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Caldeirão da Bolsa

Conheça as propostas do FMI para cortar 4 mil milhões na des

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Rantamplan » 14/1/2013 15:20

Alguém me pode elucidar porque é que temos de cortar 4mil milhões na despesa do Estado? Porque não 2 ou 8? Onde estão estas prerrogativas?

Alguém me esclarece como é que um documento pretensamente técnico estabelece uma meta financeira sem que defina objetivamente as funções que expectavelmente o Estado deve desempenhar?

Para quem nunca teve de desenvolver estudos técnicos/científicos deixo aqui a estrutura mínima obrigatória que deve ser cumprida. Introdução, Enquadramento Teórico, Objetivos, Metodologia Adoptada, Apresentação Resultados, Discussão de Resultados e Discussão Metodológica e Conclusões.

O que este documento fez foi, a pedido do Governo que dentro de 1 mês se vai ver a braços com a falhada execução orçamental, definir o resultado a obter e subverter o contexto, a metodologia e os próprios objetivos a esses pretensos resultados. E aqui volto à questão inicial: alguém me consegue explicar o rationale do corte de 4mil milhões?


P.S. A título de curiosidade, alguém sabe quanto é que os contribuintes vão pagar ao FMI por esta cag#?!=) de "estudo"?
"Caminante, no hay camino, se hace camino al andar", Antonio Machado
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por bogos » 14/1/2013 15:06

richardj Escreveu:Numero de professores ate ao 12º ano segundo a pordata:

http://www.pordata.pt/Portugal/Docentes ... ensino-240


Numero de professores no ensino superior:

http://www.pordata.pt/Portugal/Docentes ... ensino-352

E já agora, por curiosidade, 99% dos professores do pre-escolar são mulheres :lol:

http://www.pordata.pt/Portugal/Docentes ... ensino-782

EDIT:

numero de alunos no sistema de ensino por tipo:

http://www.pordata.pt/Portugal/Alunos+m ... nsino-1002

EDIT 2:

numero médio de alunos por estabelecimento de ensino:
http://www.pordata.pt/Portugal/Numero+m ... nsino-1984


Esses dados estatisticos para um técnico em demografia são chapa cinco. Falência de um sistema económico-social há 20 anos atrás.

Para um socialista, a forma de perpetuar poder..

Para um social democrata à direita, um costatar de factos atrasados.

Para os professores entre os 25-45 anos a constatação que tem mesmo que virar para outro sector ou emigrar.

O que se deve dizer hoje a geração dos 6 - 18 anos é pensarem muito bem naquilo que querem fazer profissionalmente.
Espero que este país tenha a capacidade de lhes incutir que tem que esgravatar para viver. É que aos outros foi-lhes incutido (sem culpa deles, mas da geração que os levou a isso) que podiam viver à grande e à Francesa, porque o Estado é a mão de todos nós, e jorrará leite eternamente, até essas luxuosas reformas.

Cumprimentos
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por bogos » 14/1/2013 14:57

Uma medida que havia de ser realizada era a troca de lugares, vestir a pele do outro, pois isso aferiria do verdadeiro Estado de um sector.

Experimentem na educação.
Creio que não deve doer nada aos professores do privado, e também não deve doer nada aos professores do publico.

Estranhamente vê-se os sindicatos a apontar o dedo a satanás sem nunca ter "vestido" de satanás.
Se calhar o inferno apontado a uns será mesmo um inferno depois de tomada a camisa.

Vejam a diferença salarial de ambas as partes. Experimentem trocar.

Cumprimentos
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por richardj » 14/1/2013 13:10

Numero de professores ate ao 12º ano segundo a pordata:

http://www.pordata.pt/Portugal/Docentes ... ensino-240


Numero de professores no ensino superior:

http://www.pordata.pt/Portugal/Docentes ... ensino-352

E já agora, por curiosidade, 99% dos professores do pre-escolar são mulheres :lol:

http://www.pordata.pt/Portugal/Docentes ... ensino-782

EDIT:

numero de alunos no sistema de ensino por tipo:

http://www.pordata.pt/Portugal/Alunos+m ... nsino-1002

EDIT 2:

numero médio de alunos por estabelecimento de ensino:
http://www.pordata.pt/Portugal/Numero+m ... nsino-1984
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por Manushe » 14/1/2013 12:19

Falemos então dos verdadeiros casos do sucesso escolar:

Gosto imenso de como a coisa é gerida, sério. Bem simples:

- ai o menino não respeita as regras? Rua!
- a menina teve maus resultados? Desculpa mas não aceitamos/trabalhamos com Pêpas. Você é o elo mais fraco. Adeus!

Assim, em duas decididas e boas penadas se trabalha para os fofuchos e tão lindinhos resultados das brilhantes escolas de elite!
Mérito ao suor dos poucos alunos que sobrevivem à peneirada!
ps1: neste particular envereda-se também por algumas estradas secundárias mas não vou querer sujar as mãos na relva.

Depois há.... enfim, todos os outros. Alguém tem de levar com eles, não é?...

Estes, outrinhos, com quem os distintos papás, não
querem misturas (mais do que fugir aos ditos professores que os ensinam) populam e deambulam abundantemente pelas...pelas...outras!

Ele há de tudo: os brilhantes (mas pelos vistos, com grandes tendências masoquistas), os "desde que deia para passar", os que querem aprender, os que querem aprender mas não conseguem, os que conseguem mas não estão para aprender, os que não querem aprender e fazem tudo para que os outros também não queiram ou possam fazê-lo, os que nem sabem o que é aprender, os que acham que a vida se resume a vegetar numa cadeira, (...), (...). Tudo, bem regado e doutrinado no caldinho ideologico que desensina: "exige cada um dos teus direitos e não admitas qualquer exigência relativamente aos teus deveres".

Qual é a dele, a do professorzeco, que chama a atenção do menino para que traga o manual, que o estado , por ter escalão, lhe ofereceu?
A coletânea das estapafúrdias reações a coisas tão simples como esta, deixar-vos-ia maravilhados com este admirável mundo novo.

Para simplificar as coisas, eu defendo o que muitos desejam ou pensam: os alunos deviam deixar de ser seres humanos e passar a parafusos. E a performance deveria ser medida pelo que enroscasse melhor!
Pronto!

Até lá, não é que estes profs, insistem, e pasme-se, com abnegada e incansável dedicação, contra tudo e contra todos -insistem!!! - em tentar cumprir a sua missão?

Os gajos conseguem verdadeiros milagres, vocês acreditam? Só que são muita parvos (andam a trabalhar para aquecer) porque milagres não se quantificam, são missões de fé..duh!!!

Ou, se se quantificam, não são visíveis aos olhos dos parvos que não conseguem ver para além do que é quantificável e incomparável.

Alguns até são quantificáveis, como se demonstra nos últimos resultados do Pisa, mas o queriduxo do relatório resolveu convenientementemente omitir!

Eu tenho uma teoria: a alegada irrisória quantia que o governo pagou não dava para escrever tudo e assim eles tiveram de deixar algumas coisas de rabo de fora. Mas até ajudo, graciosamente, se o Gaspar pedir com jeitinho:
Imagem

Ps2: assessores, credo!!!

Não queria sair sem prestar a minha sincera e devida homenagem ao titulo que originou este super esclarecedor e honesto debate:
http://expresso.sapo.pt/esquema-finance ... as=f778784

Digam lá caraças, não é que, por pouco, não igualávamos a bendita quantia!!!!?
Estes gestores não se esforçam o suficiente.
Nem para serem o pior do mau, servem! Aumentem-lhes a motivação caraças, aumentem-lhes o ordenado!

Nem que para isso, "a culpa do défice seja dos médicos que ganham muito, dos professores que são uns privilegiados e dos aposentados, essa grande praga.
Responsabilizar estes génios da gestão?
Nunca!!!

Tenho dito!
Editado pela última vez por Manushe em 14/1/2013 13:37, num total de 1 vez.
"You can sedate all the people some of the time, and some of the people all of the time, but you cannot sedate all of the people all of the time."

"É uma infelicidade da nossa época....que os doidos guiem os cegos."
William Shakespeare
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por richardj » 14/1/2013 11:54

Lion_Heart Escreveu:Mais uma vez vamos cortar no fundo da pirâmide mantendo o topo com as suas mordomias.

O FMI já desistiu ou foi convidado a nem tentar cortar regalias, mordomias, tachos e etc. que mantém o sistema podre.

E claro que não da muito €, mas moraliza e põe na ordem o equilíbrio das coisas.

As autarquias continuam, os carros, os cartões , os salário, as reformas,... mas a cons. de urgência por ex. tem que ir para 50€.


a minha opinião é a de que eles (FMI) chegaram à conclusão que para que algumas/a maioria das medidas passa-se, não podiam amassar a classe politica directamente. Mesmo assim o governo ficou a falar sozinho.
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por Lion_Heart » 14/1/2013 9:11

Mais uma vez vamos cortar no fundo da pirâmide mantendo o topo com as suas mordomias.

O FMI já desistiu ou foi convidado a nem tentar cortar regalias, mordomias, tachos e etc. que mantém o sistema podre.

E claro que não da muito €, mas moraliza e põe na ordem o equilíbrio das coisas.

As autarquias continuam, os carros, os cartões , os salário, as reformas,... mas a cons. de urgência por ex. tem que ir para 50€.
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por Pata-Hari » 14/1/2013 8:24

É verdade richardj. Mas nota que isso surge em grande parte da lei que permite ao estado endividar-se tanto quanto quer. O estado tem incentivo para gastar tanto quanto consegue e providenciar muitos serviços muitos "baratinhos" porque são as medidas que o tornam popular e re-elegível que é o seu primeiro objectivo natural, o seu objectivo de sobrevivência no poder. A população vota porque não se apercebe que o dinheiro do estado é o deles ou que não sendo o deles já é o de "quem vem a seguir" (filhos e netos) tal e qual como tu descreves.

O problema só surge agora quando o crédito infinito termina e quando "quem vem a seguir" sufoca e se revolta: é onde estamos agora.

Muito provavelmente este problema nunca teria surgido se, tal como a Finlândia (desculpem a repetição do exemplo mas é o caso que conheço melhor e que mais uma vez se aplica), o estado não se pudesse endividar para além do que tem disponível. O engraçado é que neste momento em que a Finlândia está a entrar em recessão, a população se preocupa em saber onde e como é que o estado irá conseguir fazer cortes. Imagine-se se tivessem dívida a pagar.
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por richardj » 14/1/2013 1:22

não, a solução é aplicar preços utilizador - pagador para os grandes centros urbanos e no interior sim, contribuir para que seja possível um serviço mínimo a preço aceitável para a localidade.

Até porque o que pesa, é a Carris, o Metro Lisboa, o Metro do Porto, a Refer e a CP.

Mais qualidade, mais pagamento.

O que fez durante 20 ano foi manter artificialmente os preços baixos, e obrigar o contribuinte no geral e pagar um serviço que, não só não usa, como o serviço praticado na regiam onde vive tem uma qualidade diferente.

EDIT: detesto quando me dizem que um serviço é grátis, que a saúde é grátis, que não se paga, ou que os preços são baratinhos. Dá a ideia à sociedade que utiliza os serviços de que podem usar e abusar à vontade dos serviços, não só porque é baratinho, mas tambem porque quem paga é o estado, essa pessoa que ainda não conheci.
Não é, tem um custo, as coisas não são de graça, no final da cadeia alguém vai ter de entrar com o dinheiro. Durante muito tempo esse alguém foram os credores da divida publica. Agora as pessoas vem dizer que o estado as está a roubar. Não, está a ir buscar o dinheiro para pagar o serviço que tinha um preço baratinho, abaixo do custo e que os utilizadores não queriam pagar e os políticos não tinham coragem para aplicar utilizador pagador. Tiravam com a mão esquerda sabendo que tinham de ir tirar tambem com a mão direita.
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por Pata-Hari » 13/1/2013 23:45

Bitaite: existe uma coisa que é uma requisição civil que se calhar se poderia aplicar.
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por assunoadr » 13/1/2013 23:02

richardj Escreveu:
assunoadr Escreveu:
richardj Escreveu:
assunoadr Escreveu:O argumento é o de que a maioria dos encargos do Estado (76%) são com prestações sociais (neste caso as prestações contributivas nem deveriam ser incluídas no orçamento porque são suportadas por fundos constituidos para o efeito), educação e saúde para justificarem com a dimensão a necessidade de cortarem aí, vendendo a ideia da inevitabilidade de o fazerem. Mas então os contribuintes deviam perguntar para onde vão os restantes 24% que nem sequer foram objecto do estudo do FMI.



que fundos?

esses 24% podem ser muita coisa:

- juros
- despesas relativas a defesa nacional
- justiça
- custos administrativos
- tapar buracos de transportadoras (porque em vez de as pessoas pagarem os transportes directamente que usam, é mais fácil dizer que os preços são baratinhos e depois ter de carregar no IRS ou IRC para ir buscar o mesmo dinheiro à mesma)
- imvestimentos


Por alguma razão não foram objecto de estudo pelo FMI mas já referi acima o suficiente para se perceber que seria bem mais fácil cortar por aí 3 a 5 mil milhões. Até são nessas rubricas que se incluem as despesas com as mordomias da classe politica e outras similares de origem e necessidade duvidosa. Tal como na generalidade dos países europeus, os transportes públicos prestam serviços públicos à população com grandes vantagens para as zonas urbanas, sendo por isso subsidiados, portanto não percebo onde esteja o escândalo. Já injectar 12 mil milhões nos bancos e 9 mil milhões no BPN é que parece que para alguns não é escândalo, nomeadamente para aqueles que aceitam a corrupção que os favorece como normal, necessária e legitima.


Só é pena não ser serviço publico nos dias em que decidem fazer greve.

E portanto, os homens do porto, através do seu IRS ou IVA devem contribuir para pagar os transportes da malta de Lisboa ou outra cidade qualquer. E vise versa


Então e a solução é acabar com o serviço?
 
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Re: Ensino

por AikyFriu » 13/1/2013 21:03

jarc Escreveu:No que respeita ao ensino há um claro desconhecimento da situação, pois bastaria o cumprimento da Lei para que se poupasse significativamente. Os Mega Agrupamentos, na maioria das situações, não foram feitos e portanto temos para cada 1200 alunos: Um diretor, um sub diretor, dois adjuntos, dois assessores e (pasme-se) dois 8ou três) bibliotecários acompanhados das respetivas funcionárias. Como se isso não bastasse a componente letiva prevista para esta gente é completamente desrespeitada (a inspeção passa para ver uns mapas horários e está sempre tudo bem). Nem os adjuntos com o sub diretor cumprem as horas letivas previstas na Lei, nem tão pouco o bibliotecário (aliás a biblioteca é um local onde os miúdos vão fazer uns jogos). Se a isto acrescentarmos o incumprimento do número de alunos por turma e os apoios que não passm do papel... Este País continua a ser dos chicos-espertos.


Isto é um perfeito disparate...

...se há actividade muito controlada/fiscalizada é a gestão dos horários das escolas.
... em muitos casos os adjuntos são apenas 1 (num post anterior referi-me ao subdiretor como adjunto pois o crédito é dividido pelos dois - minha escola secundária, com ensino noturno, Cursos gerais, profissionais e CEF a redução é de 28 horas).
... os acessores não têm reduções
... não conheço casos de escola com mais de uma bibliotecária (a minha tem uma), funcionária também é apenas 1
... o PTE tem 10 horas para gerir 230 computadores (gerir = administrar+instalar+reparar+tudo o resto referente à informática, incluindo a rede e o site da escola)
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por AikyFriu » 13/1/2013 20:51

richardj Escreveu:uma pergunta:

um professor do secundário, com horário completo, quantas horas tem de aulas por semana e quantas horas tem do resto (reuniões etc) ?


O horário completo do professor são 1100 minutos lectivos, mais 2 ou 3 horas de tempos de escola, mais 2 horas para reuniões e 9 para trabalho individual (preparação de aulas, testes, ...).

Na minha escola, com aulas de 50 minutos, dá 22 horas lectivas, 2 TE, 2 horas de reuniões e 9 horas de trabalho individual.

Pessoalmente preferia ter um horário de 40 horas na escola, com todo o material que necessitava, desde que, não me exigissem que trabalhasse em casa. Garanto-te que gastaria muito menos tempo com a minha actividade. Não sei como seria o meu desempenho mas certamente seria muito pior por falta de tempo para o preparar.
Isto sem referir que tenho que comprar todo o material que necessito (o último foi um projector de video para levar para as aulas, pois a minha escola, num bloco tem PV em todas as salas, o resto tem uns 3 para 30 salas)
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por richardj » 13/1/2013 20:15

uma pergunta:

um professor do secundário, com horário completo, quantas horas tem de aulas por semana e quantas horas tem do resto (reuniões etc) ?
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Ensino

por jarc » 13/1/2013 19:59

No que respeita ao ensino há um claro desconhecimento da situação, pois bastaria o cumprimento da Lei para que se poupasse significativamente. Os Mega Agrupamentos, na maioria das situações, não foram feitos e portanto temos para cada 1200 alunos: Um diretor, um sub diretor, dois adjuntos, dois assessores e (pasme-se) dois 8ou três) bibliotecários acompanhados das respetivas funcionárias. Como se isso não bastasse a componente letiva prevista para esta gente é completamente desrespeitada (a inspeção passa para ver uns mapas horários e está sempre tudo bem). Nem os adjuntos com o sub diretor cumprem as horas letivas previstas na Lei, nem tão pouco o bibliotecário (aliás a biblioteca é um local onde os miúdos vão fazer uns jogos). Se a isto acrescentarmos o incumprimento do número de alunos por turma e os apoios que não passm do papel... Este País continua a ser dos chicos-espertos.
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Re: Dá que pensar

por richardj » 13/1/2013 19:47

LedZeplin Escreveu:A esmagadora maioria destes inactivos dão, naturalmente, despesas ao Estado. Nesta lógica de encargos públicos, é preciso juntar mais 700 mil funcionários públicos, o que dá seguramente mais de 4,5 milhões de pessoas a quem o Estado sustenta ou ampara, de uma ou outra maneira.

É sustentável? Não é!

Em 2011 havia 2.330.04 reformados em Portugal, mais 2.276.117 do que em 1960, números da Pordata (é óbvio que no salazarismo em vez de Estado Social havia pobreza mas a diferença impressiona).

Em 2001, a idade média de reforma foi aos 64,1 anos. Em 2011, desceu para os 62,1. Os homens reformaram-se em média com 61,8 anos e as mulheres com 62,5 anos, também dados da Pordata (o excesso de reformas antecipadas explica, em boa medida, estes números).



zed, não é bem assim, é pior:

são 3,5 Milhões de reformados, e nao esse valor:
http://www.pordata.pt/Portugal/Pensioni ... tacoes-851

E a idade media que referes também é verdadeira em parte, porque na CGA reformam-se em media 2 anos mais cedo:

http://www.pordata.pt/Portugal/Caixa+Ge ... tacao-1085

http://www.pordata.pt/Portugal/Media+de ... +sexo-1121
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por Massao1 » 13/1/2013 19:17

Basta ver a folha de Fevereiro sw 2013.


Aonde se vai arranjar dinheiro para todos estes reformados.

A reforma da SS e CGA tem que passar em cortes superiores a 30& com reformas superiores a 1500,00.

Muitos compraram anos de pseudo trabalha para se reformarem.

Todos os reformados com menos de 30 anos de contribuições tem que serem penalizados, já

http://dre.pt/pdf2sdip/2013/01/005000000/0078800808.pdf
 
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por AikyFriu » 13/1/2013 19:15

mais_um Escreveu:
AikyFriu Escreveu:
Sem querer entrar em discussão, até porque toda a gente é especialista no assunto e os únicos que estão errados são os professores...


Digamos que a forma como a maior parte dos professores tem debatido as questões referentes ao ensino ao longo dos anos e o facto de alguns professores terem abusado das ineficiências do sistema durante muitos anos não tem ajudado a alterar a ideia de alguma forma generalizada que os professores estão principalmente preocupados consigo próprios e não com o ensino.


????
Não queres ser mais preciso?
Não vejo onde estão esse abusos. Quanto muito vejo alguma legislação mal feita.
Mas tenho visto muitas ideias pré-concebidas que nada têm a ver com a realidade.
Mas como te disse nem vou discutir isso, pois não vale a pena.


mais_um Escreveu:
AikyFriu Escreveu:Há 6 ou 7 anos tive um colega que fez um estudo para uma pós graduação, sobre a carga horária dos cursos não superiores e chegou à conclusão que os alunos portugueses passam muito mais horas nas salas de aulas dos que os restantes alunos europeus, nalguns casos era quase o dobro.


Se uma turma tem mais carga horária, precisa de mais professores (admitindo que o nº de horas lectivas destes se mantém mais ou menos constantes no vários paises).

Só este facto justifica que o número de alunos por professor seja MUITO menor em Portugal.



Não conheço esse estudo mas conheço os nº da OCDE e Portugal está realmente acima da média no que diz respeito ao nº de horas lectivas que os alunos tem até aos 14 anos, mas nada que justifique quase o dobro, por exemplo Portugal tem uma carga horária de cerca de 7200 horas e a Finlândia 5800 horas, a Estónia é o país com menos, tem cerca de 5600 horas, mas obviamente que esse é um ponto a ter em conta quando se analisa um racio simples como o nº de alunos por professor sem mais nenhuma ponderação.


Pode ter 7200 horas, no caso dos cursos gerais (nunca fiz as contas), mas os CEF e os profissionais têm muito mais horas.

A legislação dos CEF tipo 5 indica uma duração minima de 2276 horas no total dos 2 anos.
Se for tipo 4 terá 1230 horas durante 1 ano, se for tipo 6 será 1380 horas.
Os cursos profissionais terão um total de horas um pouco menor: 3100 a distribuir por 3 anos, o que dá mais de 1000 horas por ano.

Como podes ver, nalguns casos é mais do dobro...

Para mais informação: www.anqep.gov.pt


mais_um Escreveu:Confesso que não vejo utilidade nesse rácio já que os sistemas de ensino tem diferenças significativas entre países que impedem que se tire conclusões, para mim é apenas uma curiosidade.


Essa não percebi!!!

Parece-me evidente que uma turma que tenha mais horas precisa de mais professores.
POr exemplo:
considerando que o ano lectivo dura 33 semanas.
Um CEF4 terá 1230 horas anuais = 37 horas semanais = 2236 minutos/semana = um pouco mais de 2 horários completos
Um curso profissional terá 1033 horas anuais = 32 horas semanais = 1909 minutos/semana = 1,73 horários completos.
O 10º ano Artes (por exemplo) terá 30*50=1500 minutos/semanais = 1,36 horários completos

É inegável que, uma maior carga horária das turmas tem uma grande influência no número de professores.


Se nos outros paises tens cargas horárias menores terás necessidade de menos professores.
Pegando nos teus números de 7200 horas para Portugal e 5800 para a Finlândia, isso justifica um rácio de 1,24.
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por Storgoff » 13/1/2013 19:14

Em complemento ao que disse anteriormente deixo vos este documentário.

<iframe frameborder="0" width="480" height="270" src="http://www.dailymotion.com/embed/video/xqhns7"></iframe>
<i> </i>
 
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por Trisquel » 13/1/2013 19:12

http://sicnoticias.sapo.pt/Lusa/2013/01 ... os-48-anos

Setúbal, 11 jan (Lusa) - A presidente da Câmara de Palmela, Ana Teresa Vicente (PCP), vai reformar-se a partir do próximo mês de fevereiro, mas vai manter-se na presidência do município até final do mandato, disse hoje à agência Lusa fonte da autarquia.

Ana Teresa Vicente, de 48 anos, cumpre o terceiro e último mandato como presidente da Câmara de Palmela, pelo que não poderá recandidatar-se ao cargo.

De acordo com o Diário da República de 8 de janeiro, Ana Teresa Vicente vai auferir uma reforma de 1.859,67 euros.
Cumpts.
Trisquel

A divindade, o princípio e o fim, a eterna evolução, o movimento, a vibração e a perpétua aprendizagem.
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por Storgoff » 13/1/2013 19:08

Muito se fala por aqui de estatísticas .
Martelam-se os números ao sabor das convicções esquecendo-se que a realidade nua e crua vai muito
para alem de meros rácios que pouco ou nada dizem.
Notam-se por aqui também muitos laivos de ideologia neo-liberal, sempre a diabolizar o estado e a
encontrar virtudes no sector privado.
Esquecem–se muitos que a fantasia do estado mínimo e sector privado máximo é uma falácia, já que se não
houver um estado fortíssimo não há sociedade que resista a um sistema liberal.
O liberalismo económico tende sempre a acentuar desigualdades e é meio caminho andado para a lei da
selva onde só os mais fortes vencem.

Veja-se o caso dos EUA nesta crise .
Não fosse a intervenção massiva do estado, hoje provavelmente tanto os EUA como o resto do mundo
estaria em profunda convulsão e a viver uma crise provavelmente sem precedente.
O liberalismo económico, ou melhor ,o neo-liberalismo que se tornou a corrente predominante no mundo ocidental desde os anos 80 ,
encabeçado principalmente pelos governos de Margaret Thatcher e Ronald Reagan , trouxe nos ao ponto onde nos encontramos hoje.
Parece ser unânime que o mundo Ocidental não está bem.

Quando nós analisamos gastos em relação ao PIB é preciso muito cuidado.
Há gastos que independentemente da realidade económica de cada país são independentes do PIB. Muitos bens e serviços que consumimos vem do exterior e como tal representam um gasto idêntico em
termos absolutos tanto para a Finlândia como para Portugal.
É claro que num rácio do PIB será um gasto muito superior para Portugal.

Nessa perspectiva até a alimentação dum português é a mais cara da Europa num rácio do PIB, ou seja
talvez tenhamos que começar a comer bem menos do que um alemão ou um francês.


A receita do FMI neste seu estudo sobre o estado português é no fundo mais do mesmo.
È a visão de um ângulo apenas.
O ângulo de que a solução para os problemas do nosso pais passa tão simplesmente por um quase completo
desmantelamento do estado.

Já alguém aqui parou para pensar que uma série de coisas que damos por adquiridas na nossa sociedade
como a segurança a coesão social, a cultura, as tradições regionais incluindo respectivas
actividades económicas poderão entrar em desagregação completa com a simples tentativa de implementação
deste novo receituário do FMI ?

Quando–se perturbam fortemente certos equilíbrios num determinado sistema nunca sabemos bem qual será
o novo estado em que ele irá estabilizar.
E no caso duma sociedade como a portuguesa podemos vir a pagar muitíssimo caro esses desequilíbrios.

Com isto tudo, não pretendo passar a ideia de que nada se deve fazer e que tudo esta bem na forma como
o estado português gere os recursos.
Claramente que não está e muita coisa tem de ser melhorada.
Agora a forma de o fazer não é em 2 meses cortar 4000 M€ e já está o estado reformado.
Assim como andamos a acumular erros ao longo de décadas também agora precisamos no mínimo de alguns
anos para reverter muitos desses erros.
Será preciso antes de mais , muita pedagogia, muita discussão publica, muito consenso na sociedade civil
e no meio politico para que se possa avançar com boas reformas do nosso estado. Onde, claramente
entrara a educação, a justiça, o SNS, o sistema de pensões, os militares, etc.

A receita do FMI faz lembrar aquele famoso conceito que se designava de economia de Salazar.
Ou então, aquela anedota do dono que foi habituando o burro a comer cada vez menos e para seu espanto
quando tinha conseguido o desiderato de o desabituar desse maldito vício da comida o burro morreu.

A grande chave aqui é o dito PIB e enquanto esse não crescer todos os nossos rácios começando pelos da
divida publica continuarão a agravar-se numa espiral sem fim à vista.
 
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Dá que pensar

por Massao1 » 13/1/2013 19:04

A esmagadora maioria destes inactivos dão, naturalmente, despesas ao Estado. Nesta lógica de encargos públicos, é preciso juntar mais 700 mil funcionários públicos, o que dá seguramente mais de 4,5 milhões de pessoas a quem o Estado sustenta ou ampara, de uma ou outra maneira.

É sustentável? Não é!

Em 2011 havia 2.330.04 reformados em Portugal, mais 2.276.117 do que em 1960, números da Pordata (é óbvio que no salazarismo em vez de Estado Social havia pobreza mas a diferença impressiona).

Em 2001, a idade média de reforma foi aos 64,1 anos. Em 2011, desceu para os 62,1. Os homens reformaram-se em média com 61,8 anos e as mulheres com 62,5 anos, também dados da Pordata (o excesso de reformas antecipadas explica, em boa medida, estes números).

A esperança de vida média era, à data de 2010, de 79,5 anos, 76,4 para os homens e 82,3 para as mulheres. Ou seja, em teoria, o Estado está a pagar, além de reformas, verdadeiros "salários" durante quase vinte anos.

É sustentável? Não é!

Vital Moreira, o constitucionalista ex-comunista, ex-juiz do Tribunal Constitucional, considerou esta semana que as pensões acima da média "beneficiam de uma situação relativamente vantajosa". Por um lado, os descontos que esses trabalhadores fizeram "não dariam para cobrir" aquilo que recebem, e, por outro "os reformados não correm o risco de ficar sem rendimentos, por causa de despedimento".

Sobre o corte aos funcionários públicos, Vital Moreira referiu que é "mais do que razoável" que "quem tem uma situação comparativamente mais favorável (menor horário de trabalho, maiores remunerações em média, mais segurança no emprego) (...) seja chamado a contribuir mais para os encargos públicos em situações excepcionais".

Uma ótima doutrina para ser reflectida pelos atuais juízes do Tribunal Constitucional



Ler mais: http://expresso.sapo.pt/45-milhoes-de-p ... z2HscRbbR5
 
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por Storgoff » 13/1/2013 19:02

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por mais_um » 13/1/2013 17:48

richardj Escreveu:na verdade pata tem de descontar o dobro dos 2773, porque as reformas são apenas +- 50% dos custos, pelo que dos 11% que desconta só 5,5% é que são efectivamente para a sua reforma.


o desconto para a SS não é 11%, mas sim 11% mais a parte da entidade patronal que normalmente é 23,75%, ou seja a SS recebe 34,75% do valor do ordenado iliquido.
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por mais_um » 13/1/2013 17:23

AikyFriu Escreveu:
Sem querer entrar em discussão, até porque toda a gente é especialista no assunto e os únicos que estão errados são os professores...


Digamos que a forma como a maior parte dos professores tem debatido as questões referentes ao ensino ao longo dos anos e o facto de alguns professores terem abusado das ineficiências do sistema durante muitos anos não tem ajudado a alterar a ideia de alguma forma generalizada que os professores estão principalmente preocupados consigo próprios e não com o ensino.

AikyFriu Escreveu:Há 6 ou 7 anos tive um colega que fez um estudo para uma pós graduação, sobre a carga horária dos cursos não superiores e chegou à conclusão que os alunos portugueses passam muito mais horas nas salas de aulas dos que os restantes alunos europeus, nalguns casos era quase o dobro.


Se uma turma tem mais carga horária, precisa de mais professores (admitindo que o nº de horas lectivas destes se mantém mais ou menos constantes no vários paises).

Só este facto justifica que o número de alunos por professor seja MUITO menor em Portugal.



Não conheço esse estudo mas conheço os nº da OCDE e Portugal está realmente acima da média no que diz respeito ao nº de horas lectivas que os alunos tem até aos 14 anos, mas nada que justifique quase o dobro, por exemplo Portugal tem uma carga horária de cerca de 7200 horas e a Finlândia 5800 horas, a Estónia é o país com menos, tem cerca de 5600 horas, mas obviamente que esse é um ponto a ter em conta quando se analisa um racio simples como o nº de alunos por professor sem mais nenhuma ponderação.

Confesso que não vejo utilidade nesse rácio já que os sistemas de ensino tem diferenças significativas entre países que impedem que se tire conclusões, para mim é apenas uma curiosidade.
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