PS à frente da AD nas europeias

[MarcoAntonio]

O contrário do falso é falso.

Queres elaborar?

[MarcoAntonio]

Mas estás exposto única e exclusivamente a fotões. As ondas eletromagnéticas são um conceito de física clássica. Servem bem para grande parte dos problemas do dia a dia e normalmente usa-se esse termo, mas não passam de fotões empacotados em níveis de energia E=hf. Para uma rã é tudo mais fácil de se entender.

Bear, a radiação electromagnética é um fluxo de fotões (plural). A energia que recebes via radiação electromagnética não depende exclusivamente da frequência, depende também da intensidade.

Exemplos: experimenta variar a potência de um emissor num micro-ondas (sem variar a frequência, a energia com que estás a radiar o objecto varia); de forma semelhante, esperimenta variar o dimmer num led para iluminação (a energia emitida pelo led varia, apesar de não variar a frequência da onda); outro exemplo, experimenta captar energia solar com paineis folto-voltaicos a diferentes horas do dia (no mesmo local) ou à mesma hora mas em diferentes estações do ano ou deslocar o mesmo painel para Plutão, pois a energia recebida pelo painel não é sempre a mesma, mesmo que não se altere o espectro (nota: na verdade, o espectro varia, especialmente na Terra, devido à absorção atmosférica - que não é a mesma em todas as condições - mas adiante, mesmo ignorando isto). Em todos estes e vários outros cenários que se podem dar como exemplo, o que varia é a densidade de fotões (por razões diferentes em cada um dos exemplos, mas essencialmente é isto). Ao fim do dia, se eu te disser a que frequência está a operar o emissor num micro-ondas, tu não consegues determinar a energia emitida pelo micro-ondas (recebida pelo objecto). Precisas de mais dados.

Seja como for e como eu disse no primeiro post, este nem era o meu ponto principal (era quase uma lateralidade).

[BearManBull]

Mas a ciência é isto, é um processo (sem estudos ou só estudando aquilo em que A ou B acredita, a ciência estagna ou deixa de ser ciência).

O contrário do falso é falso.

[BearManBull]

O que te estou a dizer é que tu não estás exposto meramente a um fotão.

Mas estás exposto única e exclusivamente a fotões (a um nível mais fundamental são perturbações no campo eletromagnético). As ondas eletromagnéticas são um conceito de física clássica. Servem bem para grande parte dos problemas do dia a dia e normalmente usa-se esse termo, mas não passam de fotões empacotados em níveis de energia E=hf. Para uma rã é tudo mais fácil de se entender.

The seeing power of frogs: Frogs can detect single photons of light

A quantum light source demonstrates that light-sensitive cells in frog eyes can detect single photons. Miniature light detectors in frog eyes known as retinal rod cells are directly and unambiguously shown to detect single photons of light -- an astounding sensitivity considering that a humble 60 watt light bulb spews out a staggering 10 to the power of 20 photons per second.


Relativo ao efeito de fotões não ionizantes não me apercebi que os eletrões ao estarem numa camada superior (excitados pelo fotão), acabam por deixar os átomos de uma molécula mais suscetíveis para reagir com outros átomos.

[MarcoAntonio]

Ok, mas no que diz respeito aos UVA a investigação tem-se inclinado para também ser potencial causador de cancro via mecanismos indirectos (apesar desta, especificamente, não ser ionizante).

Convém notar que a generalidade dos carcinogéneos nada têm que ver com radiação. Portanto, em teoria e a priori, nada impede que uma dada radiação desencadeie um mecanismo causador de cancro (que não tem que ver exactamente com a capacidade da radiação, directamente, quebrar moléculas ou não). Era precisamente o meu ponto anterior. E, num sentido mais lato ainda, que o impacto da radiação não se limita ao potencial de causar cancro, o artigo original nem sequer é sobre cancro.

Daí a minha intervenção: estudar, convém estudar (apesar de eu não estar nada convencido com o artigo sobre a senhora de 52 anos). Mas a ciência é isto, é um processo (sem estudos ou só estudando aquilo em que A ou B acredita, a ciência estagna ou deixa de ser ciência).

[BearManBull]

Era a ideia que tinha, mas neste artigo dizem que não.

Sempre tive a ideia que o mecanismo de problemas eram provocados pelas UV de alta frequencia que rompiam cadeias moleculares.

[MarcoAntonio]

Penso que está correcto o que escrevi atrás, ver aqui, por exemplo (em sub-tipos, na tabela):

https://en.wikipedia.org/wiki/Ultraviolet

[MarcoAntonio]

Os UV não são ionizantes, tinha ideia que sim.

Existem UV ionizantes e não ionizantes, Bear. A radiação começa a ser ionizante dentro da banda que denominamos de ultravioleta. UVA é não ionizante e o UVC é ionizante (salvo erro a radiação começa a ser ionizante algures na banda UVB). Se não estou em erro (é questão de verificar).

[BearManBull]

Ok relativo ao potencial de problemas aqui descreve o mecanismo (que é um processo indirecto).

UVR and ionising radiation indirectly damage biological molecules by ROS production. (a) UVR produces ROS through UV chromophores that absorb UVR and undergo excitation. The excited chromophores react with oxygen molecules to form singlet oxygen and the superoxide anion. The superoxide anion is converted to hydrogen peroxide by superoxide dismutase before undergoing the Fenton reaction in the presence of Fe (II) to form the hydroxyl radical. (b) Ionising radiation produces a range of ROS and, more crucially, the hydroxyl radical through water radiolysis. This results in a larger concentration of hydroxyl radicals produced during ionising radiation irradiation compared to UVR due to the abundance of water molecules.

Os UV não são ionizantes, tinha ideia que sim.

The Effects of Ionising and Non-Ionising Electromagnetic Radiation on Extracellular Matrix Proteins

[MarcoAntonio]

O que te estou a dizer é que tu não estás exposto meramente a um fotão.

[BearManBull]

nós estamos sujeitos (expostos) a ondas electromagnéticas e não a um fotão apenas.

Os fotões são ondas electromagnéticas.

[MarcoAntonio]

Relativo ao cancro da pele relacionado com ondas não ionizantes -> treta.

Não te pretendo convencer de nada. Eu não sei ao certo se provoca ou não provoca. O problema ao longo destes posts é precisamente tu estares fixado em certas noções (de que se é ionizante pode provocar cancro, se não é, não pode e pronto nem vale a pena estudar mais nada). Como se não podessem existir outros mecanismos, assim como outros potenciais problemas para a saúde que não o cancro (o assunto do post original nem sequer é o cancro!).

Sobre os UVA, na literatura são propostos diversos mecanismos. Exemplo:

2.1. UVA radiation and the formation of DNA damage

Nucleic acids, proteins, and lipids are all capable of absorbing UV wavelengths of light and thus likely contribute to varying degrees to cutaneous melanomagenesis [Pfeifer and Besaratinia, 2012]. Nonetheless, DNA damage by UVR is the most widely studied and best understood process and will therefore be the primary focus of this review. A variety of forms of DNA damage can be induced by UVR, including bipyrimidine dimers, oxidized bases, protein-DNA crosslinks, and cycloaddition reactions with breakdown products of lipid peroxides [Cadet et al., 2005; Cadet et al., 2015; Cadet et al., 2012]. Furthermore, hydroxyl radicals generated by photooxidative processes can attack DNA to generate single-strand breaks [Dedon, 2008], and double-strand breaks may form in response to aberrant DNA repair intermediates [Wakasugi et al., 2014; Kemp and Sancar, 2016] or as a consequence of replication fork breakage [Quinet et al., 2014; Iyer and Rhind, 2017; Toledo et al., 2013; Elvers et al., 2011; Kaufmann, 2010; Dungrawala et al., 2015]. Given their relative abundance and the degree to which the lesions have been studied in the context of melanoma, bipyrimidine dimers and oxidized purines will primarily be addressed here. A summary of the major lesions and their mechanisms of repair in human cells is provided in Table 2.

The direct absorption of UV photons of light by DNA induces the formation of photoproducts in genomic DNA, which include cyclobutane pyrimidine dimers (CPDs), pyrimidine (6-4) pyrimidone photoproducts (6-4)PPs, and Dewar isomers [Cadet et al., 2005; Cadet et al., 2015; Cadet et al., 2012]. These photoproducts form between adjacent pyrimidine nucleotides in DNA and include the most commonly recognized “thymine dimers”. In CPDs, a cyclobutane ring forms between the 5,6 bonds of the two pyrimidine bases. In (6-4)PPs, a stable single bond forms between position 6 and 4 of the two adjacent bases, and upon further irradiation at wavelengths around and above 320 nm, these photoproducts can isomerize to form the Dewar photoproduct [Perdiz et al., 2000; Douki et al., 2003; Douki and Sage, 2016; Douki, 2016]. A variety of factors affect where these photoproducts form in the genome, including DNA sequence context, chromatin architecture, and transcription factor binding [Hu et al., 2017; Bryan et al., 2014; Mao et al., 2016; Sabarinathan et al., 2016; Perera et al., 2016; Poulos et al., 2016; Hu and Adar, 2017]. Thus, the biological consequences of UVR are dependent on not only the amount of UVR absorbed by DNA but also on the distribution and localization of lesions across the genome.

The formation of these UV photoproducts is dependent on the energy of the UV photons, and hence longer wavelengths of UVA are much less able to induce these photoproducts than UVC and UVB. Nonetheless, biologically relevant doses of UVA have been shown to induce CPD formation in both keratinocytes and melanocytes in human skin [Freeman et al., 1989; Young et al., 1998; Mouret et al., 2006]. Moreover, UVA can also facilitate the isomerization of UVB-induced (6-4)PPs into Dewar isomers [Cadet et al., 2005; Douki and Sage, 2016]. Thus, UVA has direct effects on DNA damage formation throughout the genome and may also modulate photoproducts that form in DNA from UVB photons. However, UVA has also long been recognized for its indirect effects on DNA damage formation through the excitation of various cellular photosensitizers, such as flavin, melanin, riboflavin, and porphyrins [Wondrak et al., 2006; Premi et al., 2015]. Along with UVA, these agents result in the production of reactive oxygen species (ROS) that can attack DNA to form single-strand breaks, oxidized pyrimidines, and oxidize purines, of which 7,8-dihydro-8-oxyguanine (8-oxoG) lesions are the most prevalent [Cadet et al., 2005; Cadet et al., 2012]. Though there has been debate about the relative contribution of oxidative stress-induced lesions versus bipyrimidine dimers by UVA on mutagenesis and carcinogenesis, a quantitative HPLC/mass spectrometry study showed that lesions associated with oxidative stress are not the major form of DNA damage induced by UVA in mammalian cells [Douki et al., 2003]. Rather, this study showed that UVA induces CPDs, 8-oxoG, oxidized pyrimidines, and single-strand breaks at a ratio of 10:3:1:1 [Douki et al., 2003; Courdavault et al., 2004]. Thus, CPDs likely represent the most abundant form of DNA damage induced in human skin by UVA wavelengths of light [Mouret et al., 2006]. Interestingly, this situation is slightly different in melanocytes, which exhibit a somewhat higher production of 8-oxoG upon UVA irradiation than keratinocytes [Mouret et al., 2012]. This elevation in 8-oxoG formation may be due in part to the additional ROS that melanocytes are exposed to during the biochemical synthesis of melanin [Denat et al., 2014]. Thus, UVA-induced oxidative stress may play a larger role in melanocyte cancers than keratinocyte cancers. (...)

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6031472/

[MarcoAntonio]

A amplitude da onda de um fotão é a constante de Plank...

Eu disse "onda electromagnética". Tu mesmo acabaste de citar a formula que indica que a energia de uma onda electromagnética é o produto da amplitude pela frequência. Bom, nós estamos sujeitos (expostos) a ondas electromagnéticas e não a um fotão apenas.

PS: curiosidade isto são tudo conceitos de secundário.

Sim, mas não convém ficar só pelo conhecimento muito superficial (e por norma super-simplificado) do secundário.

[BearManBull]

E=hf

Precisamente, a energia de uma onda electromagnética depende da amplitude e da frequência (ou do comprimento de onda, em alternativa).

A amplitude da onda de um fotão é a constante de Plank...

O efeito fotoelectrico trata exactamente desse mistério, independentemente da intensidade as micro ondas são não ionizantes, por muita que seja a intensidade (pode ser infinita) não têm energia suficiente para remover um electrão do átomo e quebrar cadeias moleculares.

Para se entender melhor basta imaginar os fotões como bolas. As micro ondas são bolas de ping pong, por muita quantidade que atire contra uma parede, a parede fica intacta. Já com uma bola de bowling (que pode ser vista uma onda UV) basta atirar com uma para abrir um buraco na parede.


Relativo ao cancro da pele relacionado com ondas não ionizantes -> treta. A luz do sol contem de tudo (e.g.: UVs que sim podem retirar o electrão do átomo) alem que estamos incluso expostos a possíveis fotões tipo gama vindos de radiação cósmica. E nesses estudos focam o interesse em estatísticas sem considerar mecanismos de física fundamentais.
Quando muito as micro ondas de uma fonte forte causariam sensação de calor inicialmente pela excitação das moléculas de água. Eventualmente podiam causar danos pela transferência de calor mas para isso já tinhas de sentir a zona impactada bem quente antes disso. Seria insuportável continuar fisicamente perto de uma fonte de micro com intensidade suficiente para causar esse tipo de problemas.


PS: curiosidade isto são tudo conceitos de secundário.

[MarcoAntonio]

E=hf

Precisamente, a energia de uma onda electromagnética depende da amplitude e da frequência (ou do comprimento de onda, em alternativa).

Os micro ondas excitam as moléculas de água, não rompem cadeias moleculares...

Mas prontos se precisas de estudos tenta la criar um cancro em laboratório com micro ondas....

O objectivo era precisamente alertar-te para o facto (evidente) de que isso não é a única coisa relevante. Afinal, porque é que estás tão fixado na quebra das cadeias moleculares ou no cancro? Desde quando estas são as únicas coisas com que nos devemos preocupar? Case in point, o estudo a que diz respeito o post original deste tópico não é sobre cancro.


(nota: e mesmo em relação a esse ponto, isso não é necessariamente assim tão simples, actualmente julga-se que a radiação ultravioleta não ionizante pode causar cancro da pele via mecanismos indirectos, por exemplo)

[BearManBull]

Aliás, não se pode derivar a energia de uma onda electromagnética meramente a partir da frequência (estão relacionadas, mas não são o mesmo).

E=hf

[BearManBull]

Ora se os fotões de luz visível não causam problemas no dia a dia, mal seria que os fotões de energia inferior das micro ondas tivessem capacidade de ejectar os electrões de tal forma que rompessem as cadeias das moléculas.

A apanhar sol, és bem capaz de me apanhar (incluindo os ultravioletas ionizantes e não-ionizantes mas pouco simpáticos). Mas dentro de um micro-ondas é que ninguém me apanha...





(edit: não-ionizante)

Os micro ondas excitam as moléculas de água, não rompem cadeias moleculares...

Mas prontos se precisas de estudos tenta la criar um cancro em laboratório com micro ondas....

[djovarius]

Oh, não!!! Mais um tópico baseado em "deep-fake"

Só falta dizer que as vacinas permitem que as pessoas sejam comandadas à distância pela rede 5G

[MarcoAntonio]

Nao é preciso fazer estudo nenhum.

Basta ter um bocadinho de conhecimento sobre o efeito fotoelectrico (algo que se aprende no secundário, efeito pelo qual o Einstein ganhou um premio Nobel).

Olhando para o espectro vemos com facilidade que os fotões da luz visível tem uma energia superior (maior frequência -> maior energia).

Bom, estudos é preciso e convém fazer. E os efeitos da radiação não se medem meramente com base na energia. Aliás, não se pode derivar a energia de uma onda electromagnética meramente a partir da frequência (estão relacionadas, mas não são o mesmo). Seja como for, o ponto principal é que não se concluem sobre os potenciais efeitos meramente com base na energia.

Ora se os fotões de luz visível não causam problemas no dia a dia, mal seria que os fotões de energia inferior das micro ondas tivessem capacidade de ejectar os electrões de tal forma que rompessem as cadeias das moléculas.

A apanhar sol, és bem capaz de me apanhar (incluindo os ultravioletas ionizantes e não-ionizantes mas pouco simpáticos). Mas dentro de um micro-ondas é que ninguém me apanha...





(edit: não-ionizante)

[BearManBull]

Estudos sobre possíveis efeitos à saúde da exposição a frequências 5G eram praticamente inexistentes até recentemente. Em um estudo publicado em outubro de 2022 , os animais foram expostos à frequência 5G de 3,5 GHz por 2 horas por dia, 5 dias por semana, durante um mês. A exposição causou estresse oxidativo e aumento de neurônios degenerados na região do hipocampo do cérebro, além de diminuição dos níveis de irisina , um hormônio correlacionado positivamente com a perda de peso e função cognitiva saudável.

Nao é preciso fazer estudo nenhum.

Basta ter um bocadinho de conhecimento sobre o efeito fotoelectrico (algo que se aprende no secundário, efeito pelo qual o Einstein ganhou um premio Nobel).

Olhando para o espectro vemos com facilidade que os fotões da luz visível tem uma energia superior (maior frequência -> maior energia).

Ora se os fotões de luz visível não causam problemas no dia a dia, mal seria que os fotões de energia inferior das micro ondas tivessem capacidade de ejectar os electrões de tal forma que rompessem as cadeias das moléculas.

O espectro de actuação das ondas que usamos nas nossas telecomunicações não foi escolhido ao acaso. Usam ondas electromagneticas (na praticas são fotões que viajam como uma onda, mas que têm massa 0 não deixando de ser uma partícula (um bosão) ) com menos energia do que o espectro visivel e assim è seguro sem qualquer estudo que nao têm impacto na saúde humana.

[MarcoAntonio]

Partilho as respostas dadas pela senhora. Note-se bem o grau relatado para os sintomas e o tipo de sintomas.

São relatados sintomas clínicos extraordinários, porém a publicação não menciona qualquer diagnóstico clínico ou confirmação adicional para além do auto-diagnosticado pela senhora (e das tais marcas nos braços que não se percebe bem qual é a relevância). Link para o original do estudo aqui.

[MarcoAntonio]

O caso aqui relatado é extremamente duvidoso. É só abrir o tal estudo e é evidente que há problemas enormes com o estudo. Os mesmos autores já terão relatados outros dois casos anteriores (que não consultei) e é evidente da leitura deste último que eles (já) estão convencidos dos efeitos. Não quer dizer que não sejam sérios ou bem intencionados, mas no mínimo sugere-me que poderão estar a ser vítimas de enviezamento e também por isso talvez não muito rigorosos (o que é normal ocorrer).

Ora, a senhora terá preenchido um formuláro antes da instalação da antena. Os autores não explicam porquê ou em que condições, o que é desde logo um problema. Fica a ideia que ela foi abordada para o preencher. Se a senhora preencheu o formulario antes da instalação, então foi-lhe "sugerido" (nem que seja indirectamente) que "poderia" vir a ter aqueles sintomas todos.

O que é extraordinário - e nada credível, devo dizer - é que depois da instalação da antena, passou basicamente reportar os sintomas todos e não se limita a reportar, dá a nota máxima na maior parte (que signifnica "insuportável", note-se bem!). Ora, estamos a falar de diarreias, dores de cabeça e fadiga que a mulher descreve/classifica como "insuportáveis" (entre muitos outros sintomas). Então e não há diagnóstico clínico? Não foi hospitalizada? Não foram realizadas análises clínicas? Nada?

Ora, trata-se de um auto-diagnóstico, não sabemos se o que ela relata é real ou exacto. Os autores limitam-se a assumir as respostas dadas nos formulários - há uma breve menção de que o auto-diagnóstico é subjectivo e que a mulher manifesta marcas nos braços (?) - não discutindo as limitações do estudo nem possíveis explicações alternativas.



(nota: não estou a alegar que a radiação não causa qualquer efeito)

[MNPTLIS]

Caso recente de síndrome grave de microondas revela problemas com 5G
A doença recente de uma mulher destaca a questão de considerar apenas os efeitos térmicos da radiação de radiofrequência

David Charbonneau

29 de abril de 2023

(Alexander56891/Shutterstock)


Depois que uma estação base 5G foi instalada a 60 metros de seu apartamento no segundo andar, uma mulher sueca de meia-idade e saudável desenvolveu sintomas debilitantes correspondentes à síndrome de radiofrequência (RF)/microondas, pesquisadores da Fundação de Pesquisa do Meio Ambiente e do Câncer (ECRF). ) na Suécia informou este mês. Este foi o terceiro caso documentado pelos pesquisadores.

De acordo com seu estudo de caso, publicado em Annals of Clinical and Medical Case Reports, a tecnologia sem fio de quinta geração (5G) está sendo lançada em todo o mundo “apesar de nenhuma pesquisa anterior sobre possíveis efeitos negativos na saúde humana e no meio ambiente”.

Como resultado, a exposição à radiação de micro-ondas modulada por pulso “aumentou dramaticamente em todo o mundo”. Radiação de micro-ondas são frequências na faixa de 300 MHz a 300 GHz dentro do espectro de radiofrequência (RF). Em ambientes urbanos, as frequências usadas para 5G estão atualmente na faixa de 3,5 GHz.

Estudos sobre possíveis efeitos à saúde da exposição a frequências 5G eram praticamente inexistentes até recentemente. Em um estudo publicado em outubro de 2022 , os animais foram expostos à frequência 5G de 3,5 GHz por 2 horas por dia, 5 dias por semana, durante um mês. A exposição causou estresse oxidativo e aumento de neurônios degenerados na região do hipocampo do cérebro, além de diminuição dos níveis de irisina , um hormônio correlacionado positivamente com a perda de peso e função cognitiva saudável.

No estudo de caso, a mulher desenvolveu rapidamente uma grande variedade de sintomas debilitantes após a instalação. Esses sintomas incluíam dor de cabeça, tontura e problemas de equilíbrio, disfunção cognitiva – incluindo memória, confusão e perda de foco – bem como fadiga extrema, ansiedade, tosse, sangramento nasal e distúrbios da função urinária e da pele, incluindo hematomas espontâneos e erupções cutâneas. .

A antena 5G foi instalada no telhado de um prédio adjacente de três andares e projetada em direção ao apartamento dela no segundo andar. Anteriormente, havia uma antena de estação base 4G no mesmo local, mas foi somente depois que ela foi substituída pela antena 5G que a mulher rapidamente desenvolveu sintomas graves de síndrome de micro-ondas. A antena 4G foi removida logo após a implantação do 5G.

A mulher relatou que, quando se mudou para outro apartamento não perto de uma estação base 5G, todos os seus sintomas desapareceram rapidamente, apenas para retornar 24 horas após seu retorno ao seu próprio apartamento.

O cachorro da mulher também apresentou sinais de problemas de saúde após a instalação do 5G. Alegadamente, o cão contraiu diarreia logo após a instalação do 5G. Isso desapareceu durante a retirada para o outro apartamento sem 5G, mas voltou quando eles voltaram para o apartamento dela.

Além disso, o cachorro estava relutante em voltar a entrar no apartamento depois de ser levado para passear.

Os pesquisadores apontam que “o 5G emite pulsos repetitivos de radiação de micro-ondas” com picos de radiação exponencialmente maiores do que os das gerações anteriores, incluindo o 4G.

Os pesquisadores mediram microwatts por metro quadrado dentro de um pé da janela da sala da mulher ao longo de um minuto e encontraram picos significativos.

Alta radiação também foi encontrada no banheiro, mais alta na banheira mais próxima da janela. A radiação de RF consideravelmente mais baixa foi medida no quarto, que não estava diretamente na linha de transmissão da estação base.

Apesar de maximizar o medidor comercial (Safe and Sound, Pro II) usado pelos pesquisadores, o nível de exposição foi não térmico e bem abaixo das diretrizes recomendadas pela Comissão Internacional de Radiação Não Ionizante (ICNIRP).

Uma História de Distúrbios de Exposição
A doença de RF ou doença resultante da exposição a micro-ondas foi relatada pela primeira vez nas décadas de 1960 e 1970 nos países do leste europeu. As pessoas geralmente sofriam sintomas relacionados à interrupção dos sistemas neural, cardiovascular e endócrino.

Investigações internacionais de trabalhadores expostos, incluindo militares americanos, mostraram que a exposição a micro-ondas em níveis não térmicos causava sintomas como fadiga, tontura, dor de cabeça, distúrbios do sono, ansiedade e problemas de atenção e memória.

Uma revisão de vários estudos em humanos e animais também concluiu que “uma variedade surpreendentemente ampla de reações neurológicas e fisiológicas é esperada” devido à exposição a níveis não térmicos de radiação de RF/microondas.

A condição tem sido chamada de síndrome da doença de radiofrequência ou síndrome de micro-ondas. Os efeitos não térmicos - efeitos não relacionados ao acúmulo de calor - dependem principalmente da modulação e/ou pulsação do sinal, bem como do pico e da intensidade média.

O problema com os padrões atuais de segurança de RF
Existem problemas significativos com a forma como os efeitos da radiação de RF na saúde são avaliados, de acordo com James Lin, professor emérito do departamento de engenharia elétrica e de computação da Universidade de Illinois em Chicago.

Em um artigo publicado na Environmental Research em abril de 2023 , Lin detalha como os limites de segurança para exposição à radiação de RF aplicados pela maioria dos países ao redor do mundo ainda se baseiam em calor agudo ou efeitos térmicos que aparecem em pouco tempo após a exposição, falhando assim em avaliar outros efeitos da exposição a longo prazo .

As diretrizes para valores de referência com base no aquecimento são definidas pela Comissão Internacional de Proteção contra Radiação Não Ionizante ( ICNIRP ), uma organização privada autonomeada com sede na Alemanha. A ICNIRP posicionou-se com o apoio da indústria para ser a autoridade internacional dominante na avaliação de evidências científicas dos efeitos negativos da radiação de RF para a saúde.

“Suas diretrizes são baseadas em avaliações que rejeitaram todas as evidências científicas sobre efeitos não térmicos, apesar das crescentes evidências de uma série de efeitos nocivos bem abaixo dos níveis do ICNIRP. Essa avaliação não científica é do interesse da indústria, facilitando assim a implantação do 5G e da sociedade sem fio”, escreveram os pesquisadores do ECRF.

Em seu recente artigo de Pesquisa Ambiental , Lin, um ex-membro de longa data do ICNIRP, concluiu: “Existem anormalidades substanciais nessas diretrizes e padrões de proteção à segurança da saúde. Alguns dos limites de segurança são irrelevantes, discutíveis e sem justificativa científica do ponto de vista da segurança e proteção da saúde pública”.

Em 2019, 258 cientistas da EMF de 58 países apelaram às Nações Unidas para impor uma moratória no lançamento do 5G até que os efeitos na saúde pudessem ser avaliados adequadamente.

No apelo, os cientistas disseram:

“As tecnologias de comunicação sem fio estão rapidamente se tornando parte integrante de todos os setores econômicos. Mas há um corpo crescente de evidências científicas de danos a pessoas, plantas, animais e micróbios causados ​​pela exposição a essas tecnologias.

É nossa opinião que as consequências adversas para a saúde da exposição crônica e involuntária de pessoas a fontes de campos eletromagnéticos não ionizantes estão sendo ignoradas por organizações de saúde nacionais e internacionais, apesar de nossas repetidas perguntas, bem como de muitos outros cientistas, médicos e defensores preocupados .

Isso constitui uma clara violação dos direitos humanos, conforme definido pelas Nações Unidas”.