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Caldeirão da Bolsa

Menos vitórias e mais ganhos

Colecção de Artigos Didácticos do Caldeirão de Bolsa.

Menos vitórias e mais ganhos

por Ulisses Pereira » 30/5/2011 16:07

A maior parte dos investidores acredita que, para se ter sucesso nos mercados, é essencial que se tenha mais negócios ganhadores do que perdedores, que se acerte mais do que se falha.

Pura ilusão. As entrevistas com os maiores "traders" do mundo mostram que, na sua maioria, a sua percentagem de negócios com perda é superior aos negócios com ganhos. Como são eles então investidores de sucesso? Porque, nos negócios de sucesso, as suas mais valias são muito superiores às menos valias dos negócios com perdas. Esta é a pedra basilar da negociação dos grandes "traders".

A dificuldade em cortar posições perdedoras é o calcanhar de Aquiles da maior parte dos investidores. Neste espaço, já aqui aflorei várias vezes esta temática e a dificuldade que é em assumir os erros. Mas, nunca é demais referir que, cortar as perdas é algo crucial no "trading". E muito mais difícil de colocar em prática do que parece.

Não menos fácil é deixar correr os ganhos. Muitos investidores têm a tendência para fecharem as suas posições ganhadoras cedo demais, com medo de deixarem fugir os ganhos e cheios de pressa de se poderem sentir bem pelo facto de terem realizado um negócio positivo. É por isso que o padrão de muitos investidores é errarem menos do que acertam, terem mais negócios ganhadores do que perdedores e, mesmo assim, perderem dinheiro em Bolsa!

Vejo também muitos investidores de curto prazo, quando compram uma acção, a estabelecerem alvos (valor ao qual vão vender a acção se subir) e definirem "stops" (valor ao qual vão vender a acção se descer). Este pode ser um princípio interessante e que pode disciplinar os investidores pois dá-nos a relação rentabilidade /risco. O problema é que a maior parte desses investidores definem "stops" mais largos do que os alvos. Este é um erro crasso!

Pessoalmente, entendo que quando se utiliza esta forma de negociar que a distância ao alvo deve ser, no mínimo, superior a 2 vezes à distância ao "stop". Tudo o que for abaixo disso, não apresenta uma relação rentabilidade/risco favorável. E tudo o que for abaixo de 1 não faz sentido, para mim.

Tentando exemplificar, se comprar uma acção a 10 dólares e colocar um "stop" a 9 dólares e definir o meu alvo nos 13 dólares, estou a ter uma relação de 3 para 1, entre o lucro potencial e a perda potencial, algo interessante. Mas se, por exemplo, o "stop" estiver nos 7 e o alvo nos 11, temos uma relação de 1 para 3, ou seja, precisamos de ter 3 negócios de sucesso para compensar o negócio falhado, algo para mim impensável.

Não quero com isto dizer que, apesar de seguir esta linha de raciocínio nos meus "trades", todos os investidores devam ter tudo isto tão bem definido. O que quero sublinhar é a importância de, por exemplo, se colocar em cima da mesa o pior cenário possível. E estar preparado para isso.

O objectivo não deve ser ganhar mais vezes do que se perde. Mas sim, ganhar mais dinheiro do que se perde. O problema é que muitos investidores preocupam-se mais em ter razão do que em ganhar dinheiro. Alimenta o ego mas não a carteira.

Ulisses
"Acreditar é possuir antes de ter..."

Ulisses Pereira

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