Caldeirão da Bolsa

1,1 mil milhões de euros. Não, o Banif não é um novo BPN

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por TRSM86 » 5/1/2013 18:18

agora já se percebe..


Todo o dinheiro que o Estado põe no Banif vai ser usado para comprar obrigações do Tesouro.

Todo o dinheiro que o Estado, através da linha de recapitalização da troika, põe no Banif vai ser investido em Obrigações do Tesouro, soube o Diário Económico.

Em causa está a exigência do Governo em que o banco devolvesse as garantias que estão anexadas a empréstimos obrigacionistas do banco, e que no total somam agora 1,175 mil milhões de euros. Estas obrigações emitidas no passado ao abrigo das garantias estatais estão ainda no balanço do banco e são hoje colaterais de empréstimos junto do BCE. O Governo exigiu como condição de ajudar o Banif a recapitalizar-se que fossem extinguidas essas garantias, pelo que esses títulos serão devolvidos ao Estado.

Para substituir os colaterais no BCE, o Banif vai usar os 1,1 mil milhões que o Estado põe no banco, sob a forma de acções com direitos especiais (700 milhões) e de 400 milhões em instrumentos subordinados convertíveis (híbridos), para comprar dívida soberana. Depois entrega esses títulos de dívida soberana ao BCE, cancelando as emissões com garantia do Estado aí depositadas como colateral. O Estado empresta assim e recebe em troca um investidor na sua dívida. O core capital do Banif (que depois da intervenção do Estado passa para 10,5%) não fica em causa uma vez que é comum o capital estar denominado em activos.

O documento da recapitalização do Banif refere que "o incremento na rubrica de comissões resulta (...) da substituição das obrigações garantidas pelo Estado, actualmente dadas como colateral junto do BCE, pelas Obrigações do Tesouro a adquirir no âmbito da operação de recapitalização, o que resultará na diminuição das comissões associadas às emissões com garantia do Estado".

O Banif vai pagar 150 milhões de euros dos Instrumentos híbridos até Junho deste ano e depois disso fica com um rácio de core tier I de 12,5%, o que se traduz numa almofada de capital. Estão previstas mais duas tranches para reembolsar os híbridos, uma em Dezembro de 2013 (125 milhões), e outra em Dezembro de 2014 (125 milhões). Mas se o banco optar por pagar antecipadamente os híbridos ao Estado essa almofada de capital diminui. A ponderação vai ser feita tendo em conta que os híbrido custam ao Banif no mínimo 9,5% de juros.

O Estado vai ser remunerado pelo total dos 1,1 mil milhões em 10% ao ano. Podendo essa receita vir dos dividendos especiais (caso haja) e/ou das mais valias implícitas ao programa de recompra de 154 milhões de euros das acções especiais, assumido pelo Banif, em 2017.

As restantes acções especiais do Estado (546 milhões de euros) serão no final do período vendidas no mercado secundário (bolsa ou private placement), o que se traduzirá numa operação semelhante a uma privatização.
uma passagem para a outra margem

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por Laribau » 5/1/2013 17:34

correia1978 Escreveu:
HU Escreveu:
Pata-Hari Escreveu:Confesso que tenho estado muito surpreendida com a falta de comentários a este caso ....


Sabes se a operação incide sobre o Banif SGPS ou só sobre o Banif (banco comercial) ? É que faz muita diferença...!
:?


Agora apenas existe Banif SA...
O memorando de entendimento da Troika não permitia ajuda estatal aos bancos sendo SGPS's, por isso ocorreu a fusão.



OK !

Então porque mistério a "Troika" obriga a CGD a vender a sua área seguradora para se recapitalizar e o estado não obriga o Banif a vender activos (a seguradora Açoreana, por exemplo) para se recapitalizar e como condição prévia ao auxilio dos contribuintes ?

Alguém pode adiantar uma explicação...?

:(
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por C0rr3i4 » 5/1/2013 16:31

HU Escreveu:
Pata-Hari Escreveu:Confesso que tenho estado muito surpreendida com a falta de comentários a este caso ....


Sabes se a operação incide sobre o Banif SGPS ou só sobre o Banif (banco comercial) ? É que faz muita diferença...!
:?


Agora apenas existe Banif SA...
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por Pantone » 5/1/2013 15:03

Pata-Hari Escreveu:Confesso que tenho estado muito surpreendida com a falta de comentários a este caso ....


Um sintoma mais de que este é um País de brincadeira!

Convidem o Burlão da ONU para algum programa de televisão sobre economia e perguntem-lhe o que pensa...
:P :P :P

Aqui no caldeirão tem sido comentado no tópico sobre o BANIF.
 
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por Laribau » 5/1/2013 14:55

Pata-Hari Escreveu:Confesso que tenho estado muito surpreendida com a falta de comentários a este caso ....


Sabes se a operação incide sobre o Banif SGPS ou só sobre o Banif (banco comercial) ? É que faz muita diferença...!
:?
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por Pata-Hari » 5/1/2013 14:27

Confesso que tenho estado muito surpreendida com a falta de comentários a este caso ....
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1,1 mil milhões de euros. Não, o Banif não é um novo BPN

por C0rr3i4 » 5/1/2013 13:15

Recapitalização anunciada na passagem do ano. Oposição fala do risco de um novo BPN, mas banqueiros e analistas discordam

1,1 mil milhões de euros. Não, o Banif não é um novo BPN

Hélder Santos
05/01/2013 | 01:37 | Dinheiro Vivo


Passas, champanhe e a notícia de que o Governo recapitalizou o Banif em 1,1 mil milhões de euros. A poucas horas da passagem do ano, são publicadas mais de 150 páginas de densa informação, que se fosse possível resumir numa única frase, seria assim: "o governo vai injetar 1,1 mil milhões de euros para evitar a falência do Banif".
A operação surpreendeu pelo montante em causa, muito acima do antecipado por alguns analistas - o BPI previa metade -, mas também pelo envolvimento zero dos acionistas privados, pelo menos numa primeira fase, o que fará com que o Estado se torne accionista com quase 99,2% da instituição. O Governo vai injectar 1,1 mil milhões de euros, 700 milhões através da subscrição de ações e 400 em instrumentos de capital contingente (os CoCos) e só mais tarde - até junho -, os acionistas serão chamados para um aumento de capital de mais 450 milhões de euros (150 serão usados para reembolsar os CoCos). Por isso, até lá, o Estado ficará com 99,2% do capital do Banif e mesmo depois, isto se os acionistas acorrerem ao aumento de capital, só reduz para 60,57%, mantendo ainda 49,4% dos direitos de voto.
Estes factos suscitaram dúvidas sobre se o Banif não seria um novo caso BPN, cujo buraco poderá já chegar aos sete mil milhões de euros. No final desta semana, a oposição veio confirmar o receio de esse risco existir e acusou o Governo de opacidade na operação. Mas afinal essas suspeitas fazem sentido? O Dinheiro Vivo ouviu banqueiros e analistas da banca e todos, sem exceção, recusaram essa comparação. "O BPN era um centro de atividade criminosa, o que, tanto quanto se sabe, não existe no Banif, que tem, isso sim, um problema de falta de dinheiro, de inexistência de acionistas com capacidade para capitalizar a instituição", adiantou um administrador de um banco. Na sua opinião, situações como a inexistência de garantias, operações duvidosas de concessão de crédito e operações fraudulentas com offshores, como as que aconteceram no BPN com Oliveira e Costa, são hoje praticamente impossíveis de acontecer: "O Banco de Portugal está dentro dos bancos, controla tudo. Por outro lado, de acordo com as novas regras comunitárias, o Banif passará a ser diretamente supervisionado pelo Banco Central Europeu (BCE)", justificou o banqueiro.
Esta opinião é partilhada por Steven Santos, account manager da XTB. Segundo defende, "o processo de recapitalização do Banif insere-se num contexto de reforço dos rácios de capital exigidos pela nova regulamentação bancária na Europa. Ao abrigo da linha de recapitalização disponibilizada pela troika, o Banif segue os passos do BCP, do BPI e da CGD, não sendo salvo por gestão danosa".
Um facto que distingue o caso do Banif do dos restantes bancos intervencionados é a entrada direta do Estado no seu capital. "Ao contrário do BPI e até do BCP, o Banif não tem um núcleo duro de acionistas com capacidade de investir", explicou outro banqueiro. As herdeiras de Horácio Roque, o fundador do banco - duas filhas e a ex-mulher Fátima Roque - mantêm um conflito em tribunal por causa da herança. Numa primeira fase, o Estado assume quase 100% do capital do Banif e só daqui a seis meses, na sequência de um aumento de capital destinado a privados, espera poder perder o controlo do banco. Neste momento, não há qualquer garantia de que o aumento de capital seja bem sucedido. Os acionistas do Banif Rentipar (família Roque) e Auto-Industrial já se comprometeram a subscrever 100 milhões e o BES 50, mas ainda está por garantir o restante. Nesse caso, o Estado juntará mais um banco ao universo CGD.
Outra diferença entre Banif e BPN, além da gestão competente, é que o Estado é remunerado pelo empréstimo de 1,1 mil milhões de euros. As previsões apontam para um encaixe de 333 milhões de euros com a recapitalização - 261 milhões em dividendos, 29 milhões com a venda de ações do banco e 43 milhões que o Banif vai pagar em juros pelo reembolso das CoCos.
Outro ponto pacífico entre os especialistas ouvidos pelo Dinheiro Vivo é o de que o Governo fez bem em não deixar cair o Banif. "O Estado agiu de forma a proteger a integridade e confiança do sistema financeiro", disse Pedro Lino, CEO da corretora Dif Broker.
Na opinião de um administrador de banco, o risco sistémico do Banif "é sempre algum": "O Banif passará a ser supervisionado diretamente pelo BCE e mesmo assim o Governo interveio, o que pressupõe o entendimento de que o risco existe".

O Estado entra com 1,1 mil milhões de euros, mas até junho, os acionistas privados são chamados a entrar com mais 450 milhões.
C0rr3i4

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