Caldeirão da Bolsa

Off topic ou talvez não: Saúde

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Razao_Pura » 10/3/2013 19:08

O sistema de saúde americano não tem paralelo em lado nenhum, assim como o sistema judicial e até onde vai a responsabilidade civil (liability) e as indemnizações a que estão sujeitos, de qualquer forma, no nosso pais penso que podemos racionalizar os gastos com a saúde acabando com algumas perversões do sistema que permitem que haja algum descontrolo na gestão mas o Macedo está a trabalhar nisso. Não me importo de pagar impostos para que continuem a haver cuidados de saúde universais em Portugal.
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por Pata-Hari » 10/3/2013 18:24

mais_um Escreveu:
Pata-Hari Escreveu:mais_um, se o custo de uma doença grave (provável em cada família ao longo de uma vida) for de vários milhões, não me parece que os teus descontos (e da família) sirvam de muito.


Como é que chegas à conclusão que o custo de uma doença grave em Portugal é de vários milhões? E como é que chegas à conclusão que é provável que uma família tenha uma doença grave ao longo de uma vida?

E mesmo que assim seja qual é a diferença para quem tem um seguro vitalício, nos países em que este existe? Achas que as pessoas pagam de seguro cobrem a situação que referes?

Não é esse o principio dos seguros?

E já agora o que é para ti uma doença grave?

Gostava que fosses clara sobre qual é a ideia que queres discutir em vez de andares às voltas e às voltas como é habitual nas mulheres... :mrgreen:


Bem, o primeiro problema da discussão é estarmos a discutir um artigo que não leste, não leste e não leste. É óbvio, para quem leu, que quando uso a frase que refere o custo de um cancro em vários milhões, me estou a referir ao custo nos estados unidos. O artigo é sobre isso e contas e orçamentos não faltam. Se tivesses lido uns parágrafos apenas, terias percebido o contexto da minha frase.

A conclusão da probabilidade vem de estudos que têm sido publicados em como as probablidades de se vir a ter cancro durante uma vida são neste momento de mais de 40% (http://www.cancer.org/cancer/cancerbasi ... rom-cancer).

E parece-me um facto em como quem tem uma doença grave em portugal (escolhe tu a definição) em acesso a praticamente todos tratamentos necessários. Não é o mesmo nos estados unidos.

Repito: o objectivo de colocar o artigo é de parar de uma vez por toda com as comparações entre o que temos cá e o que existe por lá. Mas, claro, se é para comentar sem ter lido... mais valia eu ter estado quieta e não gastar o "cuspo dos dedos".
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Saúde EUA

por Clinico » 10/3/2013 16:16

Na realidade, a medicina nos EUA tem muito que se lhe diga e não pára só neste artigo muito interessante.

Há cerca de 42 milhões de americanos sem seguro de saúde, obrigados a ir a City Hospitals (ou a convalescer em instituições de caridade), que no meu tempo (há 25 anos) tratavam 20% dos seus doentes sem hipótese de cobrança. Nessa altura saiu o primeiro relatório em que se comparavam preços de vários actos médicos entre os hospitiais em que, obviamente, os City Hospitals tinham o preçário mais caro, pois tinahm que compensar os incobráveis.

Durante os 10 anos que fui médico lá, muitas vezes trabalhávamos mais para evitar chatices, isto é, evitar os advogados e tribunais e as compensações por motivos mais estúpidos, ou evitávamos practicar certos actos para diminuir o seguro de malpractice.

Lembro-me dum caso que nos levou ao riso em que uma vidente duma aldeola perdida num Midwest se queixou de dores de cabeça tipo enxequeca. O Neurologista pediu-lhe (e bem) uma TAC craneo-encefálica. Como era enxequeca, a TAC veio normal. Pois o desgraçado do Neurologista foi posto em tribunal porque desde que a vidente fez o TAC, nunca mais acertou uma nas "videncias", o que atribuiu ás radiações de um exame que foi normal.
O Neurlogista (o seu seguro) pagou á vidente porque não se conseguiu demonstrar em tribunal o contrário!!
Haja Deus!

Mexer nisto tudo, como o Obama procura fazer, é muito complicado pois tem uma oposição fundamentalista republicana. Mas o exemplo Europeu demonstra que se pode fazer algo sem que eles pensem de que se trata de "socialismo".

Se os americans retirassem 1 cagagésimo, milionésimo do dinheiro que gastam na defesa com medo dos marcianos e afins e o pusessem á disposição dos que não têm acesso á saúde, isto seria um acto de cidadania pura e humana e não um acto de socialismo.

Enfim, divagações...~

Abraços
Clinico
 
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por A330-300 » 10/3/2013 16:10

Quanto aos sistemas de saúde:

Acho uma perda de tempo fazer comparações com o que é pior.E o sistema americano é claramente pior em todos os sentidos à excepção dos recursos técnicos.
A comparação com o bom , com o melhor é que nos faz progredir.

Quanto aos custos do sistema de saúde:

É daquelas coisas , juntamente com a educação que eu acho que é um dinheiro bem gasto.Tem que ser bem administrado , mas é bem gasto , mesmo quando os tratamentos são prolongados e caros.
Gasta-se dinheiro em tanta porcaria, e agora vamos economizar na saúde? Acho que é uma questão de valores morais , muito mais do que financeiros.

Penso que as pessoas devem ser tratadas com dignidade, e isso passa por um bom sistema de saúde.

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por SIRS » 10/3/2013 16:02

Atomez Escreveu:Em Portugal o que se gasta com a saúde em % do PIB está ao nível dos países mais ricos, mas como o nosso PIB per capita é muito mais baixo, o gasto por habitante até é baixo...

Quer dizer, fazemos um esforço muito grande para ter um serviço que não é grande coisa...


Não tenho esta percepção. Apoio-me apenas em contactos pessoais pelo que não posso afirmar que seja a regra.

Se excluirmos emigrantes que vêm cá a Portugal e nos cingirmos a estrangeiros a viver cá ou de passagem, e o meu contacto limita-se a Ingleses, Franceses e Suiços, a percepção que me deixam é que os cuidados de saúde hospitalar são tão bons ou francamente melhores.

Relativamente aos cuidados de urgência dizem maravilhas.

Onde se queixam é dos cuidados de saúde primários.

Penso que este discussão é potencialmente muito interessante mas estará provavelmente a ser feita muito superficialmente.
Ainda assim, felicito a partilha deste artigo e as opiniões aqui expressas. Falando e discutindo é que cresceremos como país.

Cumprimentos.
 
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por A330-300 » 10/3/2013 15:40

Por acaso não concordo com a morte assistida.Acho um suicídio na mesma.
Hoje em dia as pessoas não tem mais dor.Os hospitais disponibilizam morfina com fartura.O meu pai faleceu de cancro e teve tda a morfina que precisou.

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por mais_um » 10/3/2013 11:30

AutoMech Escreveu:mais_um, quando falas em seguros vitalícios referes-te à ADSE e SAMS ou a algum seguro de mercado ? (eu não conheço nenhum daí a pergunta).


Estava a referir-me em termos abstractos. A ADSE e o SAMS não sei mas o SAMS Quadros tem algumas limitações.

E que eu saiba ainda não há esse tipo de seguros (vitalícios) em Portugal. E na situação actual considero difícil que venha a existir.

AutoMech Escreveu:Custa-me a aceitar que a eutanásia continue a ser um tema tão pouco debatido em Portugal (e não só cá).

Não sei se a % da população que recorreria à morte clinicamente assistida seria reduzida ou não mas, além de ser imoral contrariar a vontade da pessoa ao não a deixar morrer, do ponto de vista estritamente financeiro (eu sei que é chocante falar assim) dificilmente essa solução será mais onerosa do que levar a pessoa até ao final com cuidados paliativos (muitas vezes miseráveis).

A morte clinicamente assistida parece-me uma situação de win/win.



Concordo contigo, o que tem acontecido é suicídios, conheço 3 situações desse tipo bem próximas de mim, um deles era um tio meu.
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por mais_um » 10/3/2013 11:25

Pata-Hari Escreveu:mais_um, se o custo de uma doença grave (provável em cada família ao longo de uma vida) for de vários milhões, não me parece que os teus descontos (e da família) sirvam de muito.


Como é que chegas à conclusão que o custo de uma doença grave em Portugal é de vários milhões? E como é que chegas à conclusão que é provável que uma família tenha uma doença grave ao longo de uma vida?

E mesmo que assim seja qual é a diferença para quem tem um seguro vitalício, nos países em que este existe? Achas que as pessoas pagam de seguro cobrem a situação que referes?

Não é esse o principio dos seguros?

E já agora o que é para ti uma doença grave?

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por Automech » 10/3/2013 2:57

mais_um, quando falas em seguros vitalícios referes-te à ADSE e SAMS ou a algum seguro de mercado ? (eu não conheço nenhum daí a pergunta).


Custa-me a aceitar que a eutanásia continue a ser um tema tão pouco debatido em Portugal (e não só cá).

Não sei se a % da população que recorreria à morte clinicamente assistida seria reduzida ou não mas, além de ser imoral contrariar a vontade da pessoa ao não a deixar morrer, do ponto de vista estritamente financeiro (eu sei que é chocante falar assim) dificilmente essa solução será mais onerosa do que levar a pessoa até ao final com cuidados paliativos (muitas vezes miseráveis).

A morte clinicamente assistida parece-me uma situação de win/win.
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por Pata-Hari » 10/3/2013 1:33

mais_um, se o custo de uma doença grave (provável em cada família ao longo de uma vida) for de vários milhões, não me parece que os teus descontos (e da família) sirvam de muito.
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por mais_um » 10/3/2013 1:01

Razao_Pura Escreveu:Com a grande incidência de cancro actualmente e com tendência a aumentar no futuro próximo, o que acham que acontece a quem tem a infelicidade de passar por essa provação fazendo uso do seguro?
R.P.


Os seguros vitalícios vão aumentar o custo, ou seja as pessoas vão pagar mais, os outros seguros que são renováveis anualmente, não renovam o seguro ao fim do ano em que é descoberta a doença (hoje já acontece isso e não é só com o cancro, hemodiálise por exemplo).

Num sistema de saúde baseado em seguros de saúde, só quem tiver muito dinheiro é que tem bons cuidados médicos.
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por Razao_Pura » 10/3/2013 0:51

Com a grande incidência de cancro actualmente e com tendência a aumentar no futuro próximo, o que acham que acontece a quem tem a infelicidade de passar por essa provação fazendo uso do seguro?
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por Quimporta » 9/3/2013 23:45

Test Strips
Patient was charged $18 each for Accu-chek diabetes test strips. Amazon sells boxes of 50 for about $27, or 55¢ each

Read more: http://healthland.time.com/2013/02/20/b ... z2N5Mk9JCJ


Dá uma margenzita bem catita de 3270% :shock:
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por mais_um » 9/3/2013 23:09

Pata-Hari Escreveu:o meu ponto é que qualquer comparação só pode vir de quem não leu nem na diagonal! a diferença é tão chocante, é tudo tão chocante, que só quem não leu responde com comparações. Aliás, o artigo só aqui foi colocado para acabar de uma vez por toda com a ideia absurda de fazer comparações.


Tu escreveste isto:

Chegámos a um extremo onde não pagamos nunca quase nada apesar dos custos elevadíssimos, independentemente de podermos ou não pagar.O simples facto de não se pagar nada leva automaticamente a abusos por parte dos utentes e é, naturalmente, insustentável num país que não é extraordinariamente rico.


Não é verdade que não pagamos quase nada, pagamos e não é pouco, pelo menos eu não pago pouco. Há uma % significativa dos meus impostos (directos e indirectos) que vai pagar os custos do SNS, independentemente de eu usar o SNS ou não. Na practica estou a pagar um seguro de saúde, eu e todos os portugueses.

De qualquer forma parece-me despropositado fazer comparações com o pior sistema de saude (na relação custo versus beneficio) de toda a OCDE e que não funciona da mesma forma que o nosso. Não vejo qual o interesse, dai eu ter perguntado qual é o teu ponto, para evitar entrar numa discussão estéril.

Olha compara o SNS com o norueguês ou sueco...
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por Pata-Hari » 9/3/2013 22:54

o meu ponto é que qualquer comparação só pode vir de quem não leu nem na diagonal! a diferença é tão chocante, é tudo tão chocante, que só quem não leu responde com comparações. Aliás, o artigo só aqui foi colocado para acabar de uma vez por toda com a ideia absurda de fazer comparações.
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por mais_um » 9/3/2013 22:30

Pata-Hari Escreveu:leste o artigo...?


Li na diagonal...

Qual é o teu ponto? :)
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por Pata-Hari » 9/3/2013 22:26

leste o artigo...?
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por mais_um » 9/3/2013 21:10

Pata-Hari Escreveu:mais_um, leste o artigo ou parte? "pago bastante" não é algo que tenha algo a ver como "bastante" americano. Há um parágrafo em que se descreve que para entrar no hospital, para a admissão, esperou X tempo para terem tempo para verificar que o cheque de 80 000 dolares tinha cobertura (acho que eram 80 000 mas era dessa ordem de grandeza). Não me parece que haja QUALQUER semelhança entre o muito deles e o teu muito.

Hoje ainda, a falar deste artigo, um amigo comentou que uma vez a mulher se magoou no ski, nos estados unidos, e para entrar no hospital pagou de imediato 4000 dólares. Sem que alguém ainda tivesse olhado para ela.


Estás a comparar quanto custa pagar um seguro contra todos os "riscos" de um carro (independentemente de o usares ou não) com o que custa substituir um carro destruído....

EDIT: Já agora vai a um hospital particular fazer uma operação dispendiosa sem cobertura de nenhum sistema de saúde ou seguro e vê como funciona, no mínimo pedem-te um deposito antecipado de parte do previsto...
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por Quimporta » 9/3/2013 20:31

O jornalista responsável por esta peça que a Pata cita, Steven Brill da Time, esteve no Jon Stewart.

Chega a ser anedótico o nível de descontrolo a que se chegou nos custos da saúde, e é dramático o número de pessoas que fica insolvente nos EUA por causa das dívidas, mesmo tendo seguro.

Exemplo: a "indústria" das ambulâncias já lucra mais que Hollywood :shock:

<iframe src="http://media.mtvnservices.com/embed/mgid:cms:video:thedailyshow.com:424058" width="512" height="288" frameborder="0"></iframe><p style="text-align:left;background-color:#FFFFFF;padding:4px;margin-top:4px;margin-bottom:0px;font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><b>
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por Pata-Hari » 9/3/2013 20:21

mais_um, leste o artigo ou parte? "pago bastante" não é algo que tenha algo a ver como "bastante" americano. Há um parágrafo em que se descreve que para entrar no hospital, para a admissão, esperou X tempo para terem tempo para verificar que o cheque de 80 000 dolares tinha cobertura (acho que eram 80 000 mas era dessa ordem de grandeza). Não me parece que haja QUALQUER semelhança entre o muito deles e o teu muito.

Hoje ainda, a falar deste artigo, um amigo comentou que uma vez a mulher se magoou no ski, nos estados unidos, e para entrar no hospital pagou de imediato 4000 dólares. Sem que alguém ainda tivesse olhado para ela.
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por atomez » 9/3/2013 20:08

Em Portugal o que se gasta com a saúde em % do PIB está ao nível dos países mais ricos, mas como o nosso PIB per capita é muito mais baixo, o gasto por habitante até é baixo...

Quer dizer, fazemos um esforço muito grande para ter um serviço que não é grande coisa...


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por A330-300 » 9/3/2013 20:02

Há um filme do Michael Moore chamdo SICKO que vale a pena baixar e ver.

Fala exatamente sobre o sistema de saúde americano.

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por atomez » 9/3/2013 19:38

Pata-Hari Escreveu:Eu concordo com o senhor. Chegámos a um extremo onde não pagamos nunca quase nada apesar dos custos elevadíssimos, independentemente de podermos ou não pagar.O simples facto de não se pagar nada leva automaticamente a abusos por parte dos utentes e é, naturalmente, insustentável num país que não é extraordinariamente rico.

O outro extremo é o descrito no artigo que dá vontade de chorar e é totalmente chocante, aberrante e de uma desumanidade sem limites.



Na saúde há vários intervenientes, cada um com interesses próprios e divergentes. Os serviços de saúde são um mercado muito peculiar em que as regras habituais fornecedor-cliente não se aplicam.

E ainda por cima lidam com uma coisa vital para todos nós -- a nossa vida e bem estar.

Em qualquer outro produto ou serviço, como se queres comprar um par de sapatos ou um carro ou umas férias numa ilha paradisíaca, o cliente avalia o que quer comprar, vê a oferta, cada um avalia que disponibilidades tem, quanto quer pagar, qual o nível e qualidade que quer, negoceia com vários fornecedores e finalmente decide o que quer comprar e paga por isso.

Na saúde o cliente final, nós todos, não decide os produtos e serviços que precisa, os médicos é que têm o exclusivo legal para isso, quem fornece o produto ou serviço são as farmacêuticas, hospitais e clínicas e finalmente quem paga, em grande parte, é o estado ou seguradoras.

Cada um destes intervenientes tem intersses diferentes e muitas vezes antagónicos, como é fácil de ver.

Qual a melhor maneira de satisfazer tudo isto?

Parece que mundialmente os sistemas de saúde da Suiça e da Holanda são os que apresentam melhores resultados com custos razoáveis. No fundo junta a parte melhor de cada um dos sistemas que descreves.

Apresenta liberdade de escolha dos médicos e hospitais, serviços de alta qualidade, ausência de listas de espera e custos relativamente baixos.

É mais ou menos assim:

- é obrigatório ter um seguro de saúde, que tem vários níveis e é escolhido livremente

- as seguradoras não podem recusar fazer um seguro de saúde e o seu custo é controlado, para evitar que quem tem doenças crónicas e muito dispendiosas fique sem seguro

- quem não tiver recursos para um seguro básico, o estado paga esse seguro

- cada utente escolhe livremente o médico e hospital que quer, estes concorrem entre si pela qualidade de serviço, taxas de sucesso, etc.

- todos os preços de todas as consultas, diagnósticos, análises, medicamentos, tratamentos, intervenções, operações, etc. são tabelados com uma tabela revista todos os anos pelos vários intervenientes (estado, médicos, hospitais, clínicas, farmacêuticas)

- todos os anos cada médico, hospital, etc. é avaliado pelos custos das prescrições e serviços que prestou; se para uma determinada doença ou condição os seus custos forem acima da média nacional, tem de justificar porque é que forma mais altos e se não houver justificação razoável tem de repor a diferença de custo do seu próprio bolso (!)

Com este sistema mantém-se a liberdade de escolha, a concorrência entre fornecedores, alto nível de serviços e resultados. mantendo os custos contidos.

Quem não gosta totalmente deste sistema são os médicos, no fundo são eles que têm de controlar os custos...

É claro que isto é na Suiça, com gente com um nível de vida muito alto e uma mentalidade própria, e com certeza não é aplicável tal e qual em todo o lado. Mas é um princípio.
Editado pela última vez por atomez em 9/3/2013 20:14, num total de 1 vez.
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por richardj » 9/3/2013 19:32

ou então, sendo a contribuição das taxas moderadoras de 2% das despesas, acaba-se com as taxas moderadoras, menos burocracia, e é tudo pago directamente pelo IRS, onde quem ganha mais já contribui mais.

o problema de eliminar as taxas moderadoras para diminuir a burocracia neste pais, é que sendo aparentemente "gratuito", tem tendência para as pessoas abusarem.
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por mais_um » 9/3/2013 19:19

Atomez Escreveu:Uma das razões para os serviços e saúde serem tão caros do outro lado do lago é que os médicos, hospitais, etc. têm de ter seguros de responsabilidade civil enormes porque em caso de negligência têm de pagar indemnizações brutais.

Outra razão é que os médicos mandam fazer todo o tipo de análises, diagnósticos, operaçõe muito caros mesmo que não sejam totalmente imprescindíveis para se precaverem de futuras acusações de negligência, e é claro que os fabricantes dos equipamentos e processos de análise fomentam isso mesmo para faturarem...

Lá os advogados também têm de fazer pela vida e os processos de negligência são uma mina.


Além disso ainda há os custos administrativos do sistema que é muito pesado, em tempos li um artigo sobre os seguros de saúde nos EUA e o porquê do seu custo elevado, além dos elevados custos administrativos, quem tinha seguro "abusava" do sistema o que encarecia o custo final, já que as seguradoras depois fazem repercutir no valor da apólice.

Lembro-me sempre disso quando ouço pessoas dizerem que como tem plafond de óculos por gastar, gastam no fim do ano mesmo quando não precisam, para trocar de óculos de sol (há sempre umas lojas que passam factura de oculos graduados...).
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