2025 – o mundo não é todo igual !
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Re: 2025 – o mundo não é todo igual !
Acho que não vou estar errado, mas vamos ver. Já houve uma situação que me surpreendeu. Foi o crash do covid. O início da correção surpreendeu-me. Mas houve sinais antes. Ja havia noticias do covid ha vários meses. Geralmente há sinais antes de cair muito. Geralmente os inquéritos de sentimento também dão sinais do fim das bolhas antes de rebentarem. A descida nao costuma acontecer antes desses sinais. Mas no caso da covid os sinais de otimismo nao eram muito altos. Nao pesquisei antes de escrever mas acho que nao chegavam a 50% na altura, embora acho que estavam no máximo das ultimas semanas. Talvez verifique isto depois. Mas foi uma situação rara. É mais habitual haver leituras de sentimento otimistas mais altas semanas/meses antes, ver-se pessoas eufóricas por causa da bolsa, antes das bolsas caírem muito. Parecido com o que aconteceu com a mota engil há pouco tempo, só que geral e não só com uma ação específica. Acho que vai acontecer isso. Mas veremos o que o futuro nos vai trazer
Re: 2025 – o mundo não é todo igual !
Pois,
É bom esclarecer o que é a bolha - não é em mercados como o nosso
É nalguns títulos em alguns mercados, coisas localizadas... no ano que acabou evitou-se o pior que ocorreram correções importantes.
O contágio global não viria daí, mas sim de algo mais preocupante, como a crise de dívidas soberanas ou uma crise de crédito, olhemos para os BRICS. Tirando a Índia e até a China, não se vê nada de bom... mas há mais... talvez bem perto de nós...
Abraço
dj
É bom esclarecer o que é a bolha - não é em mercados como o nosso


É nalguns títulos em alguns mercados, coisas localizadas... no ano que acabou evitou-se o pior que ocorreram correções importantes.
O contágio global não viria daí, mas sim de algo mais preocupante, como a crise de dívidas soberanas ou uma crise de crédito, olhemos para os BRICS. Tirando a Índia e até a China, não se vê nada de bom... mas há mais... talvez bem perto de nós...
Abraço
dj
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
Re: 2025 – o mundo não é todo igual !
A maioria não chegou a estar ainda muito otimista desde que as bolsas dos eua começaram a subir em 2009. O bull market que começou em 2009 nos eua foi (está a ser) provavelmente um dos mais indesejados de sempre. As bolsas subiam em 2009, mas os inquéritos de sentimento mostravam o sentimento pessimista a aumentar em vez de diminuir, o que fez as bolsas subirem ainda mais.
Já passou muito desde 2009, mas ainda não se vê muito otimismo nos inquéritos de sentimento. Por exemplo o da AAII que deve ser o mais visto e dos mais antigos, ainda só teve uma leitura superior a 60% de otimistas desde 2009..
Se considerarmos que de 2003 a 2007 aconteceu um bull market e que depois houve um rebentamento da bolha imobiliária e financeira. Durante esse período aconteceram muitas leituras de sentimento otimista acima de 60%. Foram mais de 10. Não contei todas , mas houve por exemplo uma de mais de 70%.
Na bolha tecnológica em 2000 tambem houve muitas leituras acima de 60%. Mais de 10 também. Mesmo antes do crash de 87, também houve duas leituras acima de 60.
As bolsas já sobem desde 2009, mas as pessoas não têm ficado muito otimistas, só em 2010, chegou a mais de 60% uma vez. Isto acho que é um ponto importante.
Outro ponto é que as bolhas quando rebentam costumam ser globais. Por exemplo em 87, a bolsa portuguesa também subiu muito, houve até a famosa história do gato por lebre do Cavaco Silva que antecipou o crash. Até 2000 a bolsa portuguesa também subiu muito. Depois até 2007 a bolsa portuguesa também subiu muito, embora tenha feito menos do que em 2000. E agora a bolsa portuguesa ainda não teve um período de subida acelerada. Por exemplo ainda nunca subiu 4 meses seguidos. Por isto e pelo sentimento acho mesmo bastante improvável que rebente alguma bolha em breve.
Já passou muito desde 2009, mas ainda não se vê muito otimismo nos inquéritos de sentimento. Por exemplo o da AAII que deve ser o mais visto e dos mais antigos, ainda só teve uma leitura superior a 60% de otimistas desde 2009..
Se considerarmos que de 2003 a 2007 aconteceu um bull market e que depois houve um rebentamento da bolha imobiliária e financeira. Durante esse período aconteceram muitas leituras de sentimento otimista acima de 60%. Foram mais de 10. Não contei todas , mas houve por exemplo uma de mais de 70%.
Na bolha tecnológica em 2000 tambem houve muitas leituras acima de 60%. Mais de 10 também. Mesmo antes do crash de 87, também houve duas leituras acima de 60.
As bolsas já sobem desde 2009, mas as pessoas não têm ficado muito otimistas, só em 2010, chegou a mais de 60% uma vez. Isto acho que é um ponto importante.
Outro ponto é que as bolhas quando rebentam costumam ser globais. Por exemplo em 87, a bolsa portuguesa também subiu muito, houve até a famosa história do gato por lebre do Cavaco Silva que antecipou o crash. Até 2000 a bolsa portuguesa também subiu muito. Depois até 2007 a bolsa portuguesa também subiu muito, embora tenha feito menos do que em 2000. E agora a bolsa portuguesa ainda não teve um período de subida acelerada. Por exemplo ainda nunca subiu 4 meses seguidos. Por isto e pelo sentimento acho mesmo bastante improvável que rebente alguma bolha em breve.
Re: 2025 – o mundo não é todo igual !
Bom dia,
Calculo que alguns, com razão, falem do meu pessimismo.
Mas com a inflação acima do esperado e crescimento anémico, seria extraordinário assistirmos a muita "força" nos mercados de risco.
Querendo ou não, o SPX ou S&P500, avançou acima de 20% em dois anos consecutivos... a média de alta na década é de quase 10% ao ano, mesmo com as quedas de 2022 - estamos claramente acima do normal. Até a "arbitragem" entre US 10Y yields e SPX é agora desfavorável às ações.
Como disse, o mercado pode nos enganar por mais tempo. Repito: estar certo cedo demais é o mesmo que estar errado.
Abraço, continuemos o debate!!
dj
Calculo que alguns, com razão, falem do meu pessimismo.
Mas com a inflação acima do esperado e crescimento anémico, seria extraordinário assistirmos a muita "força" nos mercados de risco.
Querendo ou não, o SPX ou S&P500, avançou acima de 20% em dois anos consecutivos... a média de alta na década é de quase 10% ao ano, mesmo com as quedas de 2022 - estamos claramente acima do normal. Até a "arbitragem" entre US 10Y yields e SPX é agora desfavorável às ações.
Como disse, o mercado pode nos enganar por mais tempo. Repito: estar certo cedo demais é o mesmo que estar errado.

Abraço, continuemos o debate!!
dj
Editado pela última vez por djovarius em 2/1/2025 13:12, num total de 1 vez.
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
Re: 2025 – o mundo não é todo igual !
Achei um bocado pessimista. Escrevi isto há algum tempo em resposta a uma pessoa. Já passou mais de um ano, mas acho que ainda faz sentido.
As bolsas não estão a subir demasiado em comparação com o que já fizeram no passado, e existem índices como o PSI que ainda está extremamente longe dos máximos de 2000. Nem mesmo o Eurostoxx ultrapassou os máximos de 2000. Acho que ainda vamos ver muita subida antes de haver um bear market de maior duração
previsor Escreveu:Re: DAX
por previsor » 1/9/2023 20:12
O bull market atual não é o mais longo em duração.
Se considerarmos que começou em 2009, como disseste, dura há 14 anos. E o anterior, durou 26 anos, de 1974 a 2000.
Em relação ao sentimento, os indicadores de sentimento, como o da AAII, não estão muito elevados. Mesmo aqui no fórum, existem algumas pessoas que parecem muito otimistas, e que parecem ter pouco conhecimento, mas também há muitos pessimistas. Vejo isso pelo tópico que criei sobre o PSI 20 ou pelo tópico do Nasdaq, quando o indice desceu há pouco tempo estavam varias pessoas a pensar que ia descer muito.
Mas respeito a tua opinião de que os mercados vão descer, embora discorde.
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As bolsas não estão a subir demasiado em comparação com o que já fizeram no passado, e existem índices como o PSI que ainda está extremamente longe dos máximos de 2000. Nem mesmo o Eurostoxx ultrapassou os máximos de 2000. Acho que ainda vamos ver muita subida antes de haver um bear market de maior duração
Re: 2025 – o mundo não é todo igual !
(cont...)
- Anexos
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- O ouro chegou a atingir um recorde histórico!!
Como é isto possível com o dólar em alta e a taxa de inflação a acalmar? Talvez os investidores pensem de uma forma diferente, talvez eles pensem que a inflação veio para ficar... mas, mas... com juros elevados no mercado, o ouro não vai longe. Ainda assim, pode ser refúgio... - Ouro.png (53.66 KiB) Visualizado 3622 vezes
-
- Já é o segundo ano de calma no petróleo. Mas se olharmos para o gráfico, vemos que é um carrosel. Eu diria que está neutro: ninguém sabe para vai a cotação...
- Oil.png (51.53 KiB) Visualizado 3622 vezes
-
- Este é o DJIC - compilador geral das matérias primas que nos revela que as ditas estão mais baratas do que antes. Sendo assim, porque a inflação não cai mais? Talvez outros fatores sejam mais perigosos nesta fase. Convém ficar atento a este índice e à sua tendência, que para já não é clara.
- Commod..png (51.28 KiB) Visualizado 3622 vezes
-
- Gráfico do EUR/USD no longo prazo. Parece cçaro que o velho "bear" é um urso bem vivo e presente. Só temos "lower-highs" e outras condições técnicas que nos levam a crer em valores mais baixos. Por outro lado, chegamos a zonas fortes de suporte...
- EUUS.png (58.98 KiB) Visualizado 3622 vezes
-
- O gráfico fala por si. Reparem na zona de suporte e nas resistências. Tudo leva a crer que há hipótese de outro ataque a máximos. Têm sido anos de alegria para os touros. Até quando'
- USJPY.png (47.69 KiB) Visualizado 3622 vezes
-
- Bitcoin é a loucura e nem sequer é a mais volátil, claro. Mais que duplicou em 2024 - a linha de baixo era a cotação inicial, muito abaixo da do fecho anual. Os máximos recentes estão ao virar da esquina, mas também teremos quedas brutais nalgum momento. Fazer o quê? Está feito assim...
- BTC.png (50.79 KiB) Visualizado 3622 vezes
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
2025 – o mundo não é todo igual !
Já chegamos a meio da “década problemática”, já bem longe dos tempos da “corona-crise” onde o tempo parecia não passar, mas ainda com as problemáticas e as perplexidades que lhe seguiram, inflação, elevação de preços, guerras (ainda mais guerras, fome e miséria para muitos) e muita agitação política tanto no mundo desenvolvido como nos terceiros mundos que teimam em não deixar de o ser.
Ainda assim, vamos ter seguramente, nos próximos tempos, momentos de clarificação em relação a alguns dos assuntos que têm perturbado o bom andamento de várias sociedades. Não há mal que sempre dure, nem bem que não se acabe – já diziam os antigos. Parecem finalmente estar reunidas algumas condições para pôr um fim a vários dos males que atormentam a esfera geo-política global. Não só na Casa Branca, mas também noutras latitudes, há quem esteja disposto a tomar medidas nesse sentido. Isso seria excelente para mudar as perceções (e realidades) sobre muito do que vemos como negativo.
É verdade que a instabilidade não foi suficiente para derrubar os mercados, antes pelo contrário. Já tínhamos visto isso no ano anterior, voltámos a vê-lo no ano que agora terminou.
Na verdade, há um ano atrás, tínhamos escrito o seguinte e passo a citar:
“Há um ano atrás usámos esta frase: Enfim, depressa muda o zeitgeist nestes tempos de agitação e confusão. Foi o que se passou nos mercados, creio que nada vai mudar. Os mercados continuarão instáveis, ainda que os touros sejam mais fortes ao final do dia”.
Pois é, assim foi. A instabilidade não diminuiu em relação ao ano anterior, mas os touros foram até mais fortes do que alguém poderia prever.
Por outro lado, um pouco depois, afirmei o seguinte: “Os mercados podem ter exagerado na antecipação dos melhores cenários. Neste caso, a margem para a valorização dos ativos de risco poderá ser agora, sim, muito diminuta.”
Aqui é que eu, entre muitos outros, errei. Na verdade, o mercado exagerou na antecipação dos melhores cenários, os quais passavam pela queda dos preços e, por conseguinte, dos juros por parte das autoridades monetárias. Essa parte é verdade. Mas isso não impediu uma maior valorização (muito ampla) dos ativos de risco, com natural destaque para os mercados acionistas. Portanto, os mercados conseguiram passar ao lado de uma certa desilusão com as previsões, passaram ainda ao lado de um menor crescimento do PIB, notório à medida que o ano avançou, tendo obtido então valorizações excelentes (nem todos, claro), ainda mais surpreendentes atendendo às valorizações anteriores. Nos primeiros cinco anos da década, o índice S&P 500 (o melhor dos exemplos) ganha em quatro desses cinco, só perde em 2022. Por isso, ainda mais espantoso o que se passou em 2024. No total da primeira metade da década, estamos a falar de quase a duplicação de valor. Perante os cenários a que temos assistido, isso é algo que poucos poderiam antecipar, até alguns dos sempre otimistas, os ditos “perma-bulls”. Eu penso que estava certo, mas provavelmente cedo demais, o que, nos mercados, é a mesma coisa que estar completamente errado.
Na verdade, isto foi mais surpreendente em 2024 atendendo a que muito do que se considerava positivo já parecia descontado, mas a verdade é que certos mercados perderam ou não ganharam, refletindo os seus problemas internos, enquanto outros mostravam forte exuberância, sobretudo os das grandes “tecnológicas”, praticamente alheios a qualquer sentimento negativo.
Por outro lado, assistimos ao regresso da confiança aos ativos de risco muito mais elevado, veja-se a evolução dos criptoativos ao longo do ano.
Para 2025 espero uma desilusão dupla: creio não ser difícil de antever a frustração de podermos assistir a um crescimento do PIB inferior ao esperado. O que pode ajudar a essa contrariedade? O facto de os preços não caírem como esperado. A alta dos preços ao produtor e até ao consumidor poderá claramente inverter a tendência de moderação. Já há mesmo alguns sinais nesse sentido. No melhor cenário, a descida da inflação continuará a passo de caracol. Isso deverá ser o suficiente para assustar os principais Bancos Centrais. Já ocorre no Reino Unido, Brasil, etc… creio que na zona EUR e até nos EUA isso será um problema em 2025 – os juros poderão mesmo parar de descer e os juros definidos pelo mercado não só não deverão descer como poderão continuar a subir, a não ser que ocorra uma recessão.
Na realidade, o mundo não será todo igual. Teremos crescimento nalguns lugares e estagnação noutros. Isto já se nota e deverá ser (novamente) notícia no novo ano. Nada impede que uma grande Economia cresça acima de 2% e outra pouco mais que zero. A grande incógnita deverá ser o contágio. As Economias em estagnação acabarão ou não por “contagiar” as melhores? Ou será o contrário? Como irão as autoridades monetárias (e as políticas) reagir a este difícil equilíbrio, em que se procura um “mix” de crescimento e preços estáveis?
E se os preços continuarem a crescer acima de 2% ao ano? E se essa for uma realidade que veio para ficar? Nada é impossível num quadro de pressão altista das matérias primas em conjunto com as pressões salariais!! Num quadro desta natureza, seria até possível o regresso aos juros reais negativos caso o PIB esteja estagnado ou lá perto. Desta vez, porém, sem possibilidade de injeções de liquidez, as quais os mercados adoram, mas que não são uma opção com os preços pressionados em alta. Podemos viver com subidas anuais de preços na ordem de 2 – 3% ao ano? Podemos, mas não é aconselhável num quadro de fraqueza económica. Uma mini “estagflação” seria um pesadelo.
Neste mundo que não será todo igual importa saber acompanhar melhor o que pode ser diferenciado. Não são só os índices acionistas tão díspares entre si, a dita “desconexão” dos mercados. Também no âmago de cada índice, voltaremos a ter comportamentos radicalmente diferentes. Saber investir nos que mostram mais força e potencial pode ser uma arte, considerando um ambiente mais complicado para os investimentos em geral. Eu diria que poucos títulos se vão salvar da estagnação, pelo que é preciso identificá-los primeiro. Nada fácil, diga-se. Creio que, após dois anos muito positivos, após uma primeira metade da década deveras positiva, as valorizações já descontam em demasia o futuro sucesso. É bem possível que ocorra um choque com a realidade. É verdade que a exuberância (irracional?) pode demorar mais do que se pensa. Não faltam exemplos disso. Mas eu diria que com um ano mais fraco do que os anteriores poderíamos aliviar a sensação de que há novas “bolhas” à solta. Isso seria o ideal para o longo prazo. Se assim não for, se continuarmos só com touros alegres, vamos mesmo ter uma bolha a rebentar nas mãos um dia qualquer.
Mas não, creio que haverá mais medo e volatilidade do que nos últimos tempos. Algo de que não se fala mas vai acabar por ser assunto em breve é o excesso de endividamento: não são só as chamadas dívidas soberanas, mas sobretudo essas. Há cada vez mais desconfiança. Veja-se o “spread” de certos títulos de dívida. Se nada for feito (questão política), podemos ter aqui e ali momentos de aflição. França e Brasil são exemplos disso, tal como o Reino Unido em menor escala. Nem queria falar dos EUA. Estamos a falar de Economias de grande relevância. Qualquer coisa menos boa pode levar a um contágio ou, pelo menos, a elevados níveis de “stress”. Se até agora foi possível assobiar para o lado, pode ser que no futuro seja diferente.
Enfim, o mundo não é todo igual e até os mais parecidos têm hoje enormes diferenças.
Finalmente, também há que deixar uma nota positiva: é possível também que o novo ano nos traga, aos poucos, mais tranquilidade global e redução da conflitualidade militar e política. Nesse caso, poderíamos até assistir a uma nova onda de otimismo, novas perspetivas, promessa de investimentos. Até que ponto isso iria se refletir nos mercados é também uma incógnita muito grande.
Com isto tudo, quando se fala em ativos de risco, estou agora mais neutro e até olho para baixo. Outro particular a que devemos estar atentos, preços gerais de matérias-primas e do dólar. A força constante do dólar tem sido um sinal de confiança, refletindo também a procura por valor e rendibilidade. Quem não acha piada a esta força, são os chamados “emergentes”. Quem sabe se algum evento disruptor não terá origem num desses mercados?
Há muitos sinais nos mercados que servem tanto para touros como para ursos, mas ao longo do ano veremos para onde a balança pende. Desconfio que não teremos que esperar muito tempo.
Agora uma série de gráficos com ativos muito importantes a que damos muita atenção. Os comentários estarão em cada um dos ditos gráficos.
Este é um tópico diferente, está aberto o debate
Ainda assim, vamos ter seguramente, nos próximos tempos, momentos de clarificação em relação a alguns dos assuntos que têm perturbado o bom andamento de várias sociedades. Não há mal que sempre dure, nem bem que não se acabe – já diziam os antigos. Parecem finalmente estar reunidas algumas condições para pôr um fim a vários dos males que atormentam a esfera geo-política global. Não só na Casa Branca, mas também noutras latitudes, há quem esteja disposto a tomar medidas nesse sentido. Isso seria excelente para mudar as perceções (e realidades) sobre muito do que vemos como negativo.
É verdade que a instabilidade não foi suficiente para derrubar os mercados, antes pelo contrário. Já tínhamos visto isso no ano anterior, voltámos a vê-lo no ano que agora terminou.
Na verdade, há um ano atrás, tínhamos escrito o seguinte e passo a citar:
“Há um ano atrás usámos esta frase: Enfim, depressa muda o zeitgeist nestes tempos de agitação e confusão. Foi o que se passou nos mercados, creio que nada vai mudar. Os mercados continuarão instáveis, ainda que os touros sejam mais fortes ao final do dia”.
Pois é, assim foi. A instabilidade não diminuiu em relação ao ano anterior, mas os touros foram até mais fortes do que alguém poderia prever.
Por outro lado, um pouco depois, afirmei o seguinte: “Os mercados podem ter exagerado na antecipação dos melhores cenários. Neste caso, a margem para a valorização dos ativos de risco poderá ser agora, sim, muito diminuta.”
Aqui é que eu, entre muitos outros, errei. Na verdade, o mercado exagerou na antecipação dos melhores cenários, os quais passavam pela queda dos preços e, por conseguinte, dos juros por parte das autoridades monetárias. Essa parte é verdade. Mas isso não impediu uma maior valorização (muito ampla) dos ativos de risco, com natural destaque para os mercados acionistas. Portanto, os mercados conseguiram passar ao lado de uma certa desilusão com as previsões, passaram ainda ao lado de um menor crescimento do PIB, notório à medida que o ano avançou, tendo obtido então valorizações excelentes (nem todos, claro), ainda mais surpreendentes atendendo às valorizações anteriores. Nos primeiros cinco anos da década, o índice S&P 500 (o melhor dos exemplos) ganha em quatro desses cinco, só perde em 2022. Por isso, ainda mais espantoso o que se passou em 2024. No total da primeira metade da década, estamos a falar de quase a duplicação de valor. Perante os cenários a que temos assistido, isso é algo que poucos poderiam antecipar, até alguns dos sempre otimistas, os ditos “perma-bulls”. Eu penso que estava certo, mas provavelmente cedo demais, o que, nos mercados, é a mesma coisa que estar completamente errado.
Na verdade, isto foi mais surpreendente em 2024 atendendo a que muito do que se considerava positivo já parecia descontado, mas a verdade é que certos mercados perderam ou não ganharam, refletindo os seus problemas internos, enquanto outros mostravam forte exuberância, sobretudo os das grandes “tecnológicas”, praticamente alheios a qualquer sentimento negativo.
Por outro lado, assistimos ao regresso da confiança aos ativos de risco muito mais elevado, veja-se a evolução dos criptoativos ao longo do ano.
Para 2025 espero uma desilusão dupla: creio não ser difícil de antever a frustração de podermos assistir a um crescimento do PIB inferior ao esperado. O que pode ajudar a essa contrariedade? O facto de os preços não caírem como esperado. A alta dos preços ao produtor e até ao consumidor poderá claramente inverter a tendência de moderação. Já há mesmo alguns sinais nesse sentido. No melhor cenário, a descida da inflação continuará a passo de caracol. Isso deverá ser o suficiente para assustar os principais Bancos Centrais. Já ocorre no Reino Unido, Brasil, etc… creio que na zona EUR e até nos EUA isso será um problema em 2025 – os juros poderão mesmo parar de descer e os juros definidos pelo mercado não só não deverão descer como poderão continuar a subir, a não ser que ocorra uma recessão.
Na realidade, o mundo não será todo igual. Teremos crescimento nalguns lugares e estagnação noutros. Isto já se nota e deverá ser (novamente) notícia no novo ano. Nada impede que uma grande Economia cresça acima de 2% e outra pouco mais que zero. A grande incógnita deverá ser o contágio. As Economias em estagnação acabarão ou não por “contagiar” as melhores? Ou será o contrário? Como irão as autoridades monetárias (e as políticas) reagir a este difícil equilíbrio, em que se procura um “mix” de crescimento e preços estáveis?
E se os preços continuarem a crescer acima de 2% ao ano? E se essa for uma realidade que veio para ficar? Nada é impossível num quadro de pressão altista das matérias primas em conjunto com as pressões salariais!! Num quadro desta natureza, seria até possível o regresso aos juros reais negativos caso o PIB esteja estagnado ou lá perto. Desta vez, porém, sem possibilidade de injeções de liquidez, as quais os mercados adoram, mas que não são uma opção com os preços pressionados em alta. Podemos viver com subidas anuais de preços na ordem de 2 – 3% ao ano? Podemos, mas não é aconselhável num quadro de fraqueza económica. Uma mini “estagflação” seria um pesadelo.
Neste mundo que não será todo igual importa saber acompanhar melhor o que pode ser diferenciado. Não são só os índices acionistas tão díspares entre si, a dita “desconexão” dos mercados. Também no âmago de cada índice, voltaremos a ter comportamentos radicalmente diferentes. Saber investir nos que mostram mais força e potencial pode ser uma arte, considerando um ambiente mais complicado para os investimentos em geral. Eu diria que poucos títulos se vão salvar da estagnação, pelo que é preciso identificá-los primeiro. Nada fácil, diga-se. Creio que, após dois anos muito positivos, após uma primeira metade da década deveras positiva, as valorizações já descontam em demasia o futuro sucesso. É bem possível que ocorra um choque com a realidade. É verdade que a exuberância (irracional?) pode demorar mais do que se pensa. Não faltam exemplos disso. Mas eu diria que com um ano mais fraco do que os anteriores poderíamos aliviar a sensação de que há novas “bolhas” à solta. Isso seria o ideal para o longo prazo. Se assim não for, se continuarmos só com touros alegres, vamos mesmo ter uma bolha a rebentar nas mãos um dia qualquer.
Mas não, creio que haverá mais medo e volatilidade do que nos últimos tempos. Algo de que não se fala mas vai acabar por ser assunto em breve é o excesso de endividamento: não são só as chamadas dívidas soberanas, mas sobretudo essas. Há cada vez mais desconfiança. Veja-se o “spread” de certos títulos de dívida. Se nada for feito (questão política), podemos ter aqui e ali momentos de aflição. França e Brasil são exemplos disso, tal como o Reino Unido em menor escala. Nem queria falar dos EUA. Estamos a falar de Economias de grande relevância. Qualquer coisa menos boa pode levar a um contágio ou, pelo menos, a elevados níveis de “stress”. Se até agora foi possível assobiar para o lado, pode ser que no futuro seja diferente.
Enfim, o mundo não é todo igual e até os mais parecidos têm hoje enormes diferenças.
Finalmente, também há que deixar uma nota positiva: é possível também que o novo ano nos traga, aos poucos, mais tranquilidade global e redução da conflitualidade militar e política. Nesse caso, poderíamos até assistir a uma nova onda de otimismo, novas perspetivas, promessa de investimentos. Até que ponto isso iria se refletir nos mercados é também uma incógnita muito grande.
Com isto tudo, quando se fala em ativos de risco, estou agora mais neutro e até olho para baixo. Outro particular a que devemos estar atentos, preços gerais de matérias-primas e do dólar. A força constante do dólar tem sido um sinal de confiança, refletindo também a procura por valor e rendibilidade. Quem não acha piada a esta força, são os chamados “emergentes”. Quem sabe se algum evento disruptor não terá origem num desses mercados?
Há muitos sinais nos mercados que servem tanto para touros como para ursos, mas ao longo do ano veremos para onde a balança pende. Desconfio que não teremos que esperar muito tempo.
Agora uma série de gráficos com ativos muito importantes a que damos muita atenção. Os comentários estarão em cada um dos ditos gráficos.
Este é um tópico diferente, está aberto o debate

- Anexos
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- Juros do título de referência europeu, dívida alemã a 10 anos - aqui se vê como os planos saíram furados. A linha horizontal abaixo mostra como os juros estavam no início do ano, abaixo do valor de fecho, contrariando as expetativas. O mercado está só a avisar...
- DE10Y.png (55.8 KiB) Visualizado 3636 vezes
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- O título norte-americano a dez anos também "paga" mais no fim do ano em comparação com o início. Neste caso a subida dos juros é maior. Houve altos e baixos, mas no final este investimento foi frustrante em 2024 - quem diria?
- US10Y.png (55.19 KiB) Visualizado 3636 vezes
-
- Quem diria também que o DAX ganharia tanto? Mesmo sabendo dos problemas, os investidores da zona EUR "esqueceram" outros mercados do continente, acabando por optar por um dos mais credíveis. Apesar das correções, a força estava lá e agora resta saber se há condições para subir mais. Não é fácil...
- DAX30.png (54.44 KiB) Visualizado 3636 vezes
-
- O Nikkei é a prova que não há mal quem sempre dure. Bateu o recorde histórico de dezenas de anos, teve momentos de pânico, mas acaba a mostrar que tudo é possível nos mercados, mesmo com juros mais elevados...
- Nikkei225.png (56.73 KiB) Visualizado 3636 vezes
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- Quer queiramos ou não, os índices norte-americanos voltaram a atrair liquidez interna e externa. Excelente desempenho, com correções pelo meio, como a que vimos nesta altura festiva. Passou pela primeira vez pelos cinco e seis mil pontos, mas fechou o ano um pouco abaixo. É uma das grandes incógnitas para os próximos tempos.
- SP500.png (52.6 KiB) Visualizado 3636 vezes
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- O Nasdaq está ou não em território de bolha?
O Nasdaq não parece estar, mas alguns dos integrantes poderão estar. Voltou a ser sinónimo de grandes ganhos. Será complicado continuar assim... - Nasdaq.png (53.22 KiB) Visualizado 3636 vezes
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