Soares não defende a saída do euro, mas tem tecido críticas muito fortes à política seguida pela Europa…
Ele, no fundo, está a tomar uma posição contra si próprio, mas provavelmente nem tem consciência disso.
Naquela altura, ele não tinha consciência das consequências da opção pela moeda única?
Não, de maneira nenhuma. Soares não tem qualquer formação económica nem se interessa por estudar a fundo a questão. Apanha as ideias pelo ar. Daí aquela frase célebre que ele diz: “Mandem-me as coisas numa frase resumida, ou, no máximo, numa folha A4, mas não me mandem dossiês e estudos que não vou ler.” É curioso do ponto de vista histórico que tenhamos tido três resgates internacionais em pouco mais de 30 anos - uma coisa dramática para este país - e os dois primeiros foram negociados por governos de Mário Soares. Para ele, na altura, era muito fácil porque se tratava de desvalorizar a moeda e isso agora não existe.
Tem causado polémica a sua opção por falar das infidelidades de Mário Soares. É comum em Inglaterra, Estados Unidos ou França que esse tipo de questões sejam abordadas em estudos biográficos.
Sim, durante as nossas conversas até falei com ele sobre o livro de Mitterrand - em que foi denunciado que ele teria tido uma filha fora do casamento - e outras questões relacionadas com a sua vida privada. Soares disse-me logo: “Olhe que eu nunca tive uma filha fora do casamento, pode procurar à vontade que não encontra.” Eu expliquei-lhe que, como figura pública, tem de se sujeitar a esse escrutínio. Ele não apreciou isto. Confrontei Maria Barroso com o facto de o marido ser um galanteador e ela considerou a pergunta normal. Respondeu e admitiu implicitamente. Disse que o marido em Paris fez a vida que quis. Que bem lhe diziam que vendesse o Colégio Moderno e fosse também para lá, mas que ela sempre quis manter uma vida em Portugal. Mais tarde vim a perceber que era o próprio Mário Soares que não queria que isso acontecesse e ela até queria ir para lá. Ninguém ficou chocado com as perguntas que fui fazendo, nem a família nem os amigos. Se eu quero fazer um livro e tenho a preocupação de que seja um livro de referência, tenho de dar o retrato da vida de corpo inteiro, incluindo a parte pessoal.
Essa faceta de Soares, tal como acontecia em França com Mitterrand, era do conhecimento dos jornalistas que os acompanhavam. Acha que Soares foi protegido pelos media?
Sim, em vários aspectos. Soares sempre teve boa imprensa. Não sei explicar porquê. É uma figura simpática e ele próprio sempre disse que se deve seduzir os jornalistas como político - e os jornalistas embarcaram nisso. Se compararmos Cavaco com Soares, Cavaco sempre teve má imprensa. Depois Cavaco disse que nunca lia jornais e isso criou logo anticorpos. Por isso o tipo de linguagem que Soares utiliza em privado nunca transpareceu, e certas ligações afectivas também não. No caso de Macau e no livro de Rui Mateus, a imprensa reagiu com distância porque era Mário Soares. A comunicação social absolveu-o. O mesmo não aconteceria se fosse com Cavaco.
Nas transcrições das conversas com Soares optou por não “amaciar” o tom coloquial. Queria que as pessoas, nalguns pontos, sentissem que era uma história na primeira pessoa?
Não compete ao entrevistador alterar ou polir as palavras do entrevistado. Se eu tiro uma palavra o que é que ponho lá a substituir? Seria eu a inventar. Eu pedi--lhe autorização não só para falar com ele, mas também para gravar as conversas, e ele sabia que estava a falar para prestar declarações para um livro. Até lhe dei a oportunidade de ler as transcrições que usei no livro antes da publicação. Sobre os três primeiros capítulos mandou dizer pela secretária que estava tudo bem, em relação aos outros nunca mais me respondeu até o ter encontrado na Fundação Mário Soares. Disse--lhe que estava à espera da resposta dele para avançar no livro e ele disse-me que já tinha percebido que eu era rigoroso. Na véspera do Natal passado ele ligou- -me e disse-me que não queria ter nada a ver com o texto e que a edição ficava totalmente por minha conta. Neste caso publiquei tal como ele me tinha dito as coisas. Esta mudança de atitude talvez tenha sido por causa da nossa última conversa, que foi complicada porque discutimos as questões de Macau, e aí terá ficado de pé atrás em relação ao que ia sair.
O caso Emaudio (empresa fundada por dirigentes do PS próximos de Soares para antecipar a onda de privatizações da comunicação social nos primeiros anos da década de 90) pode comparar-se com a tentativa de controlo da comunicação social por parte de José Sócrates que foi revelada no processo Face Oculta?
Segue a mesma filosofia. No PS sempre houve esta relação difícil com a comunicação social. Sempre tentaram ter órgãos próprios: caso da “República”, da “Luta”, do “Portugal Hoje”. Como tudo isso falhou, tentaram alternativas como a Emaudio, era uma dessas alternativas. Nessa altura percebeu-se que não era possível criar de raiz um grupo de comunicação social e por isso passou a tentar--se influenciar os grupos já existentes.
A Emaudio foi criada parcialmente com dinheiro recolhido para financiar as campanhas eleitorais do PS. A forma como se financiavam partidos nos anos 80 era muito diferente da de agora. A circulação de malas de dinheiro era muito comum…
Eu próprio assisti a isso… Numa viagem de regresso a Portugal depois de ter estado em reportagem em Macau vim sentado no avião ao lado de um dirigente do CDS que trouxe todo o tempo entre as pernas uma mala que ele me confessou estar cheia de dinheiro recolhido naquele território e doado ao seu partido por um conhecido empresário local (cujo nome me revelou). Ele vinha até com um certo receio de ser revistado pelos funcionários da alfândega na Portela, mas mostrou passaporte diplomático e passou sem ser incomodado. Também fui eu quem noticiou em primeira mão no “Expresso” uma cena algo rocambolesca em que um dirigente socialista foi interceptado no aeroporto de Hong-Kong por outro socialista, membro do governo de Macau, no momento em que se preparava para embarcar para a Europa com uma mala cheia de dinheiro que tinha recolhido de empresários do território alegadamente como donativos ao seu partido. Parece que havia divergências sobre o destino daquele dinheiro e o governante de Macau impediu o outro de seguir viagem com a mala.
Na altura do caso do faxe de Macau (caso em que o governador de Macau, Carlos Melancia, foi julgado e absolvido por corrupção passiva) a própria Polícia Judiciária ponderou investigar Mário Soares, mas o procurador-geral da República, Cunha Rodrigues, acabou por não autorizar a investigação. Soares foi beneficiado?
Tive oportunidade de discutir essa questão com Cunha Rodrigues para escrever o livro. Tenho uma visão muito crítica disso porque acho que o Ministério Público podia e tinha a obrigação de ter ido mais longe. Não quis porque houve receio na altura do faxe de Macau de que as eleições presidenciais fossem perturbadas de alguma forma, numa altura em que estava em causa a reeleição de Soares. Com a saída do livro de Rui Mateus em 1996, que contém matéria complicadíssima em relação ao sistema de financiamento dos partidos em Portugal e que podia motivar a abertura de um processo judicial, Cunha Rodrigues foi muito timorato. Já em relação ao caso do faxe se punha a questão de interrogar Mário Soares no processo e foi decidido não o fazer. Uma decisão polémica sobre um interrogatório que a PJ acha que devia ser feito. Há uma fonte de Belém que me contou que em 1996, na primeira audiência entre Jorge Sampaio (então eleito Presidente da República) e o procurador-geral Cunha Rodrigues, este terá dito que não mandou abrir o inquérito porque podia pôr em causa o funcionamento do regime. Cunha Rodrigues não confirma isto. Com a filosofia actual com que se encara estas coisas a nível judicial, a investigação teria ido mais longe.
Totalidade entrevista:
http://www.ionline.pt/portugal/joaquim- ... ria-cavaco
Quando é confrontado com o facto de criticar as actuais medidas impostas pela troika quando teve de aplicar medidas semelhantes em 1979 e 1984 como primeiro-ministro, Soares frisa que “são situações muito diferentes”. São mesmo?
Vista à lupa, a carreira de Mário Soares está cheia de contradições. Ele costuma dizer que não mudou, que manteve sempre os mesmos princípios, o que mudou foi a realidade à volta dele, mas isso é uma versão muito bondosa dos acontecimentos. Soares tem tido uma carreira sinuosa e tem sido um pragmático em todos os momentos para atingir os seus objectivos. Um caso muito concreto e de que se tem falado bastante na actualidade é o da Venezuela. Mário Soares era um grande apoiante de Carlos Andrés Pérez (que representava um regime corrupto e que deu bastantes ajudas ao PS) e, no entanto, também se tornou um grande apoiante de Hugo Chávez, que o tirou do poder. Mário Soares foi desde 1975 até ao final do seu último mandato presidencial um acérrimo defensor da democracia representativa. Depois de sair da presidência passou a ser um apreciador da democracia de base, derivando para movimentos alternativos. Isto mostra muitas das suas atitudes contraditórias tendo em conta o desígnio da democracia, da defesa da União Europeia e do socialismo democrático - um conceito que o próprio nunca definiu muito bem.
Hoje em dia vemos uma grande parte da geração de Mário Soares a contradizer as opções políticas que tomaram no princípio dos anos 90 com a adesão ao euro. Soares não defende a saída do euro, mas tem tecido críticas muito fortes à política seguida pela Europa…
Ele, no fundo, está a tomar uma posição contra si próprio, mas provavelmente nem tem consciência disso.
Naquela altura, ele não tinha consciência das consequências da opção pela moeda única?
Não, de maneira nenhuma. Soares não tem qualquer formação económica nem se interessa por estudar a fundo a questão. Apanha as ideias pelo ar. Daí aquela frase célebre que ele diz: “Mandem-me as coisas numa frase resumida, ou, no máximo, numa folha A4, mas não me mandem dossiês e estudos que não vou ler.” É curioso do ponto de vista histórico que tenhamos tido três resgates internacionais em pouco mais de 30 anos - uma coisa dramática para este país - e os dois primeiros foram negociados por governos de Mário Soares. Para ele, na altura, era muito fácil porque se tratava de desvalorizar a moeda e isso agora não existe.
Tem causado polémica a sua opção por falar das infidelidades de Mário Soares. É comum em Inglaterra, Estados Unidos ou França que esse tipo de questões sejam abordadas em estudos biográficos.
Sim, durante as nossas conversas até falei com ele sobre o livro de Mitterrand - em que foi denunciado que ele teria tido uma filha fora do casamento - e outras questões relacionadas com a sua vida privada. Soares disse-me logo: “Olhe que eu nunca tive uma filha fora do casamento, pode procurar à vontade que não encontra.” Eu expliquei-lhe que, como figura pública, tem de se sujeitar a esse escrutínio. Ele não apreciou isto. Confrontei Maria Barroso com o facto de o marido ser um galanteador e ela considerou a pergunta normal. Respondeu e admitiu implicitamente. Disse que o marido em Paris fez a vida que quis. Que bem lhe diziam que vendesse o Colégio Moderno e fosse também para lá, mas que ela sempre quis manter uma vida em Portugal. Mais tarde vim a perceber que era o próprio Mário Soares que não queria que isso acontecesse e ela até queria ir para lá. Ninguém ficou chocado com as perguntas que fui fazendo, nem a família nem os amigos. Se eu quero fazer um livro e tenho a preocupação de que seja um livro de referência, tenho de dar o retrato da vida de corpo inteiro, incluindo a parte pessoal.
Essa faceta de Soares, tal como acontecia em França com Mitterrand, era do conhecimento dos jornalistas que os acompanhavam. Acha que Soares foi protegido pelos media?
Sim, em vários aspectos. Soares sempre teve boa imprensa. Não sei explicar porquê. É uma figura simpática e ele próprio sempre disse que se deve seduzir os jornalistas como político - e os jornalistas embarcaram nisso. Se compararmos Cavaco com Soares, Cavaco sempre teve má imprensa. Depois Cavaco disse que nunca lia jornais e isso criou logo anticorpos. Por isso o tipo de linguagem que Soares utiliza em privado nunca transpareceu, e certas ligações afectivas também não. No caso de Macau e no livro de Rui Mateus, a imprensa reagiu com distância porque era Mário Soares. A comunicação social absolveu-o. O mesmo não aconteceria se fosse com Cavaco.
Nas transcrições das conversas com Soares optou por não “amaciar” o tom coloquial. Queria que as pessoas, nalguns pontos, sentissem que era uma história na primeira pessoa?
Não compete ao entrevistador alterar ou polir as palavras do entrevistado. Se eu tiro uma palavra o que é que ponho lá a substituir? Seria eu a inventar. Eu pedi--lhe autorização não só para falar com ele, mas também para gravar as conversas, e ele sabia que estava a falar para prestar declarações para um livro. Até lhe dei a oportunidade de ler as transcrições que usei no livro antes da publicação. Sobre os três primeiros capítulos mandou dizer pela secretária que estava tudo bem, em relação aos outros nunca mais me respondeu até o ter encontrado na Fundação Mário Soares. Disse--lhe que estava à espera da resposta dele para avançar no livro e ele disse-me que já tinha percebido que eu era rigoroso. Na véspera do Natal passado ele ligou- -me e disse-me que não queria ter nada a ver com o texto e que a edição ficava totalmente por minha conta. Neste caso publiquei tal como ele me tinha dito as coisas. Esta mudança de atitude talvez tenha sido por causa da nossa última conversa, que foi complicada porque discutimos as questões de Macau, e aí terá ficado de pé atrás em relação ao que ia sair.
O caso Emaudio (empresa fundada por dirigentes do PS próximos de Soares para antecipar a onda de privatizações da comunicação social nos primeiros anos da década de 90) pode comparar-se com a tentativa de controlo da comunicação social por parte de José Sócrates que foi revelada no processo Face Oculta?
Segue a mesma filosofia. No PS sempre houve esta relação difícil com a comunicação social. Sempre tentaram ter órgãos próprios: caso da “República”, da “Luta”, do “Portugal Hoje”. Como tudo isso falhou, tentaram alternativas como a Emaudio, era uma dessas alternativas. Nessa altura percebeu-se que não era possível criar de raiz um grupo de comunicação social e por isso passou a tentar--se influenciar os grupos já existentes.
A Emaudio foi criada parcialmente com dinheiro recolhido para financiar as campanhas eleitorais do PS. A forma como se financiavam partidos nos anos 80 era muito diferente da de agora. A circulação de malas de dinheiro era muito comum…
Eu próprio assisti a isso… Numa viagem de regresso a Portugal depois de ter estado em reportagem em Macau vim sentado no avião ao lado de um dirigente do CDS que trouxe todo o tempo entre as pernas uma mala que ele me confessou estar cheia de dinheiro recolhido naquele território e doado ao seu partido por um conhecido empresário local (cujo nome me revelou). Ele vinha até com um certo receio de ser revistado pelos funcionários da alfândega na Portela, mas mostrou passaporte diplomático e passou sem ser incomodado. Também fui eu quem noticiou em primeira mão no “Expresso” uma cena algo rocambolesca em que um dirigente socialista foi interceptado no aeroporto de Hong-Kong por outro socialista, membro do governo de Macau, no momento em que se preparava para embarcar para a Europa com uma mala cheia de dinheiro que tinha recolhido de empresários do território alegadamente como donativos ao seu partido. Parece que havia divergências sobre o destino daquele dinheiro e o governante de Macau impediu o outro de seguir viagem com a mala.
Na altura do caso do faxe de Macau (caso em que o governador de Macau, Carlos Melancia, foi julgado e absolvido por corrupção passiva) a própria Polícia Judiciária ponderou investigar Mário Soares, mas o procurador-geral da República, Cunha Rodrigues, acabou por não autorizar a investigação. Soares foi beneficiado?
Tive oportunidade de discutir essa questão com Cunha Rodrigues para escrever o livro. Tenho uma visão muito crítica disso porque acho que o Ministério Público podia e tinha a obrigação de ter ido mais longe. Não quis porque houve receio na altura do faxe de Macau de que as eleições presidenciais fossem perturbadas de alguma forma, numa altura em que estava em causa a reeleição de Soares. Com a saída do livro de Rui Mateus em 1996, que contém matéria complicadíssima em relação ao sistema de financiamento dos partidos em Portugal e que podia motivar a abertura de um processo judicial, Cunha Rodrigues foi muito timorato. Já em relação ao caso do faxe se punha a questão de interrogar Mário Soares no processo e foi decidido não o fazer. Uma decisão polémica sobre um interrogatório que a PJ acha que devia ser feito. Há uma fonte de Belém que me contou que em 1996, na primeira audiência entre Jorge Sampaio (então eleito Presidente da República) e o procurador-geral Cunha Rodrigues, este terá dito que não mandou abrir o inquérito porque podia pôr em causa o funcionamento do regime. Cunha Rodrigues não confirma isto. Com a filosofia actual com que se encara estas coisas a nível judicial, a investigação teria ido mais longe.
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Lion_Heart Escreveu:Não muda nada pois os 5 partidos e meio do chamado arco do Poder
O "arco do poder" são 2 e meio -- PS, PSD e CDS.
São os únicos que já estiveram e têm hipótese de estar no poder. Os outros não contam, são mero folclore.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
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tavaverquenao2 Escreveu:Lion_Heart Escreveu:Não muda nada pois os 5 partidos e meio do chamado arco do Poder Não querem mudar NADA. NEM os Oligarcas deixam mudar. Lembro a medida do memorandum que dizia para acabar com municípios que ficou no papel.
Quais são os 5 partidos e meio mesmo???
PS, PSD , CDS , PCP , BE e o meio são os Verdes.
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Lion_Heart Escreveu:Não muda nada pois os 5 partidos e meio do chamado arco do Poder Não querem mudar NADA. NEM os Oligarcas deixam mudar. Lembro a medida do memorandum que dizia para acabar com municípios que ficou no papel.
Quais são os 5 partidos e meio mesmo???
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Renegade Escreveu:JMHP Escreveu:É crise, a culpa já sabemos é do Relvas, do Coelho, da Merkel, até do Hollande, etc....
Por falar em Hollande, o homem está com a popularidade a cair a pique. Na última aparição pública, só faltou os franceses cantarem o "Grândola".
La Grandolaise.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
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Renegade Escreveu:JMHP Escreveu:É crise, a culpa já sabemos é do Relvas, do Coelho, da Merkel, até do Hollande, etc....
Por falar em Hollande, o homem está com a popularidade a cair a pique. Na última aparição pública, só faltou os franceses cantarem o "Grândola".
Posso informa-lo que a Renault e o grupo PSA estão em negociações avançadas com os todos poderosos sindicatos franceses da industria automóvel para aumentar em 1h/dia o horário de trabalho sem alteração salarial na condição de não deslocar a produção para fora da França, para além dos 60% que a Renault já possui pelo mundo fora.
Assim vai a França de Hollande.... O socialista que ia comandar a Europa.

Renegade Escreveu:tavaverquenao2 Escreveu:Podes acrescentar aí que depois de esfolados chegamos à conclusão de que não serviu para nada, zero, estamos pior. Custa-me acreditar que ainda haja quem tenha esperança que isto resulte.
É claro que estaremos muito pior no fim da troika do que quando cá chegaram.
A única coisa que melhorará é a média dos juros das OT's na diversas maturidades. Tudo o resto está muito pior, sem comparação.
Mas os mais pragmáticos dirão: "Mas agora podemos ir ao mercado, coisa que antes não conseguiamos". E assim continuamos, por mais uns anos, a ir buscar dinheiro todos contentes enquanto nos deixarem. Mas na prática, o que mudou? Nada.
Duvido muito que no futuro a médio/longo-prazo as coisas fiquem como estão, poderá não ser pela falta de coragem ou capacidade dos nossos políticos, mas dada a dimensão da nossa divida publica e privada, os tempos do dinheiro fácil já terminaram e não voltam mais.
Muitos portugueses e políticos ainda não ganharam consciência da austeridade que nos vai acompanhar durante as próximas décadas. Hoje poderá parecer insuportável, mas a habilidade de nos adaptarmos felizmente é algo inato a todo ser humano e não exclusivo dos gregos ou dos povos de 3º mundo.
Renegade Escreveu:tavaverquenao2 Escreveu:Podes acrescentar aí que depois de esfolados chegamos à conclusão de que não serviu para nada, zero, estamos pior. Custa-me acreditar que ainda haja quem tenha esperança que isto resulte.
É claro que estaremos muito pior no fim da troika do que quando cá chegaram.
A única coisa que melhorará é a média dos juros das OT's na diversas maturidades. Tudo o resto está muito pior, sem comparação.
Mas os mais pragmáticos dirão: "Mas agora podemos ir ao mercado, coisa que antes não conseguiamos". E assim continuamos, por mais uns anos, a ir buscar dinheiro todos contentes enquanto nos deixarem. Mas na prática, o que mudou? Nada.
Não muda nada pois os 5 partidos e meio do chamado arco do Poder Não querem mudar NADA. NEM os Oligarcas deixam mudar. Lembro a medida do memorandum que dizia para acabar com municípios que ficou no papel.
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tavaverquenao2 Escreveu:Podes acrescentar aí que depois de esfolados chegamos à conclusão de que não serviu para nada, zero, estamos pior. Custa-me acreditar que ainda haja quem tenha esperança que isto resulte.
É claro que estaremos muito pior no fim da troika do que quando cá chegaram.
A única coisa que melhorará é a média dos juros das OT's na diversas maturidades. Tudo o resto está muito pior, sem comparação.
Mas os mais pragmáticos dirão: "Mas agora podemos ir ao mercado, coisa que antes não conseguiamos". E assim continuamos, por mais uns anos, a ir buscar dinheiro todos contentes enquanto nos deixarem. Mas na prática, o que mudou? Nada.
JMHP Escreveu:É crise, a culpa já sabemos é do Relvas, do Coelho, da Merkel, até do Hollande, etc....
Por falar em Hollande, o homem está com a popularidade a cair a pique. Na última aparição pública, só faltou os franceses cantarem o "Grândola".

tavaverquenao2 Escreveu:Quico, não leves a mal, mas, estamos carecas de saber que o governo foi mais além, já cortou o dobro do que estava acordado, quer privatizar mais além, etc, etc, etc. Voltar a falar de tudo é encher chouriço, desculpa lá. Não sei se o que o ps tinha acordado resultaria ou não, mas uma coisa parece-me certa, o que estes estão a fazer não está a resultar, ponto.
Foi mais além?!.... Então é reconhecido que não estamos a cumprir todos os pontos do memorando assinado com Troika e ainda só vamos a meio do programa. Como é possível pensar que estamos para além do que assinamos?!
Leste o memorando assinado pelo PS?!.... Ou isso mete assim tanta impressão?!

Quico, não leves a mal, mas, estamos carecas de saber que o governo foi mais além, já cortou o dobro do que estava acordado, quer privatizar mais além, etc, etc, etc. Voltar a falar de tudo é encher chouriço, desculpa lá. Não sei se o que o ps tinha acordado resultaria ou não, mas uma coisa parece-me certa, o que estes estão a fazer não está a resultar, ponto.
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tavaverquenao2 Escreveu:É dificil meterem na cabecinha que não foi isto que o ps acordou com a troika? O ms e outros têm razão quando criticam estes primatas.
Então vai lá ler:
http://aventadores.files.wordpress.com/ ... mou_pt.pdf
(...e o link até é através de um blog de que deves gostar!)
"People want to be told what to do so badly that they'll listen to anyone." - Don Draper, Mad Men
Não foi Mário Soares quem trouxe a troika para Portugal?
Mário Soares recomeçou a escrever ontem no Diário de Notícias, reclamando a demissão do governo e atiçando os portugueses à revolta social.
Sobre a política aplicada pela troika e os técnicos desta, Soares pergunta: "Alguém sabe donde vêm? De quem dependem? E quem são? Poderia ser de outra maneira? É claro que podia, se o governo não fosse um fiel da austeridade e não ignorasse a recessão e o flagelo do desemprego, ao contrário do que prometeu na campanha eleitoral".
Na verdade, o contrato eleitoral que Passos Coelho estabeleceu com os portugueses rompeu-se pouco tempo depois porque o seu governo começou a fazer exactamente o contrário daquilo que prometera.
Mas também não foi assim com José Sócrates em 2005, que prometeu não aumentar impostos na campanha e depois subiu o IVA?
E quanto ao próprio Mário Soares?
Não foi ele quem convenceu Sócrates a trazer a troika para Portugal em 2011?
Não se fechou com o primeiro-ministro socialista durante horas para o obrigar a pedir ajuda, com este a insistir que o país passava a ser um protectorado?
Então de que se queixa?
Como é que hoje consegue elogiar Mariano Rajoy por ter resistido ao resgaste do FMI, se foi ele quem encalacrou Sócrates?
Com a experiência acumulada de já ter feito dois pedidos de resgaste ao FMI, em 1978 e 1983, quando foi primeiro-ministro, Soares sabia muito bem o que significava a troika entrar em Portugal.
Ou austeridade forte e feito, como temos hoje.
Ou menos austeridade mas um programa drástico de redução despesa pública.
Como é sabido, a troika queria cortes de 2/3 pelo lado da despesa e fazer o resto do dinheiro pelo lado da receita. O governo privilegiou esta última e decidiu esmagar os contribuintes.
Pelo que se conhece do instinto político de Mário Soares, também ele escolheria o mesmo caminho que Passos Coelho escolheu.
Cortar drasticamente na despesa pública, por exemplo através da redução para metade dos concelhos, como queria a troika, implicava despedir milhares de funcionários públicos.
Se o tivesse feito, Passos já não estaria hoje no governo.
Recordando os tempos dos pedidos de resgates do FMI a Portugal em 1978 e 1983, subscritos por si, Mário Soares lembra esses tempos heróicos num artigo em "O Jornal", no décimo aniversário do 25 de Abril, publicado em 27/4/1984.
Acusa o PCP de tudo ter feito para impedir o acordo de 1978 com o FMI ao utilizar a sua cassete habitual contra a "recuperação capitalista e monopolista" e tece elogios ao consórcio do "Grande Empréstimo obtido graças a um consórcio de 14 países, liderado pelos EUA e pela Alemanha Federal" que salvou o pais da bancarrota mas também lhe impos pela primeira vez políticas de austeridade. O país, como é lembrado, estremeceu em 78 e em 83 ficou a pão e água.
Soares remata que os "nos últimos dez anos foi precisamente dessas duas vezes (com os dois pacotes do FMI, em 1978 e 1983) que Portugal teve uma política económica e financeira realista, coerente, adequada aos meios e recursos que são os nossos, a única que permitirá, a prazo, a recuperação e a esperança".
O que é estranho é que o direito à indignação que Soares hoje atiça nunca se tenha virado contra ele por ter sido em Portugal o grande amigo do FMI.
http://expresso.sapo.pt/nao-foi-mario-s ... al=f793111
“When it is obvious that the goals cannot be reached, don't adjust the goals, adjust the action steps.”
― Confucius
― Confucius
"As pessoas sensíveis falam muito dos pobres e enfatizam expressões como “políticas sociais” como se ao pronunciá-las assim enfaticamente elas mesmas de tão sensíveis lhes sentissem as dores e logo aumentassem a sua condição de pessoas moralmente superiores.
Actualmente vários sensíveis mostram-se todos os dias muito sensibilizados pela insensibilidade das medidas de austeridade. Durante anos e anos, a sua alma sensível nunca se chocou com o crescimento desmesurado do Estado, nem com os observatórios, institutos, fundações e empresas municipais que floresciam ancorados num discurso sobre "políticas sociais", "cidadania", "combate à pobreza" que mesmo que conduzisse ao resultado contrário não se questionava porque isso era e é sinónimo de insensibilidade social.
Acrescente-se também que a sensibilidade se tornou uma verdadeira agência de empregos e um sector muito rentável para aqueles que nele apostaram: as políticas que os sensíveis defendem nunca falham por serem más ou desajustadas mas simplesmente porque não foram dotadas dos meios suficientes e eles mesmos, os sensíveis, também raramente são escrutinados porque está implícito logo à partida que só com grande insensibilidade se questiona ou pretende avaliar o modo de proceder de um sensível. Tanto mais que ser sensível e dizer coisas sensíveis é meio caminho andado para se gozar de boa imprensa: as redes sociais, que parecem a versão tecnológica das pretéritas conversas de taberna e café, adoram as pessoas sensíveis e os jornalistas odeiam fazer perguntas difíceis às pessoas sensíveis.
Outro dado a ter em conta é que os sensíveis não têm memória. Só indignações. Sempre que, até num passado relativamente recente, se questionava a sustentabilidade da Segurança Social, as pessoas sensíveis sensibilizavam-se muito e achavam um horror que (diziam) se questionasse o direito à reforma. Como ninguém queria ficar nesse odioso papel - ser objecto da indignação de um sensível condena qualquer um ao opróbrio! - o assunto foi sendo iludido até se tornar uma tragédia anunciada. Perante o avizinhar da catástrofe os sensíveis num ápice passaram a lastimar a ausência de estadistas e de líderes com coragem para atempadamente terem evitado esta dramática situação que, claro, muito os preocupa a eles e à sua sensibilidade.
Desiluda-se quem, mesmo que por breves segundos, acalente a esperança de ver um sensível questionar-se sobre o que fez ou disse no passado. Para as pessoas sensíveis apenas conta o presente. Esse momento em que defendem aquilo que amanhã nem lhes lembra e caucionam líderes que, anos depois, quando se tornam uma mancha incómoda no seu curriculum, dizem que se revelaram uma desilusão. Afinal os sensíveis nunca erram, iludem-se. Mas ainda e sempre com muita sensibilidade.
Helena Matos, Ensaísta
Actualmente vários sensíveis mostram-se todos os dias muito sensibilizados pela insensibilidade das medidas de austeridade. Durante anos e anos, a sua alma sensível nunca se chocou com o crescimento desmesurado do Estado, nem com os observatórios, institutos, fundações e empresas municipais que floresciam ancorados num discurso sobre "políticas sociais", "cidadania", "combate à pobreza" que mesmo que conduzisse ao resultado contrário não se questionava porque isso era e é sinónimo de insensibilidade social.
Acrescente-se também que a sensibilidade se tornou uma verdadeira agência de empregos e um sector muito rentável para aqueles que nele apostaram: as políticas que os sensíveis defendem nunca falham por serem más ou desajustadas mas simplesmente porque não foram dotadas dos meios suficientes e eles mesmos, os sensíveis, também raramente são escrutinados porque está implícito logo à partida que só com grande insensibilidade se questiona ou pretende avaliar o modo de proceder de um sensível. Tanto mais que ser sensível e dizer coisas sensíveis é meio caminho andado para se gozar de boa imprensa: as redes sociais, que parecem a versão tecnológica das pretéritas conversas de taberna e café, adoram as pessoas sensíveis e os jornalistas odeiam fazer perguntas difíceis às pessoas sensíveis.
Outro dado a ter em conta é que os sensíveis não têm memória. Só indignações. Sempre que, até num passado relativamente recente, se questionava a sustentabilidade da Segurança Social, as pessoas sensíveis sensibilizavam-se muito e achavam um horror que (diziam) se questionasse o direito à reforma. Como ninguém queria ficar nesse odioso papel - ser objecto da indignação de um sensível condena qualquer um ao opróbrio! - o assunto foi sendo iludido até se tornar uma tragédia anunciada. Perante o avizinhar da catástrofe os sensíveis num ápice passaram a lastimar a ausência de estadistas e de líderes com coragem para atempadamente terem evitado esta dramática situação que, claro, muito os preocupa a eles e à sua sensibilidade.
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Helena Matos, Ensaísta
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